terça-feira, março 31, 2009

As causas da destruição do Euro, uma delas. Dá azia?

Durão Barroso foi oficialmente formalizado como o candidato do PartidoPopular Europeu (PPE) à presidência da Comissão Europeia por maiscinco anos.
A decisão, unânime, foi tomada pelos chefes de governosque integram o PPE: França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda,Luxemburgo, Polónia, Malta e Roménia, reunidos em Bruxelas.
No cargo desde 2004, Durão Barroso será eleito para um segundo mandato, com início agendado para 1 de Novembro, desde que os partidos do PPE ganhem as eleições europeias, em Junho, o que é tido como altamente provável.
O social-democrata português abandonou repentinamente em 2004 o cargo de Primeiro-ministro português para assumir a presidência da Comissão Europeia, provocando grande instabilidade política no país.
A notícia da (mais que eventual) recondução de Durão Barroso teve eco um pouco por toda a imprensa desde Portugal a um pouco por toda a Europa (ver Público, Jornal de Notícias, Expresso, RTÉ, Euronews,Finanzas, Times of Malta, The Earth Times, France 24, Libération).
É interessante verificar que mesmo políticos de esquerda, Primeiro-ministro português José Sócrates e centro-esquerda, Primeiro-ministro britânico Gordon Brown apoiam Durão Barroso,candidato pela ala direita europeia.
Porque tem tão grande apoio?
Porque será Durão Barroso reconduzido como presidente da Comissão Europeia?
José Manuel Durão Barroso é tido - nas altas esferas da governação europeia e mundial - como o perfeito instrumento do Clube Bilderberg.
Este clube é uma conferência anual não-oficial cuja participação é restrita a um número de 130 convidados, muitos dos quais são personalidades influentes no mundo empresarial, académico, mediático ou político.
Reúne-se anualmente, sempre em segredo, em hotéis de cinco estrelas reservados para a ocasião, geralmente na Europa, embora algumas vezes tenha ocorrido no Estados Unidos e Canadá.
A intenção inicial do Clube de Bilderberg era promover um consenso entre a Europa Ocidental e a América do Norte através de reuniões informais entre indivíduos poderosos.
A localização da reunião anual não é secreta, e a agenda e a lista de participantes são facilmente encontradas pelo público; mas os temas das reuniões são mantidos em segredo e os participantes assumem um compromisso de não divulgar o que foi discutido.
A alegação oficial do Clube de Bilderberg é de que o sigilo preveniria que os temas discutidos, e a respectiva vinculação das declarações a cada membro participante, estariam a salvo da manipulação pelos principais órgãos de imprensa e do repúdio generalizado que seria causado na população.
A teoria que mais se opõe à estratégia oficial diz que o Clube Bilderberg tem o propósito de criar um governo totalitário mundial.
Onde é que, especificamente, Durão Barroso entra no meio deste esquema?
Reproduzo uma entrevista concedida há cerca de três anos ao Semanário por Daniel Estulin, um dos principais activistas e denunciadores do Clube Bilderberg
'Daniel Estulin, que investiga o clube de Bilderberg há treze anos,fala sobre os portugueses que têm participado nas suas reuniões, na crise política de 2004 em Portugal e da influência de Bilderberg na escolha de Durão Barroso para presidente da Comissão Europeia. (...)
Quais os portugueses que participaram na reunião de Bilderberg deStresa, em 2004?
Francisco Pinto Balsemão ( ex-Primeiro-ministro, empresário com fortíssima influência na área dos media), Pedro Santana Lopes e José Sócrates ( actual Primeiro-ministro).
A lista de participantes portugueses ao longo dos anos é bastante extensa, se considerarmos o tamanho do país.
Nessa reunião, face ao poderio e influência de Bilderberg e ao fato de ser um clube predominantemente europeu e americano, alguém defendeu Durão Barroso para presidente da Comissão Europeia?
Recordo que Durão foi escolhido para a Comissão dias depois da reunião deBilderberg.
Torna-se importante compreender que é irrelevante quem ocupa a cadeirade presidente da Comissão Europeia.
Durão Barroso representa os interesses do "governo mundial".
Tanto Kissinger como Rockefeller ( proeminentes membros do Clube Bilderberg) apoiaram energicamente a candidatura de Durão Barroso para aquele posto. Barroso também foi amplamente apoiado pelosbilderbergers americanos em Stresa, por este ter apoiado a intervenção americana no Iraque. No entanto, Durão foi resguardado. Recorda-se da tão criticada cimeira dos Açores, justamente antes da Guerra doIraque?
O consenso na altura foi no sentido de não considerar Durão Barroso um verdadeiro participante na cimeira.
Agora, começa tudo a fazer sentido.
Ele foi afastado para tornar a sua nomeação para a Comissão Europeia mais apelativa.
Desta forma, ele não fica ligado ao fiasco iraquiano.
Outro dos apoiantes de Barroso foi John Edwards, candidato avice-presidente dos EUA, com John Kerry, que também esteve presente nas reuniões de Bilderberg.
Como nota de referência, relatóriosde várias fontes internas da reunião de Bilderberg que referem a fraca capacidade oral e a fraca personalidade de Barroso.
Decidiu-se mesmo limitar as suas aparições em público ao mínimo.
Kissinger, um membro permanente de Bilderberg, chegou ao ponto de o chamar, "off the record", "indiscutivelmente o pior Primeiro-ministro na recente história política. Mas será o nosso homem na Europa".'
O 'pior Primeiro-minsitro da história recente'?! 'Fraca personalidade'?!
Para nos ajudar a perceber melhor, vejamos um excerto da notícia publicada no Semanário sobre a recandidatura de Durão Barroso:
'tal como aconteceu em 2004, Barroso acaba por ser o homem útil ao sistema. Quem apostou nele há cinco anos, decididamente que hoje não se arrepende.
Barroso é um excelente executor, que não levanta ondas e que não é inconveniente nem irreverente politicamente.'O mesmo artigo refere que 'o apoio de Brown pode ter sido indiciador, desde logo, da luz verde deWashington à reeleição de Barroso'.
Não nos deixemos iludir; o mundo e as suas mais importantes decisões são controladas por um grupo muito restrito de poderosos que, quer na sombra quer declaradamente, traça do rumo dos principais acontecimentos políticos, sociais, e económicos.
No entanto, não é debaixo do governo dos homens que o cristão se deve refugiar!
'Vede aqui vos tenho ensinado estatutos e juízos. Guardai-os, pois, e fazei-os, porque esta será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que ouvirão todos estes estatutos e dirão: só este grande povo é gente sábia e inteligente. Porque, que gente há tão grande, que tenha deuses tão chegados como o Senhor, nosso Deus,todas as vezes que o chamamos? E que gente há tão grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje dou perante vós? Tão-somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos.' (Deuteronómio 4:5-9)

Sex machine

Música, maestro!

"Não, não se trata da ópera do Centro Cultural de Belém em que a assistência decidiu vaiar o senhor presidente do Conselho e a sua namorada por terem chegado meia hora atrasados. A ópera é outra e o assunto bem mais sério. Mas neste caso, infelizmente, não há uma monumental vaia para quem anda literalmente a faltar ao respeito aos indígenas sem qualquer vergonha na cara.

A ópera da corrupção tem imensos autores, uma multidão de solistas e milhões de figurantes. O espectáculo anda de terra em terra, é de borla e tem sempre, como se calcula, lotação esgotada. Não há bicho careta que não condene a corrupção e jure combatê-la com todos os meios ao seu alcance. Não há político que não jure a pés juntos que é sério de pai e mãe. Não há magistrado que não declare que a corrupção anda por aí e que a Justiça deve combatê-la com unhas e dentes. Todos de acordo, portanto.

O pior é o resto. E o resto é uma história de um sítio pobre, deprimido, manhoso, hipócrita, perigoso e cada vez mais mal frequentado que assiste espantado e sentado a uma ópera cada vez mais bufa, em que tudo se faz para evitar que o combate à corrupção seja eficaz e os corruptos sejam julgados e condenados. O poder político, responsável pela legislação penal, nomeadamente o PS e o PSD, nem quer ouvir falar do crime de enriquecimento ilícito, em que o ónus da prova ficaria a cargo do cidadão suspeito e não das autoridades. Isto é , qualquer indígena que ficasse milionário ao fim de uns anos de carreira política ou na administração pública teria de explicar muito bem a origem da sua fortuna.

O Bloco Central de interesses, que domina por completo o sítio, agarra-se à Constituição e aos direitos individuais para recusar uma medida essencial no combate à corrupção. E nesta enorme campanha a favor da corrupção ainda tem o apoio de uma parte da magistratura que há muito se vendeu aos interesses do poder dominante e usa os seus cargos para abafar em última instância os casos em que os diversos filtros penais foram insuficientes para evitar que as investigações chegassem a bom porto. E quando mesmo assim as coisas falham, já se recorre à ameaça para calar magistrados que pretendem de forma séria e isenta cumprir a sua missão.

Bem podem, por isso, andar por aí a debitar banalidades sobre a democracia, o Estado de Direito e a Justiça. Os patrões do sítio podem não ser corruptos. Mas não se livram de serem cúmplices conscientes de todos os corruptos
."

António Ribeiro Ferreira

O progresso em saldos

"Uma professora lançou a suspeita de que os Magalhães oferecidos (ou quase) às criancinhas possam estar a ser vendidos pelos respectivos pais ao desbarato. Nenhuma surpresa. Era de prever que, à semelhança do seu principal ideólogo e promotor, a engenhoca fosse mal empregada.

O eng. Sócrates, esse benemérito, deu-se a inimagináveis trabalhos para empurrar os portugueses rumo à modernidade. Os portugueses fingiram ouvir, aceitaram a benesse e, contas feitas (sem factura), permaneceram exactamente no sítio onde sempre estiveram, a desenrascar com manha uns trocos a expensas do Estado.

O primeiro-ministro olha o Magalhães e vê auto-estradas da informação, viadutos comunicacionais e, fora das referências rodoviárias, um futuro igual ao presente em voga "lá fora". Cá dentro, infelizmente, o povo olha o Magalhães e encena a fábula do boi e do palácio, com a particularidade de o boi não ter conseguido despachar o palácio por vinte ou trinta euros. Excepto por esse ligeiro sintoma de superioridade face ao ruminante, a verdade é que quem nasce para a Feira da Ladra não chega a Silicon Valley.

Ou à Dinamarca, que partilha com a Suécia e os EUA a vanguarda em matéria de implantação das novas tecnologias. Embora continue acima da Espanha e do Cazaquistão, Portugal caiu para 30.º na tabela do Fórum Económico Mundial (FEM), logo abaixo da Malásia e do Qatar. A vergonha das estatísticas é mais nítida quando se verifica que, segundo o mesmo FEM, o nosso Governo é o 4.º mundial no que toca à importância dada à informatização. Palácios a bois, de facto. Ou pérolas a porcos.

