quinta-feira, maio 08, 2008

Crise alimentar

"O mercado de matérias-primas alimentares está tão especulativo que qualquer facto justifica novos recordes de preços. Ontem o arroz, alimento básico da Humanidade, batia pelo quarto dia consecutivo novos máximos.

Os especialistas de mercado indicavam co-mo motivo para nova subida a especulação de que Myanmar possa ser obrigado a cortar as exportações e a comprar no mercado internacional depois do ciclone ter devastado os campos do país. Se não fosse o ciclone era outra razão. Qualquer incidente ajuda a especulação. O que interessa é o lucro a todo o custo. É um estranho Mundo, onde se faz milhões nas bolsas de mercadorias à conta da condenação à fome de milhões de pessoas. Neste mercado, a ética não tem cotação. Arroz, trigo e milho estão a preços tão proibitivos que milhões de pobres em todo o Mundo já não têm dinheiro para comer.

Os pobres e a classe média empobrecida de Portugal também têm cada vez mais dificuldades para comprar alimentos básicos. Como dizia ontem no CM o arcebispo de Braga, "dói a alma quando se tem conhecimento de casos de crianças que vão para a escola sem pequeno-almoço porque os pais não têm o que lhes dar de comer". 25 anos após a crise da península de Setúbal, que levou D. Manuel Martins a lançar um grito de revolta, a fome volta a fazer parte do dia-a-dia de famílias portuguesas
."

Armando Esteves Pereira

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