sexta-feira, junho 15, 2012
O contador estragado da EDP
"Sejam 480 mil clientes prejudicados, como acusa a Deco, ou 30 mil, como defende a EDP, o caso é grave. Tanta tecnologia de ponta, engenharia premiada, qualidade de gestão, tanta internacionalização, sustentabilidade e a empresa não se sabe acertar um relógio?
Erros nas datas e horas de contadores com tarifa bi-horária e tri-horária estão a aumentar indevidamente contas de clientes da EDP. O lucro, para a empresa, até parece negligenciável. Mas o prejuízo para os clientes não. E é difícil compreender como uma empresa que se tornou um imã de contestação, atraindo até limalhas que não lhe dizem respeito (as "rendas excessivas", por exemplo, existem em centenas de empresas além daquela de que se fala sempre), dá estas razões para ser odiada.
Em concorrência, há um aspecto central: o tratamento leal e rigoroso com os clientes. Os clientes de telecomunicações, por exemplo, só passaram a ser bem tratados depois da separação da Zon e da PT, até lá era mais barato ter filas de descontentes sem alternativa. Só que enquanto este comportamento num supermercado, num banco ou numa empresa de telemóveis leva os clientes a mudar de marca, as barreiras à transferência de fornecedor de electricidade são muito maiores. E portanto o dano é reputacional mas não existe na quota de mercado. Só que a reputação é, nas horas decisivas, tudo o que temos. E não é aceitável que uma empresa líder mundial em sustentabilidade se engane no contador… e sempre a seu favor."
Pedro Santos Guerreiro
quinta-feira, junho 14, 2012
Por milhões de cheques-Merkel!
"É preciso tirar o chapéu a Nouriel Roubini. Numa única frase criou um sound-byte e deu três aulas, uma de macroeconomia, outra política europeia e outra ainda de liderança. Dar um cheque-viagem a cada família alemã para gastar em férias num país intervencionado, como propôs, seria uma extravagância e não resolveria a crise. Mas a ideia é suficientemente poderosa para se falar dela como de um Plano B.
ntretenhamo-nos por algumas linhas. Se, imaginemos, dez milhões de famílias alemãs gastassem mil euros em férias em Portugal, entraria em Portugal o equivalente a quase 6% do PIB. As exportações portuguesas aumentavam, reduzia-se o nosso défice externo, aumentava o produto interno bruto e haveria mais criação de emprego. Eventualmente, perante um aumento localizado da procura, os preços de alguns bens e serviços aumentariam (mais inflação), mas todos os outros impactos seriam positivos. Já na Alemanha, os indicadores funcionariam ao contrário: haveria menos excedente externo. Agora imagine que é alemão e pergunte-se: por que raio haveria de fazer isso?
Esta é a resposta difícil de dar: explicar aos alemães, que votam e pagam impostos, por que hão-de alegremente fazer transferências da riqueza que criam para outros países. Um excedente externo também é um desequilíbrio, mas tomara aos países deficitários tê-lo.
A macroeconomia é uma ciência mais complicada do que parece. Falar de descida de salários, por exemplo, não é defendê-lo, é constatar que é precisamente isso que está a acontecer em milhares de empresas, ou por acordos transitórios de urgência, ou através do desemprego. Assim é também em relação às transferências internas na União Europeia, que o Presidente Cavaco Silva defende desde o final do Verão passado. Que Roubini defende todos os dias. E Paul Krugman. E tantos outros.
Há ferramentas de política económica para produzir resultados sem que seja necessário passar cheques-Merkel para alemães nomeados voluntários como turistas. É aliás disso que Roubini fala. Dar aumentos salariais na Alemanha, o que aumentaria o poder de compra e a inflação, o que de caminho tornaria os produtos da periferia mais competitivos dentro da zona euro. Descer as taxas de juro, para promover o consumo (em vez da poupança) e o investimento. No fundo, pôr os alemães a comprar-nos coisas.
É compreensível que um alemão se arrepie com esta ideia. Mas é essa pedagogia que tem de ser feita na chancelaria, por razões macroeconómicas de interdependência, mas também por razões de história europeia, que revela como os desequilíbrios entre povos descambam em conflitos fulminantes. Se tudo falhar, também é possível explicar como os dez mil milhões de euros aplicados em férias em Portugal seriam depois gastos pelos portugueses. Possivelmente, a comprar BMW, Mercedes e Volkswagen."
Pedro Santos Guerreiro
quarta-feira, junho 13, 2012
Mais um analgésico para o moribundo
"De solução em solução até ao colapso final? Esta é a interrogação que se deve fazer perante o já longo historial da crise na Zona Euro, ameaçada por uma doença grave e que está a ser combatida com doses sucessivas de aspirinas. Suavizam a dor-de-cabeça, permitem ganhar tempo enquanto se perde tempo, mas não retiram o moribundo do leito em que agoniza.
A ajuda que foi anunciada a Espanha, explicada pela necessidade de apoiar a recapitalização do sistema financeiro do país vizinho, é só o mais recente remédio. Prometia aliviar a dor, mas os escassos efeitos que produziu dissiparam-se com uma velocidade que não estaria nos planos de quem a pediu, de quem a exigiu, de quem a negociou e de quem a anunciou.
Cem mil milhões de euros parece muito dinheiro. Mais do que suficiente para recolocar as instituições financeiras espanholas numa rota saudável, caso venha a confirmar-se a avaliação do FMI que colocou em 40 mil milhões as necessidades de capital dos bancos mais afectados pelo estouro da bolha imobiliária. De sobra, também, para que se lhe possa chamar "operação de resgate", ainda que o orgulho ferido ou as conveniências políticas, em Madrid ou noutra capital qualquer, lhe queiram colar outro epíteto.
O entusiasmo do fim-de-semana sobre a solidez da saída encontrada para colocar uma rede de segurança sob as instituições financeiras mais fragilizadas do mercado espanhol durou pouco. Por razões compreensíveis. A banca espanhola precisa de dinheiro fresco. E o que se sabe sobre o modelo definido para ajuda é que o empréstimo que vai sair do mecanismo europeu para cumprir aquele desígnio não terá impactos no défice público. Se a história terminasse aqui, tudo estaria menos mal.
Acontece que as taxas de juro da dívida pública subiram ontem nos mercados. No prazo de dez anos, ficaram a menos de meio ponto percentual do limiar dos 7% que separam um país aflito de um país intervencionado. Os cem mil milhões de euros que Espanha vai receber representam, de uma penada, um aumento de dez pontos percentuais no peso da dívida pública do país em relação ao valor da sua produção anual. E as notícias pouco tranquilizadoras para os credores não terminam aqui.
