quinta-feira, março 31, 2011

Evolução dos juros da dívida


Retirado do Blasfémias

Combustíveis


"Combustíveis subiram mais na UE que em Portugal (mais aqui)"
Por isso ao redor da fronteira portuguesa os postos de combustíveis espanhóis estão todos a fechar e os espanhóis estão todos a abastecer os seus automóveis nos postos portugueses.

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Da crise...

1/ "O presidente da Empresa Pública de Meios Aéreos (EMA), Rogério Pinheiro, recebeu em 2010 um salário mensal de 6555 euros, a que se somaram outras regalias. Os outros dois administradores receberam 6270 euros por mês numa empresa em que a média salarial dos 58 trabalhadores – dos quais 15 são administrativos – é de 3377 euros. No total, o gasto com os salários (2,7 milhões) equivale à aquisição de quatro helicópteros Eurocopter (2,1 milhões sem IVA). Já as regalias pagas aos administradores (estas reportadas ao ano de 2009 ) totalizaram 52 mil euros só na renda das três viaturas de serviço, uma média de 17 mil euros por carro (mais aqui)" 2/ "O secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco, afirmou que este ano o dispositivo de combate a incêndios vai ser «diferente» e terá um «custo inferior» pela «necessidade de contenção da despesa pública (mais aqui)».

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"Un antipático contra todos"

"El primer ministro portugués se parece a un conductor que avanza a toda velocidad por la autopista en dirección contraria, convencido que son todos los demás automovilistas los que se equivocan (mais aqui - ABC)"

A CNE e a fraude eleitoral que se avizinha

Devemos usar os meios de que dispomos, redes sociais e blogues para que não se venha a verificar nova fraude eleitoral, o Presidente da CBE avisa, por um dia? A CNE apelou aos eleitores que actualizem e verifiquem os seus dados de imediato. Anunciou para o efeito uma campanha de esclarecimento que marcará presença nas televisões, em princípio, apenas por um dia – amanhã. Assim que Cavaco Silva marque a data das eleições, o que deverá acontecer na sexta-feira, as actualizações relativas ao recenseamento eleitoral são imediatamente suspensas e a campanha termina automaticamente. A partir desse momento os eleitores “não podem alterar [dados], só no caso de um processo de reclamação”, mas ninguém pode inscrever-se de novo, explicou Almeida. Questionado pelo PÚBLICO sobre se a CNE deveria ter agido preventivamente, João Almeida respondeu que “talvez nos devêssemos ter lembrado todos mais cedo”. E acrescentou que “foi uma surpresa o volume de pessoas e a pressão feita no próprio dia” das eleições presidenciais. Aconteceu o que “ninguém previa”, disse. A CNE apelou aos cidadãos residentes em território nacional e no estrangeiro que se certifiquem da correcção dos dados relativos ao recenseamento, de forma a evitar os problemas ocorridos no último acto eleitoral. Podem fazê-lo nas juntas de freguesia ou através de mensagem enviada por telemóvel ou pela Internet. Todos? Quem são todos? De imediato?

Porque não foram logo avisados os eleitores depois das eleições para o PR?

Esta gente anda a gozar conosco só pode!

quarta-feira, março 30, 2011

Este tipo não pode continuar em funções como PM mesmo como gestão corrente

O PR não pode manter este indivíduo que se demitiu como PM.
Demitiu-se, não mexe e não ladra público , não pode e já estava há muito a fazer campanha eleitoral.

Demitiu-se porque chumbaram o PEC, não porque foi posto a andar.

Demitiu-se?

Não quer e não pode!

O PR tem de ter a noção de Estado e manter este indivíduo perigoso e que arruinou Portugal fora dos dinheiros públicos ele e a sua camarilha.

Que forme um governo de gestão mesmo com gente do PCP, se não quiserem paciência, pode e deve.

O país não aguenta com um governo de gestão de um indivíduo que trabalha como se fosse um presidente de um grande clube.

Ladre, mas fora de um governo há espaço, haja coragem senhor Presidente.

Este tipo controla uma rede de informadores e o SIS, que tem de ser fiscalizado.

Tenha paciência senhor Presidente!

terça-feira, março 29, 2011

Sócrates, Coelho e o crocodilo na torneira

"Quando Sócrates se viu embrulhado nas confusões da licenciatura e do caso Freeport, alguém que o conhece dizia-me que o primeiro-ministro ia dar a volta por cima.

E complementou assim: "Aquele tipo é capaz de fazer alguém acreditar que um crocodilo pode sair de uma torneira". É a este ponto que Passos Coelho tem de prestar atenção na campanha eleitoral. Porque não tem essa capacidade. É um político que estuda bem os dossiers, mas não tem o marketing e a combatividade de Sócrates. E, sobretudo, não tem o seu sentido táctico. Ainda neste fim-de-semana se viu isso. Em entrevista à Lusa, Coelho voltou à estafada ideia da privatização da Caixa Geral de Depósitos. Pelo meio ainda disse que o banco deve sair do negócio da Saúde e dos Seguros. É difícil entender esta falta de timing. Um político, para ter sucesso, tem de se focar em três ou quatro grandes problemas e mostrar ao eleitorado que tem solução para eles. O resto é fait-diver. A privatização da CGD não traz nada ao esforço que o PSD tem de fazer para se afirmar como alternativa a Sócrates. Como o não é a revisão da Constituição, outro tema que Coelho introduziu a destempo em 2010 e que permitiu a Sócrates contra-atacar, dizendo que o PSD queria dar cabo do Estado social. Como se viu nos últimos dias, Sócrates é capaz de dizer uma coisa hoje (está tudo bem com a execução orçamental) e outra completamente diferente pouco depois (o PEC IV é fundamental)… Com a mesma convicção. Passos Coelho não tem esta expertise. E ou acerta no timing, ou corre o risco de desbaratar, daqui até às eleições, a vantagem que tem sobre Sócrates. Lembram-se de Barroso, em 2002?" Camilo Lourenco

Os amigos e as ocasiões

"Dados os esforços do Governo, não admira que o défice ande pelas alturas que o Governo anuncia ou, se formos picuinhas, pelas alturas que o Governo, com modéstia, evita anunciar. Mesmo no estertor do seu prodigioso reinado, as sumidades que nos tutelam continuaram a arranjar maneira de empurrar o País rumo ao progresso que tanto jeito nos dá. Veja--se um exemplo. Digamos que, dois dias antes de cair, o Ministério da Economia possui uma verba disponível, digamos uns 10,9 milhões de euros. Digamos que decide aplicá-la a bem da nação numa actividade moderna, digamos as tecnologias informáticas. Digamos que celebra um "contrato de investimento" com uma empresa do ramo, digamos a J. P. Sá Couto do Magalhães e do nosso orgulho. Digamos que o contrato visa instituir a primeira unidade europeia de produção de motherboards, geringonças que os computadores e a Europa não dispensam. Digamos que, segundo despacho publicado no Diário da República, a unidade em causa deverá conseguir, em 2016, um "valor de vendas de cerca de 3281,5 milhões" (note-se a precisão das previsões), um "valor acrescentado de 248,3 milhões" e a criação de 200 postos de trabalho. Alguns argumentarão ser absurdo o Estado apoiar financeiramente uma empresa que, através de uma só "unidade", obterá em poucos anos um lucro espantoso. Não sabem o que dizem. Apesar da exactidão das previsões, tal lucro é evidentemente imaginário. Os 248,3 milhões podiam trocar-se jovialmente por 2 mil milhões ou 200 mil milhões: as motherboards de todo o mundo são feitas na China e arredores, pelo que a inexistência de concorrência europeia não resulta apenas de distracção. Contas feitas, não sobrará nada. Incluindo, ou sobretudo, os 10,9 milhões que sobravam no início deste episódio, ainda assim uma migalha se comparados com os 700 milhões "investidos" na saudosa Qimonda, apostada em espantar a Terra com memórias RAM ou lá o que era. A bancarrota tem a vantagem de moderar a dimensão das loucuras cometidas. Mas, com este Governo, a essência das loucuras que conduziram à bancarrota permanece até ao fim. Literalmente." Alberto Gonçalves

segunda-feira, março 28, 2011

A nova fábula

"Numa das suas belas fábulas, La Fontaine oferecia-nos o cinismo numa bandeja: "Divirtam os reis com sonhos, bajulem-nos, ofereçam-lhes amáveis mentiras."

No mundo da política actual, poderia substituir-se "reis" por "cidadãos" e o resultado seria semelhante. Angela Merkel não consegue ser irónica como La Fontaine, e a palavra "humor" não faz parte do seu vocabulário. Elogiando José Sócrates, disse que o objecto (o primeiro-ministro português) lhe é indiferente, desde que o conteúdo (as medidas que quer ver concretizadas) seja executado. Ficou assim reiterada a excelente opinião que a senhora Merkel tem de si própria. E o papel de acessórios folclóricos que encontra nos líderes dos países periféricos. Um País pedinte não tem voz. Merece, quanto muito, uma festa na cabeça e um ossinho para roer. Desgraçadamente, Portugal está nesta posição por inacção própria. A demolição do PEC IV de José Sócrates só terá um efeito, para lá das eleições antecipadas: um PEC V. A única dúvida é saber quem o irá aplicar. Um novo ciclo nefasto foi inaugurado: o de ir aplicando tarde e nas piores condições possíveis as orientações da senhora Merkel. Como Passos Coelho já deixou antever na sua desastrada antevisão do aumento do IVA, depois do que andou a dizer no último ano. O IVA é o imposto mais cego que existe. Não se defende a justiça fiscal assim. E confirmar que o aumento do IVA é uma hipótese, no dia a seguir à derrota de Sócrates, é um tiro no pé. La Fontaine dizia que era coisa ligeira e que voava à toa de flor em flor e de objecto em objecto. Passos Coelho tem de ter cuidado para não se parecer com o criador de fábulas." Fernando Sobral

A culpa

"A culpa de não haver PEC 4 é do PSD e do CDS. A culpa de haver portagens nas Scuts é do PSD que viabilizou o PEC 3. A culpa do PEC 3 é do PEC 2. Que, por sua vez, tem culpa do PEC 1. Chegados a este, a culpa é da situação internacional. E da Grécia e da Irlanda. E antes destas culpas todas, a culpa continua a ser dos Governos PSD/CDS. Aliás, nos últimos 16 anos, a culpa é apenas dos 3 anos de governação não socialista. A culpa é do Presidente da República. A culpa é da Chanceler. A culpa é de Trichet. A culpa é da Madeira. A culpa é do FMI. A culpa é do euro. A culpa é dos mercados. Excepto do "mercado" Magalhães. A culpa é do ‘rating'. A culpa é dos especuladores que nos emprestam dinheiro. A culpa até chegou a ser das receitas extraordinárias. À falta de outra culpa, a culpa é de os Orçamentos e PEC serem obrigatórios. A culpa é da agricultura. A culpa é do nemátodo do pinho. A culpa é dos professores. A culpa é dos pais. A culpa é dos exames. A culpa é dos submarinos. A culpa é do TGV espanhol. A culpa é da conjuntura. A culpa é da estrutura. A culpa é do computador que entupiu. A culpa é da ‘pen'. A culpa é do funcionário do Powerpoint. A culpa é do Director-Geral. A culpa é da errata, porque nunca há errata na culpa. A culpa é das estatísticas. Umas vezes, a culpa é do INE, outras do Eurostat, outras ainda do FMI. A culpa é de uma qualquer independente universidade. E, agora em versão pós Constâncio, a culpa também já é do Banco de Portugal. A culpa é dos jornalistas que fazem perguntas. A culpa é dos deputados que questionam. A culpa é das Comissões parlamentares que investigam. A culpa é dos que estudam os assuntos. A culpa é do excesso de pensionistas. A culpa é dos desempregados. A culpa é dos doentes. A culpa é dos contribuintes. A culpa é dos pobres. A culpa é das empresas, excepto as ungidas pelo regime. A culpa é da meteorologia. A culpa é do petróleo que sobe. A culpa é do petróleo que desce. A culpa é da insensibilidade. Dos outros. A culpa é da arrogância. Dos outros. A culpa é da incompreensão. Dos outros. A culpa é da vertigem do poder. Dos outros. A culpa é da demagogia. Dos outros. A culpa é do pessimismo. Dos outros. A culpa é do passado. A culpa é do futuro. A culpa é da verdade. A culpa é da realidade. A culpa é das notícias. A culpa é da esquerda. A culpa é da direita. A culpa é da rua. A culpa é do complexo de culpa. A culpa é da ética. Há sempre "novas oportunidades" para as culpas (dos outros). Imagine-se, até que, há tempos, o atraso para assistir a uma ópera, foi culpa do PM de Cabo-Verde. No fim, a culpa é dos eleitores, que não deram a maioria absoluta ao imaculado. A culpa é da democracia. A culpa é de Portugal. De todos. Só ele (e seus pajens) não têm culpa. Povo ingrato! Basta! Na passada quarta-feira, a culpa... já foi. " António Bagão Félix

