O país de Sócrates
"Portugal é conhecido por ser um pacato país de números, estatísticas e de medo de ousar. Se dúvidas houvesse, bastava ter visto a entrevista de José Sócrates à RTP. O PM é um político hábil e que sabe gerir a sua imagem. Sabe que a política é um momento e esse ou se usa ou se perde. E um político usa a retórica para impor a sua narrativa dos eventos, isolando os opositores. Isso permite concretizar dois objectivos: passar a imagem de que se faz as coisas e ganhar as eleições. Sócrates aplica isso acreditando que é uma espécie de Evita portuguesa: o mito é suficiente para substituir a verdade política. Por isso menospreza os "difamadores", torneando o óbvio: eles são jornalistas que buscam a verdade. A sua defesa são medidas, que servem para afastar a atenção do essencial. O TGV ou o alargamento do subsídio de desemprego criam boas notícias e evitam as perguntas incómodas. Assim evitou explicar o apoio a Durão Barroso ou falar das críticas de Mário Soares. Não acha que as palavras de Cavaco sejam críticas ao Governo. Assim, ao "não acreditar" que a oposição instrumentalize Cavaco, não esteve a dar um recado a Belém. Claro, o recado era para Teófilo Braga ou Manuel de Arriaga. Para ele, o Freeport é apenas um "thriller". Embora saiba que o Freeport de hoje não é o de há quatro anos. Sócrates acha que o seu populismo é honesto. O País bocejou. Estamos como antes da chegada de Sócrates ao poder. Sem estratégia. Sem cultura política. Sem dinheiro. Só temos mais arrogância. Podemos apenas chorar por Sócrates."
Fernando Sobral
Fernando Sobral
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