Paes do Amaral, Marcelo e o Governo
Não conheço pessoalmente nem Paes do Amaral nem Marcelo Rebelo de Sousa para avaliar do seu carácter ou das verdaderas, profundas ou superficiais razões que levaram a mais esta crise política, a juntar a outras que parecem teimar em não dar paz a este Governo de 3 meses, que nasceu mal, sem estado de graça, de iniciativa presidencial, e simultâneamente "escrutinado" pelo Presidente Sampaio, que nestas coisas ficará para a História como o Presidente que dá uma no cravo e outra na ferradura.
Mas relembro que por detrás de um grupo editorial, ou na simples gestão de um órgão de comunicação social, nem só o "negócio" interessa, mas que por vezes esses projectos comunicacionais e orgãos de comunicação podem perseguir objectivos políticos umas vezes mais explícitos, e de outras vezes, mais discretos, mas não menos eficazes.
No caso de Paes do Amaral, que aquando foi presidente da SOCI, proprietária do semanário "O INDEPENDENTE" terá sido alvo de diversas inspecções por parte das finanças, no que por ele foi enterpretado como uma forma de perssão do Governo de Cavaco Silva para silenciar a voz incómoda que esse jornal era para o chamado "cavaquismo", vem agora dizer que as únicas pressões a que foi sujeito na sua vida se reportam a esse período.
Durante anos O INDEPENDENTE não deu tréguas ao Governo de Cavaco, foi responsável por várias demissões de ministros, e comportou-se como uma oposição à direita ao Governo de Cavaco.
O seu director era Paulo Portas, e naturalmente que Paes do Amaral, nunca interferiu, como nem devia na linha editorial do jornal.
Agora que os santanistas e Portas estão no Governo, é a voz incómoda para este Governo que passa a ser delicadamente silenciada em informal encontro em mangas de camisa, num feriado, ao balcão de um bar de hotel, provavelmente entre dois Chivas com gelo.
A voz incómoda para o Governo mentem-se mas mudaram os componentes desse governo.
Sem querer estar a formular juizos de valor sobre as reais motivações de um e de outro para esta saída intempestiva de Marcelo da TVI, o que motivou uma crise de seriedade política e maior desgaste para o Governo de Portas e Santana, vemos que o que antes era incómodo era apadrinhado pela SOCI, e que agora, que os alvos são outros, é a Média Capital a incomodar-se com a incomodidade de Gomes da Silva.
E se Gomes da Silva é sufientemente inábil para ter tido aquelas afirmações sem caução do PM é grave, e deve tirar as consequências políticas desse acto, mas se disse o que disse seguindo instruções do PM ou de algum "estado maior" partidário, pior ainda, já que transmite a ideia de que se limitou a papaguear a voz do dono, o que de igual modo também não abona para a sua própria credibilidade ou a do próprio Governo de Santana e Portas.
E nem Sampaio, que parece sempre preocupado com uma série de questões, o que não o diferencia do comum dos cidadãos fica incólume.
Tudo isto é estranho e sórdido de mais para ser normal, mas que mudando os alvos, mudam as pressões, é revelador de que algo vai mal entre o poder político e a Comunicação Social, 30 anos após o 25 de Abril.
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