O vilão, o mau, o bom e o óptimo

"O vilão - O dia em que o Governo cessou funções "normais" serviu para os socialistas culparem o PSD pela crise financeira, pela crise económica, pela crise política, pela destruição do Estado "social", pela entrada do FMI e pela perda da soberania pátria. Não os ouvi culparem o PSD pela tuberculose infantil e pelos terramotos no Japão, mas é possível que o tenham feito. Sempre é uma variação da época em que a culpa ia direitinha para a Grécia, para as agências de rating ou para a Alemanha, consoante as enrascadas e a manha. O estilo, porém, é o mesmo. E o estilo da tropa que hoje manda no PS consiste em elevar a mentira a um ponto que lhe retira qualquer ligação à realidade. O eng. Sócrates e seus discípulos acham-se impunes para dizer o que calha, incluindo acusar o adversário do desastre que eles próprios fabricaram. No fundo, é isto: a penúria que nos espera não se deve a quem a criou ao longo de seis anos, mas a quem impediu os respectivos criadores de prosseguirem o trabalho. Os pirómanos acham-se com a capacidade - e com o direito - de apagar o incêndio. Num país normal, tamanhos delírios mereceriam a chacota popular e, nos casos rigorosos, a camisa-de-forças. Em Portugal, onde a toleima socialista dispõe sempre de novas oportunidades, merecem receio. As sondagens mostram que os delírios ainda encontram um público empenhado em engoli-los. E se a quantidade de crentes decresceu nos últimos tempos, convém não lançar foguetes: a campanha eleitoral, aliás iniciada antes da demissão do eng. Sócrates, está em curso, e promete uma sordidez inédita. O eng. Sócrates já mostrou ser capaz de tudo para alimentar a "sofreguidão pelo poder" que imputa a outros. Nas circunstâncias vigentes, será capaz de tudo e de mais alguma coisa. A confirmarem-se as eleições, os próximos meses assistirão ao aumento exponencial das mentiras e das ameaças, além da encenação da conhecida rábula "O eng. Sócrates contra o Mundo". Numa terra com tradição avessa à liberdade, muitos tomam a prepotência por virtude. É por isso que o modo como o primeiro-ministro e o ministro das Finanças abandonaram a meio o debate parlamentar que ditaria a própria queda não assegura que a queda seja definitiva: infelizmente, o desrespeito dessa gente pela democracia não implica o desrespeito da democracia por essa gente. O mau - Aos eufóricos que comparam o derrube do eng. Sócrates com o de Mubarak, a realidade egípcia já provou que a alternativa a um péssimo governo pode ser um governo ainda pior. O PSD parece decidido a provar que a alternativa pode ser apenas um bocadinho menos má. Ou que nem há alternativa de todo. Só isso explica que a primeira medida de um PSD sem medidas de Governo seja a sugestão de aumento do IVA, o IVA a que o dr. Passos Coelho recentemente chamava indirecto, imoral, indiscriminado e injusto. O carácter inevitável da austeridade, evidentemente devido ao PS, não justifica a aplicação do tipo de austeridade defendido pelo PS. Mas talvez nem isso explique que o dr. Passos Coelho chegasse à liderança do seu partido contra o "derrotismo" (leia-se o mero inventário dos factos) de Manuela Ferreira Leite. Ou que se deixasse seduzir pelos elogios do dr. Soares e demais vultos socialistas. Ou que se encolha aterrado sempre que os adversários o acusam de um "liberalismo" que ninguém de bom senso lhe detecta. Ou que decidisse interromper a sucessão de PEC um ou dois Planos depois do recomendável. Ou que oscile diariamente entre o sonho de uma vasta e nebulosa coligação, a tentação da maioria absoluta e, com superior aptidão, o desnorte. As culpas deste PSD não são aquelas de que o eng. Sócrates hipócrita e pateticamente se queixa: são aquelas que, durante demasiado tempo, o eng. Sócrates agradeceu. E que, descontados os resmungos de fachada, continua a agradecer. O bom - Deve-se evitar o louvor de políticos profissionais, de resto uma profissão de honorabilidade duvidosa. Mas Paulo Portas reagiu à demissão do eng. Sócrates com concisão e clareza. Eis um resumo do que ele disse, que é um resumo do que de facto ocorreu: "Pediu hoje a demissão um primeiro-ministro que estava em funções há seis anos e que não estava a prestar um bom serviço ao País. (...) Só se fala em ajuda externa a Portugal porque a dívida pública nos últimos cinco anos duplicou, os juros são proibitivos e isso causou uma nova recessão e um aumento exponencial da injustiça social. (...) Sobre o primeiro-ministro que se demitiu, a democracia existe precisamente para resolver problemas como este. Em toda a Europa, há governos que saem e há governos que entram." É difícil ser-se mais exacto. E embora o dr. Portas tenha, logo em seguida, caído na demagogia própria da classe e prometido uma campanha eleitoral baratinha, o deslize tolera-se: se um político lúcido é raro, um político perfeito é mito. O óptimo - Não costumo citar participantes anónimos dos fóruns radiofónicos, mas situações desesperadas pedem remédios desesperados. Uma destas manhãs, ouvi na TSF alguém propor um futuro para Portugal: o FMI ou qualquer entidade estrangeira sem ligações aos nossos partidos entra cá dentro e toma conta disto; impõe a austeridade necessária e, por uma vez, consequente; abole os compadrios; saneia as contas públicas; devolve-nos o país após uns anos para retomarmos o regabofe desde o princípio. Fosse quem fosse a criatura, tratava-se naturalmente de um optimista, embora não do tipo de optimismo que nos tem desgovernado." Alberto Gonçalves

domingo, março 27, 2011

Parte II... da moribunda III República e suas causas...

As medidas draconianas tomadas pelo governo Sócrates, pedindo vezes sem fim mais uma vez sacrifícios a um povo e a uma nação sofredora que desliza para um pântano de onde não parece conseguir sair.


No entanto basta conhecer o Luxemburgo que tem os melhores indicadores socioeconómicos a nível mundial para se reconhecer que 12% da população deste pequeno estado são portugueses, este mesmo povo que construiu um império que se estendia por quatro continentes, deste o Norte de África, à costa atlântica africana até ao cabo da Boa Esperança, a costa oriental de África, o Índico, o Mar Arábico, o Golfo da Pérsia, a costa ocidental da índia e Sri Lanka. Foi o primeiro povo a chegar ao Japão e à Austrália. Estes são portugueses, não os que produzem pouco, isso deve ser procurado na classe empresarial que pouco vale, excepção feita aos que cá investem e que produzem bens e serviços que servem o país. Há semanas Sócrates lançou uma nova onda de pacotes de austeridade, com corte de salários e aumento do IVA, mais medidas cosméticas feitas num clima de laboratório por académicos arrogantes e altivos desprovidos de qualquer contacto com o mundo real, um grupo de políticos elitistas do PS e PSD, gárgulas de má gestão política que têm assolado o país há mais de 30 anos. O objectivo é reduzir o défice.

Por quê? Porque a União Europeia assim o diz. Mas é só a UE?

A CEE é controlada nas suas políticas fiscais económicas e sociais, por agências de notação financeira, Fitch, Moody’s e Standard and Poor’s e assim Portugal está metido numa embrulhada servindo de bode expiatório, através da notas e dos valores dos juros impostos por esta gente e Bruxelas é cúmplice, serve então para quê?

A CEE é o resultado de um pacto forjado por uma França fraca e cobarde, com um medo ancestral em relação a uma Alemanha pujante, com a memória marcada por três invasões de território, uma das vezes com a tomada de Paris numa operação relâmpago e mais uma vez a Alemanha está ansiosa para se reinventar após anos de humilhação, primeiro pelo tratado depois do armistício da I Guerra e depois da II guerra. Queriam fazer da Alemanha uma nação de camponeses, afinal voltou a ser uma potência industrial, vejam as marcas de automóveis conduzidos por motoristas pagos pelos mais variados organismo públicos e semi públicos, imunes a cortes de gastos, adivinhem de onde vêm os automóveis, não são Peugeot e Citren ou Renaul, são Mercedes, Audis e BMWs, topo de gama.

Os governos sucessivos desta classe política, PS e PSD têm atirado par a o esgoto os interesses de Portugal e dos Portugueses, destruíram a agricultura e a indústria que desapareceu e as pescas foram vendidas aos espanhóis e a troco de quê? De contrapartidas que serviram gente sem escrúpulos, esbulhados e sem criação de riqueza ou sustentabilidade da economia. Cavaco Silva, agora P R e com mandato feito para ser reeleito, foi PM durante quase uma década, anos em que se despejaram milhões através da suas mãos a partir de fundos estruturais e de desenvolvimento da CEE. Foi eleito porque é considerado sério e honesto em terra de cegos, como o beneplácito de dois partidos de gente desonesta, PSD e PS, sanguessugas e parasitas inúteis ao país.

Cavaco é o pai do défice público e campeão dos gastos. Foi a política do betão com um modelo de ordenamento do território vergonhoso e vergado a interesses instalados que sugam o país e o povo. Uma grande parte dos fundos da UE foram canalizadas para a construção de pontes e auto-estradas para abrir o país a Lisboa, facilitando o transporte interno e fomentando a construção de parques industriais nas cidades do interior para atrair a grande parte da população que assentava no litoral. O resultado concreto, foi que as pessoas agora tinham os meios para fugirem do interior e chegar ao litoral ainda mais rápido. Os parques industriais nunca ficaram repletos e as indústrias que foram criadas, em muitos casos já fecharam. Uma grande percentagem do dinheiro dos contribuintes da UE vaporizou em empresas e esquemas fantasmas. Foram comprados Ferraris. Foram encomendados Lamborghini. Maserati. Foram organizadas caçadas de javalí em Espanha. Foram remodeladas casas particulares. O Governo e Aníbal Silva ficou a observar, no seu primeiro mandato, enquanto o dinheiro foi desperdiçado. No seu segundo mandato, Aníbal Silva ficou a observar os membros do seu governo a perderem o controle e a participarem. Então, ele tentou desesperadamente distanciar-se do seu próprio partido político. No meio da desgraça é um dos melhores é um dos melhores. Depois de Aníbal Silva veio o bem-intencionado e humanitário, António Guterres (PS), um excelente Alto Comissario para os Refugiados e um candidato perfeito para Secretário-Geral da ONU, mas um buraco negro em termos de (má) gestão financeira. Ele foi seguido pelo diplomata excelente, mas abominável primeiro-ministro José Barroso (PSD) (agora Presidente da Comissão da EU, “Eu vou ser primeiro-ministro, só que não sei quando”) que criou mais problemas com seu discurso do que ele resolveu, passou a batata quente para Pedro Lopes (PSD), que não tinha qualquer hipótese ou capacidade para governar e não viu a armadilha. Resultando em dois mandatos de José Sócrates.

