sábado, janeiro 26, 2008

Sócrates e o incómodo País real

"O líder tem de sentir o pulsar das gentes. Avaliar com rigor os seus ministros. E não dizer ‘jamais’ às urgentes mudanças. Os ministros não andam de transportes públicos e ninguém lhes conta o olhar cada vez mais triste que atravessa Portugal.

Mesmo em democracia, há sempre um momento em que os governos se fecham sobre si próprios. Passam a encarar como ataques mal-intencionados quaisquer críticas requalificadoras. Notícias negativas são campanhas vis.

Então, os governantes já olham os factos por um prisma cor-de-rosa. Quase demencial. É a vertigem do poder distorcido na redoma dos assessores, altos quadros da administração e figurantes partidários que encenam um País de maravilhas incompreendidas. É então tempo para o saudável exercício da alternância no poder.

Assim foi o estilhaçar lento do cavaquismo. Assim se atolou o guterrismo. Assim está o Governo de José Sócrates. Cedo de mais. E sem alternativas para onde o eleitorado se possa virar sem o temor do abismo.

O desgaste causado pela opção por Alcochete transformou Mário Lino numa figura burlesca. A cada dia, Lino queima mais e mais a imagem de rigor do primeiro- -ministro. A incontinência verbal do ministro da Saúde vira contra o Governo qualquer incidente grave próximo de Urgências fechadas – o País real não é o dos apregoados cálculos da célere chegada do socorro médico, mas o dos telefonemas revelados pelo CM. O País real fica ali, onde qualquer tontinho de aldeia pode ser arvorado em bombeiro pronto a socorrer vítimas pela madrugada e os táxis descobriram a mina dos transportes escolares.

José Sócrates tem de descer a esse incómodo País real. Sentir o pulsar das gentes. Avaliar com rigor os seus ministros. E não dizer ‘jamais’ às urgentes mudanças
. "

Octávio Ribeiro

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Concordo, em absoluto, com o juízo expendido neste artigo. O país real é aquele onde os bens de primeira necessidade aumentam em alguns casos dois digitos, enquanto salários e pensões se cifram em aumentos de 2.1 e 1,9%, respectivamente, a incidirem em bases já de si bem modestas, que contrastam com os salários de governentes e gestores, esses bem mais nutridos.

sábado, janeiro 26, 2008  
Anonymous Anónimo said...

Só me admira como o "Carvalhadas" ainda não compreendeu que o responsável por estes desmandos tem um único nome
José Sócrates.
Os Linos, as Lurdes, os Teixeiras, os Campos, os Jaimes, as Pires, etc. não passam de possidónios paus mandados.

domingo, janeiro 27, 2008  

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