sábado, maio 28, 2011

O dinheiro cai do céu

"Em Portugal há alguns vendedores de ilusões. Mas há ainda mais compradores. Nesse próspero comércio, a última ilusão que comprámos foi de que nos emprestaram 78 mil milhões de euros. Queixamo-nos da taxa, fazemos beicinho, "ai, os mercados e tal", e começamos a contar notas. O Diabo deve estar a rir atrás de uma cortina.

A chegada dos primeiros cheques "externos" é anestésica, dá a falsa sensação de que apenas substituímos financiadores: depois dos mercados, empresta a União Europeia e o "femí", como diz Passos Coelho, castiço. Mas o dinheiro não está garantido. E pelo descarrilar da carruagem, está longe disso.

É verdade que a taxa de juro é má. Podia ser melhor, mais amiga. Sabe por que é tão, digamos, alta? Por causa de gente como nós. Por causa dos contribuintes de outros países. Leia na página 8: se a CGD, o BCP e BES utilizarem o aval público na emissão de dívida, pagarão 180 milhões de euros ao Estado. Está o Estado a ser ganancioso com os bancos? Não: está a justificar-se pelo aval. Com os contribuintes alemães, franceses ou finlandeses é o mesmo processo: é preciso mostrar que nós pagamos o risco moral. Ou acha que aqueles países têm melhor opinião nossa do que nós temos dos bancos?

Pergunte a um dos presidentes de empresas cotadas que estiveram esta semana em Wall Street como se sentiu. Sentiu-se pequeno. Investir em Portugal? Nem se fala nisso. As perguntas dos americanos eram outras: Portugal vai cumprir o plano? Vai ter estabilidade governativa? Vai reestruturar a dívida? Vai manter-se no euro?

O dinheiro não está garantido. O plano da troika é muito, mas mesmo muito difícil de cumprir. Tem prazos impossíveis. Os lóbis, os grupos de interesse, as corporações já desembainharam as suas inércias. A Justiça. O poder local. Os militares, que se anteciparam e fizeram promoções não autorizadas e para as quais não há dinheiro - mas ninguém ousa levantar-lhes o sobreolho, quanto mais uma palha.

Mesmo que tudo corra bem em Portugal, estamos numa escarpa. A Grécia está à beira de uma catástrofe social, que pode suceder à inevitável renegociação da dívida. Ontem, pela primeira vez, um membro da Comissão Europeia disse as palavras proibidas: "O cenário de saída da Grécia do euro está, agora, em cima da mesa". Disse-o a comissária Maria Damanaki. Maria Damanaki é grega.

Isto não é chantagem, é desespero. O euro pensava que estava na crise da puberdade, mas percebe agora que está com uma doença que desconhecia e não sabe como debelá-la. A Grécia na ruína. Espanha com um cataclismo político. Bélgica e Itália sob aviso das agências de "rating". E a Europa tem uma Comissão Europeia enfraquecida, tem a Alemanha e a França a correr atrás da própria cauda, tem os países com interesses desalinhados e conflituosos. E gente a mais a decidir e a impedir. Numa luta entre as cabeças de uma hidra, o silêncio só chega quando a hidra morre. No Titanic europeu, a orquestra já não toca, corre-se para os salva-vidas. Mas não mandam mulheres e crianças primeiro, são os mais fortes que ocupam os lugares. O mundo nunca foi justo.

Portugal tem de cumprir o plano para fazer o mínimo que pode por si mesmo. Os políticos parecem pouco disponíveis para tamanha tarefa mas, como dizia Teixeira dos Santos, o próximo Governo pode começar por poupar nas cadeiras: não há tempo para sentar. Talvez assim - talvez - não saiamos do euro, não caiamos na ruína. O dinheiro cai do céu. Mas desaparece terra adentro. Nem o vemos. Mas vamos pagá-lo. Esperamos nós
."

Pedro Santos Guerreiro

2 Comments:

Blogger Toupeira said...

Não deixa de ser interessante esta comparação. Mas também perigosa.

De qualquer modo, vale a pena ler ou ouvir.

EU JÁ VIVI O VOSSO FUTURO!