Agora, as medidas de austeridade apresentadas por este primeiro-ministro, são o resultado da sua própria inépcia para enfrentar esses interesses, no período que antecedeu a última crisemundial do capitalismo (aquela em que os líderes financeiros do mundo foram buscar três triliões de dólares de um dia para o outro para salvar uma mão cheia de banqueiros irresponsáveis, enquanto nada foi produzido para pagar pensões dignas, programas de saúde ou projectos de educação).

E, assim como seus antecessores, José Sócrates, agora com minoria, demonstra falta de inteligência emocional, permitindo que os seus ministros pratiquem e implementem políticas de laboratório, que obviamente serão contra-producentes.

Quanto ao aumento dos impostos, a reacção imediata com a economia a encolher ainda mais enquanto as pessoas começam a fazer reduções simbólicas, que multiplicado pela população de Portugal, 10 milhões, afectará a criação de postos de trabalho, implicando a obrigatoriedade do Estado a intervir e evidentemente enviará a economia para uma segunda (e no caso de Portugal, contínua) recessão.

Não é preciso ser cientista de física quântica para perceber isso. O idiota e avançado mental que sonhou com esses esquemas, tem resultados num pedaço de papel, onde eles vão ficar.

É verdade, as medidas são um sinal claro para as agências de ratings que o Governo de Portugal está disposto a tomar medidas fortes, mas à custa, como sempre, do povo português.

Quanto ao futuro, as pesquisas de opinião providenciam uma previsão de um retorno para o PSD, enquanto os partidos de esquerda (Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português) não conseguem convencer o eleitorado de suas ideias e propostas.

Só em Portugal, a classe elitista dos políticos PSD/PS seria capaz de punir o povo por se atrever a ser independente.

Essa classe, enviou os interesses de Portugal no esgoto, pediu sacrifícios aolongo de décadas, não produziu nada e continuou a massacrar o povo com mais castigos. Esses traidores estão levando cada vez mais portugueses a questionarem se deveriam ter sido assimilados há séculos, pela Espanha.

Que apelativo, o ditado : “Quem não está bem, que se mude”. Certo, bem longe de Portugal, como todos os que possam, estão fazendo. Bons estudantes a jorrarem pelas fronteiras fora. Que comentário lamentável para um país maravilhoso, um povo fantástico, e uma classe política abominável.

T B-H.

Que se lixe a República... a III -parte 1

“A República que se lixe”, (depois da morte de Calígula, e da carnificina no palácio imperial), precisamos de um Imperador”, gritava o soldado Grato de um grupo de legionários romanos que se antecipou aos germanos, depois de descobrirem escondido, no palácio imperial, o já envelhecido Cláudius, reconhecido como o irmão desprezado de Germanicus, neto de Augusto e de Lívia. Cláudius, coxo, aleijado e gago, era um homem de uma cultura acima do normal historiador reconhecido e naquela altura os legionários, aclamaram-no Imperador de Roma e quando os germanos chegaram, Cláudius já recomposto, no meio da algazarra e do afagar das azagaias germanas, mandou-os calar, com a protecção da Guarda bem armada, estes prostraram-se, perante a ordem e perante a força e aclamaram o novo Imperador.

Por sinal, um dos maiores imperadores de sempre da longa história romana. Digamos que foi mais ou menos assim que Cláudius foi Imperador, o neto escondido da corte pela sua avó Lívia, mas neto do grande Augusto. Por cá não temos República, está morta, nem temos um Cládius, nem Guarda Pretoriana de jeito, temos uns Nero e uns Calígulas e os germanos a berrarem pelo seu Euro, feito à sua medida e o que resta do que foi um Império, está a ser vendido ao desbarato, desde os idos de Abril, por um regime de corruptos que teima em se perpetuar no poder, mas sempre em nome de um povo, ah… mas com eleições, quanto mais tarde melhor, diz a partidocracia, especialmente as esquerdas, gostam muito de eleições estes tipos… Um Primeiro Ministro que se arma em Calimero, como se não governasse há 6 anos e um Presidente que já esqueceu que podia ter demitido este Calimero antes da sua eleição, mas os seus interesses pessoais estavam em primeiro lugar, demonstrando que não é diferente, desde o oásis e o Cavaquistão.

Vergonha… é a palavra que se me ocorre…

Porque Portugal não é uma democracia, vejam o excelente artigo abaixo

Crise financeira mundial Islândia.
O povo é quem mais ordena. E já tirou o país da recessão por Joana Azevedo Viana, Publicado em 26 de Março de 2011 . A crise levou os islandeses a mudar de governo e a chumbar o resgate dos bancos. Mas o exemplo de democracia não tem tido cobertura Os protestos populares, quando surgem, são para ser levados até ao fim. Quem o mostra são os islandeses, cuja acção popular sem precedentes levou à queda do governo conservador, à pressão por alterações à Constituição (já encaminhadas) e à ida às urnas em massa para chumbar o resgate dos bancos. Desde a eclosão da crise, em 2008, os países europeus tentam desesperadamente encontrar soluções económicas para sair da recessão. A nacionalização de bancos privados que abriram bancarrota assim que os grandes bancos privados de investimento nos EUA (como o Lehman Brothers) entraram em colapso é um sonho que muitos europeus não se atrevem a ter. A Islândia não só o teve como o levou mais longe. Assim que a banca entrou em incumprimento, o governo islandês decidiu nacionalizar os seus três bancos privados - Kaupthing, Landsbanki e Glitnir. Mas nem isto impediu que o país caísse na recessão. A Islândia foi à falência e o Fundo Monetário Internacional (FMI) entrou em acção, injectando 2,1 mil milhões de dólares no país, com um acrescento de 2,5 mil milhões de dólares pelos países nórdicos. O povo revoltou-se e saiu à rua. Lição democrática n.º 1: Pacificamente, os islandeses começaram a concentrar-se, todos os dias, em frente ao Althingi [Parlamento] exigindo a renúncia do governo conservador de Geir H. Haarde em bloco. E conseguiram. Foram convocadas eleições antecipadas e, em Abril de 2009, foi eleita uma coligação formada pela Aliança Social-Democrata e o Movimento Esquerda Verde - chefiada por Johanna Sigurdardottir, actual primeira-ministra. Durante esse ano, a economia manteve-se em situação precária, fechando o ano com uma queda de 7%. Porém, no terceiro trimestre de 2010 o país saiu da recessão - com o PIB real a registar, entre Julho e Setembro, um crescimento de 1,2%, comparado com o trimestre anterior. Mas os problemas continuaram. Lição democrática n.º 2: Os clientes dos bancos privados islandeses eram sobretudo estrangeiros - na sua maioria dos EUA e do Reino Unido - e o Landsbanki o que acumulava a maior dívida dos três. Com o colapso do Landsbanki, os governos britânico e holandês entraram em acção, indemnizando os seus cidadãos com 5 mil milhões de dólares [cerca de 3,5 mil milhões de euros] e planeando a cobrança desses valores à Islândia. Algum do dinheiro para pagar essa dívida virá directamente do Landsbanki, que está neste momento a vender os seus bens. Porém, o relatório de uma empresa de consultoria privada mostra que isso apenas cobrirá entre 200 mil e 2 mil milhões de dólares. O resto teria de ser pago pela Islândia, agora detentora do banco. Só que, mais uma vez, o povo saiu à rua. Os governos da Islândia, da Holanda e do Reino Unido tinham acordado que seria o governo a desembolsar o valor total das indemnizações - que corresponde a 6 mil dólares por cada um dos 320 mil habitantes do país, a ser pago mensalmente por cada família a 15 anos, com juros de 5,5%. A 16 de Fevereiro, o Parlamento aprovou a lei e fez renascer a revolta popular. Depois de vários dias em protesto na capital, Reiquiavique, o presidente islandês, Ólafur Ragnar Grímsson, recusou aprovar a lei e marcou novo referendo para 9 de Abril. Lição democrática n.º 3: As últimas sondagens mostram que as intenções de votar contra a lei aumentam de dia para dia, com entre 52% e 63% da população a declarar que vai rejeitar a lei n.o 13/2011. Enquanto o país se prepara para mais um exercício de verdadeira democracia, os responsáveis pelas dívidas que entalaram a Islândia começam a ser responsabilizados - muito à conta da pressão popular sobre o novo governo de coligação, que parece o único do mundo disposto a investigar estes crimes sem rosto (até agora). Na semana passada, a Interpol abriu uma caça a Sigurdur Einarsson, ex-presidente-executivo do Kaupthing. Einarsson é suspeito de fraude e de falsificação de documentos e, segundo a imprensa islandesa, terá dito ao procurador-geral do país que está disposto a regressar à Islândia para ajudar nas investigações se lhe for prometido que não é preso. Para as mudanças constitucionais, outra vitória popular: a coligação aceitou criar uma assembleia de 25 islandeses sem filiação partidária, eleitos entre 500 advogados, estudantes, jornalistas, agricultores, representantes sindicais, etc. A nova Constituição será inspirada na da Dinamarca e, entre outras coisas, incluirá um novo projecto de lei, o Initiative Media - que visa tornar o país porto seguro para jornalistas de investigação e de fontes e criar, entre outras coisas, provedores de internet. É a lição número 4 ao mundo, de uma lista que não parece dar tréguas: é que toda a revolução islandesa está a passar despercebida nos media internacionais.

sexta-feira, março 25, 2011

Auditoria ao défice, já

"O País caiu na crise política porque até agora o actual Governo entreteu-se a brincar às mentiras nas contas públicas. O que parece nunca é. Afinal, é bem pior.

Em 2009, foi a primeira grande aldrabice. Os portugueses foram para eleições legislativas com a garantia do primeiro-ministro, José Sócrates, e do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, de que o défice orçamental era de 5,8%, acabou poucos meses depois em 9,3%. No ano seguinte, a mesma história de terror mas ainda com mais vítimas.

O Executivo socialista já sabia em Janeiro que tinha de reduzir o saldo negativo das contas públicas para 7,3%. O descontrolo foi tanto que teve de se recorrer ao fundo de pensões da Portugal Telecom - mais de dois mil milhões de euros -, o que parecia garantir um resultado melhor do que o esperado (6,9%), ainda que artificial. Pois bem, o Eurostat descobriu que as contas estão mal feitas e é preciso somar o BPN e os buracos crónicos nas contas públicas. Afinal, podemos acabar com um défice acima de 8%.

Nos poucos meses de execução do Orçamento deste ano, a mesma história de ficção. O Governo a fazer conferências de imprensa com os dados da execução orçamental e o Banco Central Europeu a apanhar insuficiências de pelo menos 0,8% do PIB porque a equipa das Finanças partiu de um cenário macroeconómico que só poderia concretizar--se no país das maravilhas.

Foi por isto que José Sócrates perdeu toda a sua credibilidade interna e externa. Não basta apresentar pacotes de medidas trimestrais e pedir o apoio da oposição e dos parceiros sociais. É preciso garantir que são realizados com rigor. E esta equipa do Ministério das Finanças já não consegue. Teixeira dos Santos chegou a ser o principal activo do Executivo, depois do próprio primeiro-ministro. Agora já faz parte do problema. Não tem força política para travar os apetites despesistas dos colegas de Governo e é a origem dos maiores embaraços externos. As finanças públicas em Portugal são uma ficção e de terceira categoria.

Desta forma, é preciso evitar os erros do passado. Portugal vai entrar em novo período eleitoral e os portugueses têm o direito de saberem a real dimensão do défice orçamental e da dívida pública antes de irem às urnas no fim de Maio. Caso contrário, qualquer discussão é estéril. Os partidos políticos bem podem comprometer-se com a redução do défice, mas como avaliar as suas propostas sem conhecer a dimensão do problema? Por um lado, será sempre um acto inútil. Por outro lado, dá espaço a todas as demagogias na campanha eleitoral.

