domingo, novembro 30, 2008

A desgraça ditada pelos financeiros à economia real

Os presidentes da General Motors, Rick Wagoner, e da Chrysler, Bob Nardelli, nas audiências perante o Congresso, este mês, traçaram um quadro negro sobre o futuro próximo da indústria automóvel norte-americana. “Catátrofe”, “colapso” e “crise monumental” foram expressões utilizadas por ambos, e corroboradas por Allan Mulally, o líder do outro fabricante - Ford.
O espectro da falência colectiva está mais próximo do que muitos imaginam e poderá conhecer desenvolvimentos cruciais, em Dezembro.
Nardelli forneceu os seus números, caso a falência não possa ser evitada - 2,3-3 milhões de desempregados, USD 265-400 mil milhões (mm/bi) de salários perdidos e USD 100-150 mm/bi a menos de receitas fiscais para o governo federal.
Analistas do sector, citados pela revista Barron’s, estimam que a GM, para sobreviver até ao final de 2009, precisará de uma gigantesca injecção de capital - USD 100 mm/bi - caso as vendas não recuperem, cenário que parece mais provável.
Perante o Congresso, Mulally traçou o presente quadro das vendas - quebra de 45%, desde Janeiro. Em Outubro os três fabricantes de Detroit registaram o pior resultado dos últimos 25 anos. Novembro deverá confirmar a espiral descendente.
“A menos que a as vendas reanimem - escreve a Barron’s - a GM chegará ao final do ano sem dinheiro na tesouraria. A Chrysler e a Ford poderão aguentar mais tempo mas, também elas, esgotarão os seus recursos a meio do Verão e no próximo Outono, respectivamente.”
Apesar das perspectivas sombrias, Governo e Congresso recusaram até agora reforçar os apoios ao sector.
Comparativamente aos USD 7 mil biliões concedidos, sob as mais diversas formas, ao sector financeiro, PME’s e consumidores, o montante de USD 25 mm/bi de fundos estatais concedidos até agora aos três fabricantes de Detroit é irrisório. Ainda assim, governantes e legisladores resistem, pois não acreditam na viabilidade do modelo económico da indústria automóvel do país.
Os três gestores, por exigência do Congresso, deverão apresentar, na próxima terça-feira, um plano “detalhado e consistente” susceptível de convencer os legisladores sobre a viabilidade económica e financeira das suas operações.
Caso contrário, os cofres do Tio Sam vão continuar fechados.
Se tal acontecer, a futura administração Obama enfrentará, a partir de 20 de Janeiro, uma crise interna semelhante à que Franklin Delano Roosevelt (FDR) encontrou quando tomou posse, em 4 de Março de 1933, como 32.º presidente dos Estados Unidos.
A Grande Depressão, iniciada em 1929, herdada da administração Hoover, apesar do subsquente “New Deal”, imposto por FDR, agravou-se substancialmente em 1937 e apenas começou a dar sinais de abrandamento após o início da II Guerra Mundial, em 1939.
A presente crise sistémica poderá não evoluir para uma conflagração à escala global.
Porém, pode marcar a presidência BHO (Barack Hussein Obama) como o início da “Década Perdida”, semelhante à que o Japão vive desde 1998.
Desta feita, com dimensões planetárias.
MRA Dep. Data Mining
PVC
A vigarice, o roubo e todo o tipo de crimes económicos ditados pelos neoconservadores e antes desses, pelos apóstolos do neoliberalismo, com a dama de ferro, seguida na Europa pelos bons alunos, vieram provocar o caos à boa maneira de Trotsky, um ícone da revolução, financiada pelo capitalismo americano depois da I Guerra, capitalismo esse dominado pelos sionistas americanos ou lá ancorados como lapas, contagiando hoje, a economia real e dizendo que o futuro estava na globalização. Hoje como ontem nada mudou...

Terceiro Mundo sem graça, mas o vento quando sopra é para todos...

Uma multidão de consumidores, excitada com os super saldos da cadeia Wal-Mart, provocou ontem a morte de um funcionário da cadeia retalhista, numa loja perto de Nova York, informou a polícia local.
O incidente ocorreu poucas semanas depois de o especialista norte-americano em prospectiva e tendências sociais e económicas, Gerald Celente, ter afirmado em entrevista à Fox News, que “por volta de 2012″, devido ao empobrecimento agudo de muitas famílias, os EUA vão conhecer momentos de grande instabilidade causados pela fome, exclusão social e desemprego.
Tumultos, aumento da criminalidade violenta e marchas pelo emprego serão as consequências da actual crise, prevê Celente. Em sua opinião, dentro de 3 anos, os EUA “serão um país subdesenvolvido”.
Celente, célebre pelo rigor e assertividade na antecipação de megatências locais, regionais e globais, sustenta que, nos próximos anos, os americanos vão passar por uma “profunda crise”, com implicações políticas, económicas e sociais, para a qual “não estão preparados”.
A tragédia de ontem, em Valley Stream, Long Island, no dia conhecido como “Black Friday”, que inaugura a temporada de compras de fim de ano nos Estados Unidos, a seguir ao dia de Acção de Graças, parece dar-lhe razão.
Todos os anos, milhões de americanos correm para as lojas nesta data, estimulados pelos mega saldos das cadeias retalhistas. Para aumentar o volume de vendas, algumas redes abrem as portas ainda de madrugada, com centenas de clientes em fila aguardando a abertura das portas.
Segundo o “New York Times”, ontem havia cerca de 2 000 pessoas. Muitas começaram a chegar às nove da noite. A abertura ocorreu às cinco da manhã. Preocupados com a afluência de público, os funcionários da Wal-Mart chamaram a polícia, cerca das três da manhã, mas de nada serviu.
Pouco antes da abertura, vários trabalhadores da maior cadeia retalhista do mundo tentaram segurar os portões de entrada para evitar a invasão dos clientes, mas não conseguiram. Depois de derrubar as portas, a multidão invadiu a loja e passou por cima da vítima. Mais tarde, a polícia voltou ao local e encerrou o estabelecimento.
Celente prevê o fim da deriva consumista e o colapso do modelo de sociedade - american way of life - que emergiu, no último meio século, das cinzas da II Guerra Mundial.
“A tradicional festa consumista do Natal, tal como a conhecemos, vai acabar. Em 2012, vai ser mais importante ter comida na mesa do que presentes na árvore de Natal”, concluiu.
MRA Dep. Data Mining
PVC, Consultor

O 'ZÉ' E O SEU BLOCO

"1 . O protagonismo de José Sá Fernandes na política, sobretudo na lisboeta, está tristemente associado ao boicote à construção do Túnel do Marquês de Pombal, que ele atrasou em dois anos de forma incompreensível e pouco menos que irresponsável.

Essa acção resultou num prejuízo para as finanças da cidade (milhões de euros que deveriam ter sido contabilizados e não o foram), além de transtornos pessoais constantes, imensos, para milhares de pessoas.

Sá Fernandes merecia ter saído deste processo desgastado publicamente. O túnel, por fim construído, é hoje, manifestamente, uma obra importante para Lisboa (mérito de Santana Lopes) e não conheço um único cidadão que diga o contrário. Haverá, mas não conheço.

Este processo, ao contrário, rendeu a Sá Fernandes o interesse e apoio do Bloco de Esquerda, que precisava de recrutar um agitador com notoriedade. Assim se ganharam votos e se fez a carreira do vereador à sombra do acordo pós-eleitoral entre PS e Bloco de que António Costa precisava.

2 . Os acontecimentos recentes comprovam a tese de que será sempre complicada a relação do Bloco com o exercício do poder. É muito mais fácil criticar e dizer o que está mal - o difícil, na câmara como na vida, é ter ideias, convicções e dar a cara pela resolução dos problemas.

Repare-se no caso de Sá Fernandes.

Ele pensa que António Costa está a ser um bom presidente da Câmara de Lisboa. Já o disse, e tem agido em conformidade, com lealdade e respeito pelo acordo estabelecido. Quero acreditar que não o faça - embora essa seja uma das acusações em cima da mesa - por simples cálculo político e carreirismo, apesar de ser medianamente claro que ele irá dar a cara pela recandidatura de António Costa nas eleições do final de 2009.

3 . O ponto é que José Sá Fernandes fez, espero que pelas boas razões, algo pouco habitual em Portugal: não disse desta vez o fácil, de encontro aos aplausos das caixas de ressonância mediáticas que sempre traduzem crítica por coragem, e escolheu precisamente dizer aquilo que não é popular: que António Costa está a fazer um trabalho sério em Lisboa e ele é solidário com esse esforço de recuperar a cidade e as suas finanças.

