Simplesmente, o mago
"O sr. primeiro-ministro aprendeu latim e num golpe de mestria que poucos ousariam vai usar o efeito sistémico do ‘ceteris paribus’.
Eu ouvi, juro, o primeiro-ministro de Portugal dizer na televisão que os portugueses iriam ver o seu rendimento disponível aumentar em 2009. Fundamentalmente esse tal “rendimento disponível” iria aumentar por três vias: a diminuição do preço dos combustíveis, a diminuição das taxas de juro e a diminuição da inflação. Contudo, a atrapalhação e o desconforto foi de tal modo palpável na apresentação das boas novas que quase levava os portugueses a pensar que o mérito não era seu e das suas políticas, arduamente pensadas e estrategicamente executadas. Mas, não se preocupe sr. primeiro-ministro, os portugueses sabem que sem a sua acção decisiva e determinada nenhum destes factores teria sido possível. A probabilidade da sua ocorrência, na sua ausência, andaria próxima de zero. O sr. primeiro-ministro não referiu, mas apenas por modéstia, que o rendimento disponível dos portugueses vai continuar a aumentar porque no ano da graça de 2009 as terças-feiras vão suceder às segundas-feiras e o sol vai continuar a nascer a oeste. Sem a sua influência junto das entidades competentes poderia estar seriamente comprometido o aumento do rendimento disponível dos portugueses e o próprio orçamento de estado para 2009. Quem sabe se a terra não começaria a rodar ao contrário.
O sr. primeiro-ministro também manteve algum recato e distanciamento ao não explicitar devidamente – correndo o risco de vir a ser avaliado modestamente numa próxima edição do Financial Times – como por via da utilização dos seus poderes sobre a taxa de inflação, da taxa de juro e do preço dos combustíveis conseguiu aumentar o rendimento disponível de todos os cidadãos do mundo, com excepção daqueles países onde a generalidade da população ainda não tem automóveis, sistema financeiro ou bens de primeira necessidade. Mas estão na agenda do sr. primeiro-ministro. Por outro lado, como o rendimento disponível da generalidade dos cidadãos que constituem os países que ficam sistematicamente acima do nosso nas listas chatas feitas pelos senhores da OCDE, FMI, e outras siglas desmancha-prazeres vai aumentar, parece que fica tudo relativamente na mesma! Talvez não. O sr. primeiro-ministro aprendeu certamente latim e num golpe de mestria que poucos ousariam vai usar o efeito sistémico do ‘ceteris paribus’. Claro que podia fazer diminuir o preço do trigo ou da taxa de câmbio do euro face ao dólar mas, nesse caso, a imagem de Portugal no exterior poderia ficar comprometida e nunca se saberia até onde iriam os efeitos de contágio dessas decisões.
A verdade é que os portugueses já se começaram a questionar sobre a necessidade das dificuldades que temos vindo a passar nos últimos tempos. Por que razão o sr. primeiro-ministro não levou a cabo estas reformas sobre os combustíveis, a inflação e as taxas de juro mais cedo? Haveria necessidade de fazer com que os portugueses chegassem ao final de 2008 com os olhos postos no próximo carregamento do Banco Alimentar? E não é possível este poderoso sr. primeiro-ministro elucidar de uma vez por todas os professores que se os alunos que saem das escolas não são todos excelentes os professores que os ensinam também não o podem ser? Diga-lhes que é uma incompatibilidade Gaussiana. E que as famigeradas quotas são uma consequência e não uma causa.