A maneira de resolver esta questão é fazer já uma auditoria às contas públicas, que deverá estar concluída antes das eleições. A presidência da República deve liderar a iniciativa que deve ser conduzida pelas entidades europeias - Eurostat, Comissão Europeia e BCE - e pelo INE, com a colaboração do Governo em gestão. As entidades europeias tiveram recentemente em Portugal, pelo que há trabalho adiantado e ninguém vai colocar em causa os seus resultados. Os portugueses merecem a verdade sobre o problema mais urgente do País. Senão, como votar em consciência?
"

Bruno Proença

quinta-feira, março 24, 2011

Depois de Calígula, não vamos ter Cláudio...

Factos financeiros e jogos políticos

"Portugal já está a ser ajudado e enfrenta já uma violentíssima falta de acesso aos mercados financeiros.

Não é uma opinião, são factos. Só lhe falta fazer o pedido formal de ajuda. Que é inevitável. E isto, sim, é uma opinião, sustentada pelos factos.

Comecemos pelos factos que demonstram que o acesso a financiamento externo estava, e está, lentamente a fechar-se para Portugal - ainda antes da crise política.

1. O Estado português está há meses a ser apoiado pelo Banco Central Europeu através da compra de dívida pública portuguesa no mercado secundário, para combater a subida da taxa de juro. Não se conhecem os montantes, porque o BCE não os divulga, mas uma estimativa de um banco de investimento internacional aponta para valores da ordem dos 18 mil milhões de euros.

2. Os bancos portugueses, que não se conseguem financiar no mercado desde o primeiro trimestre do ano passado, estão a obter recursos do BCE por troca de títulos que têm em carteira. O último montante que se conhece, relativo a Fevereiro, é de 41 mil milhões de euros. E este ano os bancos portugueses precisam, obviamente, de recursos para pagar dívida que chega ao fim da maturidade.

3. Com os valores estimados para o Estado e os contabilizados para a banca, o apoio do BCE a Portugal rondará quase 60 mil milhões de euros. Apenas como referência, porque não se podem fazer comparações directas, o empréstimo a sete anos e meio que o FMI e o Fundo Europeu de Estabilização Financeira acordou para a Irlanda é de 85 mil milhões de euros.

4. A Refer, uma empresas pública de infra-estruturas ferroviárias, não conseguiu financiar-se no mercado, ou seja, falhou uma emissão.

5. A Parpública não conseguiu colocar os títulos que corresponderiam a mais uma fase da privatização da EDP - obrigações permutáveis.

São cinco factos a que se podem somar "não factos", ou seja, a ausência de operações de financiamento no mercado por parte de grandes empresas.

Aos factos que expõem as dificuldades crescentes de acesso a financiamento acrescentam-se os mais recentes factos que apontam para um apoio mais activo da Europa a Portugal:

1. Equipas técnicas do BCE e da Comissão Europeia estiveram em Portugal durante duas semanas, até dia 10 de Março, a desenhar com o Governo português as novas medidas de austeridade.

2. Portugal foi o único país do euro que antecipou o seu programa de estabilidade, e apresentou-o numa Cimeira Extraordinária da Zona Euro - acontecimento raro - onde a situação financeira do País foi um dos principais temas.

3. A Comissão Europeia e o BCE fizeram um comunicado conjunto sobre Portugal, um facto inédito. No fim dessa declaração, lemos uma frase igualmente invulgar: as duas instituições vão fiscalizar a concretização das medidas por parte de Portugal.

Numa forma dura e crua, pode dizer-se que Portugal está já a ser governado a partir de Bruxelas e Frankfurt. E que já está tudo preparado para o Governo fazer o pedido formal de ajuda financeira à Europa e ao FMI.

Factos são factos. O resto, a dita crise política, é o jogo da culpa. O Governo, pelo que disse ou pelo que não fez, quer tirar de cima de si a culpa do pedido de ajuda financeira. Um jogo que nos vai sair caro, que vai exigir ainda mais medidas de austeridade
."

Helena Garrido

Eles pensam que é tudo estúpido.

"Na semana passada o Ministério das Finanças fez uma festa com a execução orçamental de Fevereiro.

Entre outras razões porque se atingiu um superávite histórico nas contas do Estado (800 milhões de euros). É chocante ver como em Portugal se trata as Finanças Públicas como um "número" de magia à lá David Copperfield ou Luís de Matos.

Comecemos pela pergunta mais óbvia: como é que um país que luta para reduzir o défice para 4,6% pode ter um superávite (excesso de receita sobre despesa)? A resposta é simples: não pode. O que tivemos em Fevereiro foi mais uma "chico-espertice" made in Ministério das Finanças: protelou-se o pagamento de despesas. As suspeitas já andavam no ar desde a semana passada mas ontem, a avaliar pelo "Negócios" e pelo "DE" elas confirmaram-se.

Isto resolve alguma coisa? Não: as despesas, mesmo que adiadas, têm de ser pagas. Ou seja, no final do ano as contas têm de quadrar. São artifícios destes (jogar com a diferença entre contabilidade pública e contabilidade nacional) que mostram o desespero do Governo: precisa de apresentar, a todo o custo, boas notícias aos mercados e ao binómio Merkel/BCE. Mas os pais da ideia não percebem que o procedimento só contribui para agravar a descredibilização da República. Porque se estas jogatanas passam ao lado do cidadão comum, nem os investidores nem o BCE, nem os assessores da senhora Merkel são tão descuidados. Senão veja-se: os juros continuam elevados e só baixam quando o BCE nos dá uma mãozinha. Assim como assim, se calhar é melhor contratar o prestigiado Copperfield, ou o não menos eficaz Luís de Matos
. "

Camilo Lourenco

quarta-feira, março 23, 2011

Não Há Nada P'ra Ninguém

É a política, estúpidos

"Todos os protagonistas políticos se estão a mover para a antecipação de eleições, e eleições vamos ter.

É uma loucura à luz da situação financeira do País. É a política na sua pior versão, estrangulada e condicionada pelos seus próprios jogos de poder e em busca da desresponsabilização.

A culpa do FMI será do outro. Esta será a grande vitória da antecipação das eleições para quem as ganhar. Para os portugueses, as eleições vão significar um PEC V com uma dose de austeridade ainda maior.

Os líderes do PSD e do PS sabem que uma crise política, neste momento, agrava a situação financeira do País até ao limite do colapso ou, na velha palavra, da bancarrota. Sim, Portugal estava condenado a pedir ajuda. Mas, em estabilidade política, poderia ainda ambicionar e trabalhar para ser apoiado no quadro dos novos mecanismos, que a Cimeira de dia 24 e 25 de Março vão criar, em vez de entrar no modelo à grega e irlandesa.

Como os líderes dos dois maiores partidos nada fizeram para evitar a crise política - porque não quiseram ou não puderam, pouco importa -, temos de concluir que esperam agora bons ganhos com a dita "clarificação política". E vão ter.

Pedro Passos Coelho e José Sócrates, na oposição ou no Governo, passam a poder culpar-se um ao outro pelo pedido de ajuda financeira. E quem vier a ser Governo terá margem para adoptar medidas de austeridade ainda mais violentas do que as já previstas. Porque há quem culpar: foi o outro que não fez, ou que não deixou fazer.

Até a ideia da grande coligação para governar um país em cacos permite que ninguém saia chamuscado das medidas impopulares que terão de se seguir à dita "clarificação política" que se deseja ganhar com esta crise política.

Resolvido o problema financeiro, podem os partidos que integrarem a tal grande coligação regressar à arena política com o acordo tácito de não se culparem uns aos outros pela violenta dose de austeridade que terão de lançar sobre os portugueses.

José Sócrates desencadeou a tempestade política.

Com erros e omissões, premeditados ou não, Sócrates criou a dinâmica de crise política em que estamos. Não deu, nem ao líder do PSD, nem ao Presidente da República, uma única saída para salvarem o Governo e o seu PEC IV.

Sócrates tinha de saber que Pedro Passos Coelho não podia ceder pela quarta vez. E se não sabia isso, sabia que voltar à carga com medidas que já tinham sido colocadas de parte na negociação do Orçamento significaria sempre um furioso "não" dos social-democratas.

Toda a dinâmica criada com ou sem intenção por José Sócrates culmina com o facto de não dizer nada ao Presidente da República sobre as novas medidas de austeridade. O primeiro-ministro deu ao Presidente da República razões objectivas de falta de confiança política. E assim fica também o Presidente sem margem para evitar eleições antecipadas.

José Sócrates quis eleições antecipadas. Poderá agora culpar o PSD pelo pedido de ajuda financeira que estava a chegar. Como o PSD o poderá culpar a ele. O primeiro-ministro brincou com o fogo que nos vai queimar a todos. Haverá um PEC V bastante mais violento que o IV. É a política
."

Helena Garrido

O (baixo) nível a que isto chegou

"De um lado está o PS, onde José Sócrates, Silva Pereira e Francisco Assis apelam à negociação do PEC IV, porque o que foi acordado com Bruxelas são apenas "guidelines".

Do outro está o PSD, onde Passos Coelho, Miguel Relvas Filipe e Miguel Macedo dizem que o Governo já negociou tudo com a Comissão e o BCE.

Em momentos destes costuma ser muito difícil separar a campanha eleitoral dos factos. Mas ontem a ajuda veio de onde menos se esperava: de Bruxelas. Ora veja as seguintes declarações:

"Aprovámos o programa de ajustamento tal como nos foi proposto pelo governo português e que foi avalizado tanto pela Comissão Europeia como pelo Banco Central Europeu. É evidente que há compromissos assumidos por Portugal e não podemos afastar-nos de compromissos assumidos". Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo (sobre a oportunidade de uma renegociação do PEV IV).

"Não vejo qualquer razão que fizesse com que pudéssemos alterar o programa, tal como nos foi comunicado e aprovado". Olli Rehn, comissário responsável pela pasta de Economia e Finanças.

Depois destas palavras, explícitas quanto ao que verdadeiramente se passou na última Cimeira, só há uma coisa que surpreende: como é que o primeiro-ministro e a sua entourage insistem que o que foi negociado (leia-se imposto) em Bruxelas, com a bênção da senhora Merkel, foram apenas "guidelines" (linhas de orientação). São coisas como esta que fazem o mais ardente defensor da estabilidade política pensar que não há outra solução senão ir a eleições. Porque seja o que for que saia delas, é melhor do que o temos
."

Camilo Lourenco

Cortesãos do reino

"Afinal, a crise política em curso não tem nada a ver com as novas medidas de austeridade propostas pelo Governo para garantir o défice em 2011 e as metas definidas para os dois anos seguintes.

Os protestos, os dedos em riste, os olhos em bico, o espanto e as ameaças solenes resultam de dois simples factos: o PEC IV foi apresentado em Bruxelas sem comunicação prévia ao Presidente da República e aos partidos da oposição, isto é, ao Parlamento, a santa casa desta democracia da treta.

É tudo uma questão de forma, não de conteúdo. Dizem os sábios que o formalismo é a essência da coisa. O País ser pobre, miserável, manhoso e ter uma classe política corrupta não interessa para nada. Os salamaleques democráticos são o sal da Terra para estes indignados cortesãos do reino
."

António Ribeiro Ferreira

terça-feira, março 22, 2011

Até amanhã e boa sorte!!!

Crise política à europeia

Existe uma crise política porque a oposição não aceitou discutir as medidas do PEC 4 conforme proposta do governo (mais aqui)… As tais medidas que esta manhã Bruxelas não aceitava serem discutidas (ler aqui) mas agora à tarde já aceita (mais aqui)...