O vereador passará, a partir deste momento, na boca da maledicência que se publica tanto em papel como na Internet, a ser mais um "vendido". Infelizmente, em Portugal, sério é criticar sempre, de forma sistemática, tudo e todos; e venal é exercer o poder e dizer "não".

Eu não esqueço o passado, mas dou os parabéns ao cidadão e vereador José Sá Fernandes pela coragem de assumir aquilo em que acredita.

A Casa Pia foi do PS, o BPN é do PSD. Não tenho nada contra isso, mas é pouco saudável para o regime que nem o Presidente da República, Cavaco Silva, escape à intriga e esteja a ser visado por campanhas sujas. Já Jorge Sampaio teve o mesmo a propósito do escândalo de pedofilia. Num país pequeno vale sempre tudo, até não haver princípios
."

João Marcelino

IRÃO - A VERDADE PARA VARIAR

"Infelizmente, quando um alto funcionário ou diplomata iraniano tenta defender o seu país, opta por disseminar "factos" fabricados e criar a noção de que o "coitado" Irão é apenas uma vítima inocente de uma campanha injusta levada a cabo contra o país e contra o que consideram ser os seus direitos legítimos.

Talvez tenha chegado a altura de clarificar as coisas e expô-las exactamente como são. Há já cerca de duas décadas que o Irão tem desenvolvido várias actividades nucleares clandestinas que passaram a ser conhecidas em 2002 e, desde então, a comunidade internacional tem reforçado a sua pressão diplomática e económica para levar Teerão a suspender o enriquecimento de urânio. Este empenho global deriva do entendimento de que a continuação do programa nuclear iraniano ameaça a segurança global, a estabilidade regional bem como a integridade do Tratado de Não Proliferação e de outros esforços de desarmamento em geral.

Há um facto importante que devemos reter em mente - nos últimos dois anos, três resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (1696, 1737, 1747) incluindo várias exigências e sanções, foram adoptadas e decretadas contra o Irão. No entanto, Teerão continua a desafiar todas essas exigências e não suspende as suas actividades nucleares.

Não devemos esquecer que Teerão está disposta a usar quase todos os meios ao seu alcance - como divulgar factos falsos e fabricados na sua imprensa ou nos discursos dos seus líderes - por forma a manter a percepção de legitimidade internacional, entendida como a forma de suster a crescente pressão internacional. Mas ao mesmo tempo o Irão actua fora dos limites dessa mesma legitimidade ao continuar a desafiar as exigências internacionais para que suspenda as suas actividades nucleares.

A vergonhosa participação do Presidente iraniano na última assembleia geral da ONU, em Nova Iorque, esteve plena de referências anti-semitas e de mensagens de ódio e constitui um bom exemplo de como o regime iraniano tem feito troça dos valores e da moral da comunidade internacional, não podendo esconder o facto de que Teerão continua a ser o centro mundial da negação do Holocausto.

Assim, não podemos continuar a ignorar a perturbadora realidade de que hoje - mais de 60 anos depois do Holocausto - ouvimos neste mesmo pódio das Nações Unidas o líder iraniano - um Estado membro da ONU - apelando à destruição de um outro Estado membro e negando as realidades históricas do Holocausto.

No hall das Nações Unidas, foi inscrito por todos os Estados membros: "Nunca mais." Assim, temos o dever de não condenar apenas essas declarações, mas de agir rápida e energicamente contra qualquer Estado membro cujos líderes profiram tais desprezíveis e perigosas palavras. Não devemos nunca esquecer que o Holocausto nazi não começou nas câmaras de gás e no assassínio em massa de judeus. Essa foi a forma como terminou. O Holocausto nazi começou com as palavras perigosas de um homem.

Deixemos que sejam os leitores a julgar por eles próprios se o Irão é uma "vítima inocente" ou o país que desde a revolução islâmica, ocorrida há 30 anos, passou a ser um dos maiores apoiantes e financiadores do terrorismo internacional e regional disseminando a sua ideologia radical e extremista por todo o mundo árabe e muçulmano. Será um país erradamente perseguido pela comunidade internacional ou talvez seja uma iminente ameaça regional que continua a desenvolver todos os esforços para adquirir capacidade nuclear militar, o desenvolvimento de mísseis de longo alcance e o apoio a elementos extremistas e radicais pelo Médio Oriente como: o Hezbollah, o Hamas a Jihad Islâmica, etc. Enquanto tenta desestabilizar toda a região e bloquear qualquer solução pacífica ameaçando gravemente a segurança regional e global.

Israel continua a defender uma aplicação pacífica de todos os pedidos internacionais de suspensão do nuclear iraniano e é claro que não tem nada contra o povo iraniano. No entanto, acreditamos que a insistência do Irão em desafiar a comunidade internacional requer uma voz mais firme em sua oposição
"

Amir Sagie

sábado, novembro 29, 2008

Angels

Duplo perigo

"As previsões económicas revelam-se inúteis, uma vez que avançam com certezas onde não há certeza alguma.

No período conturbado que agora vivemos, os acidentes podem assumir direcções diferentes. A falência imprevisível do Lehman Brothers transformou uma crise financeira que pairava no ar num forte abrandamento quase sistémico. A possível ocorrência de outros acontecimentos imprevisíveis nas próximas semanas e nos próximos meses pode provocar uma depressão deflacionista, um bom inflacionista ou até mesmo um depois do outro.

Num cenário destes, as previsões económicas revelam-se inúteis, uma vez que avançam com certezas onde não há certeza alguma.

Um acidente que podia alterar o curso das coisas seria a falência de um dos grandes construtores automóveis dos EUA. Na semana passada, tivermos alguns sinais de que tal pode vir a acontecer. Isto seria grave naturalmente para a própria indústria norte-americana. Mas podia ser ainda pior para os bancos, principalmente aqueles que estão a braços com ‘swaps’ de incumprimento de crédito (CDS) – provavelmente o produto financeiro mais perigoso alguma vez inventado. Os CDS são produtos seguradores sombra, não regulados e que os investidores compram para se protegerem do incumprimento de títulos das empresas e de títulos soberanos. Um dos contratos mais procurados foi o de protecção contra o incumprimento da General Motors.

O mercado imobiliário é outra bomba relógio potencial. Até há pouco tempo, a maioria dos especialistas em imobiliário previa uma queda de 25 a 30% nos preços do imobiliário. Esta queda voltaria a colocar os preços em linha com a tendência a longo prazo. Mas isto foi antes de o ligeiro abrandamento que se esperava se ter tornado de repente numa grande depressão e de o crédito ter, literalmente, congelado.

Nestas condições, seria de esperar que os preços do imobiliário disparassem 10 a 20 pontos percentuais acima da tendência. Estaríamos a falar assim de uma queda do pico até ao fundo na ordem dos 40 a 50% em média e em termos nominais – e ainda maior em termos reais. E curiosamente não há nada que indique que a recessão possa ser diferente no Reino Unido, na Irlanda ou em Espanha.

Mas as coisas também podem caminhar noutro sentido. Imaginemos que os três grandes fabricantes de automóveis americanos são agraciados com empréstimos do estado. E suponhamos que o mercado de CDS não colapsa e que os governos encontram medidas eficazes de prevenir uma queda extrema dos preços do imobiliário. Então daríamos connosco num mundo completamente diferente. A recessão nas economias ocidentais podia acabar em meados do próximo ano. Com as taxas de juro próximas do zero podíamos assistir a uma rápida recuperação do crédito. Os bancos centrais provavelmente serão demasiado lentos a aumentarem as suas taxas de juro temendo assim travar uma certa recuperação.

O resultado seria um aumento repentino da inflação, provavelmente a mãe de todo os colapsos do mercado obrigacionista e, possivelmente, e uma crise do dólar.

Existem assim riscos em ambos os cenários – riscos quiçá assimétricos, mas certamente significativos, tanto em termos do seu impacto como da sua probabilidade.

Os responsáveis estatísticos estabelecem uma diferença entre dois tipos de erros: erros de tipo um e de tipo dois.

Suponhamos que todos acreditamos que vai acontecer outra Grande Depressão. Um erro de tipo um seria rejeitar a existência de um cenário de depressão, por mais real que ele fosse, enquanto um erro tipo dois seria aceitar que tal está em vias de acontecer, quando tudo aponta para o contrário.

A política da Reserva Federal está a fazer tudo por tudo para evitar que se cometa o primeiro erro – subestimar a ameaça de uma depressão – a todo o custo. Fiquei bastante surpreendido na semana passada quando ouvi que o Fed adoptou uma política de “abrandamento quantitativo”.