Se é improvável que, sozinhas, as transacções ilícitas do Magalhães expliquem o tombo de 2008, é altamente provável que motivem maiores tombos próximos. Nada garante que a prodigiosa máquina não seja objecto de exportação clandestina e que, neste momento, os fedelhos de Madrid e de Astana (a capital cazaque) não aprimorem a sua instrução graças ao génio inventivo da empresa JP Sá Couto e ao fulgor visionário do eng. Sócrates, que qualquer dia se cansa de aturar um povo boçal e ingrato. Isto se, como é próprio dos boçais e dos ingratos, o povo não se cansar dele primeiro
. "

Alberto Gonçalves

segunda-feira, março 30, 2009

Sobre a Democracia Directa

Sobre a Democracia Directa


Um dos problemas principais que colocam ás criaturas de Deus, deste sítio em particular ou mesmo deste mundo em geral, é o facto de nos terem impingido a ideia que estamos dependentes dos banqueiros, da democracia e dos governos por estes regimes gerados.
É facto conhecido que a História pode ser contada de muitas maneiras e habitualmente fala-se de personagens da nossa, de maneiras completamente diversas.
Dou um exemplo.

D. Maria I.

Se lerem a história contada por maçons convictos ou melhor por maçons apenas maçons, porque a convicção é uma coisa subjectiva e se for objectiva está enleada pelos ventos dos interesses, tratou-se de uma Rainha apenas doida e essencialmente muito religiosa o que para um maçon como o Sebastião de Carvalho, era crime de lesa majestade, e tendo este acabado com os autos de fé, inventou os autos de lesa majestade, matando e prendendo a eito quem se lhe opunha.

Sabe-se que a história do terramoto e da reconstrução de Lisboa foram coisa que de facto se não deve a ele, embora tenha recebido grandes ajudas das colónias que como bom maçon distribuiu pelos irmãos, amigos, enteados e enteadas e todo o tipo de gente que protegia.
Sabe-se a atitude criminosa que só um indivíduo de má índole faz, orientado por alguns dos que acreditavam que o Iluminismo era a solução para humanidade, mas sempre com grandes perdas humanas, hoje baptizadas pelos puritanos americanos e anglicanos de efeitos ou danos colaterais, desde que não atinjam os aliados ou amigos de ocasião, o que se proclamou chamar de mortos por fogo amigo, tal o semântismo destes hipócritas.

A outra história é que de facto D. Maria foi uma Rainha de Portugal que reformou e bem e governou muito melhor e por menos custos em vidas e em dinheiros públicos que o Marquês de Pombal.

Mas de facto, as perguntas que queria colocar eram duas.
Necessitamos dos bancos?
Necessitamos de votar?
Podemos tramar os bancos se de lá retirarmos o dinheiro e lhes pagarmos tudo o que devemos a eles e o que de mais precisarmos se pagarmos em dinheiro.
Acabamos com os multibancos e os pagamentos de dinheiro de plástico.
É claro que dá mais trabalho, mas podem crer que resulta se o fizermos, falo dos que ainda têm algum, porque os outros, podem sacá-lo à boa ou à má fé, é um risco, mas viver é um risco desde que nascemos.
Podemos fazer um banco onde todos os que lá têm o seu dinheiro saibam que é seu e o têm controlado.
A nível de países, esqueçam os G7, ou G12, se todos se unirem, podem criar uma moeda de facto, baseada no ouro, que como sabem é controlado a nível mundial pelos banqueiros centrais, dos tais tipos do Clube que se não pode dizer o nome, o Exelon(…), na quantidade e no preço, daí não darem a conhecer que de facto o ouro é um bem de confiança a partir do qual se deve fazer moeda, com valor fiduciário, não esqueçam o termo se estiverem a seguir o raciocínio.

Porque acham que continuam a ser eleitos os fulanos que são criados e mordomos dos donos do capital que não existe de facto?

Na Europa, no Brasil e por esse mundo fora apesar do tipo Lula dizer e falar nos olhos azuis, ele se quiser poder ter olhos azuis, basta colocar umas lentes de contacto, mas aquilo é tudo conversa fiada de um tipo como o Obama.
Não existe!

Os americanos já nem imprimem USD, acrescentam pura e simplesmente por sistema informático, como o fizeram a 4 triliões de USD e depois o mulato de serviço vem dizer com aquela candura toda que não, que pode, que é possível, reconverter a indústria automóvel, com dinheiro falso.

Se fosse outro tipo, seria preso ou o país estaria dado como falido e nas mãos dos seus donos, os tipos do Banco Mundial ou do FMI.
Deixemo-nos de tretas.

Necessitamos votar?
Acho que é o acto mais estúpido e sobretudo um exercício de masoquismo, idêntico ao de assistir aos jogos da selecção nacional de futebol, que já não é assim tão nacional, como a língua de Camões.
E se não se votar?
Cai o Carmo o Carmo e a Trindade podem crer.
Mas…não é isso no mínimo o que pretendem a grande maioria dos portugueses que não vivem de expedientes partidários?
Portanto lição a retirar.
Não votar e retirar o dinheiro dos bancos que nos roubam todos os dias.
Reparem o que pagam em juros, sobre um dinheiro que anda a circular e andando a circular, reparem quantos mais parvos andam a pagar juros, sobre… o mesmo dinheiro.

Uma mútua resolvia o problema e lixava estes arrogantes merdosos que nos lixam o dia a dia e que destruíram através dos seus esquemas a economia real.
Muitos capitalistas que acreditavam na economia que gera de facto riqueza e coisas palpáveis caíram no esquema, investiram em bens financeiros que afinal se revelaram jogos de casino, as bolsas .

O meu pai sempre me disse, se tiveres algum dinheirito nunca jogues, investe em coisa que se veja ou sinta, nem que seja numa noite bem passada…

Fiquem bem se quiserem e deixem o ar zorumbático, a democracia é a pior das ditaduras, olhando para os tipos que governam os G qualquer coisa, acham que um tipo de juízo, acordado de repente de um sono de 50 anos não os prenderia a todos, só pelo aspecto e pelo falajar?
Com este, não me colocam 3 cavalos Tróia, colocam-me uns 20, a coisa afinal está a inflacionar, mas os cavalos de que falo, são burros capados, com o devido respeito ao asno, que deve ser inteiro e morde, meus amigos da Mossad e do SIS, seus alunos das novas oportunidades, vão fazer alguma coisa de jeito, trabalhar p.e., mas isso não faz parte do vosso modus vivendi, ou errei?...

O Pelicano

Forte de Sacavém



O Reduto do Monte-Cintra (ou Monte-Sintra) vulgarmente conhecido como Forte de Sacavém, localiza-se na cidade de Sacavém, numa colina sobranceira á foz do rio Trancão.

Situado na margem direita do rio Trancão, no chamado Monte Sintra donde lhe advém o nome, a escassos 800 metros da sua confluência com o rio Tejo, a sua construção remonta ao início do século XIX, no quadro das obras de fortificação de Lisboa, que formaram o Campo Entrincheirado de Lisboa, implantando-se no topo de um pequeno morro a cerca de 35 metros de altitude e assumindo assim uma posição estratégica que envolve todo o espaço circundante.

De planta no formato pentagonal irregular (tipo Vauban), encontra-se rodeado por um fosso, estando parcialmente enterrado no solo, o que o torna pouco perceptível quando visto de uma altitude inferior, para além de possibilitar a absorção do eventual impacto de um projéctil disparado na sua direcção; estava também preparado para acolher infantaria ligeira na retaguarda e artilharia nos flancos.
Além disso, achava-se circundado por antigas fábricas (Fábrica de Loiça de Sacavém, indústrias tanoeira e de descasque de arroz), e presentemente, por blocos habitacionais e pelo Museu de Cerâmica de Sacavém. A leste corre a linha de caminhos-de-ferro da Azambuja, com a estação de Sacavém mesmo por detrás do forte, bem como o Parque do Tejo e do Trancão, na área do Parque das Nações.
Não obstante a antiguidade da povoação, o actual forte foi somente erguido na segunda metade do século XIX (no local onde fora erguida uma outra fortificação, no início desse mesmo século, construída no quadro das Linhas de Torres Vedras), na sequência da abertura da estrada militar que circunvalava a capital portuguesa, desde a ribeira de Algés até ao rio de Sacavém, passando por Monsanto, Benfica, Lumiar, Ameixoeira, Odivelas, Charneca, Camarate Olivais, Chelas, e terminando em Sacavém. Tanto este forte, em posição dominante sobre o Monte de Cintra, como as demais estruturas de apoio, tinham como função complementar a guarnição da última das linhas defensivas do acesso à capital, que integravam o Campo Entrincheirado de Lisboa.
Em 1965 foi formalmente declarado como imóvel sem valia militar, permanecendo no entanto a funcionar como paiol
.
Fosso


Em 1998, pouco tempo volvido sobre a elevação de Sacavém a cidade, o imóvel do forte passou por obras de restauro, conservação e readaptação do seu espaço, tendo sido reafectado ao Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território (MEPAT), e aí instalada o arquivo e demais inventário da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), dando origem ao projecto Registo Multimédia do Forte de Sacavém, para conservação de documentos textuais e iconográficos, assim como das modelagens 3D efectuadas.
Ao longo dos anos, obras clandestinas ou autorizadas pela Câmara Municipal de Loures têm vindo a ser executadas no talude do forte, pondo em risco a sua eventual estabilidade. Recentemente, a face do Monte-Cintra virada a Norte, tem vindo a ser desbastada tendo em vista a construção de novos imóveis de habitação virados para o Trancão.

A globalização da pobreza

As causas da crise e os seus causadores.
As consequências são o governo mundial e a destruição das classes médias e em sua substituição um enorme rebanho de proletários ou trabalhadores como se fazia antigamente nas praças para arregimentar um grupo de trabalho.
Aqui vai:

O banco central dos Estados Unidos - Reserva Federal (Fed) - é uma entidade privada cujos capitais são controlados pelos bancos que comandam o opaco mundo da alta finança global, a partir de Wall Street e da City de Londres;

Cinco presidentes americanos ou foram assassinados ou sofreram atentados por se terem oposto ao modelo de um banco central dominado por bancos privados;

O controlo accionista do Fed é um dos segredos mais bem guardados do país;

O Sistema da Reserva Federal, na prática, é um cartel de bancos privados a quem os políticos do país deram, em 1913, o monopólio exclusivo da criação de moeda e, por via disso, da gestão dos fluxos monetários;

Em troca desta e de outras benesses, a classe política norte-americana recebeu a promessa dos banqueiros de terem acesso permanente aos recursos monetários necessários para alimentar a máquina do Estado e satisfazer os ímpetos despesistas dos partidos no poder;

Para além da cobrança de juros, os banqueiros viram aprovada a lei que criou o Imposto sobre o Rendimento e, desde então, os cheques dos contribuintes americanos são endossados ao Fed e não à Fazenda Nacional (Tesouro);

Desde a sua fundação, nenhum cargo executivo do Fed - incluindo os que formalmente são propostos pelo Presidente dos EUA - foi ocupado por alguém sem o beneplácito das dinastias financeiras Rothschild, Morgan e Rockefeller;

O Sistema da Reserva Federal, criado para “dar estabilidade” à moeda e à economia gerou duas grandes depressões (1929 e 2007) e várias recessões severas;

Entre 1913 e 2008, o valor do dólar registou uma desvalorização de 98%;

O sistema é gerador de um imposto invisível - inflação - que deliberadamente é apresentado como resultante da subida dos preços quando, na realidade, é provocado pela depreciação da moeda;

O dinheiro é criado a partir da dívida gerada pelo governo junto do banco central e não da riqueza produzida na economia real pelas empresas e pelos particulares;

Por cada milhão de dólares de crédito concedido pelo banco central ao governo nove milhões são concedidos aos outros agentes económicos e apenas um milhão é mantido como reserva;

O sistema é uma infinita espiral de dívida - pública e privada.
Portanto quem exportou o lixo que contaminou a crise subprime ao sistema da economia productiva foram estes senhores e outros, com a conivência dos banqueiros centrais europeus e dos governos que representam a sociedade "ocidental".
Podemos ter que os gramar, mas não me chamem de urso.
Este indivíduo que não devia nem estar já à frente do governo de nome Sócrates, quando fala que é contra o neoliberalismo foi um dos seus maiores defensores.
Quem estiver atento saberá, que o estado se transformou numa enorme agência de clientelas, a maior das quais as empresas de outsourcing...dos amigos.
Poderia enumerar as muitas mentiras deste indivíduo, mas parece que não vale a pena, as pessoas do sítio, gostam de ser escravizadas por medíocres sob a capa da democracia que tudo serve para cobrir.
A justiça como foi há muito vendida a baixo preço está também em outsourcing e os seus agentes por pouco se renderam e nem funcionários públicos já são, muito menos orgãos de soberania, não se podem escudar nos códigos, porque há muitas maneiras de dar voltas à lei, se quiserem...
O Pelicano

João Vale e Azevedo

"A apreciação do recurso de João Vale e Azevedo contra a extradição para Portugal está agendada para 13 de Maio em Londres (mais aqui)"
Este homem, como símbolo da actual geração que domina este politicamente correcto, merecia uma estátua. Muitos o tentam imitar mas ele é único…

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Portugal moderno.

