sexta-feira, setembro 30, 2011

O barato sai barato

"O comportamento das maiores bolsas mundiais desafia a paciência dos investidores menos impressionáveis. Mais uma semana passou e a desvalorização das cotações prosseguiu, com quedas bruscas a sublinharem em tons dramáticos a desvalorização das empresas cotadas.

Desde o início de 2011, muitos índices de mercado já acumularam descidas superiores a 20%. A média registada na Europa anda pelos 22% e Lisboa apresenta um desempenho um pouco mais negativo. É certo que houve uma recuperação a partir de Março de 2009, depois de a poeira da falência do Lehman Brothers ter assentado. Mas a volatilidade e o clima de incerteza e desconfiança nunca chegaram a desaparecer dos mercados desde que a crise dos créditos hipotecários de alto risco começou a envenenar o mercado.

Para haver um regresso da confiança e se abrirem as portas a uma subida consistente e sustentada, será necessário o regresso do crescimento às economias desenvolvidas. Nos Estados Unidos e na Zona Euro, o ritmo é pálido e as previsões mais recentes do FMI não escondem que a recuperação está longe de ser uma probabilidade forte e credível nos tempos mais próximos.

Em solo norte-americano, a autoridade monetária mantém uma actuação virada para os estímulos à actividade. Na Zona Euro, o Banco Central Europeu moderou a sua ortodoxia. Poderá baixar a taxa de juro para tentar dar algum fôlego a uma região que se tornou no principal foco de ameaças à saúde global e permanece no mercado secundário de dívida e a fazer o papel que, por esta altura, já devia estar a ser realizado pelo Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF).

Este é um dos retratos de uma Zona Euro perigosamente lenta a lidar com a actual crise da dívida soberana. A flexibilização das regras de funcionamento do FEEF, aprovada há três meses, continua por concretizar. O segundo pacote de ajuda à Grécia não ata, nem desata. Em parte, por uma razão forte. Sucessivos pacotes de medidas restritivas aplicados, ou simplesmente prometidos, não conseguiram fazer com que Atenas cumprisse as metas com que se comprometeu para continuar a beneficiar de apoio financeiro.

A dimensão da recessão na Grécia e o volume dos encargos financeiros sob o qual o país está esmagado tornam quase impossível evitar a possibilidade de uma reestruturação da sua dívida e acendem a probabilidade de saída do país do euro. O efeito de contágio armaria uma tempestade arrasadora. E esta perspectiva explica por que motivo a desconfiança mina as cotações em bolsa e amplia a espiral de cepticismo.

Ironicamente, este é um daqueles momentos em que vale a pena analisar se não estará na altura de entrar. Em época de saldos, investir sai mais barato. E o mundo não se resume à Zona Euro
."

João Silva

quinta-feira, setembro 29, 2011

A solidariedade nacional

"A Madeira aderiu ao euro? Não sei, que não vou lá desde os tempos do escudo. Mas que, a julgar pelas reacções à respectiva situação económica, há algum factor a determinar a excepcionalidade do território, há.

Por um lado, temos a indignação dos socialistas que, graças à crença muito "madeirense" no "investimento" público, cavaram o buraco nas contas nacionais e mentiram sucessivamente acerca da dimensão dessas contas. O extraordinário "Tozé" Seguro, que durante seis anos assistiu calado aos desvarios do eng. Sócrates, acusa Pedro Passos Coelho de "silêncio cúmplice" e Alberto João Jardim de "gozar com os portugueses". Mesmo Mário Soares, descontraído com o desastre nacional a ponto de incitar à desobediência ao memorando da troika, classifica o desastre ilhéu de "vergonha sem perdão".

Por outro lado, temos o primeiro-ministro, que embora ache o episódio da Madeira "grave" remete as suas consequências apenas para a esfera dos princípios e, à semelhança de Cavaco Silva, a famosa "reputação" do País no exterior. Também o ministro das Finanças defende que o dito episódio é "pontual" e de "impacto limitado" no orçamento.

Os desabafos do PS e adjacências não merecem comentários. Os do Governo, sim. Pelos vistos, os mil e tal milhões (perspectiva optimista) que faltam na Madeira não fazem excessiva falta aos cofres do Estado. Um pormenor que, aos olhos de um leigo, torna incompreensível a necessidade de taxar pela metade os rendimentos natalícios de todos os cidadãos, subir a tributação sobre o património e aumentar o IVA para, no fundo, arrecadar uma quantia idêntica, ou provavelmente inferior, àquela cujo sumiço o dr. Jardim assume com orgulho.

Perante isto, um leigo convence-se de que o dinheiro insular vale menos do que o continental. Caso contrário, o leigo não entende porque é que uns trocos "pontuais" e irrelevantes no arquipélago são uma verba vital à redução do défice pátrio. Ou, dito de maneira diferente, porque é que não se aproveita as intermitentes ameaças de independência do dr. Jardim e se livra o Estado da dependência dos contribuintes que nunca sequer puderam votar contra ou a favor do dr. Jardim? Seguramente que o leigo prefere perder a Madeira a perder metade do subsídio ou do salário de Natal.

A não ser que o leigo esteja enganado, e ignore que ou as finanças são demasiado complexas ou a política é demasiado simples. Porém, se reparar na sucessão de presidentes da República e governantes que assistiram impávidos ao nascimento, crescimento e maturidade da pândega madeirense, o leigo talvez comece a desconfiar que ambas as hipóteses são de facto verdadeiras. E que a factura é dele
."

ALBERTO GONÇALVES

quarta-feira, setembro 28, 2011

Sofrer...

"O presidente executivo da Galp Energia afirmou hoje que “o compromisso da Galp é vender gasóleo à porta da sua refinaria aos preços internacionais”, e que, por isso, a petrolífera “está a sofrer mais do que os consumidores (mais aqui)"

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Oásis

"O cidadão norte-americano detido pela PJ, que era procurado pelos EUA e estava em Portugal há mais de duas décadas, tinha Bilhete de Identidade português (mais aqui)"

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Maldita crise

"Sequestrado em Gaia para lhe roubarem sapatilhas e telemóvel (mais aqui)"
Com a crise até umas sapatilhas usadas são valiosas…

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Contributo.