A economia espanhola está em recessão e não sairá dela antes de 2014. Gerará menos rendimentos e, em simultâneo, terá que suportar encargos financeiros mais elevados, porque a dívida está em crescimento e o preço para continuar a alimentá-la seguirá o mesmo caminho. Podem culpar-se os especuladores e, até, a meteorologia. Com ingredientes desta natureza, aquilo a que se assiste é à rápida deterioração do risco de crédito de Espanha e ao agravamento das condições em que terá de financiar-se. Se uma crise na banca tira o sono, a fotografia completa tira a vontade de dormir.
O anúncio dos cem mil milhões de euros que serão injectados nos bancos espanhóis visou ganhar tempo e estabilidade antes do teste que as eleições na Grécia farão às capacidades de sobrevivência do euro. Os primeiros sinais indicam que não se conseguiu uma coisa, nem outra. Entre as hesitações políticas e a administração de analgésicos em final de prazo de validade, a Zona Euro mantém-se à beira do abismo. "
João Cândido da Silva
terça-feira, junho 12, 2012
Bola de Berlim
"Em tempos normais, investir significa procurar activos que forneçam rendibilidade ao dinheiro que é aplicado. Há objectivos a cumprir, prazos a observar e opções a fazer sobre a relação entre risco e rendibilidade. Acontece que os tempos presentes podem ser qualificados de muitas formas. Mas normais é que não são.
Os sinais mais expressivos estão a ser enviados pelos investidores através dos movimentos nas taxas de juro das dívidas soberanas no mercado secundário. Reflectem o equilíbrio entre a oferta e a procura, a confiança ou a descrença na capacidade de cada país conseguir honrar os seus compromissos. Se a percepção é a de que o terreno que se pisa é seguro, a cotação das obrigações sobe impulsionada pelo aumento da procura. Se o piso é escorregadio, há mais investidores dispostos a desfazerem-se dos títulos, a cotação desce e a rendibilidade sobe para quem queira correr o risco de entrar quando os outros estão a sair.
A crise da Zona Euro não alterou os mecanismos que levam à formação dos preços nos mercados em que se transaccionam títulos de dívida pública. Mas está a revelar que, por estes dias, a dinâmica de desconfiança desencadeada pela região da moeda única atingiu proporções de tal forma elevadas que muitos investidores já não exigem rendibilidade em troca do dinheiro que investem. Querem apenas encontrar um porto de abrigo, protegido da tempestade. E estão a dispostos a pagar por isso.
Alemanha e Suíça estão entre os refúgios mais procurados. As emissões de dívida dos dois Estados no prazo de dois anos têm registado "yields" de sinal negativo. Os investidores não querem ser pagos pelo dinheiro que colocam nos cofres públicos alemães e helvéticos. E pagam o preço que o mercado lhes pede para preservarem a quase totalidade do capital, como se alugassem um cofre numa instituição financeira para lá depositarem o dinheiro e se sujeitassem ao preço do serviço. Noutros casos, como os dos Estados Unidos, Reino Unido ou Japão, as taxas de juro implícitas para o mesmo prazo têm rondado zero.
Todos estes exemplos revelam que a afirmação de que os tempos do dinheiro barato acabaram é um pouco exagerada. Para os países que mantêm notações de "rating" sólidas e que são vistos como locais imunes à turbulência, o dinheiro está a uma preço atraente. Mas há uma outra face desta realidade. E não é tão auspiciosa.
A divergência entre os países que têm acesso a recursos financeiros baratos e aqueles que têm de o pagar a preços suficientemente altos para compensarem o risco de investimento está a aumentar. A crise na Zona Euro explica esta tendência. E o comportamento dos investidores indica a ausência de convicção na possibilidade de a "eurolândia" vir a superar os problemas dos seus países periféricos. Um aspecto parece revelar que os mercados nem sempre têm razão. O colapso do euro arrastaria a Alemanha para um mau bocado, apanhada numa trágica bola de neve. Pagar para emprestar a Berlim será racional?"
João Cândido da Silva
segunda-feira, junho 11, 2012
Toda a gente mente
"O descalabro da banca espanhola é uma vergonha de regime. Pela construção de um mito. Pela cumplicidade público-privada num delito. Pelos lucros passados de uns na inexacta proporção dos prejuízos futuros de outros. Pela negação. Pelo contágio. Pela mentira. Toda a gente mente. Toda a gente mente à mesma gente: ao contrib... ao povo.
Hoje temos o direito de falar do que se passa na casa dos outros. Porque a casa dos outros está hipotecada e nós pagaremos a serventia. Nós, os "europeus". Qual é a diferença entre a Grécia ter mentido nas contas públicas e bancos espanhóis terem mentido nos balanços?
O problema espanhol é mais parecido com o irlandês, porque é bancário, do que com o português, que dos dez possíveis problemas não tem nenhum gigante mas tem todos ao mesmo tempo. Em Espanha, o mal nasce numa relação conjugal não vigiada entre "cajas de ahorro" e poderes políticos regionais, a par de uma bolha imobiliária de que todos participaram - e lucraram: bancos no crédito, construtoras no negócio, imobiliárias na colocação, Estado nos impostos, partidos sabe-se lá no quê, Governo nas estatísticas do PIB.
Há pelo menos dois anos que a bolha imobiliária e os seus efeitos eram visíveis. Mas Espanha fez tudo mal entretanto, com o anterior Governo, de Zapatero, a adiar o problema e com o novo Governo, de Rajoy, a perder o controlo da sua resolução. O que podia ter sido contido às cajas pode agora contagiar os maiores bancos (Santander, BBVA e La Caixa não estão dependentes destes cem mil milhões). Pior: pode contagiar a dívida soberana.
O que é diferente da Irlanda é a solução. A Irlanda nacionalizou o prejuízo dos bancos, o que se tornou défice público; em Espanha tenta-se colocar um cordão de segurança à volta da banca, emprestando-lhe cem mil milhões, que serão dívida pública. O objectivo é impedir que o problema da banca se torne um problema do Estado. Mas é claro que estes cem mil milhões são parte de um resgate a Espanha. Inclui um programa de austeridade não escrito mas já em prática. E colocará bancos espanhóis debaixo da supervisão do BCE.
Esta pode ser uma das grandes consequências desta crise espanhola: o salto para a união bancária na Europa. Uma união em que abrir conta em Lisboa, em Madrid ou em Berlim seja igual. Uma união em que o Banco Central Europeu comande a supervisão bancária. O Banco de Espanha sai mal, sai muito mal desta história. Até porque o Governo de Rajoy o desautorizou, ao deslocar a auditoria ao sistema para o Ministério da Economia.
