quinta-feira, março 11, 2010

O mordomo do PEC

"O ataque do Governo com o PEC como arma de combate faz lembrar a célebre carga da Brigada Ligeira. Contra a artilharia pesada qualquer cavalgada é um desastre e um morticínio. Este PEC é a derradeira carga da brigada ligeira deste Governo. E não é apenas porque será chacinado pelas agências de "rating" e pelo mercado de obrigações. É um gesto inútil de um Governo que apenas tenta sobreviver no poder. O pior é que este PEC não coloca o Governo com uma corda ao pescoço: tira-lhe simplesmente a alma. O Governo do investimento público transforma-se no das maiores privatizações de que há memória em Portugal. Se as decisões fossem de um Governo liberal não surpreenderia. Espanta que seja o PS. Soares tinha colocado o socialismo na gaveta. Sócrates enterrou-o fundo como se fosse resíduo nuclear. O PS assumiu, de vez, o seu papel de partido do liberalismo económico. Um dia destes o PSD estará à sua esquerda. Thatcher, na sua revolução, reduziu o conservadorismo britânico à ideologia do liberalismo financeiro.

Este Governo atirou o punho cerrado para o caixote do lixo. Agora o PS pode deixar cair o "S" do seu nome. E colocar lá um "RI". Ficará melhor: Partido Revolucionário Institucional, como no México. Sempre causará uma gargalhada. O pior não é o PS renegar o socialismo. É ser liberal dizendo-se socialista. Acaba por não ser uma coisa nem outra. O PS, depois de Sócrates, é um partido sem alma e sem valores. É um mordomo. Com esta actuação, o PS nem resolve o problema financeiro nem dota o País de um modelo económico. Gere, mas já não manda
."

Fernando Sobral

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