"Agravamento do mercado leva marcas a cancelar Salão Internacional do Automóvel (mais aqui)"


Cavaco Silva salienta contributo da Galp na economia portuguesa (mais aqui)"

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terça-feira, setembro 27, 2011

Desvia mas faz.

"Alberto João é um "ponto", tem divertido toda a gente com o seu original número que tanto inclui excelentes momentos políticos, com finura e inteligência, como boçalidades, copofonia e bailinho da Madeira.


(Onde o autor tranquiliza o Presidente da República, dando-lhe o seu aval na dura reprimenda à Madeira, um pouco tardia, mas nada para tirar o sono, e põe Alberto João na berlinda, pois tudo o que é de mais é moléstia; depois aproveita para associar o assunto com a primeira entrevista do primeiro-ministro, saltando daí para o psico-drama grego, tudo isto com enorme graciosidade literária).

1 - Alberto João é um "ponto", tem divertido toda a gente com o seu original número que tanto inclui excelentes momentos políticos, com finura e inteligência, como boçalidades, copofonia e bailinho da Madeira. No seu populismo jactante, jocoso e provocatório, faz-me lembrar Berlusconi, mas sem a pipa de dinheiro, a corte de mulherio sumptuoso, nem o palmarés de ter deixado publicamente a Merkl, o ogre da União, pendurada ao telemóvel.

Mas não se pode deixar de referir, principalmente, a obra realizada e à vista, que atirou a região do subdesenvolvimento para a média da União Europeia, lembrando o velho refrão de Ademar de Barros, "rouba mas faz", agora em versão mais matizada, de "desvio", na ordem das centenas de milhões entre avales e dívidas públicas sonegadas.

Eu sempre julguei que na ilha já não houvesse "buracos" porque toda a gente me diz que agora só existem viadutos, mas sempre achei estranho que as coisas continuassem à tripa forra, apesar da diminuição de verbas, com o aperto socrático e a situação internacional, havendo, para mais, um mui competente e prestigiado Tribunal de Contas a emitir permanentes reparos.

Eu nunca fui à Madeira, nunca me interessei pelo assunto, excepto para ouvir a galhofa do Alberto João, e jamais li qualquer estudo quantificado sobre o jardim do Jardim. Mas nunca pensei que, no regabofe geral do País, o Governo Regional pudesse ser a Branca de Neve, e cá para mim a derrapagem ia às duas rodas.

Pode ser que eu seja particularmente intuitivo, mas a minha modéstia tradicional rejeita a hipótese: toda a gente via, menos quem devia ver, um pouco como a supervisão do BPN. Porém, o principal problema não é o montante do défice, que, cheira-me, quando aparecerem os dos transportes e empresas públicas sortidas, vai parecer a caixa de esmolas de uma paróquia pobre, e nem vai afectar por aí além o essencial resultado do orçamento de 2011: Não!

O que é insuportável é a ocultação, a falta de obrigatório reporte, o que constitui um abuso de confiança, por um lado, e, por outro, o triste protagonismo que o caso deu ao País, internacionalmente, quando andávamos a tentar assumir a postura de vestais impolutas, muito diferente da casa de passe dos gregos.

2 - Gostei da entrevista de Passos Coelho, em particular do modo como tratou o dito assunto da Madeira, aliás confirmando o que dissera anteriormente, em uníssono com o ministro das Finanças: Com frio distanciamento, clara e firme reprovação, promessa de rigor quanto às informações pertinentes para antes das eleições regionais. Deu a necessária imagem de Estado nesta matéria e, no geral, foi calmo, rigoroso, confiante, assertivo sem agressividade e cresceu aos olhos do público - que, aliás, segundo as mais recentes sondagens, o põe nas proximidades da maioria absoluta. Talvez o cargo, extremamente complexo e penoso, esteja a dar dimensão ao homem, numa daquelas situações em que a função ou eleva ou destrói. Até gostei daquele detalhe de continuar a viajar em económica nas viagens aéreas, e só temi vê-lo em segunda classe no comboio para o Porto ou na camioneta da carreira para Massamá.

3 - Mas pus um polegar para baixo na referência do PM à crise grega e a hipótese insinuada de novo empréstimo para Portugal. Não foi bem como os jornais noticiaram por excesso, mas os tempos nem os média estão para subtilezas.

Acho que uma referência ao ambiente adverso internacional seria de preceito, mas só em termos de generalidade, até porque à bica está o caso italiano e, quanto à Grécia, é um dado assimilado por toda a gente, isto é, os mercados e comentadores eméritos, que vai entrar "em defult", embora controlado. Para quem não quer a parceria grega, como Passos Coelho, para quê chamar por ela? E também, pela publicidade, negativa, para quê trazer ao de cima a insinuação de renegociação da nossa dívida? Claro que vai acontecer, mas não é necessário pôr a boca no trombone, ou melhor, porque a coisa foi mais subtil, flauta de bisel
."

Fernando Braga de Matos

segunda-feira, setembro 26, 2011

Consultório Sexual.




"As mulheres têm mesmo muitas dores de cabeça ou isso é a primeira desculpa que lhes vêm à cabeça?"

J.P. Alenquer
Caro amigo, efectivamente existe o SPM (Síndrome Pré-Menstrual) capaz de pôr as mulheres com os nervos em franja. De for esse o caso, há que dar algum desconto. Noites mal dormidas, fases depressivas ou discussões com a melhor amiga também podem cortar o libido a uma mulher. No entanto tenha cuidado porque muitas dores de cabeça seguidas significa que ela está desinteressada. Tivemos uma namorada que à segunda dor de cabeça seguida viu agravado o seu estado físico. Também ficámos dolorosos da mão mas o cômputo final foi-nos favorável.


"Quando estou na cama com a minha namorada, ela diz montes de nomes de homens. Quando lhe pergunto porquê, é evasiva. Ajude-me."

A.F. Trajouce

Caro amigo, tem duas opções. Ou faz-lhe o mesmo ou troca de namorada. Já agora. Se por acaso ela mencionar o nosso nome, está a gozar consigo.




"Estou casado há seis meses e excito-me imenso quando uso uma lingerie sexy da minha mulher. O que se passa comigo?"