"Brasileiro morreu quando mostrava a arma na Cova da Moura (mais aqui)"
Uma notícia que reúne, numa só cajadada, todos os ingredientes do Portugal politicamente correcto do século XXI

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I Got Erection

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Assim vai a OA

"Carlos Pinto de Abreu acusa Marinho Pinto de ter censurado a publicação de um artigo seu no Boletim da Ordem dos Advogados. O jurista estranha ainda que a edição com a peça do bastonário sobre o caso Freeport «já ande pela comunicação social» mesmo antes de ter sido distribuída aos advogados (mais aqui)"

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Perguntas

"Porque é que o cidadão José Sócrates ainda não foi constituído arguido no processo Freeport? Porque é que Charles Smith e Manuel Pedro foram constituídos arguidos e José Sócrates não foi? Como é que, estando o epicentro de todo o caso situado num despacho de aprovação exarado no Ministério de Sócrates, ainda ninguém desse Ministério foi constituído arguido? Como é que, havendo suspeitas de irregularidades num Ministério tutelado por José Sócrates, ele não está sequer a ser objecto de investigação? Com que fundamento é que o procurador-geral da República passa atestados públicos de inocência ao primeiro-ministro? Como é que pode garantir essa inocência se o primeiro-ministro não foi nem está a ser investigado?

Como é possível não ser necessário investigar José Sócrates se as dúvidas se centram em áreas da sua responsabilidade directa? Como é possível não o investigar face a todos os indícios já conhecidos? Que pressões estão a ser feitas sobre os magistrados do Ministério Público que trabalham no caso Freeport? A quem é que o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público se está a referir? Se, como dizem, o estatuto de arguido protege quem o recebe, porque é José Sócrates não é objecto dessa protecção institucional? Será que face ao conjunto de elementos insofismáveis e já públicos qualquer outro cidadão não teria já sido constituído arguido? Haverá duas justiças? Será que qualquer outro cidadão não estaria já a ser investigado? Como é que as embaixadas em Lisboa estarão a informar os seus governos sobre o caso Freeport? O que é que dirão do primeiro-ministro de Portugal?

O que é que dirão da justiça em Portugal? O que é que estarão a dizer de Portugal? Que efeito estará tudo isto a ter na respeitabilidade do país? Que efeitos terá um Primeiro-ministro na situação de José Sócrates no rating de confiança financeira da República Portuguesa? Quantos pontos a mais de juros é que nos estão a cobrar devido à desconfiança que isto inspira lá fora? E cá dentro também? Que efeitos terá um caso como o Freeport na auto-estima dos portugueses? Quanto é que nos vai custar o caso Freeport? Será que havia ambiente para serem trocados favores por dinheiros no Ministério que José Sócrates tutelou? Se não havia, porque é que José Sócrates, como a lei o prevê, não se constitui assistente no processo Freeport para, com o seu conhecimento único dos factos, ajudar o Ministério Público a levar a investigação a bom termo?

Como é que a TVI conseguiu a gravação da conversa sobre o Freeport? Quem é que no Reino Unido está tão ultrajado e zangado com Sócrates para a divulgar? E em Portugal, porque é que a Procuradoria-Geral da República ignorou a gravação quando lhe foi apresentada? E o que é que vai fazer agora que o registo é público? Porque é que o presidente da República não se pronuncia sobre isto? Nem convoca o Conselho de Estado? Como é que, a meio de um processo de investigação jornalística, a ERC se atreve a admoestar a informação da TVI anunciando que a tem sob olho? Será que José Sócrates entendeu que a imensa vaia que levou no CCB na sexta à noite não foi só por ter feito atrasar meia hora o início da ópera?
"

Mário Crespo

Os árbitros do pensamento

"Onde se sustenta que os chamados "bem pensantes" politicamente correctos tentam impor o pensamento normalizado, se não com bastão de borracha, pelo menos pela pressão psicológica.

Na semana passada, terminou um estudo de 6 anos, no Parlamento Europeu, com o fim de fazer desaparecer das línguas europeias vocábulos identificadores de género. Assim ficam aconselhados os povos a fazerem extinguir o "sr." e "srª" que antecedem os nomes próprios, passando a usar-se simplesmente o nome e a função ou cargo (p.e. António Ramalho Eanes, reformado). Entre outras recomendações do mais alto interesse em prol da igualdade, destaca-se também o extermínio do genérico masculino, como em "os médicos", passando esses e essas a ser designados por "pessoas que se dedicam à medicina".

Enquanto o pessoal politicamente correcto (PC) anda entretido com estas fundamentais questões, a gente normal fica sossegadamente divertida. O problema é que o dito grupo raramente se revela assim anódino. Peritos em usar insulto e intimidação verbal, esquecem facilmente a fundamentação do ponto de vista.

A táctica é velha, consistindo em fazer colar ao oponente uma ideia de desvalorização, de modo a que quem esteja a formar opinião fique constrangido se identificado com a orientação odiosa. É a pressão psicológica, não o mérito do argumento, que se usa para ganhar adeptos e vencer discussões.

Na semana passada, vimos os "bem pensantes" na sua melhor forma, quando Bento XVI se pronunciou em África sobre o uso do preservativo para protecção contra a SIDA. As notícias que li diziam: "Papa condena o uso do preservativo". Sendo Ratzinger um académico e um racionalista, fiquei céptico quanto ao exacto enunciado. Realmente, o que ele disse foi diverso: "Não resolve o problema... antes o agrava". E quais são os factos? Em países como a Swazilândia e o Botswana, onde se aplicou a estrita receita do preservativo, as coisas pioraram, mas não onde se deu predominância à abstenção e fidelidade conjugais, como o Quénia e a Etiópia. No final, e segundo a maioria dos especialistas, parece que o remédio óptimo é a combinação das três coisas - a evidente receita cumulativa(1).

Seja como for, o que importa para ilustrar o meu ponto de vista, é que a inundação de insultos que se seguiu, que chegou ao apodo de "criminoso", não demonstrou qualquer preocupação de discutir, criticando, antes de rebaixar por via do ultrage . As coisas até chegaram ao ponto do feérico quando um dos grandes corifeus do PC, o nosso vizinho Zapatero, mandou bombardear a África com um milhão de preservativos pouco usados (ou foram antes pelo correio, já nem sei), retaliando contra Bento XVI.

Outro tema em grande voga, que provoca um verdadeiro êxtase PC, é o do casamento homosexual.

Aqui os argumentos são simples, com suficiente mérito de ambos os lados. A favor, salienta-se a igualdade de direitos; no oposto, o simbolismo da família tradicional e a criação de uma figura idêntica ao casamento, vulgarmente chamada "união civil", como existe em França e Inglaterra.

Porém, como sempre, os "bem pensantes" pró-casamento gay entram rapidamente na invectiva e na estridência. Por exemplo, na cerimónia dos Óscares, o conhecido actor e activista, Sean Penn, declarou no discurso de agradecimento, em tom emocional, que os opositores deviam ter "vergonha". Podia ter salientado o valor da ideia; preferiu vilipendiar quem se opusesse. Do mesmo modo, cá na terrinha, no conhecido programa "Prós e contras", a que assisti, fiquei impressionado com a vociferação de apoiantes e pouco surpreendido do modo como rapidamente estavam a acusar os oponentes de "homofóbicos". Típico.

Neste furor politicamente correcto não escapa ninguém que se atreva a transgredir, até sem intenção, nem mesmo o reitor de Harvard. Edward Summers, catedrático, antigo secretário do Tesouro de Clinton e actual principal conselheiro económico de Obama, lá teve que largar a função depois de ter assinalado que na universidade se notava deficiente prestação das mulheres nas carreiras de matemática e ciências, deixando como hipótese causal possíveis diferenças genéticas entre os sexos. Aflorou também outras hipóteses como menor motivação por razões familiares e de maternidade, mas a heresia estava dita e a censura das feministas não lhe perdoou. Claro que são as de tipo castrador, mas têm lobby, capacidade de insulto e furor vingativo. E o Larry lá teve que se demitir no furacão a que o Boston Globe chamou "feminist takeover".

É para mim evidente que, no mundo civilizado e esclarecido, os homens são admiradores das mulheres e, sendo heterosexuais, até podem ir ao ponto da alienação mental (daí a designação científica "louco por mulheres").Pelo menos, até por simples decência, desejam a igualdade de direitos e de oportunidades, para além de condenarem com veemência todas as práticas de subjugação das mulheres. Mas toda a gente há-de querer conhecer as razões de diferenças, desde a superioridade dos homens em bridge e xadrês até ao maior sucesso feminino no acesso às universidades ou à sua maior longevidade. O que for facto é facto, e não se pode recusar só porque infringe convicções politicamente correctas. No acesso ao conhecimento não é admissível o preconceito, apenas amor à sabedoria e à verdade. Mas, amigos leitores (ou melhor, amigas pessoas dedicadas à leitura), como isto vai, qualquer dia até contar anedotas de loiras nos proíbem.

(1) Apresso-me garantir, não vá algum PC partir-me as janelas cá de casa, que sou completamente a favor do preservativo, até por razões anticoncepcionais e não apenas de protecção contra doenças sexualmente transmissíveis
. "

Fernando Braga de Matos

O 'x' do problema e o 'x' do cromossoma

"Até agora, as listas eleitorais promoviam, por omissão, a igualdade de género. Os candidatos eram escolhidos segundo critérios triviais: a notoriedade pública, a influência nas "bases", o compadrio, a "cunha", o trabalho em prol do partido, os favores prestados a A ou a B (C é ingrato), etc. A masculinidade e a feminilidade não vinham ao caso, e se as listas apresentavam um enorme desequilíbrio em favor dos machos da espécie, o facto devia-se a circunstâncias fortuitas, ou à constatação de que existe mesmo uma peculiar, e superior, sensibilidade feminina perante a política: as senhoras têm bom gosto e mais o que fazer.