Assunto: " Declarações do escritor e dissidente soviético,
Vladimir Bukovsky, sobre o Tratado de Lisboa

"É surpreendente que, após ter enterrado um monstro, a URSS,
se tenha construído outro semelhante: a União Europeia (UE).
O que é, exactamente a União Europeia? Talvez fiquemos a
sabe-lo examinando a sua versão soviética.
A URSS era governada por quinze pessoas não eleitas que se
cooptavam mutuamente e não tinham que responder perante ninguém. A UE
é governada por duas dúzias de pessoas que se reúnem à porta fechada
e, também não têm que responder perante ninguém, sendo politicamente
impunes.
Poderá dizer-se que a UE tem um Parlamento. A URSS também
tinha uma espécie de Parlamento, o Soviete Supremo. Nós, (na URSS)
aprovámos, sem discussão, as decisões do Politburo, como na prática
acontece no Parlamento Europeu, em que o uso da palavra concedido a
cada grupo está limitado, frequentemente, a um minuto por cada
interveniente.
Na UE há centenas de milhares de eurocratas com vencimentos
muito elevados, com prémios e privilégios enormes e, com imunidade
judicial vitalícia, sendo apenas transferidos de um posto para outro,
façam bem ou façam mal. Não é a URSS escarrada?
A URSS foi criada sob coacção, muitas vezes pela via da
ocupação militar. No caso da Europa está a criar-se uma UE, não sob a
força das armas, mas pelo constrangimento e pelo terror económicos.
Para poder continuar a existir, a URSS expandiu-se de forma
crescente. Desde que deixou de crescer, começou a desabar. Suspeito
que venha a acontecer o mesmo com a UE. Proclamou-se que o objectivo
da URSS era criar uma nova entidade histórica: o Povo Soviético. Era
necessário esquecer as nacionalidades, as tradições e os costumes. O
mesmo acontece com a UE parece. A UE não quer que sejais ingleses ou
franceses, pretende dar-vos uma nova identidade: ser «europeus»,
reprimindo os vosso sentimentos nacionais e, forçar-vos a viver numa
comunidade multinacional. Setenta e três anos deste sistema na URSS
acabaram em mais conflitos étnicos, como não aconteceu em nenhuma
outra parte do mundo.
Um dos objectivos «grandiosos» da URSS era destruir os
estados-nação. É exactamente isso que vemos na Europa, hoje. Bruxelas
tem a intenção de fagocitar os estados-nação para que deixem de
existir.
O sistema soviético era corrupto de alto a baixo. Acontece a
mesma coisa na UE.. Os procedimentos antidemocráticos que víamos na
URSS florescem na UE. Os que se lhe opõem ou os denunciam são
amordaçados ou punidos. Nada mudou. Na URSS tínhamos o «goulag». Creio
que ele também existe na UE. Um goulag intelectual, designado por
«politicamente correcto». Experimentai dizer o que pensais sobre
questões como a raça e a sexualidade. Se as vossas opiniões não forem
«boas», «politicamente correctas», sereis ostracizados. É o começo do
«goulag». É o princípio da perda da vossa liberdade. Na URSS
pensava-se que só um estado federal evitaria a guerra. Dizem-nos
exactamente a mesma coisa na UE. Em resumo, é a mesma ideologia em
ambos os sistemas. A UE é o velho modelo soviético vestido à moda
ocidental. Mas, como a URSS, a UE traz consigo os germes da sua
própria destruição. Desgraçadamente, quando ela desabar, porque irá
desabar, deixará atrás de si um imenso descalabro e enormes problemas
económicos e étnicos. O antigo sistema soviético era irreformável. Do
mesmo modo, a UE também o é. (.)
Eu já vivi o vosso «futuro»."

link para ver e ouvir ( em castelhano)
http://www.youtube.com/watch?v=Akwhyd9ozy0

segunda-feira, maio 30, 2011  
Blogger Toupeira said...

Interessantes estes artigos agora que a UE está a um ano do fim.
Controlada sempre esteve.
Barroso sempre foi CIA, esteve no MRPP era agente CIA, esteve na destruição da embaixada de Espanha pelo fogo e ele e o Albarrão.
Continuem a acreditar meus amigos, não são teorias são conspirações.

segunda-feira, maio 30, 2011  

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