quinta-feira, dezembro 27, 2007

Paulo Portas e o referendo ao Tratado de Lisboa

"Com o seu reconhecido sentido de oportunidade, que não perdeu apesar de acantonado num partido reduzido à mínima expressão e a um grupo de fiéis saudosos da juventude perdida, Paulo Portas veio esta semana insistir no referendo ao Tratado de Lisboa. E justificou: «O principal problema da credibilidade em política é que a palavra dada aos eleitores não é cumprida. Outros podem mudar de opinião, não quero que o CDS seja igual a esses outros».

A alusão era dirigida a José Sócrates e ao PS, mas também, e sobretudo, a este indefinível e apagado PSD de Menezes. Que não só deixou cair a promessa eleitoral do referendo como tem vindo a abandonar todas as bandeiras e propostas que o distinguiam como alternativa de oposição. O Governo socialista (e o CDS) agradecem.

Mas, como sublinha Portas, o que levará Sócrates a assumir o ónus de faltar à palavra dada aos seus eleitores? A fugir do referendo europeu que tantas vezes prometeu nos discursos e manifestos eleitorais? Será o receio de surgir como aluno desalinhado da ordem estabelecida pelos directórios europeus? O temor de afrontar o peso presidencial de Cavaco? A insegurança quanto a conseguir uma maioria tão favorável como no referendo da interrupção voluntária da gravidez? A dúvida sobre a capacidade dos portugueses para se pronunciarem atinadamente?

O ministro Luís Amado tem uma explicação simples para este volte-face socialista: «Por posição de princípio, não sou favorável à ratificação de tratados internacionais por via referendária».

Ora, acontece que Marques Mendes, num artigo que publicou há dias, citava uma outra frase, igualmente ilustrativa, do mesmíssimo Luís Amado. Então secretário de Estado, em 1998, e a propósito do Tratado de Amesterdão, bem menos reformador e estruturante do que o Tratado de Lisboa. Dizia Amado: «As questões europeias deixaram de ser questões circunscritas ao debate político fechado das elites económicas, empresariais, académicas e passaram a atravessar o debate político nas sociedades europeias. Justifica-se, por isso mesmo, que os portugueses sejam ouvidos em referendo sobre a questão europeia». Resta descobrir qual dos Amados fala verdade...

Posições de princípios?! Belos princípios
. "

JAL

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Um dia olhei à volta e vi o mundo como nunca vira. A realidade é uma floresta. Eu parecia estar em cima de uma árvore, no meio de muitos ramos grossos e frondosos, folhas, rebentos e frutos. Toda a minha actividade desenrola-se por entre esta folhagem. O meu trabalho e azáfama, os meus desejos e frustrações, todas as minhas viagens, correrias, tarefas e divertimentos têm lugar nas copas de um denso bosque. Vi as ruas e casas, salas e corredores formados do material vegetal da selva. Reencontrei todos os meus colegas e conhecidos, amigos e familiares, cada um na sua labuta, todos fazendo tudo equilibrados nos troncos, ramos, folhas e caules daquele espesso arvoredo.

Tornou-se então clara a natureza da minha existência, que antes sempre me tinha perturbado. A permanente insegurança da realidade humana fica compreensível se soubermos que vivemos no topo ondulante de um bosque batido pelo vento. Os obstáculos que sentimos no quotidiano, a confusão e incerteza do nosso destino, ficam subitamente claros. É difícil ver através das hastes e folhas. É penoso mover-se por entre caules, lianas e trepadeiras. Vivendo no topo de uma floresta, é evidente a razão por que as coisas não andam como queremos.