J.M.F. Massamá


Cuidado. O melhor é ir ao psicólogo. Por acaso a sua mãe não desejava ter uma menina e vestia-o de Amélia? Oferecia-lhe bonecas? O seu sogro é rabeta? No dia do seu casamento não se abraçou a si um tipo urso? Nunca o convidou para almoçar a sós? Nunca lhe apalpou a bilha? Nunca teve uma aventura homossexual quando andava a apanhar sabões nos balneários?




"A minha namorada diz que está grávida e tenho a certeza de que fui traído. Estive 1 mês fora e comecei a sentir comichões na testa. Que devo fazer?"

S.A. Coimbra

Estivemos a consultar a agenda e descobrimos que também estávamos fora nessa altura. O filho deve ser mesmo seu. Por acaso não são alentejanos? Faça um teste de ADN.

Porque razão não podemos pagar a dívida a que chamam de soberana e outros assuntos.

"O título é errado ,não temos dívida soberana, isso não existe foi inventada pelos americanos em Wall Street, quando falo em americanos não sei se são americanos, são tipos para os quais para eles não existe nem honra, nem estado, nem Nação.

Ganância.

Greedy, como dizem os americanos de fé, aqueles que condenaram os actos de pirataria de que não estão ilibados começando pelas empresas de auditoria, as agêmcia de rating, o Fed e as sucessivas administrações desde o tempo de Reagan.

A crise subprime foi o despoletar de uma situação que já existia há muito, que os economistas os mais conhecidos e mais respeitáveis das universidades que todos querem fazer crer que são sérias.

Estes foram os que cobriram as situações até ao fim dizendo na véspera que tudo estava bem, junto dos respeitáveis e abomináveis jornalistas de jornais ditos sérios.
Mais sérios eram os gangsters do tempo da grande depressão.

Causas?

Fácil.

Os políticos e as políticas dos bancos de investimento, a substituição e fecho das empresas em nome da globalização, pelo lucro na altura muito fácil e enorme, fabricava-se na China e na ìndia e vendia a preços 100 vezes superior ao custo, valia a pena importar barato o que se deixou de fazer no Ocidente.
Mas houve e há outros custos, o desemprego, o desespero, a morte dos estados e das suas estruturas, pelos agiotas de sempre.

Uma empresa de construção civil que não cito de nome, começou a comprar influência e políticos, deixou de ter trabalhadores e parque de máquinas e criou uma teia de subempreitadas, apenas tinha de comprar os políticos e fazer aumentar o lucro final da obra orçada num valor de início e paga no fim por 3 ou 4 vezes mais, chamavam de derrapagem à burla. Ninguém foi preso.

Com estes procuradores, (a letra minúscula é de propósito) e esta justiça?

Agora falam de Jardim?

Tenham vergonha na cara.

Os comunistas hoje metem-me nojo, porque nas câmaras deles é feita a mesma coisa, escolhem as empresas, recrutam por cartão e falo nestes porque querem parecer sérios, dos outros nem vale a pena falar, é uma questão de dimensão.
É verdade a Europa está morta pelos dirigentes gente sem escrúpulos, porque nunca se virou para o mercado externo, porque os seus dirigentes são tão corruptos como os políticos americanos, são gémeos.

Agora que a China não vai poder crescer e começa a ter dificuldades em vender, irá acontecer algo de muito grave, a recessão será a salvação porque obrigará a que se voltem a fabricar nos antigos mercados, os chineses não podem mais vir buscar as tecnologias, porque não tiveram tempo para criar uma classe média que sustentasse o seu sonho, assim, os mercados serão novamente fechados, as dívidas não serão saldadas, a desconfiança aumentará e a albanização de vários blocos será a solução.
Mas até lá será um inferno, como o de Dante, atravessá-lo com o Arcanjo S.Gabriel acompanhado pela Virgem Maria que se prostrará a pedir a Ele, que atenue as penas dos condenados eternamente e faça um interregno, como falava o irmão mais velho Karamazov, ao mais novo e crente Aliocha, na obra de Dostoievski, antes de começar a contar a Parábola do Grande Inquisidor.

Chama-se a isto desglobalização.

O judeu Rothchild sabia do que falo, dizia o fundador da casa com o seu nome, que quando o sangue correr nas valetas, será a altura para comprar.
É assim e nunca haverá volta a dar.

Toupeira

Crise

O responsável pelo Banco Mundial que é a mesma coisa que o FMI, questões de eufemismos, veio dizer o que está abaixo, mas é para fazer exactamente o contrário, porque que eu saiba pediram desculpas muito baixinhas quando os tentaram apertar nos USA, voltaram ao mesmo, são eles um dos causadores da crise subprime e agora das dívidas soberanas. Os países não vivem da indústria financeira, vivem da agricultura, e das suas indústrias e serviços e sem, tem de haver proteccionismo, para não beneficiar os especuladores e os senhores que abandonaram as empresas muitas delas herdadas, para as vender nos mercados financeiros e nas roletas das bolsas, isto é a economia, não chame de estúpidos a todos, aos dirigentes políticos chame de criados, capiche?

Em 2008, muitos disseram que não havia qualquer possibilidade de antecipar a turbulência entretanto verificada. Hoje, os líderes políticos não tem desculpas desse tipo, disse Robert Zoellick, na abertura das assembleias anuais do Banco Mundial e do FMI, em Washington.

Zoellick acrescentou que os países ocidentais "não teriam desculpa" se os seus países caíssem em recessão e isso pesasse sobre a economia mundial.

O presidente do Banco Mundial (BM) receia que a crise económica nos Estados Unidos, Europa e Japão possam contaminar a economia global.

O líder do BM disse que algumas economias estão claramente abaixo do nível de crescimento anterior à crise devido aos drásticos ajustamentos financeiros no actual contexto de crise. Os países periféricos que continuam submersos pelas crises da dívida, citou a Grécia, Irlanda e Portugal, vivem recessões ou fraco crescimento económico. Zoellick recomendou que estas economias prossigam rapidamente os ajustamentos orçamentais em curso, que reduzirão, durante algum tempo, a sua capacidade produtiva.

"Continuo a pensar que uma nova recessão nas grandes economias do planeta é improvável. Mas a minha confiança nesta perspectiva é desgastada todos os dias pelo constante fluxo de más notícias económicas", sublinhou.

"Uma crise fabricada no mundo desenvolvido poderia tornar-se uma crise para os países em desenvolvimento. A Europa, o Japão e os Estados Unidos devem agir para atacar os seus graves problemas económicos antes que eles não se tornem mais graves para o resto do mundo", preveniu.