Aprovada em 2006, a Lei da Paridade obriga a encher com mulheres um terço dos lugares disponíveis. Além de discriminatória, a dita lei foi obviamente concebida por misóginos a fim de enxovalhar o sexo oposto. Sucede que oposto não é sinónimo de estúpido, donde as senhoras que já desprezavam a política quando nesta se ascendia independentemente do género terão dobradas razões para a desprezar agora. Por outras palavras, nenhuma sujeita de inteligência e dignidade medianas aceitará servir de pechisbeque a estratégias oportunistas e vexatórias.

Que sujeitas aceitarão? Francamente, não sei. De acordo com o DN, parece que alguns partidos, em apuros para recrutar donzelas, também não sabem. Percebo-os. Entre os poucos exemplares femininos que hoje se sentam na Assembleia da República sem se distinguirem particularmente do padrão masculino, já é frequente encontrar ex-secretárias de autarcas ou familiares de caciques com nítidas dificuldades em assinar o próprio nome. O que haverá abaixo disto? Assim de repente, ex-secretárias ou familiares de caciques que assinam o próprio nome com um "x".

De futuro, se bem ensinadas, talvez as analfabetas do "x" aprendam a comportar-se devidamente no Parlamento, ou seja, a levantar-se ou a sentar-se no momento de votar as normas que nos regem. O PS e o Bloco estão optimistas e acham a mudança benéfica para a democracia. Com certeza, no sentido de que qualquer um pode realmente chegar a deputado, embora o sentido de "qualquer um", ou "qualquer uma" (peço perdão), escusasse de ser tão literal
."

Alberto Gonçalves

domingo, março 29, 2009

Sistema financeiro global ferido de morte

A precária situação da banca americana e a realidade do mercado monetário REPO (recompra de activos financeiros) são bombas-relógio que podem, mais depressa do que muitos pensam, fazer implodir o sistema financeiro global.
Citibank, Bank of America, HSBC (USA), Wells Fargo e JP Morgan Chase poderão sofrer perdas bilionárias nos próximos meses e desestabilizar o sistema financeiro global segundo dados recolhidos nos respectivos relatórios e contas de 2008.
Em conjunto, até 31 de Dezembro, os riscos de prejuízos líquidos com instrumentos derivativos de crédito aumentaram em USD 587 mil milhões/bilhões (mm/bi), um crescimento de 49% nos últimos 90 dias de 2008.
O cenário da exposição actual e futura daqueles bancos aos famigerados Credit Default Swaps (CDS) - seguros de crédito para protecção de riscos de incumprimento financeiro - contratados pelos clientes daquelas cinco insituições, envolvidos em operações especulativas, dá razão aos analistas mais sensatos e realistas:
JP Morgan Chase: Risco Actual (RA), USD 241,2 mm/bi; Risco Futuro (RF), USD 299 mm/bi - Reservas actuais: USD 144 mm/bi;
Citibank: RA, USD 140,3 mm/bi; RF, USD 161,2 mm/bi; Reservas actuais: USD 108 mm/bi;
Bank of America: RA, USD 80,4 mm/bi; RF, USD 137,6 mm/bi; Reservas actuais: USD 122,4 mm/bi;
HSBC Bank USA: RA, USD 62 mm/bi; RF, USD 33 mm/bi; Reservas actuais: USD 20 mm/bi; Como banco estrangeiro, o HSBC não recebeu qualquer apoio financeiro do Tesouro dos EUA;
Wells Fargo: RA, USD 64 mm/bi; RF, USD 45 mm/bi; Reservas actuais: USD 109 mm/bi; A recente compra do banco Wachovia pelo Walls Fargo, poderá aumentar substancialmente os riscos futuros.
Os potenciais riscos combinados de USD 587 mm/bi excedem largamente as reservas em capital para situações de stress financeiro agudo - USD 497 mm/bi.
Acresce que, para além dos riscos com CDS’s, a exposição dos cinco bancos a outros derivados de crédito - câmbios, taxas de juros, etc. - ultrapassa 1,2 mil biliões de dólares, situando-se bem acima da fatídica fasquia dos trillions. Mil biliões de dólares - one trillion - equivalem actualmente a 7% do PIB dos EUA.
O professor da Economia, Laurence Seidman, da Universidade de Delaware (Newark) fez uma conta interessante. O equivalente ao produto norte-americano - 14 trillion - daria 540 voltas ao Equador se fosse transformado em notas de 100 dólares coladas umas às outras…
Se tivermos em conta que as injecções estatais de capital no Citibank e no Bank of America ascendem respectivamente a USD 50 e 45 mm/bi, sem esquecer mais USD 100 mm/bi para garantias a empréstimos - facilmente se conclui que, sem ajudas públicas adicionais, em 2009, os principais bancos norte-americanos sofrem sérios riscos de insolvência.
Especialistas concordam
Os cinco bancos referidos detêm 95% do mercado de derivativos dos Estados Unidos. Perante esta realidade, qual a opinião dos especialistas? Acreditam na sua sobrevivência?
“Não acredito em nenhum dos números apresentados pelos bancos”; David Wyss, economista-chefe da agência de rating Standard & Poor’s;
“Os riscos dos big banks são tão grandes que os transformaram numa espécie de condenados a caminho da cela da morte”; Gary Kopff, presidente da Everest Management, empresa especializada em acções judiciais contra a banca;
“A única solução é rebentar com o mercado dos derivativos - CDS’s, swaps e produtos estruturados - e começar tudo de novo”, Myron Scholes, Prémio Nobel das Ciência Económicas (1997), co-autor do modelo Black-Scholes para cálculo dos preços dos derivativos;
“[Os derivativos] tornaram praticamente impossível aos investidores a compreensão e a análise dos balanços dos bancos. (…) Quando leio os relatórios e contas das companhias envolvidas em derivados chego à conclusão de que não sei nada sobre a situação real das respectivas carteiras. É aí que tomo logo uma aspirina.”; Warren Buffett, presidente da holding Berkshire Hathaway, conhecido como o “Oráculo de Omah”, um dos mais respeitados investidores e especuladores dos EUA; Em 2003, em carta aos accionistas, Buffett apelidou os derivativos de “armas financeiras de destruição maciça”;
“Há quatro meses, os 10 maiores bancos dos EUA tinham uma capitalização bolsista de USD 722,73 mm/bi. Esta semana, este número encolheu 2/3 para USD 237,83 mm/bi. Em apenas quatro meses, os banqueiros roubaram aos accionistas USD 484,9 mm/bi, ao mesmo tempo que roubavam outros USD 250 mm/bi aos contribuintes e ao Tesouro, em fundos de emergência”; Joseph L. Galloway, McClatchy Newspapers, 28-01-2009;
“A distorção dos preços dos complexos derivativos de crédito (…) causou prejuízos a grandes instituições financeiras e colocou algumas, como a AIG, à beira do colapso. A proliferação de tais derivativos expôs aquelas instituições a perdas indirectas caso alguma das partes vá à falência.”; Aline van Duyn, Financial Times, 07-03-2009;
“Penso que o mercado CDS está actualmente em fase de completo e acelerado deslocamento. Também assumo que os vendedores de CDS’s fizeram a agulha para a venda a descoberto de activos (acções, futuros e fundos transccionados em bolsa [ETF’s]) numa tentativa desesperada para se protegerem de prejuízos crescentes. Isto colocou pressão adicional em mercados contaminados. Por outro lado, a situação é altamente prejudicial quando as acções detidas pelos nossos maiores credores, e pelas instituições financeiras, estão todas atadas a uma verdadeira espiral da morte. Estas dinâmicas, seguramente, vão provocar uma nova onda de desalavancagem financeira a nível global.”; Dawn Kopecki, Bloomberg, 05-03-2009.
REPO: A ameaça invisível
As metástases do tumor maligno que corrói o sistema financeiro global têm origem no mercado REPO norte-americano, regulado pelo banco central dos Estados Unidos - Reserva Federal (Fed) - que assume uma função nuclear no sistema de crédito global.
Nele, uma escassa vintena de bancos privados executa operações de protecção de riscos e de alavancagem financeira.Os movimentos geram a informação necessária ao Fed para fazer funcionar os instrumentos usados na sua política monetária.
Para se entender como funciona, socorremo-nos de um documento publicado pelo Banco Internacional de Pagamentos (BIS, em inglês). Os mecanismos mais importantes são os seguintes:
Neste mercado, os títulos de dívida são transaccionados contra numerário, sendo a respectiva recompra contratualmente estabelecida;
Títulos ou dinheiro funcionam como garantia para cada um dos mutuários;Entre as modalidades mais utilizadas contam-se os contratos standard, os acordos de venda ou de recompra e os empréstimos obrigacionistas;
Todos visam a aquisição de capital ou de títulos, consoante as necessidades operacionais dos bancos;
Os contratos REPO podem ser usados para alavancar negócios, financiar investimentos com maturidades mais dilatadas ou para protecção de riscos financeiros;
A forte natureza de curto prazo das garantias implica uma estreita ligação aos mercados obrigacionistas, interbancários e monetários e exponencia a utilização de produtos financeiros derivados e estruturados;
Teoricamente, os contratos REPO têm um risco baixo e são instrumentos eficazes para a gestão da liquidez e do risco financeiro por parte dos bancos centrais;
A presente crise liquidou a tese do “baixo risco”. De facto, na sequência dos excessos e da orgia especulativa que caracterizou a gestão bancária na última década, o mercado REPO é tão vulnerável quanto os outros aos diversos tipos de risco - crédito, operacional e liquidez - e à volatilidade que lhes é inerente.
A depreciação dos títulos implica automaticamente a desvalorização das garantias. Esta situação obriga os bancos a vender activos ou garantias com penalizações ou com descontos.
O problema agrava-se nas operações de alavancagem financeira. A deficiente fiscalização e supervisão da qualidade das garantias, sobretudo nos últimos dois anos, escancarou as falhas do sistema.
O então presidente do Fed de Nova Iorque e actual secretário do Tesouro, Tim Geithner, em 2008, deu a mão à palmatória:
“A estrutura do sistema financeiro mudou radicalmente, durante o boom, com o crescimento dramático da quota de activos exteriores ao sistema bancário tradicional. O sistema financeiro não-bancário [ex.: hedge funds] cresceu muito, sobretudo nos mercados monetários e financeiros. Este sistema paralelo financiou muitos activos nos mercados REPO, numa base de curtíssimo prazo, que envolviam transacções entre dois ou três mutuários. Com a expansão do volume daqueles mercados, a variedade dos activos financiados passou a incluir também títulos menos líquidos. (…) A dimensão dos activos relativamente ilíquidos e de elevado risco, financiados através de garantias de curto prazo, transformaram alguns veículos e instituições do sistema financeiro paralelo em alvos vulneráveis às clássicas corridas aos depósitos, os quais não dispõem das protecções oferecidas pelo sistema bancário tradicional para redução daqueles riscos.”
O diagnóstico de Geithner assume outra importância quando constatamos que o Fed facilita este tipo de transacção a apenas 20 bancos - os chamados “dealers primários” - cujo nível de alavancagem chega a atingir rácios cinquenta a cem vezes superiores aos seus capitais próprios. Por esta razão a sua dependência das operações REPO é gigantesca e as necessidades de capital directamente proporcionais.
Os principais fornecedores dos recursos que alimentam este mercado são fundos monetários, grandes conglomerados industriais, governos locais e federais bem como bancos centrais de países estrangeiros.
Fed intoxicado
Até ao início do milénio, os Títulos do Tesouro dos EUA eram considerados tão bons como dinheiro fresco. Desde 2005, os alquimistas financeiros encarregaram-se de atulhar o sistema com uma parafernália de derivativos - CDO’s, MABS’s, CDS’s, ABS’s e dezenas de outros - hoje tristemente celebrizados sob a designação de “activos tóxicos”.
Este lixo financeiro está a apodrecer os balanços da banca comercial e já começou a inquinar o sistema nervoso central dos EUA - o Fed - e a contaminar o resto do mundo.
O problema tornou-se evidente com o colapso do mercado CDO - Collateralized Debt Obligation - na sequência da implosão do segmento hipotecário de alto risco ou subprime. A descredibilização das notações fez o resto.
Quando se verificou que os ratings AAA eram pura ficção, o apetite pelo risco diminuiu radicalmente. Em escassos meses o mercado secou, os compradores desapareceram e os vendedores ficaram com as carteiras entupidas com papéis sem valor.
No final de 2008, o economista Gary Gorton - professor da Universidade de Yale e membro do National Bureau of Economic Research (NBER) - diagnosticou os tumores malignos que afectam o sistema, oriundos do segmento REPO.
“A crise do crédito - notou Gorton - foi estimulada pelo choque nos fundamentais. Os preços do imobiliário deixaram de subir e, em consequência, gerou uma crise de confiança nos mercados. O mercado norte-americano de acordos de recompra, estimado em USD 12 mil biliões - maior do que o total dos activos do sistema bancário dos EUA (USD 10 mil biliões), em particular, agudizou a ausência de liquidez durante a crise devido aos receios de incumprimento contratual [counterparty default]. Nas carteiras dos fornecedores de crédito acumularam-se indesejados activos ilíquidos, levando-os a acreditar que não poderiam ser vendidos. O resultado foi a subida dos depósitos iniciais, facto que provocou um movimento massivo de desalavancagem.”
Segundo Gorton, a exacerbação do stresse no mercado REPO é visível no segmento dos títulos da dívida pública americana. Os incumprimentos na devolução de títulos sob empréstimo aos respectivos proprietários “baterem recordes”. O sino tocou a rebate e aos agentes do mercado começaram a ficar nervosos e hipersensíveis…
O advogado malaio, especialista em finanças públicas, Matthias Chang, antigo secretário político do ex-primeiro-ministro da Malásia, Mahathir bin Mohamad, pegou no tema e escreveu um um oportuno artigo sobre a falência do banco central dos EUA (Federal Reserve, Fed) e o papel que o mercado REPO desempenha no processo.
“Tem havido - escreveu Chang - uma relação incestuosa entre o sistema bancário tradicional e sistema bancário paralelo. O elo que os une é o mercado REPO. De facto, este é o elo mais fraco de todo o sistema financeiro. (…) O congestionamento do mercado REPO é a base da minha tese de que, para além da terrível realidade financeira, ele é o principal factor que contribui para a bancarrota da Reserva Federal”.
O especialista malaio recorre a uma curiosa analogia para explicar a importância da função deste mercado na estabilidade do sistema financeiro:
“Imagine uma corda com três centímetros de diâmetro. A corda é composta por uma série de fios, mais finos, digamos que com 0,3 centímetros de diâmetro cada um. Todos unidos eles asseguram a robustez da corda. Agora imagine que os fios externos se partiram e resta apenas o fio central a suportar toda a tensão. Mais tarde ou mais cedo também vai rebentar e tudo aquilo que suporta vai cair desamparado. O fio central é o mercado REPO.”
Claro que o problema se agrava quando o próprio Fed se dispôs a comprar activos tóxicos para “limpar” os balanços dos bancos e “ilibar” o crime de especulação cometido por irresponsáveis banqueiros privados, conforme alertámos em Outubro. Um mês depois, o próprio secretário do Tesouro, “Hank” Paulson, reconheceu o disparate.
Ainda assim, isso não impediu que os activos ilíquidos aumentassem perigosamente nas contas do banco central dos EUA.
Boa parte do resultado da demência de banqueiros privados é agora passivo público, debitado a futuras gerações de contribuintes por acção dos banqueiros privados que ocupam cargos estatais.
Consequências dolorosas
Conforme notou recentemente Felix Zulauf, na revista Barron’s, “se o passivo do Fed tivesse de ser coberto por ouro cada onça custaria mais de 6.000 dólares. Não voltaremos ao padrão ouro mas os mercados nunca mais vão acreditar nos bancos centrais.”
Durante o biénio 2009-2010, as consequências das intervenções do Fed serão as seguintes, com repercussões dramáticas na Zona Euro e no resto do mundo:
Massivo endividamento público, com um défice orçamental que galgará a astronósmica fasquia de USD 2 mil biliões/trilhões;
Explosão dos custos do crédito;
Regresso das pressões inflacionistas;
A combinação juros elevados/inflação alta anulará efeitos práticos dos programas de emergência financeiros e penalizará a economia real;
Crises cambiais, com o dólar e o euro no pelotão da frente.
A manipulação dos mercados, operada concertadamente pelos banqueiros centrais do G7 e seu aliados, vai continuar.
Em 2008, os resultados foram-lhes favoráveis. Porém, a contagem decrescente para o acerto de contas já começou.
Mais tarde ou mais cedo, o lixo varrido para debaixo do tapete vai aparecer em toda a sua plenitude.
O cheiro será desagradável.
(Parte I - Fim)
MRA Dep. Data Mining
Pedro Varanda de Castro, Consultor
Penso que ao menos devem ler.
Não é necessário ser economista para perceber.
Aliás, os economistas se lerem provavelmente irão dizer os disparates que diziam, antes da crise subprime.
Trata-se de um problema ou de entendendimento ou de obediência aos donos.
Por cá os dos bandos, lá se vão governando e até dizem que não comentam o que deveriam comentar, estão preocupados com o funcionamento das instituições democráticas, coisa que ainda não descobri o que são, todos os bandos sem excepção, quando se fala de corrupção dizem que o problema é com os tribunais, e como sabem como a justiça funciona...
Afinal os códigos são aprovados por eles, e por quem mais?
Juízes em causa própria.
Não é agradável, mas meter a cabeça na areia também.
Como estamos num sítio sem estado de Direito é ao menos um artigo para desenjoar.
Pelicano