Os bancos europeus não vão mais ganhar dinheiro como até aqui, vão passar por fusões, extinções, vão reduzir o número de balcões, o número de empregados, o endividamento, os activos, os balanços. Nós sabemos: estamos adiantados nisso em Portugal.
Um parágrafo para Portugal: o bom aluno tem razões para sorrir. O processo de capitalização está a concluir-se e os bancos chegarão ao Verão com os rácios de capital mais altos da Europa. Falta saber que parte é pública e que parte é privada mas isso são contas para outro editorial. Mais: dos 12 mil milhões disponíveis, estão para já comprometidos um máximo de cinco mil milhões (para o BCP e BPI; admite-se 500 milhões para o Banif). Sobrarão pelo menos seis mil milhões como seguro para eventuais necessidades. Ministério das Finanças e Banco de Portugal não agiram sempre juntos, mas não agiram ainda mal.
De Espanha o problema não será financeiro, mas económico: as nossas exportações. O contágio não é a ocidente mas a oriente de Madrid. É para lá dos Pirineus. E dos Alpes. É os maiores bancos espanhóis perderam acesso a financiamento, caso em que cem mil milhões não bastam; é a Espanha não ter taxas de juro acessíveis, altura em que a pressão para a mutualização de dívida na Europa se torna inadiável. Rajoy não foi ontem ver futebol à Polónia porque está despreocupado. Foi porque quer parecer que não está desesperado.
"Parem o jogo da culpa", disse Bob Diamond, presidente do Barclays, há ano e meio. É cedo. Quando dizemos que a banca capturou a política é disto que falamos. De repúblicas de devedores e monarquias de credores. De financeiros que sabem tudo embalarem políticos que não sabem nada. E de uns e outros terem o supino descaramento de acusar aqueles que pagam os seus erros de iliteracia financeira. Sim, aqueles que estoiram os orçamentos futuros, tapados com austeridade e que destapam falências e desemprego, são os que chamam o povo de ignorância financeira. É lindo.
A crise é bancária. Metastizou-se em crise soberana. E ambas são suportadas pelos "europeus". Por nós. Só numa democracia doente é que mentir a instituições europeias, como na Grécia, é mais grave que mentir ao povo, como em Espanha. A banca será ajudada. E nós, que lhes dizemos? Nada. Já dissemos tudo um outro. Já escrevemos tudo o que havia a escrever. Falta sofrer. Como é que se regressa do abismo?"
Pedro Santos Guerreiro
domingo, junho 10, 2012
Somos os maiores.
"Somos os maiores, como repetem os entusiastas da bola? Depende da actividade: um relatório da organização Transparência Internacional (TI) coloca-nos de facto nos primeiros lugares europeus em matéria de corrupção. Segundo a TI, os nossos poderes públicos são tão ineficazes, negligentes e corruptos que se tornam indissociáveis das origens da crise vigente. Em Portugal (e na Grécia, Itália e Espanha), o Estado serve sobretudo aqueles que o dominam e que, mediante habilidade para fintar as leis ou, na maioria dos casos, para conceber leis que os favoreçam à partida, estabelecem um interessante tráfico de influência e uma curiosa rede de interesses, às vezes partilhada com os partidos, outras vezes com o sector a que eufemisticamente se chama privado. Em suma, na prática mediterrânica e muito nossa, os vícios do estatismo revelam-se ainda mais sinistros do que na teoria. Não é grande novidade.
A existirem, as novidades passam pelos métodos utilizados na alimentação dos vícios, leia-se a remoção de rendimentos aos legítimos proprietários, também conhecida por fiscalidade. Esta semana, foi notícia a cooperação entre a Direcção-Geral de Impostos e a PSP, que segundo o jornal i começou, ou prepara-se para começar, a apreender os carros cujos condutores possuam dívidas fiscais.
É uma ideia brilhante, e um precedente para o dia feliz em que as autoridades nos abordem na rua a pretexto de uma divergência no IRC, nos sequestrem familiares até que paguemos o IMI e nos incendeiem a casa a título de represália por atraso na prestação à Segurança Social. As regras são para se cumprir, pelo menos enquanto houver quem fique por cá a cumpri-las. E, se a coerência mandar, os muitos que temem a "ofensiva" ao imprescindível papel do Estado ficarão. "
Alberto Gonçalves
sábado, junho 09, 2012
São bancos mas parecem aspiradores
"Diz-se que as crises puxam pela imaginação. Perante as dificuldades, famílias e empresas fazem um esforço suplementar para encontrarem formas de lhes resistir e de as superar. Mas também há sectores em que não é preciso gastar muita energia para conseguir contornar obstáculos. Tudo é simples. Basta pegar nos preçários e alterar os valores. Para cima, claro.
Este é o caso da banca. Vítimas de erros próprios e alheios, confrontados com resultados negativos, sedentos de encontrar receitas que lhes permitam reequilibrar as contas, os bancos espreitam por qualquer oportunidade para espremerem os clientes. Sobretudo quando estes não têm alternativa que não seja a de pagar aquilo que lhes decidam cobrar.
Há poucos dias, o Banco de Portugal forneceu um retrato da situação. E as conclusões foram claras. Quase nenhum produto ou serviço prestado pelas instituições financeiras escapou a um agravamento de preços, com destaque para aqueles que estão relacionados com o crédito à habitação e os empréstimos destinados a financiar despesas de consumo. Nesta área, a tendência para sugar sem contemplações é particularmente elucidativa.
Só para abrir um processo de crédito, as comissões registaram, em média, uma subida de 80% entre Janeiro de 2011 e o mesmo mês deste ano. Noutros serviços, a gula não se manifestou de forma tão agressiva, mas nem por isso deixou de revelar variações simpáticas para quem as cobra.
Pela abertura de um empréstimo para comprar casa, os bancos cobram agora mais 18%, em média. Em troca da emissão de um simples cartão de débito, os bancos cobram agora mais 20%. E estas são, apenas, algumas comparações feitas pelo banco central entre 2011 e 2012. Como o agravamento destes custos começou a sentir-se antes, o impacto do desespero dos bancos nos bolsos dos clientes já terá atingido proporções maiores caso se alargue o período da análise.
O país está em crise grave e o FMI regressou. Mas talvez alguém se tenha esquecido de avisar os banqueiros que a inflação está longe dos níveis que atingiu nos anos 80, quando Portugal também teve que se sentar ao colo da ajuda externa para conseguir sobreviver.