Ao ser interrogado sobre o que aconselhava a que fosse feito, Zoelick apelou para que se evitasse o proteccionismo. "Sejam países desenvolvidos ou não, a minha conclusão é : Não façam asneiras. Portanto, não deixem o mundo entrar numa espiral de proteccionismo", explicou.

Pediu ainda que, no que respeita à agricultura, quando os preços começam a subir, se evitem os embargos às exportações".

A preocupação com a crise financeira na zona euro foi também manifestada por seis países do G20 - Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Indonésia, México e Reino Unido - que apelaram à zona euro para reforçar os seus bancos, num comunicado conjunto divulgado pelo Reino Unido.

"Os governos e as instituições da zona euro devem agir rapidamente para enfrentar a crise do euro e todas as economias europeias devem resolver o problema da dívida para impedir um contágio à economia mundial", acrescentaram esses países.

"Os EUA, enquanto primeira economia mundial, também tem um papel fundamental a desempenhar para restaurar a confiança", sublinharam.

Finalmente, um estudo do Banco Central Europeu (BCE) confirmou ontem que a moeda única europeia está em perigo devido às despesas descontroladas dos Estados da zona euro e da crise da dívida que surgiu associada.

A instituição recomenda que, para melhorar a boa governação e evitar a repetição de uma crise, "todo o défice de mais de 3% do PIB deve ser unanimemente aprovado pelos governos da zona euro", uma espécie de "regra de ouro" comum a todos
.

Toupeira

domingo, setembro 25, 2011

Melhores oportunidades...

"Os estudantes do ensino recorrente podem completar o secundário num ano e estão dispensados dos exames nacionais. Muitos acabaram com média de 20 e entram nas faculdades com facilidade, passando à frente daqueles que fizeram o ensino regular... Através do gabinete de imprensa da Secretaria de Estado do Ensino Superior, o MEC informou que ainda estão a decorrer as análises de dados que permitirão saber qual o percurso escolar das dezenas de alunos que entraram em cursos de Medicina com a média redonda de 20 valores no secundário (mais aqui)"

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No reino da "cientificidade"...

"Esta semana todas as gasolineiras reflectiram a descida dos combustíveis nos mercados internacionais nos preços cobrados ao consumidor. E na próxima semana o cenário repete-se. É que o comportamento dos mercados antecipa mais uma queda ligeira do preço da gasolina a partir de segunda-feira. Em sentido contrário, o gasóleo deve encarecer (mais aqui)"

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Sair do Euro e em força, já!

São medidas com impacto diminuto no bolo de austeridade imposto aos portugueses. O governo anunciou que quer ultrapassar o programa da troika, só que subestima os riscos recessivos de todo este programa. Ou seja, este aumento de impostos, o aumento do custo de vida que se vê na electricidade, no gás e nos transportes, tem um impacto no consumo e no investimento nacional que resultará na diminuição da receita do Estado.

É possível que este ano se cumpra o défice, até porque há receitas extraordinárias previstas, mas parece-me muito difícil cumprir as metas estabelecidas com a troika devido a estes impactos recessivos na economia. Queremos cumprir o défice, mas depois não temos as receitas quAs experiências que existiram, de ajustamento pela austeridade, só resultaram porque tinham uma escapatória que o Fundo Monetário Internacional (FMI) deixava variar, que era a taxa de câmbio. Ou seja, estes países tinham de cumprir um programa de austeridade, mas podiam desvalorizar a sua moeda. Esta experiência é nova. Sou muito pessimista, não vejo nenhuma saída para o crescimento económico, não temos a escapatória de desvalorização cambial e temos um contexto mundial de recessão iminente, que claramente foi criado pela austeridade imposta em graus diferentes, dos EUA ao continente europeu e correspondem a esse objectivo.

Não me parece que as exportações venham a crescer, porque há um contexto de recessão mundial e, por outro lado, os efeitos recessivos do consumo público e privado são subestimados. Pode-se entrar numa espiral de falências que apontam para uma recessão muito mais grave do que o governo espera e mesmo assim espera uma recessão à volta dos 2% para 2011 e 2% para o ano seguinte, mas será certamente pior.

A Grécia é o melhor exemplo. É imposta austeridade, os países conseguem cortar na despesa pública, mas precisam de mais financiamento do que se tinha previsto nos acordos com a troika. Neste caso ou há uma renegociação da dívida ou há um novo pacote de ajuda. Com a Grécia há um novo pacote de ajuda e houve uma renegociação liderada pelos credores, em que a banca europeia aligeirou o peso da dívida. Não acredito que a dívida grega seja sustentável e nós vamos ter de renegociar a nossa. Hoje já é insustentável e precisamos de melhores condições com a União Europeia, que permitam o crescimento económico do país. Só com o crescimento económico as dívidas se resolvem.

Não tem existido um equilíbrio entre austeridade e investimento público...

Essa articulação parece-me muito difícil. Existe um consenso entre os economistas portugueses sobre como o peso do Estado é extraordinário dentro da economia e como vivemos acima das possibilidades, mas são dois mitos. Nós não vivemos acima das possibilidades, tivemos foi dez anos de estagnação económica. Portugal foi dos países que menos cresceram no mundo. E esta ideia de que todos andámos a comprar LCD e viagens à República Dominicana a crédito é falsa. Houve um forte endividamento das famílias, mas 80% do crédito às famílias é crédito à habitação, ou seja, estamos a falar de um bem essencial. Também não faz sentido falar de um excessivo peso do Estado português na economia: em 2007, antes da crise internacional, o peso da despesa pública em Portugal era de 47% do PIB e era esta a média dos países da OCDE. O problema que vivemos hoje está relacionado com o processo de adesão ao euro e que criou e agravou desequilíbrios estruturais que nos puseram numa posição muito frágil quando chegámos à crise internacional. Quando entrámos no euro, entrámos com um escudo muito sobrevalorizado em relação às outras moedas internacionais, e no euro há uma política monetária que é feita não em função de economias como a nossa, mas em função de maiores economias, como a alemã. Estamos a destruir o projecto europeu: temos uma moeda única mas temos economias completamente diferentes, sem orçamento europeu.

Portugal pode estar em risco de sair da moeda única?