Segredos do Fed, reservas de ouro e feudalismo financeiro

A questão de quanto ouro está guardado nos cofres de Fort Knox, e a quem pertence, alimenta polémicas em meios políticos e financeiros dos Estados Unidos, desde há muitos anos, mas sem repercussão assinalável nos chamados media de referência.
Hoje, a uma semana da cimeira do G20 sobre o futuro do sistema financeiro global, o diário londrino Times resolveu dar à estampa um artigo, sob o título “Haverá algum ouro guardado em Fort Knox, o cofre mais seguro do mundo?”.
Mais vale tarde, do que nunca, mesmo que o articulista não vá tão fundo quanto o assunto merece e a severidade da presente crise do modelo financeiro mundial aconselha.
Por outro lado, também seria interessante saber por que razão um dos jornais mais emblemáticos do conglomerado mediático do globalista Rupert Murdoch resolveu agora dar cobertura aos paladinos das teses monetárias que, imperialmente, durante anos, censurou, substimou e desacreditou.
O que o Times diz
No artigo, é dada nova expressão a velhas dúvidas dos críticos norte-americanos sobre as desvantagens do abandono do padrão-ouro e a sustentabilidade do actual sistema monetário do país. Ele assenta em papel-moeda cuja garantia de reembolso, em termos de contra-valor, é apenas outro papel - dólar - e a palavra do governo de Washington.
Neste quesito, a ombridade da Presidência dos Estados Unidos ficou seriamente danificada quando, em 1971, Richard Nixon anunciou ao mundo que “temporariamente”, o país iria suspender os pagamentos em ouro aos detentores de dólares.
A medida, que rapidamente passou a definitiva, liquidou o acordo de 1944, selado em Bretton Woods pelas 44 nações aliadas contra a Alemanha e o Japão. Foi ele que serviu de base à criação do actual sistema monetário internacional.
Com aquela decisão, unilateralmente, banqueiros e políticos norte-americanos impediram que outros países preocupados com o endividamento público estadunidense seguissem o exemplo da França e da Suíça e exigissem que as suas reservas em dólares também fossem reembolsadas em ouro, ao preço pré-acordado de 35 dólares a onça.
O artigo do Times explicita mais razões para os antigos e actuais temores:
“Proeminentes investidores e pelo menos um congressista estadunidense” estão preocupados sobre a quantidade e a titularidade dos depósitos de ouro guardados na caixa-forte do Kentucky;
A preocupação assenta na circunstância de as autoridades nunca terem permitido uma auditoria independente para averiguar se as barras lá acumuladas, conforme diz o Tesouro, valem realmente 137 mil milhões/bilhões (mm/bi) de dólares;
Os receios aumentaram após o colapso e a nacionalização de várias instituições financeiras do país.
Será que o ouro foi usado para financiar a orgia especulativa de Wall Street? Será que ele “ainda é propriedade exclusiva” dos EUA?
Na boca de Ron Paul - congressista republicano do Texas que integra a corrente “libertária” do Partido Republicano, afecta à escola do pensamento económico austríaco - é colocada uma frase que repete desde os anos 70: “Já passaram muitas décadas desde que o ouro de Forte Knox foi devida e independentemente auditado e contabilizado. (…) O povo americano tem o direito a saber a verdade”;
Paul, com uma vintena de co-signatários, lançou uma petição naquele sentido;
Por seu turno, a organização GATA - Gold Anti-Trust Action - resolveu contratar um escritório de advogados para, em Abril, exigir ao presidente Obama que cumpra a promessa de “uma abertura sem precedentes” e termine com o secretismo sobre a propriedade do ouro americano e as operações de compra e venda do metal precioso, realizadas desde 1971;
Investidores e especuladores especialistas no metal amerelo, repetidamente, têm acusado o governo e as autoridades monetárias de inundarem o mercado com ouro de Fort Knox para manterem artificialmente alta a cotação do dólar e baixo o preço da commodity, alegadamente através de swaps com outros bancos centrais;
O Times confirma que nenhum auditor independente tem acesso aos cofres onde está depositado o ouro dos Estados Unidos, “embora supervisem o processo”;
Segundo o diário londrino, a correspondente americana da nossa Casa da Moeda - US Mint - garante no seu site que os 147,3 milhões de onças em Fort Knox “são guardados como um activo dos EUA”, sem fornecer mais pormenores;
A crise financeira global, o pró-activismo russo e chinês favorável ao fim do dólar como reserva monetária mundial e as práticas do Fed de fabricar dinheiro a partir do nada, integram o explosivo cocktail que será servido ao delegados presentes na reunião do G20, na próxima semana, em Londres.
O que o Times não diz
O banco central dos Estados Unidos - Reserva Federal (Fed) - é uma entidade privada cujos capitais são controlados pelos bancos que comandam o opaco mundo da alta finança global, a partir de Wall Street e da City de Londres;
Cinco presidentes americanos ou foram assassinados ou sofreram atentados por se terem oposto ao modelo de um banco central dominado por bancos privados;
O controlo accionista do Fed é um dos segredos mais bem guardados do país;
O Sistema da Reserva Federal, na prática, é um cartel de bancos privados a quem os políticos do país deram, em 1913, o monopólio exclusivo da criação de moeda e, por via disso, da gestão dos fluxos monetários;
Em troca desta e de outras benesses, a classe política norte-americana recebeu a promessa dos banqueiros de terem acesso permanente aos recursos monetários necessários para alimentar a máquina do Estado e satisfazer os ímpetos despesistas dos partidos no poder;
Para além da cobrança de juros, os banqueiros viram aprovada a lei que criou o Imposto sobre o Rendimento e, desde então, os cheques dos contribuintes americanos são endossados ao Fed e não à Fazenda Nacional (Tesouro);
Desde a sua fundação, nenhum cargo executivo do Fed - incluindo os que formalmente são propostos pelo Presidente dos EUA - foi ocupado por alguém sem o beneplácito das dinastias financeiras Rothschild, Morgan e Rockefeller;
O Sistema da Reserva Federal, criado para “dar estabilidade” à moeda e à economia gerou duas grandes depressões (1929 e 2007) e várias recessões severas;
Entre 1913 e 2008, o valor do dólar registou uma desvalorização de 98%;
O sistema é gerador de um imposto invisível - inflação - que deliberadamente é apresentado como resultante da subida dos preços quando, na realidade, é provocado pela depreciação da moeda;
O dinheiro é criado a partir da dívida gerada pelo governo junto do banco central e não da riqueza produzida na economia real pelas empresas e pelos particulares;
Por cada milhão de dólares de crédito concedido pelo banco central ao governo nove milhões são concedidos aos outros agentes económicos e apenas um milhão é mantido como reserva;
O sistema é uma infinita espiral de dívida - pública e privada.
Estas são, entre outras, as razões pelas quais estamos a assistir, em câmara lenta, ao colapso do sistema financeiro global.
O sistema é uma pirâmide, tipo Dona Branca ou Madoff, mas inventada e gerida por banqueiros com o alto patrocínio dos políticos e dos governos.
A filosofia que lhe está subjacente é o feudalismo financeiro. Nele, velhos senhores exploram novos servos - os que contraíram empréstimos para comprar casa, carro, electrodomésticos - e não sabem viver sem dinheiro de plástico - bem como os empresários que querem financiar os seus negócios.
As cenas dos próximos capítulos são “dejá vu”.
Porém, no século XXI, sem “classe média”.
Ao presidente mulato foi reservado o papel de comunicar às massas que “os tempos são difíceis” e vamos ter de “fazer alguns sacrifícios”…
MRA Dep. Data Mining
Pedro Varanda de Castro, Consultor
Penso que é importante ler o artigo para perceber como funciona um sistema que tem dois pesos e duas medidas.
Um Estado que tivesse um défice como os Estados Unidos seria considerado uma Islândia pelo FMI.
Mas como toda a gente sabe o FMI é controlado por banqueiros americanos.
O Fed é um banco que se chama central mas é controlado pelas dinastias financeiras referidas.
O governo federal não capacidade para controlar este organismo.
Assim, o mundo está nas mãos de uma oligarquia financeira que controla só o país mais poderoso do mundo, embora o mais endividado.
Portanto esta oligarquia pode fabricar dinheiro a partir do nada e dizer que esse dinheiro é, e deve ser a única referência financeira, depois de não pagar em ouro os dólares quando tal lhe foi pedido, e rompendo um acordo exigido pelo próprio governo americano.
Portanto vejam o que está em jogo e não há segredos...
Apenas saber se há ouro que justifique a emissão de moeda ou moeda com valor fiduciário.
De facto há dois pesos e duas medidas o resto são história para adormecer meninos...