É evidente que ninguém é obrigado a contratar um empréstimo e a suportar os custos que os bancos lhes associam. E também é verdade que o cartão de débito pode ser dispensado, caso o seu titular aceite o incómodo de viver sem um. Mas há circunstâncias em que as exigências burocráticas e a avidez de quem se dedica a encontrar novas fontes de proveitos para as instituições financeiras deixam os clientes de pés atados e mãos livres para abrirem a carteira e pagarem o que tiver de ser.
A situação que o Negócios revela hoje diz muito. Para poderem inscrever os filhos junto de instituições de solidariedade social e terem acesso a preços ajustados aos seus rendimentos, os pais têm que fazer prova de alguns encargos, como aqueles que decorrem dos créditos para a compra de casa. O extracto mensal que o banco lhes envia é suficiente? Não. É preciso pedir um precioso papelinho, em tudo idêntico, mas sem o qual deixar as crianças ao cuidado daquelas entidades é uma decisão que corre o risco de ficar mais cara.
Nos últimos dois anos, o preço pela emissão do inevitável documento subiu, em média, 66%. No BPI, confirmar a informação e imprimi-la custa a módica quantia de 52 euros. Provavelmente, é o próprio presidente do banco que executa a tarefa e, como se sabe, os banqueiros cobram bem."
João Silva
sexta-feira, junho 08, 2012
Sobrecarregados com o peso da dívida
"Quase quatro anos depois do início da crise financeira mundial, muitos se questionam sobre o porquê de a retoma económica estar a demorar tanto tempo. Com efeito, a sua lentidão tem confundido até os especialistas na matéria. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia mundial deveria ter crescido 4,4% em 2011 e deverá crescer 4,5% em 2012. Mas, na realidade, os mais recentes dados do Banco Mundial indicam que o crescimento apenas atingiu os 2,7% no ano passado e que desacelerará este ano para 2,5% - um número que ainda poderá muito bem ter de ser revisto em baixa.
Há duas razões possíveis para esta discrepância entre as previsões e os resultados. Ou os danos provocados pela crise financeira foram mais graves do que pensávamos, ou o tratamento económico prescrito foi menos eficaz do que aquilo que os decisores políticos julgaram.
Com efeito, rapidamente se compreendeu a gravidade da crise bancária. Em 2008-9 foram implementados vastos pacotes de estímulo, impulsionados pelos Estados Unidos e pela China, em coordenação com o Reino Unido e com o apoio relutante da Alemanha. As taxas de juro foram cortadas, os bancos insolventes foram resgatados, foi dada luz verde à emissão de mais moeda, os impostos foram reduzidos e os gastos públicos foram aumentados. Alguns países desvalorizaram as suas moedas.
Consequentemente, o colapso foi travado e a retoma foi mais rápida do que o previsto. Mas as medidas de estímulo transformaram uma crise bancária numa crise orçamental e numa crise da dívida soberana. A partir de 2010, os governos começaram a subir os impostos e a reduzir a despesa, em resposta aos crescentes receios de incumprimentos soberanos. Nessa altura, o movimento de retoma inverteu.
Conforme dizem Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff no seu magistral livro intitulado "This Time is Different", não há uma maneira segura de anular uma profunda crise bancária. A crise tem origem na "excessiva acumulação de dívida", o que torna as economias "vulneráveis a crises de confiança". Os bancos comerciais têm de ser resgatados pelos governos; em seguida, os governos têm de ser resgatados pelos bancos comerciais. Por fim, ambos têm de ser resgatados pelos bancos centrais.
Tudo isto, segundo Reinhart e Rogoff, implica uma "contracção prolongada e pronunciada da actividade económica". Os dois autores estimam que a duração média das crises do pós-guerra foi de 4,4 anos – o tempo que demora a a produzir-se a necessária desalavancagem – período após o qual a crise de confiança termina e o crescimento económico regressa.
No entanto, há um elemento em falta nesta história. A retoma da Grande Depressão demorou cerca de 10 anos, mais do dobro da média de recuperação das crises do pós-guerra. Reinhart e Rogoff apresentam duas razões para esta diferença no ritmo da retoma: a lenta resposta à Grande Depressão em matéria de medidas políticas e o padrão-ouro, o que significava que os diferentes países não podiam sair da depressão através das exportações. Por outras palavras, a política orçamental e o regime de política monetária tiveram uma influência decisiva na profundidade do colapso e também na duração do período decorrido antes de a economia começar a recuperar.
É também importante salientar que nos anos 70 voltaram a ocorrer grandes colapsos financeiros, depois de estes terem sido praticamente inexistentes nas décadas de 50 e de 60, quando estavam em funcionamento o sistema Keynesiano das economias dirigidas e o sistema de taxas de câmbio dirigidas de Bretton Woods. As principais crises do pós-guerra analisadas por Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff ocorreram entre 1977 e 2001. E ocorreram porque a regulação da banca e os controlos sobre os movimentos de capitais foram levantados; essas crises foram mais breves do que nos anos 30 porque as respostas políticas não foram patéticas.
O presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, salientou recentemente este ponto, ao dizer ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, que o bem sucedido plano de recuperação da Indonésia após o colapso de 1998 tinha sido inspirado em John Maynard Keynes. "Temos de assegurar que a população consegue comprar; temos de assegurar que as indústrias conseguem produzir…", disse.
Actualmente, muitos governos, especialmente na Zona Euro, parecem ter ficado sem opções políticas. Com a austeridade orçamental a fazer furor, desistiram de assegurar que "as pessoas conseguem comprar" e que "as indústrias conseguem produzir". Os bancos centrais ficaram incumbidos de manter as economias à tona, mas a maior parte do dinheiro que imprimem fica "encalhado" no sistema bancário, incapaz de travar a estagnação do consumo e a diminuição dos investimentos.
Além disso, a própria Zona Euro é um mini padrão-ouro, com Estados-membros altamente endividados, sem poderem desvalorizar as suas moedas porque não têm moedas para desvalorizar. Assim, atendendo a que também o crescimento da China está a abrandar, a economia mundial parece destinada a arrastar-se no fundo durante mais algum tempo, com o desemprego a subir nalguns países para 20% ou mais.