É uma hipótese que se põe. A saída por cima seria mudar esta Europa, mudar este euro e ter um orçamento europeu digno desse nome. O orçamento da UE, mesmo com o impacto positivo que teve no nosso país nas últimas décadas, é de 1% do PIB, mas o orçamento da Reserva Federal anda à volta dos 20 e tal por cento. Não peço tanto, mas peço um orçamento europeu com impostos europeus e uma harmonização fiscal europeia e programas de protecção social que se adaptem aos diferentes países. Ter um salário mínimo europeu não significa um salário mínimo para todos os países, mas ter uma regra de 60% do salário médio de cada país. Isso iria corrigir desequilíbrios externos que verificámos na última década. Portugal tem um endividamento público parecido com o de França e inferior ao de Itália e esses países não sofrem ataques especulativos dos mercados financeiros. Depois há a saída por baixo, que é a saída do euro.

Mas sair do euro teria custos...

Sim, principalmente se a saída fosse feita de forma desorganizada. Mas se isto continuar assim, seremos forçados a sair do euro.

De entrevista a Nuno Teles

TOUPEIRA

sábado, setembro 24, 2011

MAKE IT REAL

Comprar carro.

Agência de notação independente dos Estados Unidos diz as verdades inconvenientes...

"A Weiss Ratings, agência independente de notação financeira dos Estados Unidos, baixou ontem a classificação do Bank of America (BofA) para lixo (de D+ para D), confirmando crescentes rumores em Wall Street que admitem a possibilidade de o maior banco norte americano em activos – mais de USD 2,2 triliões (2,2 biliões na terminologia europeia) – correr sérios riscos de falência e de poder vir a ser nacionalizado pela administração Obama.

Entre Outubro de 2007 e Setembro de 2011 a cotação do banco passou de cerca de USD 50 (cinquenta) para menos de USD 7 (sete), por acção. Comparado com outras empresas cotadas que apresentam um similar nível de risco, os títulos do Bank of America , no entender da Weiss Ratings, “representam um mau investimento com base na sua cotação e valorização actuais”.

Na semana que agora termina, a agência de notação norte-americana para além de ter reafirmado a notação da dívida soberana dos Estados Unidos em “C–” anunciou ter baixado a notação de seis países europeus, conforme o quadro seguinte:

Weiss Ratings – Dívidas Soberanas

País Novo
Rating / Rating Anterior
Áustria C+ / B+
Bélgica C– / C
República Checa C / C+
Finlândia C– / C
Suíça B+ / A–
Turquia C / – C

Escala Weiss Ratings: A = excelente, B = bom, C = razoável, D = fraco, E = muito fraco; mais/menos = parte superior/inferior da notação.

Afectados por modestos desempenhos em termos de crescimento do PIB e pela evolução das dívidas soberanas dos chamados PIIGS – Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha – todos os países agora analisados foram penalizados pelos mercados financeiros, nos últimos meses,com particular destaque para os casos da Áustria e da Turquia, refere a agência.

O caso turco foi basicamente agravado pela sua proximidade e dependência do enfraquecido Mercado Único. O problema da proximidade contagiou igualmente a economia suíça. O banco central helvético teve mesmo que, no início da semana, tomar medidas drásticas para defender a sua moeda ao tê-la indexado ao euro e fixado o valor mínimo da moeda única em 1,20 francos suíços.

O analista financeiro da Weiss Ratings, Gavin Magor justificou as novas classificações pelo facto de “à medida que o contágio financeiro europeu se alarga para além dos óbvios candidatos [PIIGS], outras nações têm que adoptar severos programas de austeridade ou pagar juros mais altos aos compradores dos seus títulos de dívida.”

A qualidade das análises da Weiss Ratings é demonstrada por uma taxa de sucesso de 98% nas falências bancárias decretadas em 2011, nos Estados Unidos. Entre 68 acertou em 66… "

MRA Alliance

Pedro Varanda de Castro

sexta-feira, setembro 23, 2011

Taxa do Iva

Diz o Sr Ministro das Finanças, que o aumento da taxa do IVA para 23% na factura do gás e electricidade, é o que se pratica na maioria dos paises europeus.

Então comparemos: SALÁRIOS MÍNIMOS NA EUROPA:
Suíça - 2.916 €
Luxemburgo - 1.757,56 €
Irlanda - 1.653 €
Bélgica - 1.415,24 €
Holanda - 1.400 €
França - 1.377,70 €
Reino Unido - 1.035 €
Espanha - 748,30 €
Portugal - 485 €

E ESTA HEM ??????

Este ministro tem cara daquele menino esperto lá da escola a quem dava gosto dar uns "calduços" porque pensava que só ele é que era esperto e todos os os outros uns estúpidos.

Toupeira

quinta-feira, setembro 22, 2011

Tenha paciênca Sr Bastonário mas tem de ser independente do poder político

“Um duplo cheeseburger e um pacote de batatas fritas equivalem a 2200 calorias e é preciso uma maratona” para queimar este nível de calorias, afirmou José Manuel Silva, que incluiu também o sal nos produtos a taxar.

O bastonário, que falava na cerimónia de assinatura do protocolo de cooperação entre a Direcção-Geral de Saúde (DGS) e a Ordem dos Médicos (OM) com o objectivo de assegurar a colaboração “formal” entre estas duas entidades no âmbito da qualidade no sistema de saúde, não tem dúvidas que esta medida irá ter a oposição da indústria agro-alimentar mas defende que este “imposto selectivo” seria uma alternativa a mais cortes no sector.

“Sabemos que é preciso poupar mas não é possível mais cortes sem pôr a qualidade dos serviços”, afirmou José Manuel Silva, num discurso em que teceu duras críticas à classe política e aos governantes que levaram o país ao estado em que ele se encontra.

O ministro da Saúde, Paulo Macedo, não se pronunciou sobre esta ideia, preferindo destacar o “esforço concertado entre o Governo e os profissionais de saúde” para “garantir a sustentabilidade do SNS e a melhoria da qualidade” da prestação dos cuidados.

Paulo Macedo corroborou ainda a ideia antes defendida pelo bastonário de que este protocolo “é um marco na história da melhoria da prática clínica” e irá permitir reduzir “a despesa inútil” e o “desperdício”. “Um sistema de saúde só tem qualidade se for sustentável”, acrescentou.