O Fed leva a cabo operações no mercado aberto com o objectivo de manter a actual taxa dos fundos do Fed próxima do objectivo traçado pelo comité de mercados abertos do Fed. A taxa dos fundos do Fed é a taxa à qual os bancos emprestam os seus balanços uns aos outros, de um dia para o outro. Mas, recentemente, esta taxa caiu muito abaixo da taxa definida e que é de 1%. Nesta estratégia de abrandamento quantitativo, o Fed não atenta nesta taxa. O objectivo consiste em aumentar a massa monetária em circulação inundando os fundos do Fed de liquidez, motivando assim os bancos a comprarem títulos com maiores rentabilidades.

Mas isto seria uma solução de último recurso. Ben Bernanke escreveu sobre o que acontece quando os bancos emprestam a taxas próximas de zero. Mas existem outras opções. Mas não deixa de ser curioso que tenha aplicado esta arma de desespero maciço numa altura em que ainda estamos longe do nível zero
."

Wolfgang Munchau

Um Orçamento com um pé fora da realidade

"Um Orçamento prevê receitas o melhor possível e fixa despesas. As contas públicas que hoje a Assembleia da República vai aprovar não faz nem uma coisa, nem outra. Nunca nos últimos anos os grandes números do Orçamento do Estado estiveram tão longe do que já se adivinha que será 2009. E pode estar igualmente bastante afastado das medidas expansionistas que o Governo já tomou e ainda poderá ter de adoptar para reanimar a economia.

O Governo, e o ministro das Finanças em particular, sabem que temos pela frente um dos anos mais difíceis desde a década de 70. Ainda ontem o comissário europeu Joaquin Almunia, responsável pelos assuntos económicos e financeiros, afirmou que a crise europeia se vai arrastar até 2010. Todos os economistas e governantes sabem que a situação que estamos a viver é extremamente complexa e difícil de combater. Por que não partilha então o Executivo essas dificuldades com os portugueses? Porquê se sabe também que lemos, ouvimos e vemos os discursos e medidas adoptadas nos outros países assim como as mais diversas análises?

A gestão das expectativas é a resposta a essa questão. O Governo está convencido que tem de ter um discurso optimista. Espera que essa visão menos realista actue como factor de resistência à queda da actividade das empresas. Que adie o mais possível as decisões de despedimento, de adiamento de projectos, de corte nas compras.

É verdade que quando o ministro das Finanças corrigiu as suas previsões de crescimento para este ano em Maio, alguns indicadores afundaram. Olhando para isso, o Governo pode convencer-se que está a contribuir para reduzir a velocidade a que vamos entrar em recessão.

Gerir o que as pessoas esperam do futuro exige uma aproximação, mínima que seja, ao que de facto se está a passar. Se assim não for, enfrenta-se o sério risco de obter um resultado oposto ao que se desejava. Mais grave ainda, há o risco de se transmitir uma ideia de desconhecimento ou desorientação face ao que se está a passar. O que provocará nas empresas e famílias reacções de precaução que aprofundam a crise. E com a crise a afectar seriamente a classe média, criará condições para se generalizar um sentimento de desprotecção, convidando à revolta.

O risco de instabilidade social sempre presente numa recessão é aqui ampliado pelo facto de esta crise estar a ser marcada pela salvação de bancos com dinheiro dos impostos, com casos como o do BPN onde se praticaram crimes. A banca tem desde há algum tempo a sua imagem degradada e ligada a uma classe de poder e dinheiro, imune à justiça.

O quadro da actual crise é de uma complexidade muito preocupante. Problemas complexos, à vista de todos e dolorosos já para muitos não se resolvem com "papas e bolos". O discurso do Governo, distanciado da realidade, é cada vez mais arriscado e perigoso.

O Orçamento do Estado para 2009 deveria ser uma oportunidade para o Governo falar ao país sobre as dificuldades que neste momento se adivinham no horizonte. As contas públicas deveriam estar a transmitir a preocupação de quem governa.

Portugal vai entrar em recessão. Os primeiros meses do próximo ano prometem ser extremamente difíceis. Não há medidas que evitem a crise que aí vem. Há apenas acções que podem moderar a dor e atitudes que podem gerar confiança em quem nos governa.
"

Helena Garrido

Recessão política

"A Europa afunda-se, mas Portugal consegue arrastar-se na zona entre marés. Eis o retrato da mediania que é a verdadeira consciência da Nação.

O primeiro-ministro passeia pelo país um optimismo ora falso, ora infantil. Quando exibe computadores Magalhães como adereços de filme governamental e gosto duvidoso, Sócrates revela a sua incansável meninice. Quando em tom sério de governante responsável lembra o oásis nacional no deserto económico da Europa, Sócrates está apenas a esconder a realidade com o manto luminoso da ficção política. Sócrates é hoje um primeiro-ministro acomodado que se limita a tentar controlar os inevitáveis efeitos da crise económica.

Existe no entanto uma interessante ironia. O ano de 2008 devia ser o apogeu da era Sócrates. Vencido o ‘deficit’, derrotados os interesses instalados, humilhada a oposição incompetente e retrógrada, o Governo preparava-se para anunciar a modernidade e uma vida europeia para o português europeu. Mas o buraco negro da crise internacional arrastou Portugal para a estagnação e engoliu o talento ímpar de um primeiro-ministro milagreiro. Sócrates ainda se julga o salvador da pátria, mas limita-se a reunir a pouca convicção para salvar o que sobra de um projecto falhado.

O que perturba em Portugal é o sentimento de auto-comiseração, é sobretudo a inacção política disfarçada de responsabilidade e excelência. Portugal vive em estagnação económica e em 2009 entra em recessão com crescimento negativo de 0,2%? Obviamente que sim, mas a Espanha recua 0,9%, a Alemanha 0,8% e a Zona Euro regride em média 0,6%. Sócrates devia explicar aos portugueses que ser pobre na Alemanha não é o mesmo que ser pobre em Portugal. Se o Governo não revela ambição, Sócrates vai debitando mecanicamente a cartilha neo-keynesiana. Rasgo, pensamento novo, visão e grandeza de alma são palavras estranhas ao vocabulário do primeiro-ministro. A Europa afunda-se, mas Portugal consegue arrastar-se na zona entre marés. Eis o retrato da mediania que é a verdadeira consciência da Nação. Em Portugal, vive-se em permanente clima de recessão política.

Se o projecto Sócrates subsiste por omissão flagrante de uma oposição dividida entre a turbulência e a deserção, o país perde-se num ambiente de conspiração e intriga. A conspiração do BPN serve de fixação para os problemas do sector financeiro que continua a proclamar a respectiva solidez. A intriga do BPN serve para envolver a Presidência da República e para a tentativa de descredibilização da primeira das instituições. Parafraseando Horace Walpole, Portugal é uma comédia para quem pensa e uma tragédia para quem sente
."

Carlos Marques de Almeida

sexta-feira, novembro 28, 2008

Un'Altra Te

Portugal tem terceira gasolina mais cara da UE

"O preço da gasolina de 95 octanas em Portugal é o terceiro mais elevado entre os 27 Estados-membros da União Europeia (UE), enquanto o gasóleo é o sétimo mais caro, segundo dados do boletim petrolífero da UE. A 24 de Novembro, o litro de gasolina em Portugal custava 1,203 euros, apenas abaixo de Malta (1,238 €) e Holanda (1,269€). Em Espanha, a gasolina custava 90,87 cêntimos. "

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Curiosidades.

"Duas especialistas em Medicina Legal disseram hoje no Tribunal de Faro que as lesões de Leonor Cipriano documentadas em fotografadas captadas na prisão de Odemira não foram cometidas todas no mesmo período de tempo por "apresentarem cores diferentes". Segundo a especialista Rosa Maria da Silva, autora de um parecer sobre as lesões de Leonor Cipriano baseado nalgumas fotos incluídas no processo, as "lesões derivam de um trauma contundente" e cuja evolução inicia-se com uma cor avermelhada, depois cor roxa negra (até ao terceiro dia da pancada), a seguir roxo azul (até ao sexto dia da pancada), passando ainda por cor verde e por fim amarelada (mais aqui)".

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Projecto "Benfica"

Somos todos neo-keynesianos?

"Ninguém se preocupa com o inevitável aumento dos défices públicos em resultado dos pacotes de estímulo à economia anunciados dia sim, dia sim.

A contaminação da economia real pela crise financeira colocou o mundo à beira da recessão. Como um mal nunca vem só, a rápida deterioração das perspectivas económicas internacionais ressuscitou o fantasma da deflação. Em linguagem corrente deflação significa que os preços dos bens e serviços, em vez de aumentarem como sucede em períodos de inflação, descem.

A deflação não é apenas uma ameaça é um perigo real. A forte quebra da actividade económica era só por si suficiente para diminuir a pressão sobre os preços. Se a isso juntarmos a descida das matérias primas – veja-se o caso do petróleo por exemplo – não admira que muitos economistas prevejam que a inflação continue a baixar, podendo mesmo atingir valores negativos.