Perante a impossibilidade de se fazer uso de políticas orçamentais, monetárias e cambiais, haverá alguma maneira de sair desta recessão prolongada? John Geanakoplos, da Universidade de Yale, tem defendido a via das vastas amortizações da dívida. Em vez de esperarem para se verem livres das dívidas através de falências, os governos deveriam "exigir o perdão da dívida". Eles poderiam comprar crédito malparado às entidades de concessão de crédito e perdoar parte do capital a pagar pelos tomadores de empréstimos, o que reduziria simultaneamente as exigências de garantias de uns e o sobreendividamento de outros. Nos Estados Unidos, o TALF - Term Asset-Backed Securities Loan Facility [um programa que concedeu milhares de milhões de dólares em crédito a pequenas empresas, estudantes e detentores de cartões de crédito] e o PPIP - Public-Private Investment Program [programa de investimento público-privado, visando estimular a compra de activos tóxicos dos bancos] foram, na prática, planos de perdão de dívida destinados aos titulares de hipotecas "subprime" [empréstimos à habitação de alto risco devido à fraca capacidade creditícia dos clientes], mas a uma escala demasiado pequena.
Mas o princípio do perdão da dívida tem também claras aplicações na dívida pública, especialmente na Zona Euro. Aqueles que receiam uma excessiva dívida pública são os bancos que a detêm. Para os bancos, as obrigações soberanas que estão em território de "lixo" não são mais seguras do que a dívida privada que também está na categoria de "junk". Tanto as entidades de crédito como os tomadores de empréstimos ficariam melhor com uma anulação global da dívida. O mesmo sucederia com os cidadãos cujos meios de subsistência estão a ser destruídos pelas tentativas desesperadas dos governos no sentido do desendividamento.
Filosoficamente, a abordagem do perdão da dívida baseia-se na convicção de que os credores partilham com os devedores a responsabilidade pelo incumprimento, uma vez que foram os credores que concederam esses empréstimos. Desde que o devedor não tenha enganado a entidade credora aquando da obtenção do empréstimo, o credor tem pelo menos alguma responsabilidade nessa transacção.
Em 1918, Keynes aconselhou vivamente a anulação das dívidas entre os aliados, resultantes da Primeira Guerra Mundial. "Nunca poderemos voltar a mexer-nos, a menos que nos libertemos destas grilhetas de papel", escreveu. E em 1923 o seu apelo converteu-se numa advertência a que os políticos de hoje deveriam prestar atenção: "Os absolutistas do contrato (…) são os verdadeiros pais da revolução"."
Robert Skidelsky
quinta-feira, junho 07, 2012
Não deve ser apenas incompetência
"Em Portugal, apenas cinco em cada cem casos de corrupção chegam ao fim com uma condenação. Os números são da Transparência Internacional e constam de um relatório em que a imagem que resulta do país é pouco abonatória. As conclusões não devem surpreender ninguém. A percepção sobre este fenómeno corrosivo e desmoralizador do regime é generalizada. E também é forte o sentimento de que a impunidade preenche o vazio aberto por um sistema de justiça ineficaz, leis equívocas e relações pouco saudáveis entre dinheiros públicos e negócios privados. De novo, o que o relatório da organização não governamental sublinha é que existe uma relação entre as crises orçamentais e o nível de corrupção de que um país padece. Uma parte do dinheiro dos contribuintes é utilizada para realizar transferências de rendimentos para alguns sectores, beneficiários de contratos públicos mal negociados, mal explicados, muito lucrativos para uns poucos e ruinosos para aqueles que se vêem forçados a sustentá- -los através dos impostos actuais e futuros.
Os exemplos são numerosos. Mas, em Portugal, as parcerias público-privadas são o caso definitivo. Sobretudo aquelas que deram origem ao enorme buraco financeiro aberto pelas vias rodoviárias sem custos para o utilizador. Lançadas sob o desígnio de contribuírem para melhorar a competitividade, acelerar o ritmo de crescimento da economia e reduzir as assimetrias entre interior e litoral, falharam em toda a linha. A competitividade não parou de se sumir, o crescimento não parou de empalidecer e o interior prosseguiu o processo de desertificação. Ficaram as contas para pagar, na forma de uma crise grave nas finanças públicas. A leitura de relatórios sobre as tristemente célebres SCUT, como os que o Tribunal de Contas produz, apenas permite concluir que, se estas empreitadas alcançaram sucesso, foi no cumprimento do objectivo que não podia ser enunciado.
Concessionários e instituições financeiras conquistaram o direito a embolsarem rendas elevadas, sem risco e durante prazos generosos, tudo garantido por contratos inexpugnáveis, em que renegociar para baixar os encargos excessivos é como atravessar um campo minado. Evitar o desastre não é só uma questão de vontade ou de boa vontade. É possível olhar para os pesados compromissos que os contribuintes portugueses têm - e terão - que suportar por conta das parcerias público-privadas e ver na questão somente incompetência e irresponsabilidade de quem negociou em seu nome. Em todo o processo, houve doses pantagruélicas destes dois ingredientes. Mas, algures entre o financiamento dos partidos e a tentação para colocar a mão na massa com o objectivo de garantir um futuro confortável, deverá haver uma explicação mais convincente. Se há um limite para os sacrifícios que se exigem aos contribuintes, também há limites para a paciência de quem paga as facturas das asneiras alheias. E se apenas 5% dos casos de corrupção resultam em condenação, restam duas hipóteses. Ou os acusadores não sabem o que fazem ou os acusados sabem muito bem como elas se fazem. Nenhum dos cenários é radioso para a credibilidade do regime."
João Silva
quarta-feira, junho 06, 2012
A vergonha da FPF e do governo, gozam connosco?
Um diário espanhol quis perceber quanto é que as várias
selecções em competição vão gastar com o alojamento, e o resultado acabou por
ser surpreendente se tivermos em consideração as constantes medidas de
austeridade que têm vindo a ser aplicadas em Portugal.
Assim, a selecção
nacional vai gastar cerca de 33 mil euros por dia e ocupa o primeiro lugar da
tabela. Já a selecção espanhola vai ser a que menos vai gastar em hotéis, 4.700
por dia. A Rússia é a segunda selecção a gastar mais com 30.400 euros diários.
Selecção e custo de hotel, por dia:
1. Portugal – Opalenica 33.174 euros
2. Rússia – Varsovia 30.400 euros
3. Polónia – Varsovia 24.000 euros
4. Irlanda – Sopot 23.000 euros
5. Alemanha – Gdansk 22.500 euros
6. Rep. Checa – Wroclaw 22.200 euros
7. Inglaterra – Cracóvia 19.000 euros
8. Holanda – Cracovia 16.200 euros
9. Italia – Wieliczka 10.500 euros
10. Croácia – Warka 8.300 euros
11. Dinamarca – Kolobrzeg 7.700 euros
12. Espanha – Gniewino 4.700 euros
Entretanto, em Portugal, o mesmo Estado que concede todo o
tipo de benesses à FPF, roubou uma percentagem dos ordenados aos funcionários
públicos, e mais roubou aos funcionários públicos (não confundir com os
privilegiados da TAP, BdP, CGD e quejandas) e aos pensionistas os subsídios de
férias e de Natal
terça-feira, junho 05, 2012
Nem exigente e paciente a ver vamos... Por enquanto a violência é com o vizinho, com o cunhado, com o irmão e se a coisa vira?