Nos termos do protocolo, a DGS e a OM comprometem-se a “colaborar na elaboração de linhas de orientação clínica e de normas de actuação clínica, incluindo a prescrição de medicamentos e de meios complementares de diagnóstico e terapêutica”; “execução de testes de aplicabilidade de normas clínicas”, e “realização de auditorias clínicas”.

O sal Senhor Bastonário que sal?


O disparate é grande quem deveria ter alguma sapiência e já agora escusava de ser subserviente e foi. Vergou-se?


Há coisas que vai ter de responder perante a classe que representa, porque representa muito pouca gente, pela mesma razão que não vota quem não tem opções.


Já se perguntou porque razão aconteceu a campanha sobre a gripe A, quem beneficiou, a quem fez mal e vai fazer porque ainda não se sabe da extensão e já agora porque razão ainda não foram inquiridas as pessoas que jogaram à rua e vão incinerar o Tamiflu do Sr Rumsf. e a vacina da gripe aprovada pelo actual DGS que ainda nem pediu dessulpas sobre a despesa que gerou e o terrorismo que criou e como pode continuar à frente da DGS.


Sobre os protocolos esperamos que não sejam feitos por burocratas ou copiados de medicinas de outras paragens com populações que nada têm a ver connosco para começar.


Pode crer que não somos todos parvos e se partiu a espinha, não serve como Bastonário, tinha de deixar a política à porta e já agora deveria ter feito um referendo sobre questões que só os médicos das várias especialidades sabem, o povo aqui não entra, porque nestas coisas não pode haver política de demagogia e o senhor é responsável, ou pelo menos deveria ser, acabou o estado de graça.

quarta-feira, setembro 07, 2011

A vingança de Keynes sobre Hayek

"O economista austríaco Friedrich von Hayek, que morreu em 1992 com 93 anos de idade, afirmou uma vez que para ter a última palavra bastava sobreviver aos adversários. A sua maior sorte foi sobreviver a Keynes por quase 50 anos e reclamar uma vitória póstuma sobre o seu rival que o atacou intelectualmente enquanto esteve vivo.

A apoteose de Hayek aconteceu nos anos 80 a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher citou o seu livro “The Road to Serfdom” (1944), onde ataca o planeamento central. Mas em economia nunca há veredictos finais. Enquanto a defesa de Hayek do sistema de mercado contra a ineficiência do planeamento central foi ganhando adeptos, a visão de Keynes de que o sistema de mercado exige uma estabilização contínua persistiu nos ministérios das Finanças e nos bancos centrais.

As duas tradições foram eclipsadas pelas “expectativas racionais” da escola de Chicago, que dominou o pensamento económico dominante nos últimos 25 anos. Se os agentes económicos possuem informação perfeita sobre todas as contingências possíveis, as crises sistémicas nunca podem acontecer, a não ser como resultado de acidentes ou surpresas que não estão ao alcance da teoria económica.

O colapso económico global de 2007 e 2008 desacreditou a economia das “expectativas racionais” (apesar dos seus maiores defensores ainda terem de o reconhecer) e recuperou Keynes e Hayek de novo para uma disputa póstuma. As questões não mudaram muito desde que iniciaram a sua discussão na Grande Depressão dos anos 30. O que provoca o colapso das economias de mercado? Qual a reposta correcta a um colapso? Qual é a melhor forma de evitar futuros colapsos?

Para Hayek, no início dos anos 30, e para os seguidores de Hayek no dia de hoje, a “crise” resulta de um excesso de investimento face à oferta de poupanças, possível devido à excessiva expansão do crédito. Os bancos emprestam a taxas mais baixas do que os genuínos aforradores iriam exigir, tornando todo o tipo de projectos de investimento temporariamente rentáveis.

Mas como estes investimentos não reflectem as preferências reais dos agentes económicos para o futuro sobre o consumo actual, não estão disponíveis as poupanças suficientes para a sua realização. Podem ser mantidos durante algum tempo através de injecções de capital por parte do banco central. Mas, eventualmente, o mercado vai perceber que não existem poupanças suficientes para todos os projectos de investimento. Nessa altura, a expansão transforma-se em queda.

Qualquer expansão artificial carrega consigo as sementes da sua própria destruição. A recuperação consiste em liquidar as afectações erradas, reduzir o consumo e aumentar a poupança.

Keynes (e actualmente os Keynesianos) pensaria nas crises como o resultado do contrário: falta de investimento face à oferta de poupança – ou seja, muito pouco consumo ou procura agregada para manter um nível de pleno emprego do investimento – que leva a um colapso das expectativas de lucros.

Mais uma vez a situação pode manter-se por um tempo recorrendo ao financiamento do crédito aos consumidores mas, eventualmente, os consumidores vão ficar sobre endividados e restringir as suas compras. De facto, as explicações keynesiana e hayekiana da origem da crise não são muito diferentes: em ambas o sobreendividamento tem um papel central. Mas as suas conclusões são muito diferentes.

Enquanto para Hayek a recuperação exige a liquidação de investimentos excessivos e um aumento das poupanças dos consumidores, para Keynes consiste na redução da propensão para poupar e no aumento do consumo para manter as expectativas de lucros das empresas. Hayek exige mais austeridade, Keynes mais gastos.

Temos aqui uma pista para perceber porque Hayek perdeu a sua grande batalha com Keynes nos anos 30. Não foi apenas porque a política de liquidação dos excessos fosse politicamente catastrófica: na Alemanha, levou Hitler ao poder. Como Keynes sublinhou se todos – famílias, empresas e governos – começarem a tentar aumentar as suas poupanças ao mesmo tempo, não há forma de evitar que a economia caia até que as pessoas sejam demasiado pobres para poupar.

Foi esta falha no raciocínio de Hayek que levou a maioria dos economistas a desertar do campo de Hayek e a abraçar as políticas de “estímulo” keynesianas. Como o economista Lionel Robbins lembrou: “Confrontados com a dura deflação desses dias, a ideia de que o essencial era eliminar os investimentos errados e… fomentar a disponibilidade para poupar era… tão desadequada como negar cobertores e estimulantes a um bêbado que tivesse caído num lago gelado, afirmando que o seu problema inicial era o sobreaquecimento”.