sábado, março 28, 2009

Problem Child

Texas.

"Entroncamento: Troca de tiros (mais aqui)"

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Prevenção mediática.

"PSP inicia nova vaga de operações no país. A PSP diz que as acções são "prevenção" e que nada têm a ver com os números negros do Relatório de Segurança Interna (mais aqui)"
Claro que não. Estes exercícios narcisistas musculados não vão diminuir a criminalidade mas somente ajudar a comunicação social a preencher o seu tempo de antena.

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A insensatez na Ordem dos Advogados

"António Marinho e Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados (OA), é conhecido pela forma impulsiva - por vezes imponderada - como defende os seus pontos de vista. O artigo sobre o processo Freeport que vai publicar na próxima edição do Boletim trimestral da Ordem é só mais um exemplo. E nem sequer está em causa o conteúdo ou a forma.

Tal como disse ontem o PGR, o bastonário "é livre de escrever o que entende". Mais, se considera que estão em perigo os direitos, liberdades e garantias ao nível da investigação criminal em Portugal, tem o dever cívico de tornar públicas essas posições. Mas o que está em causa neste caso é o veículo que escolheu para os seus pontos de vista. Como bem salienta José Miguel Júdice hoje no DN, o artigo de Marinho Pinto é escrito na sua qualidade de ex-jornalista e não de bastonário. E, pior, serve-se do Boletim da Ordem "para fins que não são os da advocacia
.

Marinho Pinto faz bem ao denunciar os alegados atropelos na investigação ao caso Freeport. Mas devia tê-lo feito fora da publicação da Ordem. Ao escolher o Boletim, Marinho Pinto vinculou definitivamente a Ordem à sua opinião sobre esta matéria. A Ordem, como instituição representativa de classe, tem uma posição institucional cujo bastonário tem a obrigação de defender. A sua atitude, neste como noutros casos, foi insensata."

DN

Chama o António

"Portugal passou uma semana a discutir futebol. Futebol, vírgula: um penálti ‘roubado’ que um árbitro assinalou num jogo qualquer.

Escreveram-se páginas de doutrina sobre o assunto. E as televisões paralisaram com ‘especialistas’ vários a metralhar sobre o caso, sobre o árbitro e, temo bem, sobre nós. ‘Viver habitualmente’ é o desporto favorito dos portugueses. No final da semana, a notícia que faltava: uma sondagem da ‘Visão’ revelava que os nativos querem mais e mais Estado. Na saúde, no ensino, na educação, na segurança social. Mas também nos bancos, nos transportes, na energia e, suspeito, no quarto e na cabeça de cada um. Belo retrato: um país dominado pelo futebol e a reclamar por mais dominação do Estado. O dr. Salazar, esteja lá onde estiver, está com certeza orgulhoso de nós.
"

João Pereira Coutinho

Os câncios deste sítio que se dobram e falam, falam...

Afinal, quem está mais próximo dos africanos?
É a Igreja Católica, nas suas múltiplas instituições, ou são os colunistas ou políticos europeus?
As suas opções de perfil neocolonialista traçam desígnios, opinam do alto do seu poderio, reduzem a mensagem do Papa, sublinham mil vezes expressões retiradas do contexto, chamam dogmas a posições de moralidade, confundem.
A visita de Bento XVI a África evidenciou quanta incompreensão existe sobre a missão ética e espiritual do Papa e sobre a proposta cristã para o ser humano.
Não há dúvida que o Papa não foi a África para falar do preservativo. O assunto foi resposta a jornalistas.
Quem pretendeu reduzir o alcance da visita e colar a Igreja a visões "lamentáveis, inaceitáveis, irresponsáveis, criminosas" não vive, como a Igreja, dia a dia, dentro da realidade africana, próxima das aflições dos povos, lançada na promoção dos direitos humanos, artesã da justiça e da paz.
Foi interpelante a análise papal das situações: de conflitos a exigir artífices de reconciliação; de nepotismo, corrupção e impunidade a pedir "governos transparentes, magistratura independente, comunicação social livre, administração pública honesta"; de falta de partilha equitativa das riquezas.
Foi oportuna a denúncia da avidez, da violência e da desordem, da discriminação da mulher, do etnocentrismo e tribalismo.
Ficou um apelo veemente ao combate da injustiça, da pobreza e da fome.
Foi reforçado o apoio aos missionários que fazem crescer esperança e alegria.
Foi incómodo.
Os discursos do Papa não andaram pelo politicamente correcto.
A mensagem de um sucessor de Pedro deseja confirmar na fé, na coragem, não nos costumes, mesmo os tolerados pela opinião pública.
O Papa não faz discursos, a partir de gabinetes de sondagens, destinados a agradar.
O que o move é o mais verdadeiro e libertador, o mais elevado e permanente. Evidentemente que quem não tiver domínio da sexualidade e não quiser ensaiar um caminho humanizador nas suas relações interpessoais é eticamente obrigado a não infectar os outros e a recorrer a uma defesa.
Quando não há capacidade para usar a razão, recorre-se a instrumentos: açaimes, freios!
O Santo Padre não propõe um caminho exigente por desconhecimento da realidade, por não perceber a debilidade humana.
É por conhecer a fragilidade que aponta um caminho radical.
Não uma solução técnica, para manter as pessoas sem senhorio próprio, entregues ao sabor dos instintos e caprichos.
Foi esse princípio que conduziu à crise financeira e pode conduzir à degradação da sabedoria humana.
D. Carlos Azevedo, Bispo auxiliar de Lisboa
No sítio recebem-se ditadores que vivem na opulência e do nepotismo, sem estados de facto.
Por cá caminhamos nesse mesmo sentido.
Pra que serve votar, se sabemos que a miséria em todos os sentidos da palavra alastra como nunca?
Para que ser votar se a máquina está montada pelos todo poderosos que controlam os poderes políticos e os tribunais, no sentido estrito e lato do termo?
Não gostam deste Papa?
Não parece ter medo de dizer a verdade, sobre a martirizada Angola e sobre África em geral.
Os Iluministas que afinal para impor as suas ideias provocaram milhões de vítimas, continuam no poder, a sua mais recente proeza ética foi tentar globalizar a democracia, mesmo que para o efeito tivesse que destruir países inteiros à bomba e foi impor os ditames do Consenso de Washington: com o resultado que está à vista de todos, a globalização da pobreza.
Tem um responsável, o grupo todo poderoso dos fazedores de moeda falsa, habitualmente não pagam o que devem, mas cobram juros altíssimos, apregoando o puritanismo e a democracia como credos.
A seu mando os G7, 8, 12 ou 20 vão discutir como dividir o saque, com as mãos , sempre sujas de sangue, o Deus deles afinal, também é único e chama-se o poder do dinheiro dos plutocratas mundiais.

sexta-feira, março 27, 2009

27 de Março de 1973

Marlon Brando, recusa o Oscar (melhor actor) no filme The Godfather ("O Poderoso Chefão", no Brasil, "O Padrinho, em Portugal) por discordar do tratamento dado pelo cinema, televisão e pelo seu país aos índios Sioux.

Heranças e doações

"Os poucos julgamentos que a Justiça portuguesa consegue realizar a titulares de cargos públicos e políticos envolvidos em actos ilícitos estão a proporcionar grandiosas justificações para o enriquecimento meteórico.

Num País que insiste em não criminalizar o enriquecimento ilícito (vá-se lá saber porquê...), é hilariante ouvi-los falar a partir do banco dos réus sobre o dinheiro que amealham em contas offshore ou, mais à portuguesa, em velhas arcas ou colchões. Heranças de velhas tias desconhecidas, doações, habitualmente de empreiteiros, ganhos longínquos na Bolsa, restos de orçamentos de campanha, enfim, uma vasta panóplia de desculpas esfarrapadas para tentar explicar o inexplicável.

Quando a realidade é cada vez mais ululante em matéria de sinais de enriquecimento sem causa e proporcionalmente penosa a ausência de medidas contra tal cancro, não deixa de ser espantoso o vigor que todos os dias apresenta o silêncio do Bloco Central sobre a matéria.

