A mente do Governo, mente.
"Devemos cultivar um “Pare, escute e olhe”, sempre que deparamos com situações que nos surpreendam pela negativa.
A minha intenção não é a de afirmar que os nossos governantes mentem. Por razões óbvias, jamais o faria. E este jamais, não tem nada a ver com o “jamais” do ministro Mário Lino.
Pretendo simplesmente esclarecer que todos nós, seres humanos, produzimos por vezes interpretações enganadoras da realidade que nos rodeia. No livro “Bem aventurados os que ousam”, de Isabel Abecassis Empis, encontrei a justificação para a forma como o Governo em geral se nos dirige: “A mente, no seu lado reactivo anárquico e inventor de medos e perigos, pode levar-nos a não sentir a realidade dos factos e a reagir antecipadamente, em vez de os sentir.”
“É uma mente que mente.” “Mente a realidade, deforma-a e torna-a na nossa realidade, substituindo-se aos nossos talentos.” “Passamos assim a viver, sem nos darmos conta, como uns trapalhões, atrapalhados e atropelados.”
Embora pareça, os nossos governantes não nos mentem. É a mente deles que os engana! Mas não só!
Pelos vistos, leva-os também a perderem por completo o bom senso. Recentemente, um ministro deste Governo ao afirmar perante centenas de pessoas que era uma pessoa de convicções, ouviu como resposta uma gargalhada generalizada. Mesmo perante tal reacção que faria qualquer outro cidadão corar de vergonha, não defendeu a sua honra, limitou-se a procurar justificar o injustificável.
Dizem-nos os especialistas da área psicológica que devemos cultivar um fundamental “Pare, escute e olhe”, sempre que deparamos com situações que eventualmente nos surpreendam pela negativa.
Defendem que não devemos viver reactivamente, que se impõe primeiro observar e sentir, questionar se necessário, sentir antes do mais o impacto de tudo o que nos rodeia e, só depois, reagir. Naturalmente, nunca deixando de estar atentos. Mas evitando julgar primeiro, antes que a precipitação nos conduza por caminhos menos adequados.
Assim tenho feito. Mas confesso que me perturbou em demasia aquela imagem de ver um ministro ser ridicularizado àquele ponto e tudo continuar a decorrer neste país como se nada de grave tivesse acontecido. Principalmente, porque reforça uma ideia preocupante e que todos nós temos vindo a interiorizar nestes últimos tempos.
Cada vez mais, alguns dos nossos governantes vão tornando claro que, tal como nos diz a autora atrás citada, “as palavras são empregues para ganhar ‘status’ com as coisas que se dizem e, ao nível da expressão verbal, ‘status’ será dizer uma coisa que não pensam, com uma convicção que não têm, para impressionar quem não respeitam e parecendo aquilo que não são.”
Só assim podemos justificar aquilo a que temos vindo a assistir. Os nossos governantes, raramente cumprem aquilo que nos prometeram. Mas acham isso natural. Pior ainda, justificam-no com tal veemência, que nos deixam na dúvida.
Será que acreditam mesmo na argumentação que nos apresentam? Julgo que sim! Não acredito que nos julguem tão incapazes, a ponto de, sem qualquer justificação, nos procurarem vender gato por lebre. Eles acreditam mesmo naquilo que nos dizem! A mente é que os engana. Ou seja, são bem mais vítimas do que supomos. Vítimas de uma mente que, face a uma realidade que obviamente não lhes interessa registar no seu verdadeiro significado, preferem mistificar, a assumir.
Não é fácil, aliás, reconhecerem os pontos fracos ou eventuais incapacidades que revelam a cada momento. O princípio de Peter, aquele que todos sabemos que, de forma implacável, nos aponta a necessidade de nunca pretendermos ir além daquilo para que verdadeiramente somos capazes de estar preparados para responder, aí está em toda a sua plenitude.
Vivemos numa sociedade onde a eficácia do desempenho é o meio fundamental de avaliação. E quem não está preparado para a tarefa, o melhor que tem a fazer é demitir-se. Mas claro, apesar de tudo, é muito mais fácil deixarmo-nos levar por uma mente que nos mente.
Nestas coisas da liderança, quem não é emocionalmente convincente e, ainda por cima, não vê a sua autoridade reconhecida, mais cedo ou mais tarde, o poder de que está investido é contestado. Assim se passa em Portugal e nada que alguns governantes possam procurar fazer, evitará o fim que se adivinha.