Excepto para os fanáticos de Hayek, parece óbvio que estímulo global coordenado de 2009 impediu que o mundo caísse noutra Grande Depressão. Não há dúvida que o custo para muitos governos de resgatar os seus bancos e de evitar o colapso das suas economias prejudicou ou destruiu a sua capacidade de crédito. Mas é cada vez mais reconhecido que medidas de austeridade no sector público, em alturas de gastos reduzidos no sector privado, leva a anos de estagnação ou provoca mesmo um novo colapso.

Assim, a política tem que mudar. Pouco se pode esperar na Europa. A verdadeira questão é se o presidente Barack Obama tem o que é necessário para ser um novo Franklin Roosevelt.

Para evitar novas crises da mesma dimensão, os Keynesianos proporiam o reforço das ferramentas de gestão macroeconómica. Os Hayekianos, por seu lado, não têm nada sensato a propor. É demasiado tarde para um dos seus remédios favoritos – abolição dos bancos centrais, supostamente a fonte da excessiva criação de crédito. Mesmo uma economia sem bancos centrais estará sujeita aos erros do optimismo e do pessimismo. E uma atitude de indiferença face às consequências destes erros é uma má política e um mau princípio moral. Assim, apesar da sua distinção como filósofo da liberdade, Hayek mereceu perder a batalha com Keynes nos anos 30. E merece perder a vingança de hoje também
. "

Robert Skidelsky

terça-feira, setembro 06, 2011

The Cluster of Errors"

segunda-feira, setembro 05, 2011

The bust.

domingo, setembro 04, 2011

Fear the boom

sábado, setembro 03, 2011

Balls To The Wall

Racionalidade e pragmatismo em baixa

"(Onde o autor, durante as suas profundas cogitações no grande momento intelectual do chuveiro, conclui que a discussão pública tresanda a ideologias e populismo, assim contribuindo para a balbúrdia geral. A semana, entre ricos e pobres, impostos e assistencialismo, foi esclarecedora).


1 - Que longe vão os tempos do "choque fiscal" e da ideia de libertar fundos e energias para as tarefas produtivas, as que criam empregos e enriquecem a ditosa pátria! Agora, numa época em que todos ralham e ninguém tem razão, a discussão racional sobre taxação, coesão social e apoio aos destituídos perdeu o norte e enveredou pelo ressentimento social. Em Portugal, manifesta-se cada vez mais no discurso rancoroso mas, na Inglaterra, contribuiu até para motins e pilhagens. O assalto a um restaurante de duas estrelas Michelin, em Nottingham Hill, nesses dias conturbados, explica-o a "Foreign Affairs" como símbolo do espírito de luta de classes, nascido ideologicamente por aquelas bandas. As lutas sociais são de sempre e as erupções conflituais inevitáveis, mas as sociedades avançadas criaram amortecedores e contra-pesos que evitam a erosão e ruptura do tecido social. O fisco entra nesta secção e foi por aqui que o discurso político perdeu as estribeiras e a sanidade mental.

É curioso ver um rico, nada menos que Buffet, a lembrar a pugna classista, mas há que não esquecer que um seu antecessor foi o ilustríssimo Friedrich Engels , ele até ligeiramente mais radical, e, portanto, apenas se tratou de retomar um precedente. O artigo do "New York Times" que aquele escreveu vai muito para além do tema "impostos" , somente um mote para a questão dos sacrifícios que as classes baixas e médias-baixas americanas aguentam devido às guerras (com o serviço militar voluntário é daqui que vem a carne para canhão) e ao desemprego.

Mas há que saber se a melhor forma de fomentar a justiça social é tentar ir ao bolso dos ricos ou procurar maneiras mais profícuas de extrair deles a sua quota-parte para benefício da comunidade, em particular por via da ideia da função social da propriedade. Ora, "tentar" é aqui uma palavra altamente enfatizada, pois, como bem sabemos, fugir aos impostos faz parte do elenco dos direitos humanos. Se alguém que me lê souber de algum personagem que pague IVA ao canalizador por serviços prestados lá em casa, que o dê a conhecer ao mundo, para que lhe seja erigida uma estátua. Logo, a questão aqui não é a de saber se se deve pagar imposto, mas se é possível cobrá-lo - para além da consideração do efeito colateral de por em fuga os capitais actuais e potenciais, todos ficando mais pobres. Para mim, tive a resposta nos longínquos tempos em que estudei Direito Fiscal, não por causa das doutas lições, mas porque, na época, os impostos que os trabalhistas cobravam em Inglaterra levaram os Rolling Stones a domiciliarem-se fora do país. A gloriosa banda é que me deu o mote para pensar no assunto - até porque, em evocação do evento o título do fantástico álbum seguinte foi "Exile in Main Street" - mas o incipiente fiscalista não deixou de registar a óbvia consequência da pressão fiscal, traduzida com toda a probabilidade na fuga generalizada de riqueza e talento. E se na época era assim, imagine-se na actualidade, quando qualquer bicho-careta abre uma conta na Suíça, país que fica à distância de uma tecla de computador. Não! Quem tem razão é D. Manuel Clemente, insigne bispo do Porto e homem de saber que, em entrevista televisiva , lá foi lembrando a função social da riqueza na criação de emprego, muito mais que presa fiscal. Provavelmente Mick Jagger está de acordo.

2- Outro momento de cegueira ideológica e falta de sentido pragmático foi o da investida contra o plano contra a pobreza do ministro da Segurança Social, logo apodado de "assistencialista", o que, em conceptualismo de Esquerda, deverá ser coisa abaixo de cão. Por mim, custa-me perceber como, racionalmente, a pureza do meio pode ter prevalência sobre a virtude do fim, não estando em causa nem a lei nem a moral. Se calhar, o programa contra a fome que Lula pôs em execução não passou de um perigoso desvio de Direita
."

Fernando Braga de Matos

sexta-feira, setembro 02, 2011

Before The Dawn

Vítor gastar

"Há por aí um "reality show" em que ganha quem conseguir perder mais peso durante o tempo de duração do concurso. Entre os contribuintes e o Estado, decorre há vários anos uma competição semelhante. O problema é que não jogam todos com as mesmas regras.