Se nada for feito, o mundo ou pelo menos uma boa parte dele entrará em deflação. E se à primeira vista a descida dos preços parece positiva para os consumidores, na realidade isso não acontece.

O problema da deflação, isto é da queda generalizada dos preços, é que as pessoas adiam decisões de consumo na esperança de que os preços baixem ainda mais. E quando as famílias deixam de consumir, as empresas cancelam investimentos. Em vez de contratarem, despedem trabalhadores. Mais desemprego significa menos dinheiro no bolso, logo menos consumo. Ou seja, a deflação reduz o consumo, que reduz o investimento, que volta a reduzir o consumo, que volta a reduzir o investimento, que... Um círculo vicioso que pode terminar numa depressão, (recessão + deflação) semelhante à que fustigou os EUA dos anos 30.

Para lidar com este tipo de situações, o economista John Maynard Keynes propôs uma combinação de políticas monetária e fiscal. No primeiro caso baixando os juros, no segundo aumentando os gastos públicos. A ideia em ambos os casos era estimular a procura e voltar a colocar a economia nos carris.

Com o triunfo das teses ditas neo-liberais que reduziram o Estado ao papel de mero espectador da cena económica, aumentar as despesas públicas para estimular a economia, como defendia Keynes, passou a ser uma heresia. Argumento: as medidas que aumentam o défice público conduzem, mais tarde ou mais cedo, à subida das taxas de juro, que são o único passaporte para um crescimento sustentado.

Mas isso era antes. Agora, pelo menos a avaliar pelas reacções, (quase) ninguém se preocupa com o inevitável aumento dos défices públicos em resultado dos pacotes governamentais de estímulo à economia que estão a ser anunciados dia sim, dia sim. Será porque somos todos neo-keynesianos... até voltarmos a ser novamente liberais?
"

Carlos Rosado de Carvalho

O poder do euro

"Se a moeda do seu país tiver actualmente estatuto de reserva global, é muito provável que, no futuro, o volte a ter.

Sabemos que a crise do crédito é uma ameaça real à economia global. Porém, é muito provável que o seu mais importante legado a longo prazo não seja económico e sim geopolítico.

Li recentemente uma análise dos professores Menzie Chinn, da Universidade do Winsconsin, e Jeffrey Frankel, da Universidade de Harvard (consultar www.voxeu.org), que me alertou para essa possibilidade. A sua análise tem por base uma simulação, na qual o euro substitui o dólar enquanto principal reserva monetária mundial nos próximos 10 ou 15 anos, e não a presente crise. No entanto, a crise pode muito bem vir a acelerar as tendências identificadas nesta análise.

Não pense o leitor que se trata de propaganda anti-dólar. Os professores Chinn e Frankel partem, aliás, da noção oposta, ou seja, defendem que o euro não se vai manter mais forte do que o dólar por muito tempo. E por uma razão muito simples: o mundo não muda de reservas monetárias com grande frequência.

A libra esterlina ocupou a ‘pole position’ até à II Guerra Mundial e perdeu esse estatuto devido ao esforço para manter o seu império. Nos anos de 1870, a economia norte-americana já tinha ultrapassado a economia do Reino Unido. A inexistência de um sector financeiro sofisticado foi uma das razões por que o dólar levou mais tempo a afirmar-se, dado aquele só se ter começado a desenvolver a partir de 1913, com a criação do Sistema da Reserva Federal.

O estatuto de reserva monetária global releva de todo um conjunto de factores, como a dimensão da economia, a quota do comércio internacional e a profundidade dos mercados financeiros. A inércia é outro factor. Se a moeda do seu país tiver actualmente estatuto de reserva global, é muito provável que, no futuro, o volte a ter.

Os professores Chinn e Frankel citam duas razões subjacentes para o declínio do papel internacional do dólar americano. A primeira respeita ao persistente défice comercial combinado com a prolongada queda da taxa de câmbio do dólar – quiçá sintoma de final do império. A segunda remete para a emergência de uma genuína alternativa ao dólar – o euro. Com efeito, a dimensão da economia da zona euro é quase igual à dos EUA e pode vir a ultrapassá-la mantendo-se a actual política de alargamento. Londres é, por excelência, o centro financeiro da zona euro, apesar de o Reino Unido não ter adoptado a moeda única. Acresce que os mercados europeus de obrigações são hoje tão profundos e líquidos quanto os seus homólogos norte-americanos.

O estudo dos professores Chinn e Frankel mostra que o dólar pode perder a sua posição dominante como reserva monetária mundial a um ritmo assustadoramente rápido. A imprudente política monetária da Reserva Federal norte-americana tem vindo a acelerar o declínio do dólar e já provocou a subida das expectativas inflaccionistas. Mas não só. A fragilidade do sector financeiro norte-americano é outro factor a ter em conta e resulta da crise do modelo de capitalismo anglo-saxónico, que era, até há pouco tempo, tido como superior face ao antiquado modelo financeiro da zona euro. Desconfio, contudo, que no futuro esta análise seja muito diferente.

A inércia quer dizer que o euro não vai destronar o dólar nos tempos mais próximos. Actualmente, o euro representa apenas um quarto do total das reservas mundiais, ficando o dólar com a fatia de leão: cerca de dois terços. Há uma teoria que diz que os bancos centrais podem acordar privilegiar o dólar para protegerem o valor das suas reservas. Ora bem, não é assim que as coisas funcionam. Os factores externos que favoreceram o dólar nos últimos anos podem, no futuro, vir a favorecer o euro.

As potenciais implicações geopolíticas desta mudança são imensas. Para começar, os EUA iriam perder o seu principal privilégio, isto é, a capacidade de obterem retornos sobre activos estrangeiros superiores aos retornos obtidos por estrangeiros que investem nos EUA. O dólar deixaria muito rapidamente de ser “a nossa moeda e o vosso problema”. E perderia a influência que hoje tem nas instituições financeiras internacionais. Se o dólar perder o estatuto de moeda internacional de referência, os EUA vão perder igualmente algum poder político. Melhor: vão perder poder, ‘tout court’.

Ora, os políticos pouco podem fazer para evitar esta mudança sísmica. Desconfio que o sistema político norte-americano não tem consciência do que aí vem. Nem os líderes europeus, aliás, que ainda não nos esclareceram sobre se estão preparados para assumir as responsabilidades inerentes à gestão da moeda internacional de referência
."

Wolfgang Munchau

A MUDANÇA CONTINUA

"Para chefe de gabinete, Barack Obama escolheu Rahm Emanuel, que consta ser liberal na economia e é certamente um judeu ortodoxo com passagem pelas forças armadas de Israel. Para a Justiça, Obama optou por Eric Holder, um moderado que serviu Bill Clinton e, brevemente, George W. Bush. A nova secretária de Estado é Hillary Clinton, que dispensa apresentações e cuja nomeação suscitou o aplauso de Henry Kissinger. No Tesouro, suspeita-se de Timothy Geithner, que começou a carreira justamente junto a Kissinger e, segundo leio, é um centrista inclinado à direita. Na Defesa, é provável a manutenção do actual titular, Robert Gates. E, nos cargos menores, as especulações e as confirmações versam sempre sujeitos que, para dar um exemplo que apaixona as massas, votaram a favor da guerra do Iraque.

Praticamente se ouvem os corações de milhões de apoiantes internacionais de Obama a partir-se. Não falo dos sociais-democratas e similares, que preferem um democrata a um republicano na Casa Branca. Falo dos infelizes da esquerda radical, que acreditaram em Obama para governar de acordo com os transtornados desígnios que os consomem. Espantosamente, Obama decidiu antes governar para a América "média", essa entidade bizarra e obscura. Claro que, daqui a meses, o fecho de Guantánamo, aliás defendido igualmente por McCain e pelo bom senso, dará aos infelizes pretexto para uma espécie de celebração da "mudança". Será, naturalmente, a última
."

Alberto Gonçalves

quinta-feira, novembro 27, 2008

Bye Bye Beautiful

DEIXEM O PRESIDENTE FORA DISTO

"Ainda nem começou e o caso do BPN já está a ir pelo pior caminho. O caminho não é o Palácio da Justiça mas antes, ao que se vê, o Palácio de Belém. Porquê? Porque Dias Loureiro, um dos antigos homens fortes do BPN, é conselheiro de Estado e porque Cavaco Silva não sabe o que fazer com ele. As opiniões intrigam. Uns dizem que Dias Loureiro embaraça o Presidente da República só porque, ao lado de Oliveira e Costa, ele pertencia àquela "elite" do cavaquismo que usou a política para chegar aos negócios. Outros pretendem que Dias Loureiro obriga o Presidente a tomar uma posição definida sobre se o seu ex-ministro deve, ou não, ficar no Conselho de Estado. E outros exigem que Cavaco Silva afaste expeditamente Dias Loureiro das suas funções de conselheiro, para que tudo se esclareça sobre o que ele fez no período em que esteve no BPN.