Este tipo que foi parido das juventudes partidárias, como muitos outros, em todos os partidos sem excepção, (lembro aos crentes na democracia que a nossa desgraça é a democracia e a partidocracia), este tipo é o protótipo do que por aí anda a nível de dirigentes ou são empregados de grandes bancos mundiais como o GS, ou são gente de baixo nível, sem qualificação a nível profissional, subiram apenas pela (má) política se é que há boa, daí que deve ter alguma cautela no que afirma e sobretudo vergonha na cara.
Um ano depois da vitória do PSD nas legislativas de 2011, Pedro Passos Coelho deixou elogios à forma como o Governo está a cumprir as metas da troika, mas também aos portugueses.
“O povo português tem sido extremamente exigente e extremamente paciente”, disse o primeiro-ministro, numa conferência sobre Crescimento, Consolidação e Coesão para assinalar a vitória do partido.
Passos Coelho referiu-se mesmo a uma sociedade que “está apostada em vencer as dificuldades”, tendo em conta o “nível de desemprego” recorde. “É uma grande admiração que sinto pelos portugueses, quer tenham votado em nós ou não, pela forma como estão a encarar o futuro”, afirmou.
Em jeito de balanço, Passos Coelho reiterou a ideia de nunca ter olhado para o memorando da troika como um “castigo”, embora reconheça ser “penoso” cumpri-lo.
Perante vice-presidentes do partido e governantes, o líder social-democrata fez eco de algumas das palavras ditas pela sua antecessora, Manuela Ferreira Leite. “É preciso um tempo para a consolidação orçamental e estamos a fazê-lo, o memorando tinha muitas destas reformas, o Governo queria ser mais ambicioso”, afirmou, repetindo quase os termos de uma afirmação de Ferreira Leite: “Não se pode matar o doente com a cura”.
Na noite de segunda-feira, em Setúbal, a ex-ministra social-democrata Manuela Ferreira Leite defendeu que a consolidação das contas públicas devia ser feita de uma forma “mais lenta, mais pausada, para não se matar o doente com o tratamento”. Mas os pontos de contacto entre os dois discursos esgotaram-se aqui.
Em assumida oposição àquilo que o primeiro-ministro tem repetido, de que o Governo não vai pedir mais tempo para o cumprimento do memorando de assistência financeira, a antecessora de Passos Coelho na liderança do PSD defendeu o contrário. “Há apenas uma saída [para o país]: um tratamento mais lento, mais pausado, para não matarmos o doente com o tratamento, em vez de o deixarmos morrer pela doença”, disse Manuela Ferreira Leite, depois de afirmar que é impossível promover o crescimento económico ao mesmo tempo que se consolidam as contas públicas.
A ex-líder do PSD considerou também que o memorando com a troika “estabeleceu determinado número de regras que não se adaptam à realidade do país”, sobretudo porque “não teve em conta a estrutura produtiva do país, constituída essencialmente por pequenas e médias empresas que, muitas delas, poderão não sobreviver às dificuldades económicas que estão a enfrentar”.
Ferreira Leite salientou também a “especificidade” do tecido social português, onde só as classes médias e média baixa pagam impostos.
“O povo português tem sido extremamente exigente e extremamente paciente”, disse o primeiro-ministro, numa conferência sobre Crescimento, Consolidação e Coesão para assinalar a vitória do partido.
Passos Coelho referiu-se mesmo a uma sociedade que “está apostada em vencer as dificuldades”, tendo em conta o “nível de desemprego” recorde. “É uma grande admiração que sinto pelos portugueses, quer tenham votado em nós ou não, pela forma como estão a encarar o futuro”, afirmou.
Em jeito de balanço, Passos Coelho reiterou a ideia de nunca ter olhado para o memorando da troika como um “castigo”, embora reconheça ser “penoso” cumpri-lo.
Perante vice-presidentes do partido e governantes, o líder social-democrata fez eco de algumas das palavras ditas pela sua antecessora, Manuela Ferreira Leite. “É preciso um tempo para a consolidação orçamental e estamos a fazê-lo, o memorando tinha muitas destas reformas, o Governo queria ser mais ambicioso”, afirmou, repetindo quase os termos de uma afirmação de Ferreira Leite: “Não se pode matar o doente com a cura”.
Na noite de segunda-feira, em Setúbal, a ex-ministra social-democrata Manuela Ferreira Leite defendeu que a consolidação das contas públicas devia ser feita de uma forma “mais lenta, mais pausada, para não se matar o doente com o tratamento”. Mas os pontos de contacto entre os dois discursos esgotaram-se aqui.
Em assumida oposição àquilo que o primeiro-ministro tem repetido, de que o Governo não vai pedir mais tempo para o cumprimento do memorando de assistência financeira, a antecessora de Passos Coelho na liderança do PSD defendeu o contrário. “Há apenas uma saída [para o país]: um tratamento mais lento, mais pausado, para não matarmos o doente com o tratamento, em vez de o deixarmos morrer pela doença”, disse Manuela Ferreira Leite, depois de afirmar que é impossível promover o crescimento económico ao mesmo tempo que se consolidam as contas públicas.
A ex-líder do PSD considerou também que o memorando com a troika “estabeleceu determinado número de regras que não se adaptam à realidade do país”, sobretudo porque “não teve em conta a estrutura produtiva do país, constituída essencialmente por pequenas e médias empresas que, muitas delas, poderão não sobreviver às dificuldades económicas que estão a enfrentar”.
Ferreira Leite salientou também a “especificidade” do tecido social português, onde só as classes médias e média baixa pagam impostos.
segunda-feira, junho 04, 2012
Quem está por detrás das crises e quem são os dirigentes desta Europa...
.Lamentavelmente, a política económica suicidária da UE, que resultou nas tragédias que ja todos conhecem, acresce a queda do Governo Holandês (ironicamente, acérrimo defensor da austeridade) e o agravamento da recessão em Espanha. Por conseguinte, a zona euro vê o seu espaço de manobra cada vez mais reduzido e os ataques dos especuladores são cada vez mais mortíferos.
Vale a pena lembrar uma vez mais que o Goldman and Sachs, o Citygroup, o Wells Fargo, etc. apostaram biliões de dólares na implosão da moeda única.