Neste passatempo desequilibrado, uns têm de emagrecer mesmo que não queiram ou não possam. E enquanto definham, o mais anafado de todos os concorrentes não só decide como, quando e quanta massa devem os outros perder, como se permite continuar a engordar ao ritmo das promessas sucessivas de que amanhã é que há-de começar a fazer dieta. O problema é que o amanhã nunca chega.

O documento de estratégia orçamental apresentado pelo ministro das Finanças tem, pelo menos, uma virtude. Mostra como as metas de redução do défice e da despesa pública inscritas em sucessivos programas de estabilidade e crescimento nunca foram cumpridas. Os governos sucederam-se desde a adesão de Portugal à Zona Euro, as garantias de que a doença das finanças públicas iria ser alvo de extermínio também foram renovadas ano após ano, mas nem o Estado emagreceu, nem os contribuintes deixaram de ser explorados, sempre a caminho de ficarem apenas com pele e osso.

Em todos estes anos que já se contabilizam por uma década, o Estado traçou metas reluzentes de saneamento das suas contas, mas alimentou falsas expectativas e foi sempre cedendo às tentações que lhe foram lançadas ao caminho pelos grupos de pressão. Portou-se como a vítima de obesidade que bebe um copo de leite magro ao pequeno-almoço para ajudar a engolir a bola de Berlim com creme. Isto nos dias de apetite moderado.

O documento que estabelece os objectivos da política orçamental para os próximos anos promete, novamente, romper com o círculo vicioso que matou a credibilidade do país e que o força, agora, a um internamento de desintoxicação. A análise da informação permite perceber que, já este ano, o contributo da redução da despesa para reduzir o saldo negativo das finanças públicas será superior ao que virá da receita, apesar do golpe que o Governo se propõe perpetrar nos bolsos de quem sustenta as administrações públicas. E conclui-se, também, que esta tendência se manterá até 2015.

A experiência passada aconselha a que se veja para só depois se poder acreditar. E uma atitude prudente como esta ainda ganha mais justificação caso se recorde que, antes de chegarem ao poder, os seus actuais inquilinos despachavam a resolução dos problemas com o vago combate ao desperdício e aos gastos injustificados, tendo já ficado claro que a primeira coisa que não quiseram desperdiçar foi a oportunidade de sacar mais dinheiro onde este estava a jeito de ser sugado.

A meta de chegar daqui a quatro anos com o défice próximo do zero é ambiciosa. Nunca foi atingida num regime democrático que inscreveu no seu código genético a original equação que permite distribuir riqueza antes, mesmo, de esta ser criada e que se transformou numa espécie de derradeira república socialista soviética, com uma economia devastada.

Para inverter o trilho de empobrecimento e libertar recursos para retomar uma trajectória de crescimento, é preciso, desta vez, que o candidato mais necessitado de fazer dieta cumpra de forma escrupulosa os objectivos que anunciou. A esperança que resta é que o ministro das Finanças não queira chegar ao final do mandato com a alcunha de "Vítor gastar
"."

João Cândido da Silva

quinta-feira, setembro 01, 2011

Love Will Keep Us Alive

Temos Governo ou cobradores de impostos?

"Sim, ainda é de facto cedo para avaliar o desempenho do Governo. Mas já começa a ser tarde para dizer que basta de anunciar novos impostos. Porque aquilo a que temos assistido até agora parece apenas o mesmo filme a que assistimos há uma década, sempre com novos personagens.

Vítor Gaspar corre o risco de se transformar no ministro que, quando fala, anuncia impostos. Sem alguma vez explicar com a mesma clareza como se vai cortar a despesa pública que colocará um fim a mais e mais impostos. Mesmo sabendo, todos nós, que menos gastos públicos vão significar o fim de alguns serviços prestados pelo Estado ou serviços públicos mais caros - como já acontece com os transportes ou com a saúde -, só atacando seriamente a despesa poderemos esperar que não haja mais novos impostos.

O ministro das Finanças fez até agora três importantes intervenções. Em todas elas anunciou um novo imposto. Na primeira foi o imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal; na segunda, a antecipação da subida do IVA na energia; e na terceira, a de ontem, a taxa adicional de solidariedade de IRS e IRC, uma espécie muito peculiar de imposto sobre os ricos.

O Governo tem dito até à exaustão que quer ser mais ambicioso nos objectivos do que o exigido pela troika. Até agora, essa ambição parece limitar-se aos impostos. Todos sabemos também que uma redução rápida do défice público só se consegue fazer com mais impostos. Mas o problema é que estamos há demasiado tempo a ouvir falar em desvios na despesa pública, que justificam esforços acrescidos dos contribuintes, sem qualquer sinal de uma estratégia centralizada para controlar esses desvios e para reduzir a despesa pública. Não são os anúncios avulso e para consumo mediático, deste e daquele ministro, a dizer que os cortes são históricos, que se vão diminuir chefias na Função Pública ou que se nomearam menos pessoas para o gabinete que vão resolver o problema. Com duas excepções, a dos ministros da Saúde e da Educação. Quem conhece a estrutura da despesa pública portuguesa sabe bem que essas medidas, que se podem classificar algures entre o populista e o voluntarista, valem financeiramente menos do que o suposto imposto sobre os ricos.

A intervenção de ontem de Vítor Gaspar soou dolorosamente a um "eu já ouvi isto, é o mesmo filme com mais de dez anos". Tal como pareceu repetitiva a leitura do Documento de Estratégia Orçamental com aquele famoso quadro com o contributo para a redução da despesa pública dos gastos com o pessoal, com isto e mais aquilo e ainda com os famigerados consumos intermédios, os favoritos de muitos ministros das Finanças.

É Vítor Gaspar que não quer cortar na despesa pública? Claro que não. Todos os ministros das Finanças desde praticamente Joaquim Pina Moura tentaram e não conseguiram. Tal como os seus antecessores, Vítor Gaspar é a receita, é o cobrador de impostos, e está nas mãos dos seus colegas de Governo, são eles a despesa.

A fiscalização da troika é a nossa única garantia de que o filme não pode ser o mesmo que já estamos a ver há mais de uma década. Mas valia a pena dar à troika, e a todos nós, mais garantias. Pedro Passos Coelho tem de começar a aparecer ao lado de Vítor Gaspar a anunciar as más notícias de mais impostos. Precisamos de um Governo, e não de cobradores de impostos
."

Helena Garrido

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