Está tudo na sarjeta
"Os últimos desenvolvimentos do caso Freeport são verdadeiramente aterradores e mostram o ponto a que chegou a Justiça neste sítio cada vez mais mal frequentado.
Os procuradores responsáveis pelas investigações suspeitam de que alguém os anda a vigiar, o juiz de instrução terá sido contactado por alguém dos serviços secretos, Pinto Monteiro, responsável do Ministério Público, admite em tom de brincadeira que o SIS devia investigar as fugas de informação em vez de andar a escutar criadas, o Parlamento vai averiguar se anda alguém a escutar alguém e o processopropriamente dito continua em águas de bacalhau.
O procurador--geral da República exige respostas rápidas aos seus subordinados e afastou de um programa de rádio a responsável de um organismo que dá pelo pomposo nome de Departamento Central de Investigação e Acção Penal. É um verdadeiro regabofe, uma choldra, como escrevia Eça de Queirós. Entretanto, a investigação jornalística continua para desespero da central de contra-informação cor-de-rosa que já não sabe o que inventar mais para afastar as atenções, vitimizar o senhor presidente do Conselho e lançar nuvens de fumo sobre o processo com as célebres cabalas e campanhas negras.
É evidente que a Justiça não está assim só porque o PS subiu ao poder. Está mal há muitos anos. Mas sempre que tentou meter o pé e a mão onde o poder político dominante não queria, logo vieram os legisladores de serviço emendar a mão e pôr o devido freio em procuradores e polícias mais diligentes, que ainda acreditavam que a Justiça era cega e igual para todos, ricos e pobres. E, no entanto, havia uma forma tão fácil de se esclarecer tanta coisa no caso Freeport, nomeadamente afastar as suspeitas legítimas sobre a honestidade do senhor Presidente do Conselho. Bastava que o secretário-geral do PS e ministro do Ambiente na altura do licenciamento do Freeport tivesse o bom senso de permitir que as autoridades analisassem as suas contas bancárias ao longo dos últimos anos. O que não seria uma tarefa difícil, uma vez que nas declarações de rendimentos apresentadas no Tribunal Constitucional não constam contas a prazo e aplicações financeiras significativas.
Em vez de cabalas e campanhas negras, todos ganhavam se o senhor presidente do Conselho pusesse as contas à luz do dia. Ganhava a sua honra, ganhava a Justiça e ganhava a política, todas irremediavelmente a caminho da mais suja das sarjetas."
António Ribeiro Ferreira
Os procuradores responsáveis pelas investigações suspeitam de que alguém os anda a vigiar, o juiz de instrução terá sido contactado por alguém dos serviços secretos, Pinto Monteiro, responsável do Ministério Público, admite em tom de brincadeira que o SIS devia investigar as fugas de informação em vez de andar a escutar criadas, o Parlamento vai averiguar se anda alguém a escutar alguém e o processopropriamente dito continua em águas de bacalhau.
O procurador--geral da República exige respostas rápidas aos seus subordinados e afastou de um programa de rádio a responsável de um organismo que dá pelo pomposo nome de Departamento Central de Investigação e Acção Penal. É um verdadeiro regabofe, uma choldra, como escrevia Eça de Queirós. Entretanto, a investigação jornalística continua para desespero da central de contra-informação cor-de-rosa que já não sabe o que inventar mais para afastar as atenções, vitimizar o senhor presidente do Conselho e lançar nuvens de fumo sobre o processo com as célebres cabalas e campanhas negras.
É evidente que a Justiça não está assim só porque o PS subiu ao poder. Está mal há muitos anos. Mas sempre que tentou meter o pé e a mão onde o poder político dominante não queria, logo vieram os legisladores de serviço emendar a mão e pôr o devido freio em procuradores e polícias mais diligentes, que ainda acreditavam que a Justiça era cega e igual para todos, ricos e pobres. E, no entanto, havia uma forma tão fácil de se esclarecer tanta coisa no caso Freeport, nomeadamente afastar as suspeitas legítimas sobre a honestidade do senhor Presidente do Conselho. Bastava que o secretário-geral do PS e ministro do Ambiente na altura do licenciamento do Freeport tivesse o bom senso de permitir que as autoridades analisassem as suas contas bancárias ao longo dos últimos anos. O que não seria uma tarefa difícil, uma vez que nas declarações de rendimentos apresentadas no Tribunal Constitucional não constam contas a prazo e aplicações financeiras significativas.
Em vez de cabalas e campanhas negras, todos ganhavam se o senhor presidente do Conselho pusesse as contas à luz do dia. Ganhava a sua honra, ganhava a Justiça e ganhava a política, todas irremediavelmente a caminho da mais suja das sarjetas."
António Ribeiro Ferreira
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