Ou eles mudam (o que, no caso de alguns, já é tarde para o tentarem!) ou alguém os muda."
Jorge Araújo
A minha intenção não é a de afirmar que os nossos governantes mentem. Por razões óbvias, jamais o faria. E este jamais, não tem nada a ver com o “jamais” do ministro Mário Lino.
Pretendo simplesmente esclarecer que todos nós, seres humanos, produzimos por vezes interpretações enganadoras da realidade que nos rodeia. No livro “Bem aventurados os que ousam”, de Isabel Abecassis Empis, encontrei a justificação para a forma como o Governo em geral se nos dirige: “A mente, no seu lado reactivo anárquico e inventor de medos e perigos, pode levar-nos a não sentir a realidade dos factos e a reagir antecipadamente, em vez de os sentir.”
“É uma mente que mente.” “Mente a realidade, deforma-a e torna-a na nossa realidade, substituindo-se aos nossos talentos.” “Passamos assim a viver, sem nos darmos conta, como uns trapalhões, atrapalhados e atropelados.”
Embora pareça, os nossos governantes não nos mentem. É a mente deles que os engana! Mas não só!
Pelos vistos, leva-os também a perderem por completo o bom senso. Recentemente, um ministro deste Governo ao afirmar perante centenas de pessoas que era uma pessoa de convicções, ouviu como resposta uma gargalhada generalizada. Mesmo perante tal reacção que faria qualquer outro cidadão corar de vergonha, não defendeu a sua honra, limitou-se a procurar justificar o injustificável.
Dizem-nos os especialistas da área psicológica que devemos cultivar um fundamental “Pare, escute e olhe”, sempre que deparamos com situações que eventualmente nos surpreendam pela negativa.
Defendem que não devemos viver reactivamente, que se impõe primeiro observar e sentir, questionar se necessário, sentir antes do mais o impacto de tudo o que nos rodeia e, só depois, reagir. Naturalmente, nunca deixando de estar atentos. Mas evitando julgar primeiro, antes que a precipitação nos conduza por caminhos menos adequados.
Assim tenho feito. Mas confesso que me perturbou em demasia aquela imagem de ver um ministro ser ridicularizado àquele ponto e tudo continuar a decorrer neste país como se nada de grave tivesse acontecido. Principalmente, porque reforça uma ideia preocupante e que todos nós temos vindo a interiorizar nestes últimos tempos.
Cada vez mais, alguns dos nossos governantes vão tornando claro que, tal como nos diz a autora atrás citada, “as palavras são empregues para ganhar ‘status’ com as coisas que se dizem e, ao nível da expressão verbal, ‘status’ será dizer uma coisa que não pensam, com uma convicção que não têm, para impressionar quem não respeitam e parecendo aquilo que não são.”
Só assim podemos justificar aquilo a que temos vindo a assistir. Os nossos governantes, raramente cumprem aquilo que nos prometeram. Mas acham isso natural. Pior ainda, justificam-no com tal veemência, que nos deixam na dúvida.
Será que acreditam mesmo na argumentação que nos apresentam? Julgo que sim! Não acredito que nos julguem tão incapazes, a ponto de, sem qualquer justificação, nos procurarem vender gato por lebre. Eles acreditam mesmo naquilo que nos dizem! A mente é que os engana. Ou seja, são bem mais vítimas do que supomos. Vítimas de uma mente que, face a uma realidade que obviamente não lhes interessa registar no seu verdadeiro significado, preferem mistificar, a assumir.
Não é fácil, aliás, reconhecerem os pontos fracos ou eventuais incapacidades que revelam a cada momento. O princípio de Peter, aquele que todos sabemos que, de forma implacável, nos aponta a necessidade de nunca pretendermos ir além daquilo para que verdadeiramente somos capazes de estar preparados para responder, aí está em toda a sua plenitude.
Vivemos numa sociedade onde a eficácia do desempenho é o meio fundamental de avaliação. E quem não está preparado para a tarefa, o melhor que tem a fazer é demitir-se. Mas claro, apesar de tudo, é muito mais fácil deixarmo-nos levar por uma mente que nos mente.
Nestas coisas da liderança, quem não é emocionalmente convincente e, ainda por cima, não vê a sua autoridade reconhecida, mais cedo ou mais tarde, o poder de que está investido é contestado. Assim se passa em Portugal e nada que alguns governantes possam procurar fazer, evitará o fim que se adivinha.
Ou eles mudam (o que, no caso de alguns, já é tarde para o tentarem!) ou alguém os muda."
Jorge Araújo
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