E o certo é que tudo isto tem perturbado o Presidente. Cavaco Silva começou por emitir há dias um comunicado excessivo só para tornar claro que não tem, nem nunca teve, ligações ao BPN. A seguir, perguntado sobre se iria demitir Dias Loureiro remeteu para a lei do Conselho de Estado, uma forma de dizer que só não o demite porque não pode. E quando Dias Loureiro, ágil e astuto, foi para Belém garantir a Cavaco Silva que nunca participou em nenhuma ilegalidade no BPN, parece que os papéis se inverteram. O conselheiro Dias Loureiro entendeu que, desta vez, era ele que precisava de ouvir o Presidente da República e não o contrário. A "posição" de Cavaco Silva foi que não vê razões para duvidar da "palavra solene" do seu conselheiro. Tanto chegou para Dias Loureiro sair de Belém com a imagem retocada. Se o Presidente acredita nele, porque é que nós não devemos acreditar?

Há muita gente que não esconde o desejo de atingir a autoridade e o prestígio de Cavaco Silva associando-o ao BPN. Primeiro, porque se todos estiverem de alguma forma envolvidos, as culpas diluem-se. Depois, porque sendo o Presidente hoje e sempre um obstáculo ao poder maioritário, torna-se um alvo apetecível. A simples ideia de que o BPN condensava os "restos" da "elite" do cavaquismo serve para isso mesmo. Curiosamente, nunca se fala das "elites" do soarismo, do guterrismo ou do socratismo vigente que, sejamos justos, também nunca enganaram ninguém.

Mas, dito isso, talvez seja conveniente recordar que quem precisa aqui de ser escrutinado e avaliado não é o Presidente da República. Pouco importa se Cavaco Silva não impôs como dizem que devia a demissão de Dias Loureiro. Era este quem já devia ter saído pelo seu próprio pé, poupando o Presidente aos estragos que começaram a aparecer e a outros que ainda poderão vir. Vejam, por isso, se resguardam o Presidente, que do regime não sobra muito
."

Pedro Lomba

Cuidado.

"Um camionista mexicano cometeu o erro de oferecer boleia a uma jovem loira em Monterrey, norte do país, e acabou com as mãos presas no volante com cola industrial, enquanto a assaltante roubou vários cartões de crédito (mais aqui)"

O Bloco largou o "Zé"

"O "Zé", aquele que tanta falta fazia a Lisboa, já não é "provedor do cidadão", lamenta, amargamente, o Bloco de Esquerda. É capaz de ter razão: José Sá Fernandes parece outro. Está mais institucional e menos disponível para desembainhar a espada. Devem ser efeitos da "real politik", um vírus que lhe corrói a alma desde que começou a andar de braço dado com António Costa. Suspeita-se que passou de provedor a "provador". Tomou o gosto ao poder, esse supremo afrodisíaco que perde por completo a eficácia se tiver de conviver com a contestação.

No entanto, como se diz no futebolês quando o jogador falha o remate decisivo, o Bloco só pode queixar-se de si próprio. Adquiriu peso eleitoral às cavalitas do "Zé" e ganhou poiso no governo de Lisboa graças a um acordo com o PS, que subscreveu de livre vontade. Se concluiu que o seu representante no Executivo não cumpre o programa político, tem todo o direito de romper com ele. Tem é de pagar as favas, porque sendo independente não o pode substituir. É este o ponto que interessa discutir. Mais do que a guerrilha em ano pré-eleitoral.

Em Portugal, onde um dos temas predilectos do anedotário são "os políticos"- labéu atirado à ventoinha, indiscriminadamente, que em conversas de café significa pessoas pouco recomendáveis, potencialmente desonestas - fica sempre bem imputar aos partidos todos os males do Mundo. Por contraposição, ser independente cai no goto. Foi por isso - e pela combatividade demonstrada enquanto cidadão civicamente empenhado, concorde-se ou não com as causas defendidas - que o Bloco "recrutou" Sá Fernandes. A estratégia pouco teve de original. Muitos outros partidos acolhem independentes no regaço, por causa do seu valor no mercado eleitoral.

Desde que a lei permite candidaturas independentes, apenas até ao nível municipal, uma tendência tem vindo a manifestar-se: poucos são "genuínos". Abundam casos de ex-militantes de partidos que, de um momento para o outro, se viram contra a "casa-mãe". Alguns até têm assento na sala de reuniões do Executivo lisboeta. Com frequência, esses independentes apresentam-se como "puros", regeneradores do sistema, cheios de boas intenções. Prontos a denunciar as malévolas maquinações dos partidos de que na véspera faziam parte.

Sá Fernandes não encaixa neste perfil de ressabiado, é certo, porque que se saiba nunca teve cartão partidário. Mas não resistiu a lançar a "boca": o Bloco move-se, afirmou, por "interesses partidários" (o tom negativo fica nas entrelinhas). Só duas perguntas muito simples. Por quais haveria de mover- -se? É ilegítimo que os partidos tenham "interesses" ou só os individuais são admissíveis?
"

Paulo Martins

Bloco simplex.

"O princípio da separação de poderes não se aplica à vida política quotidiana em Portugal. O líder do Bloco de Esquerda, por exemplo, diz que Dias Loureiro deve abandonar o Conselho de Estado porque "não tem condições".

E porquê? Porque "mentiu e foi desmentido, o que ele disse ao antigo governador de Portugal é falso". Mas há provas, processo e sentença? Que interessa? Temos de passar à fase ‘simplex’. O que é bom com o Bloco é que se dispensa investigações e tribunais: basta que o chefe venha dizer que fulano é "bandido" ou que sicrano é "mentiroso" para que a justiça seja feita. Engaveta-se ou fuzila-se em conformidade; depois, os tribunais lá assinarão de cruz. Mas a coisa fica logo feita para não se perder tempo com minudências. Eles não esquecem os velhos hábitos
."

Francisco José Viegas

quarta-feira, novembro 26, 2008

People are Strange

Curiosidades.

1/ "A economia portuguesa vai entrar novamente em recessão e destruir emprego em 2009, diz a OCDE, que assim contraria o «realismo» das previsões do Governo que apontam para uma expansão de 0,6% do produto (mais aqui)"

2/ "As previsões da OCDE para o próximo são de -0,2% para Portugal mas são de -0,9% para Espanha, de -0,8% para a Alemanha e de -0,6% para o conjunto da zona do euro, o que quer dizer que Portugal figura nos lotes de países que têm previsões menos negativas", afirmou Sócrates, aos jornalistas (mais aqui)"

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O PR e o BPN.

"A Presidência da República estranha a insistência por parte de vários órgãos de comunicação social na publicação de notícias que envolvem o caso BPN e alegadas relações com o Presidente mesmo depois de serem insistentemente desmentidas. O dia 8 marcou o início deste ciclo de rumores, com notícias publicadas no “Sol”, onde se dizia que “nos últimos meses, o Presidente recebeu em Belém accionistas e responsáveis do banco” BPN, e no “Diário de Notícias”, onde se referia que Alberto Queiroga Figueiredo, accionista da SLN, “fez parte da comitiva que Cavaco Silva levou à Rússia em 2007”. Ambas foram desmentidas, com a particularidade de Cavaco não ter ainda visitado a Rússia enquanto Presidente da República. O “Diário de Notícias” veio mesmo reconhecer, na última segunda-feira, que “foi um dos jornais que questionou” Belém sobre “a eventual ligação” de Cavaco ao BPN, “tanto a nível profissional como de eventual accionista (mais aqui)"

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Sá Fernandes.

"Por respeito aos eleitores de Lisboa», o BE/Lisboa propõe que «deve ser dito com toda a transparência que o entendimento com José Sá Fernandes, que foi frutuoso no primeiro mandato e equívoco no mandato em curso, está terminado (mais aqui
Parece que no reino do politicamente correcto o casamento de pessoas do” mesmo sexo” continua sem dar resultado…

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Mais um circo mediático

"A comissão de inquérito ao BPN terá um poder: o de chamar a uma sala cheia de jornalistas alguns protagonistas.
A ideia de uma comissão de inquérito para apurar o que se tem passado no BPN é no mínimo inusitada e só mesmo ultrapassada pela possibilidade de uma audição individual de Dias Loureiro no Parlamento. Aliás, a criação de mais esta comissão é bem o sintoma da crescente mediatização da justiça e do lugar frágil que os deputados e a Assembleia da República se atribuem a si próprios.