Beneficiados pela anemia cívica que vivemos, os titulares de interesses particulares acobertados nos dois partidos são ainda duplamente defendidos pelo facto de termos um Governo que assobia para o lado e um PSD absolutamente indiferente a tal questão. Resta saber até quando
."

Eduardo Dâmaso

quinta-feira, março 26, 2009

O Titanic

"A cena é sobejamente conhecida para merecer ser descrita. Na confusão de uma ameaça catastrófica e perante a possibilidade de uma mortandade sem igual, o comandante do Titanic manda tocar a orquestra.

Para atenuar a angústia? Só para fazer qualquer coisa? Para desnortear os mais incautos dando-lhes uma reconfortante aproximação à morte? Porque pensa que ainda se pode evitar a morte, não fazendo por isso qualquer sentido soar um alarme despropositado? Para ocupar uns quantos que não terão lugar nos botes salva-vidas?

Mas o pavoroso caricato de ver um grupo de gente a tocar uma valsa perante a morte iminente é demasiado.

As taxas de juro têm descido, dizem. No entanto, isso não é absolutamente verdade. Nos últimos 12 meses observámos um movimento a dois tempos. Depois de vários meses em que as taxas de juro da dívida pública para todos os prazos de vencimento subiram permanentemente em virtude de uma persistente actuação do Banco Central Europeu, a partir de Julho de 2008 assistiu-se ao início da sua descida. Essa descida foi acentuadamente marcada para as taxas de juro de curto prazo, mas também as de longo prazo observaram quedas sensíveis, apresentando a curva da estrutura temporal das taxas de juro um valor mínimo em Dezembro de 2008.

No entanto, apesar do custo da dívida pública ter continuado a descer nos prazos curtos passando para 1,06% em meados de Março, começou a subir para prazos longos e num ápice subiu para 4,66% a 10 anos e 4,88% a 30 anos. Por contrapartida, em meados de Março, a Alemanha financiava-se a 3,11% para o prazo de 10 anos e a 3,98% a 30 anos. Isto é, o ‘spread' entre o custo da dívida pública portuguesa e a alemã a 10 anos é de 1,55%. Mas para prazos mais curtos aquele ‘spread' manteve-se elevado, apresentando-se a 1,42% para o prazo de 5 anos. Esta situação tem implicações importantes.

Primeiro, o nosso Orçamento do Estado é relativamente mais agravado do que seria se o nosso risco de crédito da república fosse menor. Gastamos mais receita para pagar mais juros para o mesmo financiamento, restando-nos menos para investimento ou despesa social.

Segundo, este efeito contamina o custo do capital das empresas e também elas passaram a pagar mais juros pelo mesmo financiamento. Assim, há menos lucros para reter em crescimento orgânico, ou para distribuição a accionistas.

Terceiro, os projectos ficam menos atractivos quando desenvolvidos por portugueses. Deixamos de lançar projectos em Portugal que podem ser lançados em países com menores taxas de juro. Por exemplo, um projecto público com vida de 10 anos e TIR de 4% deveria ser rejeitado em Portugal (com o custo do capital a 4,66%), mas poderia ser aceite na Alemanha (com o custo do capital a 3,98%). Só no curto prazo as taxas dos países estão próximas, mas à excepção das discotecas onde o ‘payback' de segurança exigido é de 1 ano, os investimentos geradores de riqueza e emprego são de longo prazo.

Quarto, com esta desproporção entre o custo do capital na Europa, a recuperação da economia vai fazer-se a ritmos diferentes. O desenvolvimento pode tender a concentrar-se "lá" e a deixar de se fazer "cá".

Quinto, quanto mais as empresas sofrerem este desfasamento entre o custo do capital em Portugal e o dos países mais fortes da União Europeia, menos riqueza gerarão e menos lucro e emprego conservarão. A base de tributação (impostos sobre o rendimento ou sobre lucros) reduzir-se-á.

Sexto, quanto mais a base de tributação se reduz mais o Estado português tenderá a endividar-se para manter o mesmo nível de actividade de investimento ou de actividade social (a qual tem tendência a agravar-se pelo preocupante envelhecimento da sociedade portuguesa), aumentando ainda mais o risco do país e o custo do capital.

Sétimo. Entraremos por esta via numa espiral de definhamento nacional. Os jovens irão partir porque é "lá" que haverá emprego e riqueza e os velhos ficarão por "cá" com menos para se sustentarem...

Remédio? Ou tomam juízo no destino a dar ao dinheiro público ou então, "Que toque a fanfarra, cambada!
"

João Duque

A propósito de crime...

"No mesmo dia em que a investigação criminal é debatida num congresso que reúne a nata de polícias, magistrados, advogados e professores de direito, um cidadão foi abatido nas ruas de Oeiras. Saía dos CTT e terá sido confundido pelos assaltantes com um polícia.

O caso confirma uma das mais preocupantes tendências reveladas pela criminalidade em 2008: aumento da violência nos assaltos e uma utilização cada vez mais fácil e banal da arma de fogo.

O recurso à arma de forma gratuita, não tenhamos ilusões, corresponde a um paradigma criminal importado que está a enraizar-se em Portugal.

Como alguns dos casos conhecidos nos últimos meses têm vindo a revelar, o perfil do crime violento está a mudar a grande velocidade. Basta analisar a população prisional encarcerada nos últimos dois anos para perceber que importámos uma cultura sul-americana em matéria de relação com a arma e com a violência que lhe é inerente.

Este fenómeno tem gerado um evidente mimetismo junto de jovens delinquentes portugueses e, se nada for feito, o caldo de cultura será cada vez mais explosivo. De nada adiantarão depois as habituais leituras optimistas fabricadas por cima das engenharias estatísticas
."

Eduardo Dâmaso

Comboios

"Ontem, a CP encerrou as linhas do Corgo e do Tâmega sem avisar ninguém. Contava com o silêncio de todos e fê-lo pela calada, desprezando toda a gente.

Mas a culpa não é da CP; é, antes, de todos os pacóvios que transformaram o País num tapete de asfalto, bom para a camionagem, para as empresas de obras públicas e para o consumo de gasolina. Em vez de investir em comboios e serviços decentes para passageiros e mercadorias, os sucessivos governos destruíram um património secular e uma parte da nossa geografia cultural – tudo em nome das ‘grandes obras’ e do ‘grande dinheiro’.

Hoje há pouco a fazer. Há alcatrão, cimento, camionagem e gasóleo. Tudo caro. Os comboios portugueses inventaram um País, povoaram-no, desenharam a nossa geografia. Era um País mais bonito do que este
."

Francisco José Viegas

O país real e o outro...

"Os discursos que anunciavam para Portugal a conquista da modernidade absoluta e a construção de um homem novo, moldado pelo sucesso individual e colectivo, já lá vão.

Esse tique político de todas as maiorias – do cavaquismo ao socratismo – é derrubado pelas más notícias da crise: desemprego, falências de empresas, sobreendividamento, fome, carências de todo o tipo. Este é o novo caleidoscópio da realidade social portuguesa. A vulnerabilidade portuguesa, por muito que não queiramos, está a vir ao de cima.

Na verdade, ela sempre cá esteve e, agora, é destapada pela crise internacional. Ela está em tudo o que, diariamente, simboliza a enorme fractura que existe entre todos aqueles que nos últimos vinte anos viveram próximos de qualquer forma de poder político ou económico e a imensa maioria – o chamado país real – que vive na periferia das várias formas de representação do Estado. Essa dicotomia é cada vez mais chocante e não se vê que por cá faça caminho o apelo de Obama contra todos os que fixam, em causa própria, salários e prebendas estratosféricas que, de resto, em muitos casos nem correspondem a uma real valia ou produtividade elevada. Se não soubermos ultrapassar este estrangulamento de nada nos valerá que a crise internacional se vá embora lá para 2010 ou 2011
."

Eduardo Dâmaso

quarta-feira, março 25, 2009

T.V. is King

Baleado ao ser confundido com polícia

"Um homem de 61 anos foi esta quarta-feira baleado mortalmente junto aos CTT de Oeiras por um grupo de encapuzados que se preparava para assaltar a estação de correios. Segundo o CM apurou no local, a vítima foi atingida com um tiro de caçadeira no abdómen ao ser confundido com um agente da PSP. O homem usava calças azuis escuras e camisa azul clara e saia da agência dos CTT na altura em que os três assaltantes se preparavam para entrar (mais aqui)"
Já não bastava um cidadão estar condicionado a andar nas ruas. Agora até já no que pode vestir…

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Curiosidades.

"Um condutor inglês quase que caía de um penhasco depois de seguir as indicações do sistema de navegação do carro. O veículo seguiu aos zigues-zagues na borda de um desfiladeiro quando o condutor seguia as direcções para o passeio de Pennine, Yorkshire.

O sistema de navegação indicava ao condutor que o trajecto íngreme e estreito em que seguia era uma estrada em direcção a Todmorden, no condado de Yorkshire Ocidental. O condutor só parou quando o carro bateu numa cerca da ponte ferroviária de Gauxholme. O homem de 43 anos, condutor de profissão, disse sempre ter confiado no sistema de navegação
. "

Sociedade de monstros.

"Um homem de 26 anos acusado de abusar sexualmente, de forma reiterada, de uma rapariga de 12 anos ficou ontem, por decisão do Tribunal de Águeda, em prisão domiciliária. Dois outros jovens, de 19 e 17 anos, que foram cúmplices e terão filmado um acto sexual com um telemóvel, saíram em liberdade mas obrigados a apresentações periódicas no posto da autoridade da área da residência (mais aqui)"

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Estudos.

"Portugal é o país com mais assinantes a usarem operadores alternativos para acesso directo e é também o que pratica preços mais baixos no espaço comunitário, de acordo com um relatório da Comissão Europeia publicado hoje (mais aqui)".
E o estudo teve em conta as diferenças salariais do espaço comunitário?

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Anúncio da Antena 1 alternativo

Tiroteio entre gangs fere dois jovens

"Um tiroteio, a meio da tarde de ontem, no largo da Fontinha, no Porto, feriu dois rapazes, um deles menor. Segundo testemunhas contaram ao nosso jornal, um grupo de oito jovens chegou de carro ao local onde se encontravam as vítimas e disparou aleatoriamente. Ruben, de 13 anos, foi baleado numa perna. Diogo, de 18, levou um tiro no pé (mais aqui)"

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Ninguém pára o Benfica.

"O Benfica acompanhou sem surpresa mas com muita paciência a campanha montada com o objetivo de condicionar o desempenho de quem tem a responsabilidade de gerir a arbitragem até ao fim do campeonato. Não há qualquer ligação entre a presença na Liga e problemas de arbitragem. O Sporting quer é condicionar a arbitragem para garantir o segundo lugar, enquanto o Benfica continua a pensar no primeiro", afirmou João Gabriel durante uma conferência de imprensa no Estádio da Luz. "O Benfica ganhou a Taça [da Liga] com todo o mérito e também razões de queixa, pois dois jogadores do Sporting deveriam ter sido expulsos (mais aqui)".
Ainda somos do tempo em que o Glorioso ganhava e convencia só dentro das quatro linhas…

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A atmosfera cheira-me a esturro

"Estou em pânico. Suspeito que, assim, não vamos lá. Temo o próximo sábado, esse dia em que tenho de ganhar à Suécia (o que não chega para me tranquilizar, só chega para me relançar a esperança). E o que me promete para sábado quem de direito? "Há uma atmosfera especial no rosto, nos sinais corporais de cada jogador", disse, ontem, Carlos Queiroz. Uma atmosfera especial no rosto… Para já, um futebolista não tem rosto, tem cara. Olhos para não largar a bola, testa para desfeitear, cara. Lugar onde mostra ganas e não atmosferas especiais. Depois, sinais corporais nos jogadores só o suor, que revela jogador raçudo, ou falta dele, o que não quer dizer grande coisa porque o Nené e o Romário não suavam e eram assassinos. Enfim, "há uma atmosfera especial (…) nos sinais corporais dos jogadores" cheira-me ao outro (Artur Jorge) que desligava o som do televisor para pôr música clássica. O estado de alma acabou com esse outro como seleccionador. Se eu quisesse poesia contratava o Herberto Hélder. Ora o que eu quero é golos."

