domingo, abril 26, 2009

O país de Sócrates

"Portugal é conhecido por ser um pacato país de números, estatísticas e de medo de ousar. Se dúvidas houvesse, bastava ter visto a entrevista de José Sócrates à RTP. O PM é um político hábil e que sabe gerir a sua imagem. Sabe que a política é um momento e esse ou se usa ou se perde. E um político usa a retórica para impor a sua narrativa dos eventos, isolando os opositores. Isso permite concretizar dois objectivos: passar a imagem de que se faz as coisas e ganhar as eleições. Sócrates aplica isso acreditando que é uma espécie de Evita portuguesa: o mito é suficiente para substituir a verdade política. Por isso menospreza os "difamadores", torneando o óbvio: eles são jornalistas que buscam a verdade. A sua defesa são medidas, que servem para afastar a atenção do essencial. O TGV ou o alargamento do subsídio de desemprego criam boas notícias e evitam as perguntas incómodas. Assim evitou explicar o apoio a Durão Barroso ou falar das críticas de Mário Soares. Não acha que as palavras de Cavaco sejam críticas ao Governo. Assim, ao "não acreditar" que a oposição instrumentalize Cavaco, não esteve a dar um recado a Belém. Claro, o recado era para Teófilo Braga ou Manuel de Arriaga. Para ele, o Freeport é apenas um "thriller". Embora saiba que o Freeport de hoje não é o de há quatro anos. Sócrates acha que o seu populismo é honesto. O País bocejou. Estamos como antes da chegada de Sócrates ao poder. Sem estratégia. Sem cultura política. Sem dinheiro. Só temos mais arrogância. Podemos apenas chorar por Sócrates."

Fernando Sobral

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