Na sequência dos avultadíssimos lucros obtidos durante a crise financeira de 2008 e das suspeitas de manipulação de mercado que recaíam sobre estas entidades, o Senado norte americano levantou um inquérito que resultou na condenação dos seus gestores. Ficou também demonstrado que o Goldman and Sachs aconselhou os seus clientes a efectuarem investimentos no mercado de derivados num determinado sentido.
Todavia, esta entidade realizou apostas em sentido contrário no mesmo mercado. Deste modo, obtiveram lucros de 17 biliões de dólares (com prejuízo para os seus clientes).
Estes predadores criminosos, disfarçados de banqueiros e investidores respeitáveis, são jogadores de póquer que jogam com as cartas marcadas e, por esta via, auferem lucros avultadíssimos, tornando-se, assim, nos homens mais ricos e influentes do planeta. Entretanto, todos os dias são lançadas milhões de pessoas no desemprego e na pobreza em todo o planeta em resultado desta actividade predatória. Tudo isto, revoltantemente, acontece com a cumplicidade de governantes e das autoridades reguladoras. Desde a crise financeira de 1929 que o Goldman and Sachs tem estado ligado a todos os escândalos financeiros que envolvem especulação e manipulação de mercado, com os quais tem sempre obtido lucros monstruosos.
Acresce que este banco tem armazenado milhares de toneladas de zinco, alumínio, petróleo, cereais, etc., com o objectivo de provocar a subida dos preços e assim obter lucros astronómicos. Desta maneira, condiciona o crescimento da economia mundial, bem como condena milhões de pessoas a fome.
No que toca a canibalização económica de um país a fórmula é simples:
o Goldman, com a cumplicidade das agências de rating, declara que um governo está insolvente, como consequência as yields sobem e obriga-o, assim, a pedir mais empréstimos com juros agiotas. Em simultâneo impõe duras medidas de austeridade que empobrecem esse pais. De seguida, em nome do aumento da competitividade e da modernização, obriga-os a abrir os seus sectores económicos estratégicos (energia, águas, saúde, banca, seguros, etc.) às corporações internacionais.
Como as empresas nacionais estão bastante fragilizadas e depauperadas pelas medidas de austeridade e da consequente recessão não conseguem competir e acabam por ser presa fácil das grandes corporações internacionais.
A estratégia predadora do Goldman and Sachs tem sido muito eficiente.
Esta passa por infiltrar os seus quadros nas grandes instituições políticas e financeiras internacionais, de forma a condicionar e manipular a evolução política e económica em seu favor e em prejuízo das populações. Desta maneira, dos cargos de CEO do Banco Mundial, do FMI, da FED, etc. fazem parte quadros oriundos do Goldman and Sachs. E na UE estão: Mário Draghi (BCE), Mário Monti e Lucas Papademos (primeiros-ministros de Itália e da Grécia, respectivamente), (António Borges, acrescento eu...), entre outros. Alguns eurodeputados ficaram estupefactos quando descobriram que alguns consultores da Comissão Europeia, bem como da própria Angela Merkel, tem fortes ligações ao Goldman and Sachs. Este poderoso império do mal, que se exprime através de sociedades anónimas, está a destruir não só a economia e o modelo social, como também as impotentes democracias europeias.
Na sequência dos avultadíssimos lucros obtidos durante a crise financeira de 2008 e das suspeitas de manipulação de mercado que recaíam sobre estas entidades, o Senado norte americano levantou um inquérito que resultou na condenação dos seus gestores. Ficou também demonstrado que o Goldman and Sachs aconselhou os seus clientes a efectuarem investimentos no mercado de derivados num determinado sentido.
Todavia, esta entidade realizou apostas em sentido contrário no mesmo mercado. Deste modo, obtiveram lucros de 17 biliões de dólares (com prejuízo para os seus clientes).
Estes predadores criminosos, disfarçados de banqueiros e investidores respeitáveis, são jogadores de póquer que jogam com as cartas marcadas e, por esta via, auferem lucros avultadíssimos, tornando-se, assim, nos homens mais ricos e influentes do planeta. Entretanto, todos os dias são lançadas milhões de pessoas no desemprego e na pobreza em todo o planeta em resultado desta actividade predatória. Tudo isto, revoltantemente, acontece com a cumplicidade de governantes e das autoridades reguladoras. Desde a crise financeira de 1929 que o Goldman and Sachs tem estado ligado a todos os escândalos financeiros que envolvem especulação e manipulação de mercado, com os quais tem sempre obtido lucros monstruosos.
Acresce que este banco tem armazenado milhares de toneladas de zinco, alumínio, petróleo, cereais, etc., com o objectivo de provocar a subida dos preços e assim obter lucros astronómicos. Desta maneira, condiciona o crescimento da economia mundial, bem como condena milhões de pessoas a fome.
No que toca a canibalização económica de um país a fórmula é simples:
o Goldman, com a cumplicidade das agências de rating, declara que um governo está insolvente, como consequência as yields sobem e obriga-o, assim, a pedir mais empréstimos com juros agiotas. Em simultâneo impõe duras medidas de austeridade que empobrecem esse pais. De seguida, em nome do aumento da competitividade e da modernização, obriga-os a abrir os seus sectores económicos estratégicos (energia, águas, saúde, banca, seguros, etc.) às corporações internacionais.
Como as empresas nacionais estão bastante fragilizadas e depauperadas pelas medidas de austeridade e da consequente recessão não conseguem competir e acabam por ser presa fácil das grandes corporações internacionais.
A estratégia predadora do Goldman and Sachs tem sido muito eficiente.
Esta passa por infiltrar os seus quadros nas grandes instituições políticas e financeiras internacionais, de forma a condicionar e manipular a evolução política e económica em seu favor e em prejuízo das populações. Desta maneira, dos cargos de CEO do Banco Mundial, do FMI, da FED, etc. fazem parte quadros oriundos do Goldman and Sachs. E na UE estão: Mário Draghi (BCE), Mário Monti e Lucas Papademos (primeiros-ministros de Itália e da Grécia, respectivamente), (António Borges, acrescento eu...), entre outros. Alguns eurodeputados ficaram estupefactos quando descobriram que alguns consultores da Comissão Europeia, bem como da própria Angela Merkel, tem fortes ligações ao Goldman and Sachs. Este poderoso império do mal, que se exprime através de sociedades anónimas, está a destruir não só a economia e o modelo social, como também as impotentes democracias europeias.
C. que vale a pena ler...
domingo, junho 03, 2012
As diferenças... Como já não há nem esquerdas nem direitas, apenas interesses, estamos conversados...