Ferreira Fernandes.

Autoritarismo de vão-de-escada

"De há uns tempos para cá tem-se instalado a ideia de que a democracia portuguesa se está a degradar.

Dos processos disciplinares na DREN, passando pela apreensão de livros pela PSP, até à censura do Ministério Público a um cortejo de carnaval e o mais recente anúncio da Antena 1, onde uma locutora afirma que uma manifestação é contra quem quer chegar a horas, há de facto vários casos que não são aceitáveis numa democracia institucionalizada. Mas será que estamos perante uma tendência? Haverá algo de novo ou trata-se apenas da reprodução de resquícios de autoritarismo que persistem no país?

Uma primeira constatação é que nenhum dos casos recentes teve origem no poder político. Há, aliás, sinais de que em Portugal, dos vários poderes, o político foi não só o que mais se democratizou, como é também o mais exposto à sindicância democrática. Depois, estes exemplos de tiques autoritários não escolhem origem, há-os para todos os gostos: da administração regional às forças policiais, passando pela magistratura até uma empresa pública.

O que estes casos sugerem é que, enquanto se democratizaram as relações de poder ao nível macro, em Portugal há uma espécie de autoritarismo de vão-de-escada, baseado em micropoderes que beneficiam do lastro de autoritarismo que persiste na sociedade portuguesa. Na verdade, não é necessário incitamento activo vindo de cima (leia-se, do poder político), para que nas mais diversas esferas se assista ao exercício de autoridade com escassa cultura democrática. Há uma rede de micropoderes, que se encontra difundida na nossa sociedade e que não nasce necessariamente do centro. Além do mais, em democracia, o autoritarismo é como o tango, precisa de pelo menos dois para existir. Ou seja, o exercício autoritário do poder requer que uma das partes exerça um constrangimento activo, mas necessita também que haja uma predisposição social e individual para aceitá-lo.

O exemplo do anúncio da RDP que acabou por ser suspenso é elucidativo. Para que nos tenha sido possível ver o vídeo, foi necessário que, pelo menos, uma equipa de criativos numa agência, um director criativo, uma jornalista, um actor, responsáveis do marketing e administradores numa empresa pública tenham participado na produção do filme. Ora não deixa de ser surpreendente que a nenhum dos participantes tenha ocorrido que a mensagem era no mínimo questionável e que revelava um desrespeito pelo direito à manifestação, que faz parte do código genético de qualquer democracia.

Na semana passada, a revista "Visão" traçava um perfil da directora da DREN. A ser verdade o que publica o jornalista Miguel Carvalho, deve ser difícil encontrar um exemplo tão representativo da persistência de uma cultura autoritária, baseada em micropoderes na administração pública. Das ameaças de processos disciplinares, passando pela impaciência perante a burocracia (que ainda assim é o que nos protege muitas das vezes da discricionariedade) e a opção por uma "gestão flexível" (que tende a ser baseada no princípio do "quero, posso e mando", que confunde autoritarismo com eficácia), até aos pedidos de anonimato nas declarações ao jornalista por "receio de represálias", estão lá todos os elementos de um exercício de funções públicas pouco consentâneo com a democratização do poder.

Perante estes casos, o Governo tem invariavelmente a mesma atitude: sublinha, com justiça, que não tem responsabilidade directa nos actos e, com legitimidade, sustenta que não interfere na autonomia, nuns casos das polícias, noutros dos tribunais, e ainda noutros do serviço público de televisão e rádio. Mas será que nos podemos dar como satisfeitos com esta atitude? Numa sociedade em que persiste uma cultura autoritária, com pequenas tiranias quotidianas, é possível à esfera política assobiar para o lado, como se nada se passasse?

O autoritarismo de vão-de-escada não se intensificou com este Governo, é apenas a outra face da democracia portuguesa e um lastro da ditadura que não foi extirpado da sociedade portuguesa. Mas precisamente por isso, é necessária uma pedagogia que o contrarie activamente. Há boas razões para que os ministros, pelas funções que exercem, mantenham reservas nas críticas à atitude de um magistrado, de um grupo de polícias, ou até da administração de uma empresa pública. Essa reserva preserva a autonomia institucional, que é algo de que depende também a democracia, mas é estranho que o PS, partido que suporta o Governo, adopte a mesma atitude, escolhendo o silêncio, quando deveria optar pela pedagogia democrática. O silêncio é aliás uma forma passiva de dar respaldo social ao autoritarismo de vão-de-escada
."

Pedro Adão e Silva

terça-feira, março 24, 2009

24 de Março de 1973.

Os Pink Floyd lançam "Dark side of the Moon" um dos melhores álbuns de sempre.

De início, precisamos ressaltar que este disco é considerado por muitos, simplesmente, como o melhor disco de rock progressivo de todos os tempos. Mais do que isso: é o melhor, o mais genial e o mais cerebral trabalho desta lenda chamada Pink Floyd. As vendagens astronômicas, com quase 30 milhões de cópias vendidas, o Guinnes Book, e a EMI (gravadora da banda, que como diz a lenda foi obrigada a construir fábricas especialmente para prensar este disco) só vêm a confirmar esta tese.

Não precisamos nem começar a o ouvir para termos noção da grandiosidade. Olhe para a capa: uma imagem única, umas das capas mais brilhantes da história. Mas o mais importante é que sintetiza todo o conceito do disco, que é sobre os “males” do homem moderno, a escuridão em que o mundo se encontrava e todos os problemas que afligem a humanidade. Isso em 1973. O incrível é que o disco soa bastante atual até os dias de hoje. Fora que data da época em que os egos não estavam inflados no grupo e todos conviviam em perfeita harmonia.

Texto completo.

Mais fome leva Cáritas a criar refeitórios sociais.

"Carências das famílias levam à criação de novas respostas sociais, como vales para fazer compras no supermercado, ou refeições que são levadas para tomar em casa (mais aqui)"
Bastante mais importante do que discutir os “vampiros” do provedor de justiça mas com o habitual desprezo dos nossos “representantes” e “governantes”.

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Money

Justiça previsível

"Nascimento Rodrigues vive preso, com um colete-de-forças, ao cargo de Provedor de Justiça. A prática medieval parece estar a agradar ao PS e ao PSD, que preferem ter um Provedor sufocado a um que se mexa. As patéticas declarações de Manuela Ferreira Leite a reclamar o cargo para o PSD e o queimar de nomes na praça pelo PS provam o que querem: um Provedor de Justiça fantoche. Isto é, para o PS e para o PSD, um cargo é uma peça de carne, dividida num talho: uma peça para mim, uma peça para ti. O caso só não é mais ridículo porque PS e PSD encaram todos os cargos públicos como um seu monopólio. Por isso, a chacota é ainda maior. PS e PSD encaram o País como um território de quotas leiteiras. O caso do Provedor de Justiça é só a ponta do icebergue da divisão partidária que se faz de cargos públicos. Nunca está em causa escolher a pessoa que possa prestigiar o cargo, que o torne útil, que possa mexer com os interesses instalados. Está em causa a escolha de um rapaz do partido. É esse o pecado original da democracia portuguesa. O bloco central da imobilidade nacional destrói a democracia e desincentiva a criação de uma sociedade civil activa. Eça de Queirós, que assistia há mais de um século ao mesmo que hoje vemos, escreveu: "A Câmara não tem consciência. O seu critério, a sua moral, é a intriga. A intriga política, a intriga partidária". É só disso que se trata no caso do Provedor de Justiça: de mera intriga. O País, percebe-se, tornou-se um empecilho para os grandes desígnios do PS e do PSD. "

Fernando Sobral

Os fantasmas da oferta de moeda

"A Europa arrisca viver uma década de deflação e sem prosperidade, como o Japão. Os Estados Unidos e o Reino Unido enfrentam a possibilidade de explosão da inflação. Uns e outros fazem as escolhas ditadas pelas lições do passado, deles ou dos outros, que mais os impressionaram. Washington e Londres puseram a máquina de imprimir dinheiro a funcionar. Frankfurt continua a resistir com medo da hiperinflação.

Uma década perdida com deflação ou riqueza destruída com hiperinflação com o risco de nascer um Hitler num qualquer grande país do Ocidente. Estes são os dois perigosos caminhos que se abriram com as medidas necessárias para combater esta crise financeira. A terceira via, de regresso da prosperidade com mais emprego e inflação baixa, exige que a máquina de imprimir dinheiro dê à economia a dose certa de mais moeda. Uma tarefa difícil quando o nevoeiro pouco ou nada deixa ver.

Os Estados Unidos foram os primeiros a avançar com a mais perigosa arma de combate à deflação e preparam-se para fazer entrar na economia mais de um bilião de dólares - sim, o equivalente ao "trillion" -, através da compra de títulos de dívida pública e das empresas. Ao seu lado estão os ingleses, actuando exactamente da mesma maneira.

O BCE tem-se recusado até agora a imprimir mais dinheiro, apoiado no facto de as suas taxas de juro ainda não estarem em cima do zero, como acontece com os seus parceiros. Mas a liberdade de circulação de capitais está a limitar a sua liberdade de escolher este caminho. O euro está a valorizar-se, apertando ainda mais as condições monetárias da Zona do Euro e assim forçando o BCE a acelerar a descida das taxas de juro para o indesejável zero que o forçará a ligar, também, a máquina de imprimir moeda.

O peso da Alemanha levará a Zona Euro a evitar, por todos os meios, o caminho de imprimir mais moeda através da compra de títulos de dívida do Estado e das empresas. Não é apenas o problema político de escolher o Estado a quem se vai comprar título de dívida. A maior restrição à política de expansão monetária está no terror dos alemães de verem a história repetir-se.

A origem de Hitler é, em parte, explicada pela hiperinflação vivida na Alemanha da República de Weimar. Foi a opção por imprimir moeda para pagar a dívida da primeira guerra mundial que desencadeou um processo de inflação da ordem dos mil por cento na Alemanha, com a equivalente perda de poder de compra da moeda. Os alemães viram o seu dinheiro transformado em papel sem valor. E Adolf Hitler sobe ao poder pelo voto, exactamente porque compreendeu esse descontentamento.

Nos Estados Unidos, os olhos não estão fixados em Hitler, mas sim no Japão. Durante a década de 90, o rendimento dos japoneses estagnou e os preços caíram, em parte porque as autoridades não deram à economia a dose certa de moeda.

O BCE está a gerir a sua política monetária respeitando os fantasmas europeus, o medo de ver nascer um Hitler e o terror da guerra. A estagnação é, de facto, um mal bastante menor que a hiperinflação. Mas a deflação pode não ser. A Alemanha vai ter de esquecer os seus fantasmas para não os despertar
."

Helena Garrido

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