À espera da sorte
"Os portugueses são os europeus que mais investem no Euromilhões. Compreende-se: o mundo real é perigoso e incerto. Ninguém em Portugal acredita que José Sócrates ou Manuela Ferreira Leite os salvarão de serem remediados ou pobres.
Todos supõem que o Euromilhões poderá garantir-lhes o paraíso na Terra. As pessoas costumam arriscar porque sabem que o jogo pode ser a derradeira estratégia de sobrevivência em determinadas circunstâncias. Como acontece num país pobre como o nosso. A partir de certa altura, por aqui, as pessoas sentem que não lograram atingir os seus sonhos. Assim, que soluções lhes restam para poderem viver bem? Excepto apostar num jogo que possa dar milhões, não se vislumbram muitas opções, num país com fraca mobilidade social, com pavor ao risco e com uma incapacidade notória em sair do seu pântano económico. Não é por ignorância, é por desespero.
Como é que se podem concretizar as esperanças e sonhos sem que o dinheiro caía do céu? Os portugueses não são como os gauleses de Astérix: esperam que o que venha lá de cima seja uma forma de libertação. O risco no jogo deveria simbolizar uma sociedade que arriscasse nas ideias, na inovação e na alteração da bolorenta ordem reinante.
Mas em Portugal isso não sucede. Parte do rendimento dos portugueses é utilizada no jogo da incerteza, aquele em que a imaginação ocupa o lugar da probalidade. Jogar é não ficar parado. Como dizia uma personagem da notável série "The Wire": "It's all in the game". E em Portugal isso é a cruel realidade."
Fernando Sobral
Todos supõem que o Euromilhões poderá garantir-lhes o paraíso na Terra. As pessoas costumam arriscar porque sabem que o jogo pode ser a derradeira estratégia de sobrevivência em determinadas circunstâncias. Como acontece num país pobre como o nosso. A partir de certa altura, por aqui, as pessoas sentem que não lograram atingir os seus sonhos. Assim, que soluções lhes restam para poderem viver bem? Excepto apostar num jogo que possa dar milhões, não se vislumbram muitas opções, num país com fraca mobilidade social, com pavor ao risco e com uma incapacidade notória em sair do seu pântano económico. Não é por ignorância, é por desespero.
Como é que se podem concretizar as esperanças e sonhos sem que o dinheiro caía do céu? Os portugueses não são como os gauleses de Astérix: esperam que o que venha lá de cima seja uma forma de libertação. O risco no jogo deveria simbolizar uma sociedade que arriscasse nas ideias, na inovação e na alteração da bolorenta ordem reinante.
Mas em Portugal isso não sucede. Parte do rendimento dos portugueses é utilizada no jogo da incerteza, aquele em que a imaginação ocupa o lugar da probalidade. Jogar é não ficar parado. Como dizia uma personagem da notável série "The Wire": "It's all in the game". E em Portugal isso é a cruel realidade."
Fernando Sobral
2 Comments:
"fraca mobilidade social"? Este senhor deve ser parvo. As filas de trânsito em direcção ao Norte à sexta feira provam bem o contrário, a mobilidade social é gigantesca
"pavor ao risco"? Quem arrisca mais do que os Portugueses quando contraem empréstimos sem emprego fixo? Quem consegue arriscar seja o que for quando a banca e o fisco asfixiam qualquer tentativa de criação de empresas?
Quem arrisca mais que os portugueses? Por exemplo os americanos.
Meu, a fraca mobilidade social é passar de pobre a remediado e por aí fora...
As filas de trânsito só provam que as estradas estão mal feitas.
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