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"PEC made in Bruxelas"

PEC 4: O Governo alterou as suas previsões macroeconómicas para os próximos anos. Na actualização o governo prevê recessão de 0,9% este ano. Espera-se desemprego recorde, queda do consumo privado e público e do investimento (mais aqui)"
Dizem os mentideros que os PEC elaborados em Bruxelas andam mais perto da realidade nacional…

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Já há dinheiro.

1/ "O valor dos depósitos dos particulares junto da banca aumentaram em janeiro, pelo quarto mês consecutivo, voltando a atingir máximos históricos (mais aqui)"

2/ "O crédito malparado das famílias voltou às subidas em janeiro (mais aqui)"
Parece que os portugueses se tornaram caloteiros para poderem depositar

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O PS ressona

"Portugal enfrenta quatro crises. Na economia, nas finanças públicas e privadas, na área social e ainda uma de natureza política. Só esta pode ser resolvida a curto prazo. E a oportunidade não devia ser desperdiçada.

O discurso actual do Governo visa criar a ilusão de que o País está a resolver os seus problemas sozinho. Mas não é preciso andar especialmente atento para se saber que isto não é verdade. Através das instituições financeiras, a economia está há longos meses a ser sustentada através do Banco Central Europeu. Quem disser o contrário, estará a mentir.

É, também, a partir de Frankfurt que tem chegado aos mercados o dinheiro para comprar títulos de dívida pública, travar a sua desvalorização e arrefecer de forma artificial e inconsistente a escalada das taxas de juro perante a deterioração do risco de crédito do País. Os dados da execução orçamental deste ano podem conter dados positivos mas não têm chegado para dispensar o apoio precioso do BCE e persuadir os credores. Percebe-se porquê.

Em primeiro lugar, referem-se a um período ainda curto e são da responsabilidade de um Governo que, nos três últimos anos, acumulou erros na condução das finanças públicas e um currículo fértil em derrapagens de última hora. Em segundo lugar, os números que têm sido divulgados, sobretudo aqueles que expressam o comportamento da despesa, indicam como está a evoluir a tesouraria mas dizem pouco sobre os compromissos que pendem sobre as contas do Estado.

Adiar a liquidação de uma factura pode parecer um sinal de saúde e de contenção na despesa mas o compromisso não deixa de existir e terá de ser honrado, mais tarde ou mais cedo. Não é por acaso que os números que contam para validação junto dos parceiros europeus sejam aqueles que são apurados na óptica da contabilidade nacional e se desvalorize a contabilidade pública. A verdade é que esta esconde muita coisa e se presta às maiores mistificações, como se tem visto.

Com FMI ou sem FMI, Portugal não se teria aguentado, nem se aguentará, sem ajuda externa. Posto isto, seria uma completa irresponsabilidade não criar, já, condições para superar o impasse político provocado por um Governo minoritário e com uma liderança que há muito esgotou o seu crédito. A situação de Portugal é grave e difícil e é por este motivo que se torna necessário realizar eleições antecipadas e abrir a porta à formação de uma maioria e de um Governo de salvação nacional. Porque é de salvar o País, e de o recolocar na rota de crescimento de que se desviou há mais de uma década, que se trata.

Cavaco Silva tem uma palavra decisiva. Pode tentar encontrar uma solução no actual quadro parlamentar mas a tarefa é inútil. Entre Pedro Passos Coelho e José Sócrates, "confiança" é uma expressão que já não consta no dicionário. E "lealdade", o cimento indispensável para um acordo político alargado, não é tema com que o primeiro-ministro perca muito tempo.

Dissolver o Parlamento e convocar eleições comporta riscos na conjuntura actual. Mas é uma decisão que tem a vantagem de lançar o caminho para uma clarificação e uma solução política nova e dotada de uma legitimidade fresca. Com uma nova Assembleia da República, o Presidente da República terá melhores condições para promover entendimentos destinados ao consenso alargado de que falou no discurso da tomada de posse. E PS, PSD e CDS têm de estar incluídos num futuro acordo de longo prazo.

Só há uma incógnita que Cavaco Silva não pode controlar. No cenário de uma derrota em futuras eleições, os socialistas serão capazes de acordar da sua letargia e de resolverem o problema da sua liderança em favor da saída política de que o País necessita? Há quem queira passar a mensagem contrária, mas é o PS que vai ter de enfrentar, nos próximos meses, o maior teste ao sentido das responsabilidades. O partido é demasiado importante para ser um problema em vez de ser parte de uma solução. Continuar a ressonar profundamente é um luxo que os socialistas e o País não podem sustentar
."

João Silva

segunda-feira, março 21, 2011

O homem que veio de longe

"Ao contrário de António Guterres, o eng. Sócrates não tenciona abandonar o barco que ajudou a afundar. Apesar de as más notícias caírem por cá com regularidade diária, e apesar de as más notícias se deverem, em boa parte, à respectiva manutenção no poder, o eng. Sócrates não abdica deste. Aliás, cada acção do homem vai no sentido da perpetuação ou, como os devotos preferem, da resistência. Perante a perspectiva de eleições antecipadas, ele é o primeiro a afirmar-se disposto a vencê-las. E todos sabem que não se poupará a esforços, mais ou menos lícitos e limpos, para o conseguir.

Porquê? A que se deve a teimosia do eng. Sócrates em maltratar uma nação que a sua sôfrega inépcia deixou em estado comatoso? O que falta provar ao pior governante que a nossa tenra democracia produziu? O que o faz correr ou, na medida em que os que correm para o estrangeiro são os milhares que já não suportam isto, o que faz com que o eng. Sócrates pretenda ficar exactamente onde está?

Talvez o ressentimento. Numa pequena resenha biográfica, publicada em 2009 na revista GQ e em 2010 no livro Vidas, Maria Filomena Mónica descreve um rapaz fascinado e intimidado pelas "elites" da capital, reais ou imaginadas. Veja-se o que o eng. Sócrates confessava em tempos a um jornal da Covilhã: "Há uma grande segregação que tem a ver com a origem e com a província. Não há a mesma igualdade (sic) de oportunidades. Isto quer dizer que as pessoas do interior, para se afirmarem na corte lisboeta, têm de ser muito mais talentosas do que as pessoas de Lisboa."

Embora "talento" não seja o critério essencial na ascensão partidária, o desabafo traduz perfeitamente o caldo de isolamento e despeito que formaram a personalidade do jovem José Pinto de Sousa, enquanto trocava os apelidos da família por um curioso nome próprio que, na cabeça dele, convocaria o tipo de "prestígio" atribuído pelo curso que discutivelmente obteve - não porque quisesse "muito" (cito-o) ser engenheiro, mas porque "era melhor ser engenheiro do que não ser".

Outra entrevista, de outra fonte, é igualmente elucidativa. Em Setembro de 2000, o eng. Sócrates afirmou ao DN: "(...) eu nasci na Covilhã e foi lá que me formei, que moldei o carácter de antes quebrar do que torcer. Mas, passados os anos de adaptação [a Lisboa], reconheço-me integrado em absoluto, embora assinale ainda o preconceito de corte, da corte da política, entenda-se, para os que chegaram de fora."

É engraçado que o velho conflito do eng. Sócrates com os factos inclua o próprio local de nascimento (na verdade, nasceu no Porto e foi registado em Alijó). É também divertido notar que o eng. Sócrates nunca colocou a hipótese de, à semelhança da maioria dos cidadãos, dedicar a Lisboa a indiferença que Lisboa lhe dedicava.

O que aqui importa, porém, é, a par da ambição, a constante inadequação, o fardo de um enxovalho mal reprimido e a pedir desagravo. Se diversos predecessores do actual primeiro-ministro partilharam o seu rancor pela corte, nenhum pareceu movido exclusivamente pelo desejo de mostrar à "corte" quem manda nela. Com maior ou menor evidência, todos revelaram as residuais virtudes exigidas pelo cargo. O eng. Sócrates não revela nada: salvo eventuais (e ocultos) méritos, o que o faz correr é, apenas, a necessidade de vingança.

Claro que a vingança, mesmo fundamentada em delírios, é um sentimento legítimo. Só aborrece que entre o vingador e os alvos haja um país, e que, através do voto, o país tenha patrocinado por duas vezes as frustrações de um irresponsável. E não aposto que não patrocine uma terceira
."

Alberto Gonçalves

Respostas aos Censos 2011 pela Internet arrancam hoje - Sociedade - PUBLICO.PT

Respostas aos Censos 2011 pela Internet arrancam hoje - Sociedade - PUBLICO.PT
É: "Server is too busy" é a resposta, do país da mentira, aparece assim que se tenta aceder.

domingo, março 20, 2011

Os PECados originais

"Ainda não passaram seis meses, mas Portugal já voltou ao ponto de partida. Tal como em Outubro do ano passado voltamos a um cenário de ameaças à estabilidade política.

Desta vez não é o Orçamento do Estado. É o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC). A versão, dizem ser a IV, mas a contagem não é fácil.

Merece este PEC o apoio dos portugueses e dos partidos com assento parlamentar? Não. E não é só este PEC que merece ser chumbado. É o Governo que merece ser expulso. Até porque se esforçou por o merecer.

Enganou os portugueses. Andou a gritar que éramos os campeões do crescimento, mas em meados do ano passado começou a aumentar impostos. Fez subir o IVA, o IRS e o IRC. Foi mais longe, e depois de já ter aniquilado a esperança dos portugueses apresentou um Orçamento ainda com mais austeridade. Voltou a subir o IVA, o IRS e o IRC e cortou salários na administração pública. Mas dando provas de que pior ainda seria possível propõe-se agora a aumentar novamente os impostos em 2012 e 2013. Desta vez, no entanto, há requintes de malvadez. Já não basta congelar as pensões mais baixas e subir os impostos. José Sócrates consegue penhorar os pensionistas e retirar-lhe parte da pensão que fizeram por merecer ao longo de uma vida de trabalho. É uma espécie de cobrança de dívidas que estes nunca tiveram. A dificuldade está em classificar tamanha coragem para salvar o País.

Mas o PEC IV quando for, ou se chegar a ser apresentado no Parlamento, terá os seus méritos. O primeiro resulta de pôr a nu dois pecados. O primeiro, o original, já vem de 2010.

O Orçamento do Estado para este ano nunca deveria ter sido aprovado apesar da estranha unanimidade entre empresários, banqueiros e economistas que não lhe reconhecendo validade, diziam que era indispensável. Tudo em nome da estabilidade política. Não durou seis meses.

E o Orçamento para 2011 não merecia aprovação porque não passava de um conjunto de medidas que, penalizando fortemente as famílias, deixava o Estado com a mesma gordura e sem melhorar a sua competitividade. Mas também merecia ser chumbado porque tinha a originalidade de apresentar dois cenários macroeconómicos: um, que previa uma recessão que nunca foi inscrita no cenário macroeconómico, e outra, que previa crescimento económico ao bom estilo de um País campeão do crescimento.

E esta farsa no cenário macroeconómico foi o segundo pecado que nos trouxe ao PEC IV. Porque foi aí que a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu se agarraram para desmascarar a farsa. E foi aí que se agarraram para obrigar José Sócrates e Teixeira dos Santos a apresentar mais medidas de austeridade.

Agora, no meio do desespero, Sócrates tenta avançar para eleições. Mas para isso terá de apresentar o PEC IV no Parlamento. Imagine-se, com um novo cenário macro. Agora já corrigido à partida por Bruxelas e Frankfurt. Ficará a nu o segundo pecado: Portugal não só está em recessão como a quebra da economia será forte.

Num País onde parece valer tudo fica, ainda assim, a dúvida: revelará José Sócrates a mesma coragem que tem perante os pensionistas e irá ignorar Bruxelas e o BCE
? "

Vitor Costa

sábado, março 19, 2011

Salvar a pele

"José Sócrates lançou o país numa crise política e alguns beatos perguntam por aí: porquê? O que tem Sócrates a ganhar com o chumbo do PEC e a sua demissão anunciada? A resposta básica para estes básicos é só uma: tudo.