Desde logo porque, ainda que escudando-se na avaliação do papel do supervisor, percebe-se que há dois verdadeiros motivos por detrás da comissão de inquérito: discorrer sobre o processo que levou à nacionalização do BPN e investigar os eventuais actos ilícitos em torno da gestão do BPN.

Ora, quando a discussão se centrar sobre o primeiro tema, a comissão de inquérito entreter-se-á a replicar uma discussão tida há um par de semanas pelos deputados quando aprovaram a nacionalização do BPN e que já levou a uma prolongada e inócua ida do governador do Banco de Portugal ao Parlamento; já quando discutir os actos de gestão praticados no BPN, teremos uma evidente sobreposição entre a investigação judicial e a actividade parlamentar. O problema é que os deputados colocar-se-ão numa posição desigual e frágil quando comparada com a do Ministério Público.

Pensemos na prisão preventiva de Oliveira Costa. Como é norma em Portugal, o segredo de justiça faz com que pouco possamos saber sobre os motivos desta prisão preventiva, quanto mais sobre o que está em investigação, que factos e que responsabilidades foram apurados. Neste contexto, perante o desconhecimento público, e sem nenhuma prerrogativa que lhes conceda poderes especiais de investigação, o que resta aos deputados é colocar questões com base na informação jornalística assente em investigação própria dos media (invariavelmente escassa) ou em fugas de informação (invariavelmente contraproducentes para o apurar da verdade). Tudo bem revelador do papel que os deputados tranquilamente se atribuem: o de “perguntadores” a quem faltam elementos para questionar consequentemente.

Claro que é exagerado afirmar que os deputados não têm nenhum poder especial e que se limitarão a sobrepor uma comissão de inquérito a uma investigação judicial. Na verdade, a comissão de inquérito terá um poder: o de chamar a uma sala cheia de jornalistas alguns protagonistas. Teremos por isso um circo mediático que abre a porta a todos os populismos. Aliás, uma coisa é garantida: esta comissão de inquérito dará mais uma oportunidade para ouvir Paulo Portas indignar-se contra a supervisão em particular e Francisco Louçã contra os bancos em geral. Muito proveitoso, portanto, para o apurar da verdade, que, ainda com dificuldade, imagina-se seja o objectivo último.

Tudo isto serve para recordar que as comissões de inquérito formadas a quente, debaixo de uma pressão mediática à qual os partidos não só não conseguem resistir, como para a qual se empurram mutuamente, são pouco úteis, não têm nenhuma continuidade e muito menos qualquer tipo de consequência credível. Basta pensar no que se tem passado nas últimas comissões de inquérito, que depois de alguns fogachos mediáticos resultaram em conclusões inócuas, às quais ninguém ligou (alguém se recorda da recente comissão de inquérito ao caso BCP?). Tudo indica que esta não será excepção.

Nada disto quer dizer que em teoria as comissões de inquérito parlamentar não façam, em si, sentido. Fazem-no, mas não constituídas debaixo da pressão pública, sobrepondo-se a investigações judiciais e sem possibilidade de investigar ou conhecer o conteúdo da investigação em curso. Imaginemos que, por exemplo, depois de todo o alarido criado em torno da “Operação Furacão”, esta redunda em nada. Ora nesse caso faz todo o sentido criar uma comissão para investigar os motivos do fracasso da investigação judicial e apurar eventuais responsabilidades. Até porque, é sabido, as investigações às investigações não acontecem em Portugal, sendo que são fundamentais para o bom funcionamento do estado de direito.

Até ver, está apenas a ser criado mais um caso judicial em que a mediatização, ao mesmo tempo que cria o contexto adequado aos assassinatos de carácter e a julgamentos baseados nesse princípio proto-fascista que é o “sentimento generalizado da opinião pública”, poucos contributos dará para apurar a verdade. Mas também o que é que isso importa, quando há uma boa história para contar ou há um palco com holofotes para os diversos actores representarem os papéis predefinidos?
"

Pedro Adão e Silva

terça-feira, novembro 25, 2008

A fénix renascida?

O agressivo programa de endividamento público para salvar o sistema financeiro britânico proposto pelo trabalhista Gordon Brown duplicará a dívida pública do Reino Unido e rompe com o monetarismo e o fundamentalismo do mercado, protagonizado pela conservadora Margaret Thatcher e pelo seu antecessor e correlegionário de partido, Tony Blair. O programa apresentado ao Parlamento, ontem, em Londres, para combater a recessão económica e evitar um ciclo deflacionário, vai custar ao país 25,6 mil milhões/bilhões (mm/bi) de libras (GBP), ou EUR 29,7 mm/bi.
Este é o maior programa estatal de estímulo económico, desde a recessão dos anos 80 e vai aumentar a dívida do Estado, até 2014, para GBP mil biliões/um trilhão (mibi/tri), ou EUR 1,2 mibi/tri.
A agenda do “Novo Trabalhismo”, iniciada por Tony Blair, nos anos 90 - menos Estado, menos despesa pública, menos impostos para os ricos e mais mercado - deu agora lugar ao ”Velho Keynesianismo” - mais dívida pública, mais intervenção do Estado na economia e maior carga fiscal para os contribuintes abastados.
Assim, Brown ficará na história do Reino Unido como o homem que acabou com três décadas de ortodoxia neoliberal imposta pelo Partido Conservador e seguida pelo “New Labour”.
A medida reconciliou o Partido Trabalhista com os sindicatos - ao aumentar para 45% os impostos sobre os rendimentos anuais superiores a 150 mil libras e ressuscitou as divisões ideológicas com a oposição conservadora que o acusam de “irresponsabilidade”.
MRA Dep. Data Mining
pvc
Tomates não calibrados e coragem precisam-se.
Os capados do sítio, para não lhes chamar mordomos de uma série de oligarcas e de incapazes fiscalistas e economistas, nem pensariam sequer nesta fórmula, penso que é uma solução, mas aqui para ser aplicada, ajustiça, toda ela teria de actuar ou de ter actuado, a fiscal e a outra.
Não temos governo, nem oposição que defendam o país e temos um PM vaidoso e mentiroso e um PR que se perde e eu digo e já não era sem tempo.

Salários de 1USD mês, devia pegar como moda.

O conglomerado segurador American International Group (AIG) congelou o pagamento de salários e eliminou os bónus aos sete executivos de topo da empresa, nacionalizada em Setembro após uma gestão ruinosa com investimentos e operações especulativas de alto risco.
Segundo um comunicado da empresa, o presidente do conselho de administração, Edward Liddy, até ao final de 2009, vai receber o salário simbólico de um dólar por mês.
A medida, que se aplica a outros gestores de topo, visa satisfazer as exigências do Congresso de limitar drasticamente os astronómicos salários, prémios e bónus aos gestores responsáveis pelo colapso financeiro das empresas.
A falência da maior seguradora estadunidense foi evitada através da injecção de dinheiro dos contribuintes. Desde Setembro, a AIG já consumiu USD 152 mil milhões/bilhões dos fundos de emergência que foram disponibilizados pelo Tesouro norte-americano.
As acções da AIG registaram, desde Janeiro, uma desvalorização de 97%, estando actualmente cotada na faixa dos USD 1,70-1,80 por título.
Por este sítio seria impensável e aplicada aos gestores do país, administradores de hospitais, ministros e é claro prisão para os burlões, mas a justiça vai nua.

Petróleo.

"Petróleo acentua perdas com receios de queda da procura (mais aqui)"
O único problema aqui é o petróleo subir. Porque descer é inócuo para o pessoal…

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Taxas de juro.

"As taxas Euribor recuaram hoje pela trigésima terceira sessão consecutiva, e o indexante a seis meses caiu para um valor abaixo dos 4,0%, pela primeira vez desde Março de 2007 (mais aqui)."
E lá fora as taxas de juro continuam a descer…

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l'Elite

Exemplos

"Em Portugal, a notícia da detenção de um banqueiro ou equiparado é mais rara que a notícia de um homem que tenha mordido um cão.

Pátria do mexilhão e país de suspeitos do costume, Portugal tem uma justiça que não é cega de todo e que se administra por amostragens.

Por exemplo: o regime de 48 anos derrubado em 1974 rendeu um único corrupto e os actos de corrupção julgados e punidos foram a compra de uns artigos de vestuário e uma oferta de flores à conta da RTP. Já em democracia, a criminalidade empresarial e fiscal foi personificada no empresário da Oliva, condenado por abuso de confiança fiscal por ter retido o IVA alegadamente para pagar salários em atraso. No poder local também vai havendo uma ou outra excepção para confirmar a regra geral da impunidade, consagrada aliás através da eleição de candidatos-arguidos. E a criminalidade no mundo do futebol foi investigada nos anos 90 e deu a condenação de um árbitro reformado. Mais tarde, Vale e Azevedo pagou por algumas das vigarices que fez e ficou como exemplo de que a justiça não teme o poder da bola. Com o Apito Dourado os exemplos ainda foram mais pífios: houve castigos mas é como se não tivesse havido, a não ser a amostra exemplar do Boavista que desceu de divisão. E na Operação Furacão, antes mesmo que alterações na legislação tramassem a investigação, a acção penal deixou-se substituir pela regularização da contabilidade pública.

