MENTES BRILHANTES
"O sr. Manuel Pedro, um dos sócios da empresa suspeita de pagar "luvas" para o licenciamento do Freeport, negou publicamente que tenha pago "luvas" para o licenciamento do Freeport. Na perspectiva do leigo, o testemunho do eventual criminoso não esgota a investigação do crime. Já na perspectiva de um jurista conceituado como Vital Moreira, esgota, sim senhor: perante as afirmações do sr. Pedro, o dr. Vital considera "categoricamente desmentidas" os rumores de ilegalidade na aprovação do empreendimento. O caso Freeport, portanto, terminou, faleceu, está encerrado, deu o que tinha a dar, foi-se.
Enquanto durou, ou pelo menos enquanto durou segundo os critérios do dr. Vital, o folhetim do outlet obscureceu todas as demais notícias, incluindo a de que Manuel Coelho, presidente da Câmara de Sines, saiu do PCP ao fim de 35 anos alegando "razões profundas".
Admito não se tratar exactamente de uma notícia: de vez em quando, um qualquer comunista "histórico" descobre que, afinal, o Partido revela certas carências democráticas e bate com a porta, entre resmungos e promessa de abrigo em partido concorrente (por regra, o PS). Os ex-camaradas dedicam ao trânsfuga um punhado de comentários sarcásticos e o epíteto de traidor. Mais tarde, muitos seguem-lhe o caminho.
O ritual compreende-se. Não se compreende o tempo necessário para que cada comunista perceba onde se meteu. Por viciante que aquilo seja, até um toxicómano desconfia ao fim de semanas que não foi boa ideia adquirir a primeira dose. Tipicamente, o sr. Coelho de Sines precisou de meia vida para notar que o PCP é, cito, "uma organização dogmática", "estalinizada", "esclerosada", "reaccionária" e "retrógrada". Porém, se não me falha a memória, o PCP já era tudo isso há três décadas e meia, quando o sr. Coelho lá chegou.
Ignoro se o PCP atrai pessoas de discernimento lento ou se o discernimento abranda quando as pessoas entram no PCP. A verdade é uma: quando saem, o raciocínio torna-se mais rápido que a realidade, como de resto o dr. Vital Moreira é prova viva."
Alberto Gonçalves
Enquanto durou, ou pelo menos enquanto durou segundo os critérios do dr. Vital, o folhetim do outlet obscureceu todas as demais notícias, incluindo a de que Manuel Coelho, presidente da Câmara de Sines, saiu do PCP ao fim de 35 anos alegando "razões profundas".
Admito não se tratar exactamente de uma notícia: de vez em quando, um qualquer comunista "histórico" descobre que, afinal, o Partido revela certas carências democráticas e bate com a porta, entre resmungos e promessa de abrigo em partido concorrente (por regra, o PS). Os ex-camaradas dedicam ao trânsfuga um punhado de comentários sarcásticos e o epíteto de traidor. Mais tarde, muitos seguem-lhe o caminho.
O ritual compreende-se. Não se compreende o tempo necessário para que cada comunista perceba onde se meteu. Por viciante que aquilo seja, até um toxicómano desconfia ao fim de semanas que não foi boa ideia adquirir a primeira dose. Tipicamente, o sr. Coelho de Sines precisou de meia vida para notar que o PCP é, cito, "uma organização dogmática", "estalinizada", "esclerosada", "reaccionária" e "retrógrada". Porém, se não me falha a memória, o PCP já era tudo isso há três décadas e meia, quando o sr. Coelho lá chegou.
Ignoro se o PCP atrai pessoas de discernimento lento ou se o discernimento abranda quando as pessoas entram no PCP. A verdade é uma: quando saem, o raciocínio torna-se mais rápido que a realidade, como de resto o dr. Vital Moreira é prova viva."
Alberto Gonçalves
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