Ao encostar o PSD à parede, qualquer reacção de Passos Coelho seria uma vitória para Sócrates. Se Passos Coelho cedesse, o PSD estaria liquidado até 2013 e entraria numa guerra civil sem fim à vista.

Se Passos Coelho não cedesse, Sócrates poderia, como se vê, sair mesmo a tempo de evitar ser ele o porteiro de um resgate inevitável – apontando o dedo ao PSD pelo resgate inevitável. Com um bónus: a possibilidade de ir a eleições, chorar em público pela injustiça cometida e, quem sabe, voltar a ganhar. Ou, no mínimo, perder por poucos – o que seria sempre uma vitória para quem vive e cresce no caos. Sócrates é, nas suas palavras, um ‘animal feroz’; mas é também um ‘animal perigoso’. É por isso que o país precisa de o afastar: não para evitar anos de austeridade, que serão longos; mas para que essa austeridade seja feita para salvar o país – e não a pele do PS e do seu líder.
"

João Pereira Coutinho

sexta-feira, março 18, 2011

Um bom artigo para discutir e pensar, mas atenção não é uma Bíblia!

A educação não é a chave do sucesso económico
por Paul Krugman, Publicado em 11 de Março de 2011

Os empregos eliminados pelos computadores não são os manuais, mas os que envolvem rotinas. Estudar, como ter assistência médica, é um direito, mas não resolve o problema do desemprego
A ideia de que a educação é a chave do sucesso económico é aceite por toda a gente; todos concordam que os empregos do futuro vão exigir um maior grau de qualificação. Foi por isso que, numa aparição pública na última sexta-feira com o antigo governador da Florida Jeb Bush, o presidente Barack Obama declarou que, "se quisermos melhores notícias na frente do emprego, temos de investir mais na educação".

Só que toda a gente está enganada.

No dia a seguir ao do evento Obama-Bush, o "The Times" publicou um artigo acerca do uso crescente de software em pesquisas de natureza jurídica. Acontece que os computadores podem analisar rapidamente milhares de documentos, desempenhando por um custo baixíssimo uma tarefa que antigamente exigia verdadeiros exércitos de advogados.

A investigação jurídica não é um exemplo isolado. Como o artigo indica, o software também está a substituir os engenheiros em tarefas como a concepção de novos chips. De uma maneira mais geral, a ideia de que a tecnologia moderna elimina apenas empregos pouco qualificados, de que as pessoas com formação académica sofisticada não têm nada com que se preocupar, pode dominar a imprensa popular mas é claramente anacrónica - várias décadas.

A realidade é que desde o início dos anos 90, mais ou menos, o mercado de trabalho dos Estados Unidos se tem caracterizado não por um aumento generalizado de competências, mas por um fenómeno diferente: tanto os empregos muito bem como muito mal pagos têm crescido imensamente, mas não os de remuneração média - aqueles com que contamos para alimentar uma classe média forte -, que têm ficado claramente para trás. E o fosso está a alargar-se: muitas das ocupações que cresceram de forma rápida nos anos 90 têm crescido de forma mais lenta nos últimos anos, ao mesmo tempo que o emprego mal pago e pouco qualificado tem aumentado.

Por que razão está isto a acontecer? A ideia de que a formação académica se está a tornar cada vez mais importante assenta na noção aparentemente razoável de que os avanços da tecnologia aumentam as oportunidades de emprego para aqueles que trabalham com informação - em sentido lato, que os computadores favorecem aqueles que trabalham com a mente, prejudicando os que fazem trabalho manual.

No entanto, há alguns anos, os economistas David Autor, Frank Levy e Richard Murnane defenderam que esta maneira de encarar o assunto está errada. Os computadores, dizem, são excelentes em tarefas de rotina, "de tipo cognitivo ou manual, que possam ser executadas seguindo regras explícitas". Assim, qualquer tarefa de rotina - uma categoria de que fazem parte muitos trabalhos não manuais - está na linha de fogo. Pelo contrário, qualquer trabalho que não possa ser executado seguindo regras explícitas - uma categoria que inclui muitos tipos de trabalho manual, de camionista a empregado da limpeza - vai tender a crescer com o progresso tecnológico.

E é aqui que bate o ponto. A maior parte do trabalho manual que ainda não desapareceu na economia norte-americana é do tipo que é difícil de automatizar. Numa altura em que a força de trabalho em linhas de montagem nos Estados Unidos está reduzida a 6% da população activa, já não há muitos empregos deste tipo que possam ser eliminados. No entanto, muitos trabalhos de pessoas com formação e relativamente bem pagos podem vir a ser informatizados em breve. Os robôs domésticos são engraçados, mas os empregados domésticos ainda estão longe de passar à história; a investigação jurídica computorizada e o diagnóstico médico com ajuda computacional também já existem.

E depois há a globalização. Em tempos só os operários tinham de se preocupar com a concorrência dos operários de outros países, mas a combinação entre informática e telecomunicações tornou possível transferir muitos trabalhos para outros países. A pesquisa dos meus colegas da Universidade de Princeton Alan Blinder e Alan Krueger sugere que os trabalhos altamente qualificados e muito bem pagos são, em certo sentido, mais facilmente deslocalizáveis que os menos qualificados e mais mal pagos. Se eles tiverem razão, o crescimento do comércio internacional de serviços vai afectar ainda mais o mercado de trabalho norte-americano.

De que maneira é que isto afecta a educação nos Estados Unidos?

É um facto que temos um problema com a educação. O mais preocupante são as desigualdades à partida - as crianças inteligentes de famílias pobres têm menos probabilidades de concluir a faculdade que crianças muito menos inteligentes de meios mais ricos. Isto não só é escandaloso como representa um desperdício imenso do potencial humano do país.

Mesmo assim, há coisas que a educação não tem capacidade de fazer. A ideia de que mandar mais jovens para a universidade poderia recuperar a nossa classe média é pura fantasia. Se hoje já não se pode dizer que um curso universitário assegura um bom emprego, a cada nova década isso vai sendo mais evidente.

Assim, se quisermos uma sociedade em que a prosperidade é amplamente partilhada, a educação não é a resposta - teremos de construir essa sociedade directamente, pelas nossas mãos. Temos de devolver à força de trabalho o poder negocial que ele perdeu ao longo dos últimos 30 anos, de maneira que tanto um vulgar operário como uma superestrela possam exigir bons salários. Temos de garantir os direitos essenciais a todos os cidadãos, em especial o direito à saúde.

O que não podemos é chegar onde queremos distribuindo mais formação universitária a torto e a direito. Podemos estar apenas a vender bilhetes para empregos que já não existem, ou então que não asseguram salários de classe média.

Economista Nobel 2008

Não comemos biocombustíveis também, diria eu...

A culpa de o preço do pão ter subido não é de Ben Bernanke
por Paul Krugman, Publicado em 11 de Fevereiro de 2011 .

Se algumas contigências económicas recentes provocaram uma subida generalizada dos bens alimentares, a razão principal são as alterações climáticas, e por isso o pior ainda está para vir.

Estamos em plena crise mundial de alimentação, a segunda em três anos. Os preços dos bens alimentares atingiram novos recordes em Janeiro, impulsionados pelos enormes aumentos do trigo, do milho, do açúcar e do óleo alimentar. Esta enorme alta de preços teve efeitos displicentes na inflação dos EUA, que em termos históricos ainda está baixa, mas está a ter um impacto brutal nos pobres do planeta, que gastam grande parte, senão mesmo a totalidade do seu rendimento em bens alimentares essenciais.

As consequências desta crise alimentar vão muito além da vertente económica. A questão central que se põe a propósito das revoltas contra os regimes corruptos e opressivos no Médio Oriente não é tanto saber porque acontecem, mas sim porque acontecem agora. E não há dúvida de que os preços astronómicos da comida têm sido um detonador importante da ira popular.

Mas o que está por detrás da subida dos preços? A direita nos EUA (e os chineses) acusam a política do dinheiro fácil da Reserva Federal; houve mesmo um comentador que declarou que "Bernanke tem as mãos manchadas de sangue". Entretanto, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, acusa os especuladores de "extorsão e pilhagem".

Os indícios contam uma história diferente e muito mais inquietante. Embora vários factores tenham contribuído para o aumento dos preços da comida, o mais marcante é a escala em que os graves episódios climáticos desestabilizaram a produção agrícola. E esses episódios são exactamente o que seria de esperar devido às concentrações, sempre crescentes, de gases com efeito de estufa, que alteram o clima. Ou seja, a actual subida dos preços da comida pode ser apenas o princípio.

Ora bem, é verdade que, em certa medida a subida dos preços dos alimentos se enquadra num "boom" genérico de bens de consumo: os preços de muitas matérias-primas, do alumínio ao zinco, têm vindo a subir rapidamente desde o princípio de 2009, devido sobretudo à rápida industrialização registada nos mercados emergentes.

Mas também é certo que a relação entre crescimento industrial e procura é bastante mais clara no caso do cobre, por exemplo, que no da comida. Excepção feita aos países muito pobres, o aumento dos rendimentos não tem grande efeito nas quantidades do que as pessoas comem.

E é verdade que o crescimento em países emergentes como a República Popular da China leva ao aumento do consumo de carne e, consequentemente, ao aumento da procura de rações animais. É verdade também que as matérias-primas agrícolas, especialmente o algodão, disputam entre si e com as culturas agro-alimentares os terrenos férteis e outros recursos - aliás como acontece com a produção subsidiada de etanol, que consome muito milho. Assim, o binómio crescimento económico e política energética deficiente tem responsabilidades no aumento do preço dos alimentos.

Apesar de tudo, o aumento dos preços da comida manteve-se inferior ao do dos outros bens de consumo até ao Verão passado. Depois veio o mau tempo.

Veja-se o caso do trigo, cujo preço quase duplicou desde o Verão. A causa imediata é óbvia: a produção mundial decaiu acentuadamente. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o grosso desse declínio é reflexo de uma queda pronunciada na região da antiga União Soviética. E sabemos porquê: uma vaga de calor sem precedentes, seguida de seca, que, pela primeira vez desde que há registos, fez subir os termómetros em Moscovo acima dos 37oC.

A vaga de calor russa foi apenas uma de muitas manifestações climáticas extremas, que vão do tempo seco no Brasil a inundações de proporções bíblicas na Austrália. Todas elas prejudicaram a produção alimentar mundial.

A pergunta que importa fazer é então o que está por detrás deste clima extremado.

Em certa medida, estamos a assistir aos resultados de um fenómeno natural, La Niña, uma ocorrência periódica que torna a água do Pacífico equatorial mais fria que o normal. Historicamente, os fenómenos do La Niña têm estado associados a crises alimentares mundiais, incluindo a de 2007-08.

Mas isso não explica tudo. Não podemos deixar-nos cegar pela neve que caiu nem pelo frio que fez: em termos globais, 2010 estava empatado com 2005 como ano mais quente alguma vez registado, apesar de termos tido um mínimo solar e de La Niña ter sido um factor de arrefecimento na segunda metade do ano. Os recordes de temperatura não aconteceram só na Rússia, mas em 19 países, que, no seu conjunto, representam um quinto da área arável do planeta. E tanto as secas como as inundações são consequências naturais de um planeta em aquecimento: as secas porque ele está mais quente, as inundações porque os oceanos libertam mais vapor de água.

É verdade que podemos atribuir qualquer ocorrência climática aos gases de efeito de estufa, mas o padrão que estamos a ver, com estes extremos a tornarem-se mais vulgares, é exactamente o que seria de esperar de uma alteração climática planetária.

Os suspeitos do costume, claro, vão entrar em parafuso quando ouvirem dizer que o aquecimento global tem alguma coisa a ver com a crise alimentar; os que reiteram que Ben Bernanke tem as mãos manchadas de sangue tendem a ser mais ou menos as mesmas pessoas que insistem que o consenso científico acerca do clima não passa de uma enorme conspiração da esquerda.