“El engranaje del Estado debe regularse con tal precisión para que los Ministros queden imposibilitados, por el propio imperativo legal, de hacer favores a sus amigos y conocidos”
Y una historia que confirma su incesante batalla contra la corrupción: la empresa del transporte público lisboeta, la “Carris” planeaba una subida de tarifas (allá por la época post-bélica europea). Corría la voz que el Ministro de transportes públicos había aceptado una “prenda” para autorizar tal hazaña… El Presidente del Consejo de Estado, Prof. Dr. A. Salazar, descolgó su teléfono, llamó a la secretaria del Sr. Ministro y le dijo que cuándo llegara su jefe, le dijera que estaba DIMITIDO…
Y ahora cuéntaselo a los Garzones, Pepiños, Griñanes, Cazadores y demás lame-cloacas….
E duvido que existissem no PREC e no se seguiu, por isso Carreira fala muito e por vezes torna-se seca, afinal quem causou a desindustrialização? Foram todos, desde o Prec e depois os do bloco central.
E duvido que existissem no PREC e no se seguiu, por isso Carreira fala muito e por vezes torna-se seca, afinal quem causou a desindustrialização? Foram todos, desde o Prec e depois os do bloco central.
sábado, junho 02, 2012
Regulação dos mercados e do poder não será? Não dominar? Ora, se compram os políticos o que é dominar? Lirismo...
O jornalista do Le Monde Marc Roche considera que a doutrina financeira anglo-saxónica liderada pelo banco norte-americano Goldman Sachs está atualmente instalada nos bastidores do poder, pondo em perigo a regulação em nome do lucro.
«Não acredito na teoria da conspiração, não há um plano do Goldman Sachs para dominar o mundo. A única missão do banco é produzir lucros nem que seja a ajudar os gregos a enganar as finanças ou os portugueses no processo de privatizações -- para eles é negócio não é política - O Goldman Sachs não é de direita nem de esquerda», disse à Lusa Marc Roche que estabelece um paralelo entre o poder da «filosofia» da instituição com as políticas que estão a ser adotadas atualmente na Europa por «veteranos» do banco norte-americano que partilham o mesmo pensamento e formas de trabalhar.
«Os italianos Mario Draghi e Mario Monti, o grego Lukas Papademus, o português António Borges, todos eles são antigos membros do Goldman Sachs. Não é uma seita, não é uma irmandade. São pessoas com carreiras brilhantes, que se conhecem e partilham os mesmos valores entre eles. Pessoas com os mesmos objetivos e que atuam da mesma forma», explica Roche autor do livro «O Banco -- Como o Goldman Sachs dirige o mundo» publicado esta semana em Portugal e que analisa a forma de trabalhar da instituição bancária e que se destaca, segundo o autor, dos outros grupos financeiros a nível mundial.
Diário Digital / Lusa
sexta-feira, junho 01, 2012
Em 2008 ainda tinham dúvidas, teriam ou fazia parte do teatro?
Nout Wellink, presidente do Banco Central holandês, afirmou que o governo de Haia está “excessivamente optimista relativamente às perspectivas económicas”, segundo um despacho da agência chinesa Xihhua citando fontes jornalísticas da Holanda. “Parece-me incontestável que o que está a acontecer na América irá contaminar o resto da economia. de uma forma ou de outra, seremos afectados”, disse numa entrevista ao programa de televisão Buitenh, emitido no domingo. O crescimento económico mais realista para o país, na opinião do banqueiro central holandês, deverá rondar 1,5%. Em Dezembro, as previsões do N apontavam para uma taxa de 2,6% durante 2008.
As afirmações de Wellink foram interpretadas pelos analistas como um aviso à navegação e uma acção deliberada para refrear o optimisto manifestado pelo primeiro-ministro Balkenende e pelo ministro das Finanças Bos quanto à capacidade do sistema imunitário das finanças nacionais para suportar os explosivos efeitos do ratilho «subprime» e subsequente aperto do crédito ateado em Wall Street.
PVC
Janeiro de 2008
Em Janeiro de 2008 já se faziam minicimeiras, já percebemos que de cimeira em cimeira...
Durão Barroso, Angela Merkel, Nicolas Sarkozy, Romano Prodi e Gordon Brown, estão reunidos em Londres para discutir soluções para enfrentar a ameaça aos mercados financeiros. Durão Barroso confirmou já que a situação financeira da União poderia levar a uma revisão em baixa do cescimento da economia europeia para 2008, mas afasta para já o risco de recessão.
Depois do escândalo que abala desde há uma semana o banco Societé Generale, ou a crise dos créditos imobiliários de risco nos Estados Unidos, o presidente da Comissão e os quatro chefes de estado e de governo querem incrementar a transparência e regulação dos mercados. Segundo os analistas a cimeira a cinco, arrisca-se a inflamar divergências entre os defensores de um maior intervencionismo do estado nos mercados, como a França, e os que preconizam uma maior auto-regulação, como o Reino Unido. Na próxima semana os ministros das finanças do G7, reunem-se em Tóquio, para debater os mesmos temas. (pvc/agências)
O mesmo Presidente e diferentes políticas, coabitação, mas não tanto!
Função Pública:Chumbo do Tribunal Constitucional obriga Sócrates a mudar a lei
O governo Sócrates admitiu hoje rever a lei dos vínculos, carreiras e remunerações da função pública, depois de o Tribunal Constitucional ter dado parcialmente razão às dúvidas do Presidente da República, Cavaco Silva. Em conferência de imprensa, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos garantiu, que as questões suscitadas não põem em causa a reforma da administração pública, noticiou o Diário Digital.
Os juízes do Tribunal Constitucional (TC) deram hoje parcialmente razão às dúvidas do Presidente da República, Cavaco Silva, e «chumbaram» a aplicação da lei dos vínculos da função pública aos juízes dos tribunais judiciais. A maioria dos juízes – nove – votou a favor da inconstitucionalidade da norma da lei dos vínculos, carreiras e remunerações da função pública e quatro votaram contra. No final da leitura do acórdão, no Palácio Ratton, pelo juiz relator Carlos Cadilha, o presidente do TC, Rui Moura Ramos, explicou que a norma viola a «unidade e especificidade estatutária» dos juízes dos tribunais judiciais. (pvc/DD)
20 de Dezembro de 2007
Porque não enviou o Presidente da República o Orçamento de Estado para o Tribunal Constitucional, sobre os cortes dos subsídios e a disparidade com outros organismo e EPs e IPs?
Estará na hora de pedir que o actual PR seja considerado não cumpridor da Constituição que jurou cumprir e que usa de dois pesos e duas medidas? Portanto que deve resignar?