quinta-feira, abril 03, 2008

Defender o indefensável.

"Mobilidade estratégica
É sempre popular atacar os políticos que se transferem para as empresas.

Não faltam mimos desagradáveis para os Jorge Coelhos, Ferreiras do Amaral, Pina Mouras e muitos outros que, por esses tempos fora, foram saltitando dos ministérios e secretarias de Estado para os negócios.

Curiosamente, não acontece o contrário. Quando um gestor de renome abandona o seu bem remunerado cargo de administração a troco de uma passagem pelo inferno da política, seja como ministro ou secretário de Estado disto ou daquilo, o que se ouve são normalmente elogios pela importância de ter ao serviço do bem público pessoas conhecedoras do mundo real, por contraponto ao mundo político.

Ou seja, em termos de opinião pública, as pessoas estragam-se quando passam pela política. É quando fazem o caminho de regresso às empresas que surgem os “andam todos ao mesmo” e os “o que eles querem é tacho”. Eles, muitas vezes, são os mesmos que poucos meses ou anos antes eram elogiado pelo seu elevado espírito de missão e de sacrifício.

É esquizofrénico querer ter gestores com experiência do privado a gerir a causa pública e dar-lhes como única certeza a impossibilidade de regressarem ao mundo das empresas, seja aos seus lugares de origem, seja a novos cargos. O que faria um ex-secretário de Estado do Ensino Superior que não pudesse voltar à Universidade? Ou um ex-ministro da Justiça que não mais pudesse exercer advocacia? Talvez as perguntas correctas não sejam essas, mas antes quem teríamos à frente do país se fossem essas as condições?

Se olharmos para as empresas que integram o PSI-20, verificamos que em 239 administradores, passaram pela política 23. Devemos suspeitar do que fazem nas empresas e vigiá-los? Ou devemos preocupar-nos pelo facto de apenas 10% dos gestores mais experientes do país, a dado momento das suas carreiras, terem decidido dedicar o seu tempo à política?

Do que o país precisa é de mais mobilidade entre o público e o privado, não de dois sectores estanques onde os gestores se “enchem” nas suas empresas sem qualquer preocupação por um Estado que rápidamente definharia, vazio de toda e qualquer sombra de talento
."

Pedro Marques Pereira
Eis um “brilhante” exemplo de uma dissertação que pretende defender o indefensável.

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