Os indícios indicam de facto que aquilo a que estamos a assistir é apenas uma primeira amostra da ruptura económica e política que nos espera num mundo em aquecimento. Dado o nosso fracasso rotundo a lidar com os gases de efeito de estufa, espera-nos pior. Muito pior.

Economista Nobel 2008

The New York Times


Retirem o nme USA e coloquem Portugal, serve na mesma



Mais "Verdade da Crise"
por Paul Krugman, Publicado em 18 de Março de 2011

.Quem tiver a esperança inocente de ainda ver a punição dos responsáveis pela crise de 2008, que muitos continuam a pagar, desengane-se. Os crimes continuam e a impunidade também
Estou entre aqueles que ficaram satisfeitos por ver o documentário "A Verdade da Crise" ganhar um Óscar. O filme recordou-nos que a crise financeira de 2008, cujos efeitos ainda ensombram as vidas de milhões de americanos, não foi um acaso - o que a tornou possível foi o comportamento indecoroso de banqueiros, reguladores e, sim, economistas.

O que o filme não mostra, no entanto, é que a crise desencadeou uma nova série de abusos, muitos deles ilegais, além de imorais. Agora, por fim, há figuras políticas destacadas a mostrar alguma indignação. Infelizmente, não é dirigida aos abusos da banca, mas aos que tentam impedi-los.

Neste contexto, a primeira coisa a chamar a nossa atenção é a proposta de acordo entre os procuradores-gerais dos estados e os bancos hipotecários. Trata-se de pura "extorsão", diz o senador Richard Shelby, do Alabama.

Os bancos a quem fosse exigido que aceitassem o acordo estariam a ser vítimas de "roubo", diz o "The Wall Street Journal". E os próprios banqueiros avisam que qualquer acção contra eles pode pôr a recuperação económica em risco. Tudo isto confirma que os ricos são diferentes de mim e de si: quando infringem a lei, são os que os acusam que são julgados.

Para ficar com uma ideia daquilo de que estamos a falar, veja- -se a queixa do procurador-geral do estado do Nevada contra o Bank of America. Segundo a acusação, o banco incitou as famílias a aderirem ao seu programa de modificação das condições de empréstimos - supostamente com o objectivo de manterem as suas casas - com informações erradas acerca das exigências do programa (por exemplo a de que era preciso falhar pagamentos para se poder aderir) e com falsas promessas de ajuda, para depois responder com acções de execução e até com o leilão dos bens enquanto as famílias continuavam à espera de uma decisão. Enfim, de maneira geral, exploraram o programa para enriquecer à custa destas famílias.

O resultado foi que "muitos consumidores do Nevada continuaram a fazer pagamentos das mensalidades das hipotecas para além das suas possibilidades, recorrendo às suas poupanças, aos seus fundos de reforma ou aos fundos para a educação dos filhos. Além disso, devido às falsas garantias do Bank of America, os devedores trocaram a possibilidade de vender imediatamente as casas por tentativas vãs de as conservarem. Depois esperaram mês após mês, telefonaram repetidamente para o banco, insistiram com pedidos, sem saberem se conseguiriam salvar as casas.

Mesmo assim, este tipo de coisas só acontece a desgraçados que não conseguem pagar as hipotecas, não é verdade? Não. Recentemente, Dana Milbank, conhecido colunista do "Washington Post", publicou um artigo acerca da sua própria experiência: um refinanciamento de rotina da hipoteca transformou-se num pesadelo de custos indevidos, juros exagerados e contas congeladas. E tudo indica que a experiência dele não foi isolada.

A propósito, recorde-se que não estamos a falar de operadores duvidosos aparecidos ontem à noite, mas de duas ou três das maiores empresas financeiras norte-americanas, com cerca de 2 biliões de dólares de activos. No entanto, os políticos parecem inclinados a fazer-nos acreditar que qualquer tentativa de obrigar estes gigantes da banca a fazerem uma modesta restituição, mais que justificada, é "extorsão". A verdade é que eles estão prestes a escapar quase sem penalização.

E que responder à afirmação de que tudo isto pode ameaçar a recuperação económica? Muito haveria a dizer sobre este assunto, tudo mau. Mas há dois pontos que quero sublinhar.

Em primeiro lugar, o acordo proposto é apenas de alteração de condições em que ambas as partes ganhem, isto é, os beneficiários e os investidores. A verdade escandalosa é que os bancos estão a boicotar estes acordos para poderem continuar a extorquir taxas elevadas. De que modo pôr fim a este roubo de estrada pode ameaçar a economia?

Em segundo lugar, o maior obstáculo à recuperação não é a situação financeira dos nossos bancos principais, que já foram ajudados uma vez e actualmente beneficiam da impressão generalizada de que isso voltará a acontecer em caso de necessidade. É, pelo contrário, a ameaça do crédito malparado e a paralisação do mercado imobiliário. Contribuir para que os bancos ajudem a sanar o problema ajudaria a economia, não a prejudicaria.

Nos dias e nas semanas que aí vêm veremos os políticos protectores dos banqueiros denunciarem a proposta, dizendo defender com isso o estado de direito. No entanto, o que estão a defender é precisamente o contrário - um sistema em que apenas os pequenos têm de obedecer à lei, enquanto os ricos, em especial os banqueiros, podem enganar e defraudar sem ter de responder por isso.

Economista Nobel 2008

Jornal i/The New York Times

quinta-feira, março 17, 2011

Até amanhã e boa sorte!!!

Não há inocentes!

"(1) O PEC IV mostrou ao País o abismo em que Portugal tem alegremente caminhado nos últimos meses. Os portugueses começam a compreender que afinal os Velhos do Restelo tinham razão. Eles andaram a avisar durante anos que vinha a crise total e a ruína. Chegou agora no seu esplendor (devo dizer que bem pior que as previsões dos mais pessimistas). E percebem que o PEC IV não vai ser o último. Na verdade, a desgraça e a penúria começam agora para prolongar-se durante muitos anos, possivelmente toda a década. Claro que ninguém, mas absolutamente ninguém, acredita no PEC IV. Os mercados financeiros nem reagiram. Os líderes europeus disseram o mesmo de sempre, pois Portugal está já completamente isolado e à completa mercê dos seus credores. A própria Merkel voltou a repetir as mesmas palavras da semana anterior aquando da visita de Sócrates a Berlim (quando os "Abrantes" diziam que a interpretação correcta dessas palavras é que não havia necessidade de mais medidas). Depois do PEC IV virá o PEC V e assim por diante. Sem fim. E com muito sofrimento de muitos portugueses.

Só o ego cego do primeiro-ministro e a mais completa falta de realismo do PS podem explicar este PEC IV. Porque o PEC IV apenas responde à necessidade de corrigir a má execução orçamental (que estava óptima no dia anterior ao PEC IV). Basta comparar a Parte I do PEC IV com as Partes II e III. O PEC IV só é claro no que toca a novos impostos e taxas, subir receitas para o Estado e pedir ao contribuinte que pague o descontrole orçamental (neste caso concreto, tapar o buraco descoberto pelas instituições europeias na semana passada). A segunda e a terceira parte, que supostamente falam das reformas estruturais que Portugal precisa, são um conjunto de generalidade, vacuidades, promessas vazias, muitas delas já feitas no passado. O capítulo da justiça, por exemplo, mostra como o Governo não tem qualquer ideia de como resolver o imbróglio em que estamos metidos. Igualmente na saúde ou na educação.

(2) O tempo dos inocentes acabou. A ruína dos portugueses é responsabilidade de um regime perdulário e de uma classe política que governou com demagogia e facilitismo durante os últimos 20 anos. Todos têm culpa. A começar pelos eleitores que votaram sempre alegremente em quem lhes prometia um nível de vida alemão, um Estado social sueco com a produtividade portuguesa. Mas quem governou nos últimos seis anos foi o PS. Foram o PS e o seu primeiro-ministro que desenharam esta estratégia de pseudo-resistência que nos levou ao abismo; foram o PS e o seu primeiro-ministro que enganaram as contas públicas de 2009 e 2010 (basta ler a reacção duríssima do "Financial Times" e do "Wall Street Journal" aos truques orçamentais com o fundo de pensões da PT para perceber que o Ministro das Finanças tem credibilidade zero a nível internacional); foram o PS e o seu primeiro-ministro que falharam todas as reformas estruturais ao ponto de voltar a prometer pela enésima vez o que supostamente já tinha sido feito de 2005 a 2009; são o PS e o seu primeiro-ministro que não conseguem executar o orçamento porque estão dependentes de uma cultura de desperdício que alimenta as suas claques; são o PS e o seu primeiro-ministro que arrasaram o prestígio de Portugal. Em Março de 2010 havia outras alternativas, outros caminhos, outras possibilidades. Mas o PS, prisioneiro do ego cego do primeiro-ministro, decidiu esta alternativa, este caminho que nos levou até ao PEC IV.

O tempo dos inocentes esgotou-se. O Presidente da República fez finalmente o discurso que tinha que ser feito na tomada de posse. Lamenta-se que tinha sido tão tarde. O PSD compreendeu finalmente que o caminho trilhado pelo Primeiro Ministro não tem saída. Muitos milhares de portugueses saíram às ruas e manifestaram-se porque estão fartos. Houve moção de censura, mas um conjunto de artimanhas constitucionais mantém um governo minoritário, sem credibilidade interna e externa, no poder.

Estamos onde estamos porque o primeiro-ministro só tem uma preocupação e um objectivo, a sua sobrevivência política. Não há estratégia. Não há reformismo. Não há programa. Não há solução. Não há conteúdo. Não há Governo. Há resistência. Porque a Europa nos vai resolver o problema do endividamento externo? Não. Porque vamos ter reformas estruturais que vão reduzir drasticamente a necessidade de financiamento externo? Não. Porque milagrosamente isto tem solução? Não. Apenas e só porque o ego cego do Primeiro Ministro e o oportunismo das elites do PS querem sobreviver dia após dia. Enquanto o Primeiro Ministro achar que ainda lhe resta uma última oportunidade eleitoral, vamos cavar o buraco mais e mais. Enquanto o PS achar que se pode manter no poder, ninguém no partido vai abrir a boca para perguntar onde está o tal Estado social que dizem defender.

A coligação governamental irlandesa perdeu 3/4 dos seus deputados nas eleições de Março. O PSOE de Zapatero, depois do pior resultado de sempre na Catalunha em Novembro, prepara-se para uma sova eleitoral sem precedentes em Maio, onde possivelmente perderá os seus feudos históricos (ao ponto de Zapatero anular a sua agenda eleitoral a pedido do partido para que não apareça). Segundo as sondagens, em Portugal, 30-35% gostam e agradecem o primeiro-ministro que temos. Boa sorte!
"

Nuno Garoupa

É preciso ter vergonha

"Há dois ministérios que pela sua natureza devem ficar fora das batalhas eleitorais: Negócios Estrangeiros e Finanças.

No caso dos Estrangeiros porque o "fio" do relacionamento com o exterior não pode ficar dependente dos humores de cada partido. No caso das Finanças por ser um ministério técnico, cuja credibilidade é afectada se os factos (números) forem interpretados em função das pugnas eleitorais.

Luís Amado tem honrado aquele desígnio; já Teixeira dos Santos e seus secretários de Estado deixam a desejar. O ministro já se tinha envolvido numa disputa pouco dignificante na campanha para as legislativas de 2009. Esta semana voltou a borrar a pintura ao dizer, na ressaca da boutade da apresentação do PEC, que a oposição está a enganar os portugueses. Ontem foi a vez do Secretário do Tesouro dizer que as taxas de juro dos BT a 12 anos subiram por causa da crise política. Costa Pina foi ainda mais longe, ao ponto de relacionar a baixa do "rating" da República (há muito anunciada…) à iminência dessa crise.