De maneira que reina natural alvoroço com a notícia da detenção de um ex-banqueiro e ex-secretário de Estado, indiciado por branqueamento de capitais, burla e fraude fiscal. Que excitação! Claro que muita gente admite que o mais provável, nos termos das probabilidades, é que o caso não dê em nada. A menos que o caso deste ex-banqueiro fique para servir de exemplo e deixar outros casos em paz.
"

João Paulo Guerra

BPN: memória curta

"Março de 2001. A revista "Exame", que na altura dirigia, dizia na capa que o Banco de Portugal tinha passado um cartão amarelo ao BPN. Dias depois recebi um telefonema de Pinto Balsemão. Assunto: Dias Loureiro tinha-lhe telefonado por causa do artigo e, na sequência dessa conversa, queria falar comigo. Acedi prontamente.

A conversa com o ex-ministro foi breve... mas elucidativa: Dias Loureiro estava desagradado com o tratamento dado ao BPN; o assunto tinha criado um problema imagem do banco; não havia qualquer problema com o BPN; Oliveira e Costa estava muito "incomodado" com a matéria de capa (para a qual tinha contribuído, com uma entrevista) e pensava processar a revista (como efectivamente aconteceu).

Depois da conversa comuniquei a Pinto Balsemão que não tinha ficado esclarecido com as explicações de Dias Loureiro e que, por mim, a "Exame" mantinha o que tinha escrito. O que aconteceu depois é conhecido...

Ao ouvir Dias Loureiro na RTP fiquei espantado. Porque o ex-ministro disse que ficara tão preocupado com o artigo que foi, de "motu propriu", ao Banco Central comunicar que a instituição devia estar atenta. Das duas uma: ou Dias Loureiro soube de algo desagradável entre a conversa comigo e a ida ao Banco de Portugal; ou fez "fanfarronice" nessa conversa para esconder os problemas do BPN. Há uma terceira hipótese... Feia. Mas depois do que vi no assunto BPN já nada me espanta!
"

Camilo Lourenço

IRONIA À PARTE

"Lembro-me da crónica no "Público" em que Eduardo Prado Coelho elogiava, ironicamente, As Lições do Tonecas. E lembro-me da crónica seguinte, em que o falecido colunista explicava a diversos leitores que o elogio havia sido irónico e que ele, de facto, achava o programa uma miséria. Com o "Tonecas", Prado Coelho aprendeu uma lição: a de que muitos dos seus leitores só percebiam afirmações literais.

Que me lembre, não me posso queixar de incompreensão idêntica. Devo ter sorte. Em Portugal, como Manuela Ferreira Leite pôde constatar, a ironia é um luxo. E um perigo para o seu autor. Por isso as declarações em que a líder do PSD sugeria a suspensão da democracia durante seis meses provocaram um vendaval surrealista. Escusado dizer que as declarações eram uma crítica aos apetites do Governo e uma graçola. Escusado acrescentar que nem a crítica nem a graçola resultaram do modo previsto.

O primeiro a denunciar a "pulsão antidemocrática" da dra. Ferreira Leite foi Alberto Martins, que aproveitou para invocar a ditadura, o combate à ditadura e só por esquecimento não aludiu ao Tarrafal. Claro que o dr. Martins é o sujeito que um belo dia pediu a palavra a Américo Tomás e, à exclusiva conta desse feito, construiu toda uma carreira. Ainda assim, imagino que até ele tenha alcançado o tom jocoso em que a frase da discórdia foi proferida. A questão é que o dr. Martins conhece, ou julga conhecer, a sua audiência, e dirige-se a gente pouco dada a subtilezas linguísticas ou outras.

Aliás, o atestado de menoridade mental que o dr. Martins passou aos portugueses, ou aos portugueses "dele", depressa inspirou inúmeros comentadores e políticos. Até o jovem Bernardino, que tem na Coreia do Norte um padrão de liberdade, vestiu um ar grave e decretou "infelizes" as considerações da dra. Ferreira Leite. Num ápice, um certo país abandonou os últimos vestígios de lucidez e desatou a discutir as tendências ditatoriais da senhora, promovida em minutos a genuína herdeira de Salazar.

Se a luta partidária legitima a desonestidade e alguma má-fé, se calhar não justifica tamanho desvario, estranho mesmo para os hábitos locais. Dito de outra maneira: o problema não está no facto de uns políticos insistirem em exagerar, truncar e distorcer além do absurdo aquilo que outro político diz; o problema está na expectativa, alimentada pelos primeiros, de que um truque tão infantil e tosco funcione. Funciona? Não sei.

Haverá por aí os que, concordando ou não, entendem o que a dra. Fer eira Leite diz e os que, entendendo ou não, concordam com o que Alberto Martins e respectivas derivações dizem. Averiguar qual dos grupos é mais influente decide não apenas o futuro da dra. Ferreira Leite, assunto de resto menor, mas o futuro de Portugal enquanto uma coisa ligeiramente distinta de um hospício
"

Alberto Gonçalves

segunda-feira, novembro 24, 2008

24 de Novembro de 1991

Morre Freddie Mercury.

Se fosse vivo, Freddie Mercury teria celebrado o seu 58º aniversário no passado dia 5 de Setembro. O líder dos Queen morreu há quase 13 anos, vítima do vírus da SIDA. Por muito estranho que possa parecer, o verdadeiro nome de Freddie Mercury era Farokh Bommi Bulsara. Nasceu no dia 5 de Setembro de 1946 em Zanzibar, que, actualmente, faz parte da Tanzânia. Os seus pais eram de origem persa e por isso Freddie Mercury cresceu a ouvir música indiana mas também gostava dos sons mais ocidentais. Em 1954, e devido a questões de origem política, os pais de Freddie tiveram de abandonar Zanzibar e partem para Inglaterra. Tinha na altura 17 anos. Dois anos mais tarde ingressa no Ealing Colegge of Art onde inicia o curso de Ilustração Gráfica. É nesse curso que Freddie Mercury conhece Tim Staffell, um jovem baixista que o convida para acompanhar os ensaios da sua banda denominada Smile. Este seria apenas um dos projectos musicais nos quais Mercury viria a participar. Até ao surgimento dos Queen, o cantor esteve envolvido com bandas como os Sour Milky Sea, The Hectics e os Wreckage, entre outros.
A época Queen

Os Queen surgem em 1970 com a reformulação dos Smile. Brian May, John Deacon, Roger Taylor e Freddie Mercury davam assim início a uma das maiores bandas de todos os tempos. O êxito dos Queen já é por todos conhecido. Ao longo de mais de 20 anos, a banda liderada por Mercury editou temas que se tornaram hinos da música rock. "Bohemian Rhapsody"; "We Are the Champions"; "I Want to Break Free"; "Show Must Go On" e "Somebody to Love" são apenas alguns deles.

Freddie Mercury a solo

Além do seu trabalho com os Queen, Freddie Mercury editou ainda alguns discos a solo. Mr. Bad Guy em 1985 e Barcelona em 1988 provaram que, de facto, Freddie Mercury era, talvez, o grande génio por detrás do sucesso dos Queen. O álbum Barcelona incluía o dueto com a cantora lírica Monserrat Caballé, no registo com o mesmo nome e que se tornou no tema oficial dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992.

A morte de Freddie

Mercury Freddie Mercury morreu no dia 24 de Novembro de 1991. Faleceu na sua casa, em Londres, um dia depois de ter comunicado à imprensa que era seropositivo. O seu estado de saúde já estava de tal forma debilitado que se tornava difícil escondê-lo e já eram muitas as especulações por parte da imprensa. Por isso, Freddie Mercury falou sobre a sua doença e pediu para que fosse editado um single com os temas "Those are the Days of our Lives" e "Bohemian Rhapsody" cujos lucros das vendas deveriam reverter para instituições empenhadas na luta contra a SIDA.

As homenagens a Freddie Mercury

Foi na cidade de Montreaux, na Suíça, que Freddie Mercury passou grande parte do tempo daqueles que seriam os últimos meses da sua vida. Debilitado e fragilizado, foi ali que o vocalista dos Queen encontrou um espaço discreto e reservado para conseguir evitar que a imprensa explorasse a sua doença. É por isto, e por tudo o que Freddie Mercury representa para a música, que lá existe uma estátua do cantor, situada nas margens do lago Geneva.Em Abril de 92, poucos meses após a sua morte, vários artistas e grupos juntaram-se num concerto memorável em homenagem a Mercury. David Bowie, George Michael, Metallica, Elton John e Guns N'Roses, entre muitos outros, subiram ao palco para interpretar temas dos Queen e celebrar a vida eterna de Freddie Mercury.
Retirado do site História da música.