O sr. primeiro-ministro demonstra, também, um tipo de coragem como poucos políticos do seu mundo jamais sonharam possuir. Não se importa de ser acusado de eleitoralismo com estas medidas. Ele sabe que, independentemente de 2009 ser um ano de eleições, as decisões são para ser tomadas nos momentos próprios sem olhar às conjunturas político-partidárias. Claro que rapidamente a oposição, injustamente e retirando as suas palavras do contexto, vai cavalgar esta onda em formação. Mas o sr. primeiro-ministro sabe que é nestes momentos que a história pede homens que saibam colocar o seu dever e o bem-estar do povo acima dos interesses do dia-a-dia, como sejam os do sistema financeiro e os da indústria automóvel. Esses senhores vão ter de esperar, 2009 é o ano do aumento do rendimento disponível dos portugueses. "
Sérgio Leal Nunes
Eu ouvi, juro, o primeiro-ministro de Portugal dizer na televisão que os portugueses iriam ver o seu rendimento disponível aumentar em 2009. Fundamentalmente esse tal “rendimento disponível” iria aumentar por três vias: a diminuição do preço dos combustíveis, a diminuição das taxas de juro e a diminuição da inflação. Contudo, a atrapalhação e o desconforto foi de tal modo palpável na apresentação das boas novas que quase levava os portugueses a pensar que o mérito não era seu e das suas políticas, arduamente pensadas e estrategicamente executadas. Mas, não se preocupe sr. primeiro-ministro, os portugueses sabem que sem a sua acção decisiva e determinada nenhum destes factores teria sido possível. A probabilidade da sua ocorrência, na sua ausência, andaria próxima de zero. O sr. primeiro-ministro não referiu, mas apenas por modéstia, que o rendimento disponível dos portugueses vai continuar a aumentar porque no ano da graça de 2009 as terças-feiras vão suceder às segundas-feiras e o sol vai continuar a nascer a oeste. Sem a sua influência junto das entidades competentes poderia estar seriamente comprometido o aumento do rendimento disponível dos portugueses e o próprio orçamento de estado para 2009. Quem sabe se a terra não começaria a rodar ao contrário.
O sr. primeiro-ministro também manteve algum recato e distanciamento ao não explicitar devidamente – correndo o risco de vir a ser avaliado modestamente numa próxima edição do Financial Times – como por via da utilização dos seus poderes sobre a taxa de inflação, da taxa de juro e do preço dos combustíveis conseguiu aumentar o rendimento disponível de todos os cidadãos do mundo, com excepção daqueles países onde a generalidade da população ainda não tem automóveis, sistema financeiro ou bens de primeira necessidade. Mas estão na agenda do sr. primeiro-ministro. Por outro lado, como o rendimento disponível da generalidade dos cidadãos que constituem os países que ficam sistematicamente acima do nosso nas listas chatas feitas pelos senhores da OCDE, FMI, e outras siglas desmancha-prazeres vai aumentar, parece que fica tudo relativamente na mesma! Talvez não. O sr. primeiro-ministro aprendeu certamente latim e num golpe de mestria que poucos ousariam vai usar o efeito sistémico do ‘ceteris paribus’. Claro que podia fazer diminuir o preço do trigo ou da taxa de câmbio do euro face ao dólar mas, nesse caso, a imagem de Portugal no exterior poderia ficar comprometida e nunca se saberia até onde iriam os efeitos de contágio dessas decisões.
A verdade é que os portugueses já se começaram a questionar sobre a necessidade das dificuldades que temos vindo a passar nos últimos tempos. Por que razão o sr. primeiro-ministro não levou a cabo estas reformas sobre os combustíveis, a inflação e as taxas de juro mais cedo? Haveria necessidade de fazer com que os portugueses chegassem ao final de 2008 com os olhos postos no próximo carregamento do Banco Alimentar? E não é possível este poderoso sr. primeiro-ministro elucidar de uma vez por todas os professores que se os alunos que saem das escolas não são todos excelentes os professores que os ensinam também não o podem ser? Diga-lhes que é uma incompatibilidade Gaussiana. E que as famigeradas quotas são uma consequência e não uma causa.
O sr. primeiro-ministro demonstra, também, um tipo de coragem como poucos políticos do seu mundo jamais sonharam possuir. Não se importa de ser acusado de eleitoralismo com estas medidas. Ele sabe que, independentemente de 2009 ser um ano de eleições, as decisões são para ser tomadas nos momentos próprios sem olhar às conjunturas político-partidárias. Claro que rapidamente a oposição, injustamente e retirando as suas palavras do contexto, vai cavalgar esta onda em formação. Mas o sr. primeiro-ministro sabe que é nestes momentos que a história pede homens que saibam colocar o seu dever e o bem-estar do povo acima dos interesses do dia-a-dia, como sejam os do sistema financeiro e os da indústria automóvel. Esses senhores vão ter de esperar, 2009 é o ano do aumento do rendimento disponível dos portugueses. "
Sérgio Leal Nunes
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