É preciso ter vergonha. Portugal anda há meses com o credo na boca, à mercê do BCE e dos humores do eleitorado alemão. Dizer que a iminência de eleições precipita a ajuda externa é uma mentira. Seja qual for o cenário, essa ajuda é inevitável. E, como disse a ministra francesa das Finanças, o recurso ao FMI não está excluído.

As eleições são a solução ideal? Não. Mas são o mal menor. Porque face à sucessão de falhanços, mentiras e desrespeito pelos órgãos de soberania (sem precedentes), as medidas duras de que o país precisa para se endireitar, requerem uma renovação da legitimidade governativa. Que só o voto pode dar.
"

Camilo Lourenço

quarta-feira, março 16, 2011

Até amanhã e boa sorte!!!

Pontapé no traseiro

"O Orçamento para 2011 tinha um buraco superior a mil milhões de euros. Bruxelas descobriu, fez queixa a Berlim e os vigaristas foram chamados à presença da senhora Merkel, a chanceler da Alemanha e governadora de Portugal. O castigo aplicado foi mais um PEC contra os indígenas.

Apanhado com as calças na mão, o engenheiro relativo não esteve com meias medidas e desatou a provocar tudo e todos. Escondeu o pacote do seu parceiro de tango, vingou-se do discurso de posse de Cavaco Silva e quer mais uma vez aparecer travestido de vítima do Mundo. A oposição, como de costume, anda a empurrar a bola de um lado para o outro com medo do ónus da crise. No meio desta lixeira, o que faz falta é alguém que corra esta cambada toda com um valente pontapé no traseiro
."

António Ribeiro Ferreira

A velha raposa

"Todos os bandidos e ladrões da Pátria deviam rever quanto antes o filme que deu um Óscar a John Wayne.

Odiscurso de posse do Presidente da República vai marcar durante muito tempo esta triste e deprimida política nacional. É evidente que os socialistas só a muito custo vão digerir as duras e certeiras palavras de Cavaco Silva. As reacções conhecidas mostram isso mesmo. Há quem aconselhe o primeiro-ministro a demitir-se e há mesmo algumas luminárias a garantir, provavelmente com ar sério, que o Chefe de Estado pôs em causa o regular funcionamento das instituições ao apelar à insurreição popular.

Se estas posições são reveladoras do estado de alma dos apoiantes de Sócrates, há também muitos silêncios do lado de lá, isto é, do principal partido da oposição. E isto porque Cavaco Silva não só fez um discurso duro, necessário e certeiro, como apontou caminhos claros para a governação do País. Foi, por assim dizer, um aviso à navegação, aos que, legitimamente, pensam chegar ao poder: "Neste contexto difícil, impõe-se ao Presidente da República que contribua para a definição de linhas de orientação e de rumos para a economia nacional que permitam responder às dificuldades do presente e encarar com esperança os desafios do futuro". Pois é.

Este segundo e último mandato de Cavaco Silva vai, necessariamente, ser muito diferente do primeiro. Para bem de Portugal e dos portugueses. Bem podem alguns débeis mentais, de sexo desconhecido, dizer que o Presidente da República terá muitas dificuldades em sobreviver à bomba que lançou no seu discurso de posse. São desejos de quem atacou de forma baixa o candidato presidencial, tentou desvalorizar a sua vitória eleitoral e agora ficou muito espantado com a energia e a força reveladas na quarta-feira de cinzas por Cavaco Silva. Os que andaram a apoucar, provocar e tentar encurralar o Presidente da República em Belém e numa leitura minimalista dos seus poderes constitucionais já tiveram uma primeira resposta.

E vão ter mais, com certeza. Cavaco Silva é capaz de perdoar, mas seguramente não esquece a miserável provocação do Estatuto dos Açores, o episódio grotesco e lamentável das escutas, as mentiras e deslealdades institucionais e, claro, o estado miserável a que chegou este país. Os que esperavam uma magistratura pífia, vão ter um Chefe de Estado sem medo de rupturas, de ideologias e da verdade. Todos os bandidos, ladrões, manhosos e mentirosos da Pátria deviam rever quanto antes o filme que deu um Óscar a John Wayne e perceberem que no Palácio de Belém está uma velha raposa
."

António Ribeiro Ferreira

Demissão no grupo de análise das parcerias pode pôr em causa acordo orçamental PS-PSD - Política - PUBLICO.PT

Primeiro-ministro admite demitir-se em caso de “chumbo” do PEC - Política - PUBLICO.PT

Primeiro-ministro admite demitir-se em caso de “chumbo” do PEC - Política - PUBLICO.PT
Pois eu acho que vai tarde crise política já a temos há muito e com ou sem eleições o país está falido.
O BCE tem nos seus quadros um dos culpados.
É possível um governo no actual quadro da Assembleia a não ser que se abra um período de caça aos polícos dos partidos e da pardidocracia.

O golfe baixa o IVA

"A notícia gerou uma onda de contestação: o Governo preparava-se para reduzir o IVA do golfe, de 23% para 6%. Só nas redes sociais, perto de 50 mil pessoas comentaram esta notícia do Negócios. Chocante?

É outra vez o IVA. O Governo anunciou na sexta-feira a alteração do sistema das taxas do IVA, o que deve passar pela eliminação de uma das taxas mais baixas ou pela transferência de produtos para taxas mais elevadas. Em qualquer dos casos, estamos sempre a falar de mais imposto.

Neste ambiente de austeridade, a notícia de que o Fisco está a estudar a descida da taxa do golfe provoca perplexidade. Sobretudo porque o golfe é um desporto caro – praticado por pessoas com rendimentos altos. E aqui chegamos ao ponto crítico: a descida do IVA para o golfe é um estímulo ao turismo e, portanto, à economia nacional? Ou é uma excepção incompreensível às medidas de austeridade?

Este confronto de argumentos explica a contradição das medidas de austeridade, que aumentam a receita fiscal mas destroem, na passada, a economia. As empresas de golfe terão todas as razões para ter descidas de IVA. Mas empresas de outras sectores também têm. Já para não falar dos consumidores, que hoje comemoram até o seu dia mundial. Quer dizer: não comemoram nada
."

Pedro S. Guerreiro

terça-feira, março 15, 2011

Até amanhã e boa sorte!

O espantalho

"O Governo atira napalm para cima da sociedade portuguesa e chama a isso PEC.
Calca os portugueses e pede-lhes silêncio. Vamos de PEC em PEC até à derrota final. Do Governo, à incapaz CE de Durão Barroso e passando pela ilusionista senhora Merkel, todos dizem que os cortes e impostos que vão sendo acrescentados são óptimos. E chamam a isso "credibilidade". Merecem escutar os Homens da Luta numa câmara de eco. Indiferentes à genialidade dessas medidas, feitas com o apoio do BCE e da UE, os juros continuam a subir. Há solução?

As manifestações de sábado mostraram o cansaço com um Governo que despreza o País. Que negoceia o futuro de Portugal às escondidas, sem escutas, para se sentir mais seguro. Só que Portugal não é uma coutada de José Sócrates. A situação é difícil mas as medidas devem ser lógicas e claras. Nada disso tem acontecido. Sócrates julga governar para os seus "boys". Que se calam quando ele levanta o sobrolho e agarra no telemóvel. Engana-se: está num cargo público onde deveria ter respeito pelas instituições e pelos portugueses de todas as idades que estão a ser esmagados pelo desvario de sucessivos governos que afundaram a esperança no futuro. É nesta paz podre, onde só o amiguismo e o compadrio vencem, que se começa a corroer a democracia e nasce o clamor contra os partidos.

As manifestações das diferentes gerações neste sábado foram um grito divertido. Mas anunciaram o fim deste Governo que só se desenrasca. Não há nada nele: é um espantalho que já não mete respeito a ninguém. O PS deseja eleições antecipadas. Começa a ser alturade lhas conceder
"

Fernando Sobral

O Estado somos nós

"Quando, no sábado, milhares cantaram o hino nacional na Avenida da Liberdade em Lisboa, todos perceberam o que estava em causa.

O momento chegou: Portugal não dobra mais, agora parte. Hoje é segunda-feira, o País está cativo da fiscalização europeia, paralisado por camionistas, na iminência de eleições. Tudo se precipita: crise financeira, política e social.

As manifestações de sábado foram extraordinárias, de vida, protesto, paz, comunhão. O país sentado subestimou até ao fim o poder daqueles que se levantavam - e no fundo torcia pelo seu humilhante fracasso. Porque alongaria a vida aos instalados, porque a tranquilidade é uma aparência de paz.

Mas a manifestação foi histórica. Heterogénea. Pacífica. Tolerante. Será recordada por quem lá esteve como a da Fonte Luminosa ainda hoje o é. Porque foi uma manifestação de cidadania. E como a solução terá de ser política, os políticos não podem mais fingir que este é um país de mancebos amansados. Sim, Sócrates está no fim do seu tempo mas quem se manifestava não pedia uma mudança de Governo, nem sequer uma mudança de políticas: mas uma mudança de era.

A crise social saiu da abstracção das estatísticas, agora vê-se a sua pele e osso. Nos manifestantes. Nos grevistas dos transportes. E a partir de hoje dos camionistas, que ameaçam repetir o Verão de 2008, quando Portugal esteve à beira do racionamento de combustíveis e alimentos.

Isto acontece quando o Governo anuncia mais um pacote brutal de austeridade, com o conforto europeu, em declarações entusiasmadas de Merkel, Trichet, Barroso para tentar aliviar a pressão dos mercados.

Traduzamos: Portugal já está a ser ajudado e já se entregou ao que essa ajuda exige. Há um ano que é o BCE que empresta dinheiro aos nossos bancos e, indirectamente, ao Estado; este pacote de austeridade foi negociado com Bruxelas e Frankfurt (para não dizer Berlim), que exigiram as medidas em troca do apoio político dado na sexta-feira. E tudo isto para tentar ganhar algumas semanas até que a alteração do Tratado de Lisboa, na Cimeira de 24 e 25 de Março, permita em Abril que o Fundo de Estabilização empreste dinheiro a Portugal no novo mecanismo, que deverá colocar um "tecto" no preço dos mercados, na casa dos 5%, acima do qual é o Fundo que compra a dívida.

Portugal já está na linha de montagem da ajuda; já fizemos a nossa parte, a Europa já nos deu o apoio político, falta a alteração do Tratado. Até lá, os mercados têm de comprar a ideia de que Portugal baixou o risco. Hoje, o BCE estará a comprar dívida portuguesa no mercado secundário para descer os juros. E o BCE e a Comissão passam a fiscalizar as nossas finanças públicas, as nossas reformas estruturais, a nossa recapitalização dos bancos. Quem governa?

Esta é a forma mais suave de intervenção que Sócrates terá sonhado. Mesmo não sendo certo que vingue, pois a crise política que se desenha pode anular o efeito das medidas de austeridade. E vamos para eleições.

José Sócrates preparou as medidas de austeridade à traição a Cavaco e à oposição, fiel apenas às instituições internacionais. E comprometendo-se com um calendário de medidas que o próprio país desconhece. O que prova que o tempo de Sócrates chegou ao fim: ele é apenas o boneco do ventríloquo estrangeiro que nos ajuda, nos financia e nos governa.

Os próximos dois anos da economia portuguesa estão traçados e serão negros. Para que depois disso valha a pena, é preciso ouvir as manifestações - e pedir aos manifestantes que se incluam no sistema e o mudem por dentro, não que se abstenham dele. Os manifestantes não foram apenas muitos: foram, no Porto, mais dos que votaram em Rui Rio e, em Lisboa, o dobro daqueles que votaram em António Costa e quase tantos quantos os que votaram nas últimas eleições. Sim, o país está a partir. Talvez mesmo a partir-se. Mas antes partir o País que partir dele
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Pedro Santos Guerreiro

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