Então, olhando para baixo, tive um sobressalto. Os ramos onde vivo estão suspensos muitos metros acima de um nevoeiro cerrado que parece cobrir um pântano. O cheiro nauseabundo, o chapinhar e os roncos medonhos que de lá sobem são apavorantes. Entrevêem-se cristas escamosas, focinhos monstruosos. A nossa vida precária baloiça-se por cima de um atoleiro repugnante e sangrento. A vida humana titubeia sobre o abismo. Ninguém parece dar-se conta da situação. Alguns filósofos meditam sobre isto, ouvem-se muitas histórias de incautos engolidos pelo lamaçal. Mas sente-se um esforço colectivo para ignorar a realidade e esquecer a ameaça. Todos se agarram com força aos ramos e contentam-se com a vidinha, intensa ou pacata, no meio das folhas. De olhos finalmente abertos, senti que não conseguia mais permanecer naquele lugar. Como podia deixar escoar a minha vida num matagal frágil por cima da catástrofe? Como achar isso normal, corrente, tolerável?

Foi então que reparei numa grande luz que vinha do Oriente. Por entre a folhagem entrevi um clarão que não parecia apagar-se. Corri pelo meio dos troncos e cheguei à margem do pântano onde, de uma enorme muralha dourada e brilhante, partia a luz. Não consegui ver o topo daquela parede imponente, feita de grandes blocos de pedra. De ambos os lados não se vislumbravam os extremos . Era imensa.

Vi então que entre a muralha e o arvoredo do pântano havia uma estreita faixa de areia onde se encontrava uma pequena multidão. Desci da árvore e perguntei o que era aquilo. Disseram-me que era o muro da cidade das delícias, onde se vive feliz para sempre. Julguei que a muralha era para manter longe os invasores, mas um velho explicou: "Não foram os habitantes da cidade que fizeram o muro. Fomos nós, forçados pelo dragão que vive no meio do pântano." Este paradoxo era o tema de conversa de toda aquela gente, que queria passar sobre a muralha luminosa. Alguns diziam ter recebido mensagens do Senhor da cidade e saber como fazer uma escada. Asseguravam que a subida viria do esforço e sacrifício. Outros falavam de meditação ou repetiam leis e cultos para saltar o obstáculo.

Eu perguntei: "Já se lembraram de procurar uma porta?" Olharam para mim com desprezo e um respondeu: "Se és dos que acreditam que há uma porta, vai para ali ter com os teus amigos." Então reparei que, um pouco mais adiante, havia na praia um grande grupo que parecia olhar todo para um mesmo local. Aproximei-me e notei uma outra multidão, semelhante à primeira. Mas esta estava a cantar. Naquela zona a base da muralha escurecia e parecia abrir uma espécie de caverna. Era para ali que toda aquela gente olhava. De dentro vinha uma luz ainda mais forte que a que saía das pedras do muro. Pareceu-me ouvir, vindo da gruta, o som de uma criança a chorar.

quinta-feira, dezembro 27, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O típico do político português!!! Até se digladiam, para ver qual, e a cor que consegue lá chegar!... Se fosse cargo para muito trabalho, daquele com que muitos portugueses fazem calos, com vencimento de 500€, rejeitavam-no. Será que não se enxergam? Que vergonha!

quinta-feira, dezembro 27, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Continuem sem abrir os olhos!!! Eles nunca me enganaram!!! Parabens aos que os lá puseram!! Não há dinheiro, mas para cimeiras com altos luxos... já há, quem sera que paga tudo isto? Ninguem quer abrir os olhos!! Quando o fizerem já é tarde.

quinta-feira, dezembro 27, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Esperem... um pouco mas as estatisticas dizem que 50% dos eleitores votariam novamente no PS, pelos comentarios aqui deixados, interrogo-me a veracidade dos factos das sondagens...

quinta-feira, dezembro 27, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Só duas coisas: percentagens e inflação. Percentagem de muito pouco continua a ser muito pouco. Ano após ano o fosso entre ricos e pobres cresce e continuamos a lutar por aumentos à percentagem. Não entendo. Outra coisa, se lutamos por vencimentos idênticos à inflação, porque não, em vez de nos basearmos na previsão, nos basearmos na do ano anterior? Responda quem souber...

quinta-feira, dezembro 27, 2007  

Enviar um comentário

<< Home

Divulgue o seu blog!