"Soundbites" cheios de decibéis
"Onde o autor oferece a sua ansiada visão sobre alguns eventos recentes, malhando a torto e a direito, enquanto deambula por sondagens e bancarrotas sortidas, reais ou imaginadas).
- As últimas sondagens vindas a público, mesmo submetidas a severa análise, visão criptográfica e mesmo alguma sevícia numérica, têm uma coisa em comum: são incompreensíveis, por incompatibilidade entre pressupostos e conclusão, pois não é racionalmente possível apontar o inimigo público José Sócrates como principal responsável pela massiva crise em que vivemos e pô-lo, todavia, em posição de vencer as eleições, isto mesmo que o adversário fosse Átila, o Huno. Claro que pode haver a distorção afectiva do refém, uma espécie de Síndrome de Estocolmo, como tem sido apontado, em que o eleitorado, abalado, confundido e ansioso, se deixou capturar em submissão. Até corre por aí, a propósito, uma excelente piada, segundo a qual, na hipótese de vitória do PS, se poderia montar um grande negócio à Futre, organizando charters, nos quais enxames de politólogos estupefactos viriam observar o fenómeno "in loco". Não seria apenas a inversão da dialéctica crime e castigo, uma coisa para ser trabalhada por um novo Tolstoi, com uma história às avessas; na época de rigor, contenção e sacrifício em que vamos cair, era por a decisão dos cortes e sacrifícios a uns tipos conhecidos por salvar os anéis, sacrificando os dedos, incluindo os usados para tocar a guitarra da festa acabada. Era caso para pensar que Portugal não necessita prioritariamente de melhores políticos mas, antes, de melhores eleitores.
- Agora que o FMI anda pelo Terreiro do Paço, de braço dado com o BCE e a CE, à cata de contas e notas de conto, dá nas vistas a posição barba rija do PCP e do BE, acompanhados da enfeudada Intersindical, condenando o pedido de ajuda (aliás mais que tardio). Essa prédica esquerdista, por relação, dá cátedra de economia ao discurso patriótico/pindérico de Sócrates, que punha entre ele e o FMI os dez milhões de portugueses (seguramente como reféns). Pelas esquinas, pelos jornais, pela blogosfora, corre, há já uns tempos, uma estória de heróica resistência da Islândia, recusando-se a aceitar as imposições de um "bail-out" exterior.
Como as coisas, no geral, estão a ir bem para os islandeses, o grito do povo deveria ser para fazer "igual", recusando as harpias da ajuda externa. Ora, a Islândia tem, sim, um problema com a Inglaterra e a Holanda, devido às perdas sofridas por nacionais destes países, alegadamente preteridos nas salvaguardas legais dos depósitos bancários no falido Landsbanki, cujo resgate o país recusou, em referendo. Não foi o estado soberano que declarou falência, pois a seguir à convencional receita do FMI, tomada e executada, a ajuda financeira permitiu à Islândia sair da crise. Logo, o exemplo islandês é bom, os factos é que estão mal contados. Não resgatar um banco é uma coisa, o Estado cessar pagamentos aos credores é outra, e a Islândia não rasgou qualquer compromisso. Custa lembrar, mas o Lehmans, o do descalabro, foi um banco que se deixou cair e na Islândia aconteceu o mesmo, também com graves sequelas, mas sem ruptura de pagamentos da dívida soberana que acarretaria a insolvência do Estado.
O que seria interessante era que tal gente das estórias ilusionistas recordasse um exemplo de efectiva bancarrota, como a Argentina em 2001, essa a verdadeira alternativa para o caminho tomado por Portugal. Lá, a fome chegou às classes médias, e as pessoas, mesmo despojadas de salários e pensões que só apareciam esporadicamente, nem dispor podiam livremente dos seus depósitos bancários, graças ao chamado "corralito", o exemplo acabado da poupança forçada. Quando a razia do valor chega a 75%, então esse caminho ou outro semelhante não é seguramente de apoiar, mesmo travestidos de amanhãs que cantam. Para o bem e para o mal, com o crédito não se brinca."
