Pressões.
"QUEM vive no pequeno mundo da comunicação social portuguesa pode dizer que não houve, ao longo dos últimos 30 anos de vida democrática, Governo como este de José Sócrates que dispensasse tantas energias a tentar condicionar jornalistas, directores e patrões dos media, que demonstrasse tão grande intolerância e irritação face a notícias incómodas e opiniões críticas. E que fizesse tudo isso de forma tão desabrida. Quer em público, pela voz dos principais responsáveis do Governo e do PS, falando de «campanhas negras» a propósito de investigações jornalísticas e judiciais ou apontando a dedo órgãos de comunicação não alinhados com o poder socialista, como a TVI ou o Público. Quer em privado, através de pressões intimidatórias e do condicionamento de empresas e instituições.
Um verdadeiro case study. Que não tem paralelo nem com os governos de maioria absoluta de Cavaco Silva, onde algumas tentações maioritárias de controlo de informação não passavam de ensaios de aprendizes quando comparadas com a actual central de controleiros residente em S. Bento. Só o impagável Executivo de Santana Lopes, com os seus Ruis Gomes da Silva e outras excentricidades, se aproximou do furor controleiro deste Governo.
Vejamos um caso recente e ilustrativo. No Congresso do PS, José Sócrates deu o mote contra o estilo de informação «de uma televisão». Arons de Carvalho descodificou de imediato, atacando e nomeando a TVI. Augusto Santos Silva corroborou os ataques ao pluralismo de informação da TVI. José Lello apareceu a seguir, a completar o trio: «Só me admiro da passividade da ERC. Como é possível haver um telejornal como o de sexta-feira da TVI?». Dez dias depois, a pressurosa ERC diz ter recebido «três reclamações por e-mail» (não seriam assinadas por Arons, Santos Silva e Lello?) e decide abrir um inquérito à «alegada violação de princípios éticos ou legais» por jornalistas da TVI.
Não está mal, apesar do primarismo da encenação, como manobra de condicionamento do jornalismo independente e de amordaçamento das vozes inconvenientes. Já se sabia que este Governo de José Sócrates convive mal com qualquer órgão de comunicação social que ponha em causa os seus interesses, as suas práticas, as suas figuras. Se pudesse, nacionalizava ou intervencionava a TVI e alguns jornais, como fez com o BPN ou o BCP. O problema é que, em democracia, a liberdade de informação não é transaccionável nem está à venda."
JAL
Um verdadeiro case study. Que não tem paralelo nem com os governos de maioria absoluta de Cavaco Silva, onde algumas tentações maioritárias de controlo de informação não passavam de ensaios de aprendizes quando comparadas com a actual central de controleiros residente em S. Bento. Só o impagável Executivo de Santana Lopes, com os seus Ruis Gomes da Silva e outras excentricidades, se aproximou do furor controleiro deste Governo.
Vejamos um caso recente e ilustrativo. No Congresso do PS, José Sócrates deu o mote contra o estilo de informação «de uma televisão». Arons de Carvalho descodificou de imediato, atacando e nomeando a TVI. Augusto Santos Silva corroborou os ataques ao pluralismo de informação da TVI. José Lello apareceu a seguir, a completar o trio: «Só me admiro da passividade da ERC. Como é possível haver um telejornal como o de sexta-feira da TVI?». Dez dias depois, a pressurosa ERC diz ter recebido «três reclamações por e-mail» (não seriam assinadas por Arons, Santos Silva e Lello?) e decide abrir um inquérito à «alegada violação de princípios éticos ou legais» por jornalistas da TVI.
Não está mal, apesar do primarismo da encenação, como manobra de condicionamento do jornalismo independente e de amordaçamento das vozes inconvenientes. Já se sabia que este Governo de José Sócrates convive mal com qualquer órgão de comunicação social que ponha em causa os seus interesses, as suas práticas, as suas figuras. Se pudesse, nacionalizava ou intervencionava a TVI e alguns jornais, como fez com o BPN ou o BCP. O problema é que, em democracia, a liberdade de informação não é transaccionável nem está à venda."
JAL
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