Fernando Braga de Matos
- As últimas sondagens vindas a público, mesmo submetidas a severa análise, visão criptográfica e mesmo alguma sevícia numérica, têm uma coisa em comum: são incompreensíveis, por incompatibilidade entre pressupostos e conclusão, pois não é racionalmente possível apontar o inimigo público José Sócrates como principal responsável pela massiva crise em que vivemos e pô-lo, todavia, em posição de vencer as eleições, isto mesmo que o adversário fosse Átila, o Huno. Claro que pode haver a distorção afectiva do refém, uma espécie de Síndrome de Estocolmo, como tem sido apontado, em que o eleitorado, abalado, confundido e ansioso, se deixou capturar em submissão. Até corre por aí, a propósito, uma excelente piada, segundo a qual, na hipótese de vitória do PS, se poderia montar um grande negócio à Futre, organizando charters, nos quais enxames de politólogos estupefactos viriam observar o fenómeno "in loco". Não seria apenas a inversão da dialéctica crime e castigo, uma coisa para ser trabalhada por um novo Tolstoi, com uma história às avessas; na época de rigor, contenção e sacrifício em que vamos cair, era por a decisão dos cortes e sacrifícios a uns tipos conhecidos por salvar os anéis, sacrificando os dedos, incluindo os usados para tocar a guitarra da festa acabada. Era caso para pensar que Portugal não necessita prioritariamente de melhores políticos mas, antes, de melhores eleitores.
- Agora que o FMI anda pelo Terreiro do Paço, de braço dado com o BCE e a CE, à cata de contas e notas de conto, dá nas vistas a posição barba rija do PCP e do BE, acompanhados da enfeudada Intersindical, condenando o pedido de ajuda (aliás mais que tardio). Essa prédica esquerdista, por relação, dá cátedra de economia ao discurso patriótico/pindérico de Sócrates, que punha entre ele e o FMI os dez milhões de portugueses (seguramente como reféns). Pelas esquinas, pelos jornais, pela blogosfora, corre, há já uns tempos, uma estória de heróica resistência da Islândia, recusando-se a aceitar as imposições de um "bail-out" exterior.
Como as coisas, no geral, estão a ir bem para os islandeses, o grito do povo deveria ser para fazer "igual", recusando as harpias da ajuda externa. Ora, a Islândia tem, sim, um problema com a Inglaterra e a Holanda, devido às perdas sofridas por nacionais destes países, alegadamente preteridos nas salvaguardas legais dos depósitos bancários no falido Landsbanki, cujo resgate o país recusou, em referendo. Não foi o estado soberano que declarou falência, pois a seguir à convencional receita do FMI, tomada e executada, a ajuda financeira permitiu à Islândia sair da crise. Logo, o exemplo islandês é bom, os factos é que estão mal contados. Não resgatar um banco é uma coisa, o Estado cessar pagamentos aos credores é outra, e a Islândia não rasgou qualquer compromisso. Custa lembrar, mas o Lehmans, o do descalabro, foi um banco que se deixou cair e na Islândia aconteceu o mesmo, também com graves sequelas, mas sem ruptura de pagamentos da dívida soberana que acarretaria a insolvência do Estado.
O que seria interessante era que tal gente das estórias ilusionistas recordasse um exemplo de efectiva bancarrota, como a Argentina em 2001, essa a verdadeira alternativa para o caminho tomado por Portugal. Lá, a fome chegou às classes médias, e as pessoas, mesmo despojadas de salários e pensões que só apareciam esporadicamente, nem dispor podiam livremente dos seus depósitos bancários, graças ao chamado "corralito", o exemplo acabado da poupança forçada. Quando a razia do valor chega a 75%, então esse caminho ou outro semelhante não é seguramente de apoiar, mesmo travestidos de amanhãs que cantam. Para o bem e para o mal, com o crédito não se brinca."
Fernando Braga de Matos
1 Comments:
Só quando em S. Bento, onde continuas a pavonear-te, fôr tudo regado e limpo com criolina e o povo inaugurar lá uma mais que necessária ETAR é que, tanto o Tejo, como o Paìs que "poluiste", ficam despoluidos ! É preciso ser persistente e começar as obras em 5 de Junho p.f. Reconheço no entanto que neste evento há alguma vontade de "limpar e eliminar" a muita caca que fizeste nos últimos 6 anos.Qual a primeira que usaste na inauguração!? (Escrito de acordo com o acordo ortográfico JLello"
Só quando em S. Bento, onde continuas a pavonear-te, fôr tudo regado e limpo com criolina e o povo inaugurar lá uma mais que necessária ETAR é que, tanto o Tejo, como o Paìs que "poluiste", ficam despoluidos ! É preciso ser persistente e começar as obras em 5 de Junho p.f. Reconheço no entanto que neste evento há alguma vontade de "limpar e eliminar" a muita caca que fizeste nos últimos 6 anos.Qual a primeira que usaste na inauguração!? (Escrito de acordo com o acordo ortográfico JLello"
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