24 de Novembro de 1963.

Lee Harvey Oswald é morto por Jack Ruby dois dias após alegadamente ter assassinado Kennedy.

"Em 22 de Novembro de 1963, em Dallas, no estado do Texas. Kennedy pretende fazer uma exposição de sua política externa e das possibilidades dos E.U.A. na disputa espacial e armamento com a U.R.S.S. Mas ele nunca chegaria ao seu destino final. Eram exactamente 12:30 da tarde, quando um grande alvoroço contagia as ruas por onde a comitiva presidencial passava. Um carro conversível seria o erro fatal dos agentes de segurança do presidente, pois quando a comitiva passa em frente ao edifício Texas School Book Depository. Kennedy viria a ser assassinado. Tiros são ouvidos e um grande tumulto é instalado.


A polícia corre a fim de prender o autor dos disparos, 45 minutos após a morte do presidente o agente em patrulha da Policia de Dallas, J. D. Tippit também é assassinado, a polícia então se apressa em prender o assassino em fuga. Finalmente depois de uma hora e vinte minutos de perseguição o suspeito Lee Harvey Oswald é capturado dentro de um teatro, ainda sim resistindo à prisão e tentando atingir outro agente da Policia de Dallas. No edifício de onde os disparos que mataram o presidente foram efectuados a polícia encontrou uma espingarda Italiana de 6.5 milímetros Mannlicher Carcano que foi comprada e encontrava-se na posse de Oswald. Oswald transportou esta espingarda para o Edifício Depósito na manhã do dia 22, encontrando-se no momento do crime na janela do prédio, Oswald então teria deixado a espingarda escondida sobre papéis e livros após o assassinato de Kennedy e iniciado sua fuga na qual resultaria na morte de Tippit um policial de Dallas, sendo preso mais tarde no teatro. Uma comissão de investigadores é reunida (Comissão Warren) para dar início as pesquisas, logo a mesma descobre fatos no mínimo curiosos a respeito de Oswald.


Ele teria sido Fuzileiro da Marinha Americana, nos anos de 1959 até Junho de 1962 teria se desertado para a União Soviética e em 26 de Setembro de 1963 viajou para o México onde lá visitou embaixadas Soviéticas e Cubanas. Oswald também teria contatos conhecidos no partido Cubano "Fair Play for Cuba Committee". Mesmo assim os investigadores não acharam qualquer ligação de Oswald com uma conspiração internacional. Porém o laudo final mostra que Kennedy teria sido vítima de duas perfurações por balas, o Governador Connally que estava a frente de Kennedy foi atingido por outro projétil, resultando em um total de três balas disparadas. Mas como Oswald poderia disparar três tiros seguidos com tamanha perfeição?

Surge então uma teoria paranóica para explicar os fatos, a teoria da bala única ou bala mágica, foi ridicularizada pelos críticos, Arlen Specter criador da teoria diz que uma única bala foi disparada da janela do sexto andar, entrou pela nuca de Kennedy saindo pelo pescoço, alterando a sua trajetória de maneira a causar sete feridas em Kennedy e no Governador Connally no assento em frente. Apesar de todas as teorias, Oswald parecia ser o acusado perfeito e o cabeça chave do assassinato de Kennedy, todas as dúvidas seriam esclarecidas no julgamento de Oswald, se não fosse um contratempo. Dois dias após sua prisão, Oswald estava sendo transferido para a cadeia municipal, lugar onde esperaria até o dia do julgamento, a policia deu livre acesso a imprensa para cobrir a remoção do assassino de Kennedy.

Um grande tumulto é instalado na chegada de Oswald a cadeia, quando de repente Jack Ruby salta dentre os repórteres e mata a sangue frio o principal acusado no caso Kennedy. Para muitos Ruby tinha silenciado a testemunha chave, a imprudência da polícia mediante a remoção de Oswald agora tinha se transformado em algo terrível, ninguém mais saberia ao certo o que estava por trás da morte de Kennedy. Os investigadores também não acharam qualquer ligação de Ruby com alguma conspiração e nem indícios de que Oswald e Ruby se conheciam, porém uma pergunta fica no ar.

Lee Harvey Oswald assassinou Kennedy por ser um americano inconformado com a política presidencial ou faria ele parte de uma conspiração para matar o presidente da nação mais poderosa do mundo? A resposta para esta pergunta são apenas duas palavras, "bala mágica"."

Até amanhã e boa sorte!!!

E a criminalidade continua a diminuir...

"Um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) foi baleado na madrugada desta segunda-feira durante um tiroteio com um assaltante na Amadora (mais aqui)"

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Eles disseram...

"Se lhe derem tempo ele [Marinho e Pinto] dá cabo da Ordem. Se lhe derem mais tempo ele dá cabo da Justiça".

José Miguel Júdice

IVA

"Reino Unido baixa IVA para reactivar economia (mais aqui)"

"O mínimo incómodo"

1/ "O conselheiro de Estado Dias Loureiro admitiu esta segunda-feira renunciar ao cargo que ocupa se sentir que a actual situação causa “o mínimo incómodo” ao Presidente da República, Cavaco Silva (mais aqui)"

2/ "Numa atitude inédita, o Presidente da República mandou publicar ontem no site da Presidência um comunicado para suster o que classificou de tentativas de associar o seu nome ao processo polémico do Banco Português de Negócios (BPN) (mais aqui)"

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The Show Must Go On

Curiosidades.

1/ "As Euribor voltaram a cair, pela 32ª sessão consecutiva. A taxa interbancária a 3 meses desceu abaixo dos 4%, pela primeira vez nos últimos 19 meses e a Euribor a seis meses acumula uma descida de 142,8 pontos base face ao recorde atingido em meados de Outubro (mais aqui)"

2/ "A taxa de juro implícita nos contratos de crédito à habitação atingiu os 5,868%, no mês passado, o que representa um aumento de 0,083 pontos percentuais face ao valor observado em Setembro (mais aqui)"

Preços.

"Quando os combustíveis e as matérias-primas alimentares, nomeadamente os cereais não paravam de subir, o reflexo desses aumentos não demorou muito a chegar aos preços de vários outros produtos, que encareceram também rapidamente. Agora que o petróleo está a cair a pique e que os cereais estão bem mais baratos, mais nada baixa (mais aqui). "

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Senhores doutores

"Vamos a factos. O sítio apresenta os piores resultados da Europa no Ensino Básico e no Secundário. É evidente que a culpa pode ser do gato, do cão, do piriquito, dos Governos, dos ministros, da democracia.

É evidente que a culpa nunca pode ser dos professores, muitas vezes licenciados em universidades da treta, com cursos da treta, com diplomas da treta, que arranjaram emprego na escola pública. É evidente que a culpa nunca pode ser dos professores que sem saber ler, escrever e fazer contas arranjaram um modo de vida no ensino do Estado. É evidente também que os pais que colocam os filhos no ensino público, por falta de dinheiro ou de vagas nas boas escolas privadas, não têm o direito de apontar o dedo aos muitos maus professores que o Estado deixou entrar no ensino público e ainda por cima são obviamente culpados por não terem tempo ou conhecimentos para ensinar as criancinhas em casa.

Por culpa de ministros, Governos e talvez mesmo da democracia acontece que o ensino público chegou à desgraça que todos conhecem. Acontece que por medo, omissão ou demissão de muitos responsáveis políticos, o Ministério da Educação e as escolas ficaram entregues exclusivamente aos professores e seus sindicatos, que fizeram até agora o que queriam e bem entendiam no ensino público. Acontece que em 2005 chegou à 5 de Outubro uma professora universitária, mulher de esquerda com muito mau feitio, que arregaçou as mangas e se dispôs a salvar o ensino público do descalabro.

Contra ventos e marés da esquerda e de alguma direita, obrigou os professores a estar mais tempo nas escolas, obrigou-os a dar aulas de substituição, mudou um escandaloso estatuto da carreira docente cheio de privilégios e mordomias e, desaforo dos desaforos, quer saber quem é quem no sistema de ensino, isto é, quer saber quem são os maus, os medíocres, os bons e os excelentes professores que preparam as gerações futuras deste sítio pobre, infeliz, manhoso, hipócrita, corrupto e cada vez mais mal frequentado.

A reacção não se fez esperar com protestos, vigílias, mentiras, sofismas e as sucessivas tentativas de destruir o que uma senhora professora universitária, uma mulher de esquerda com muito mau feitio quer construir na Educação. Mas a verdade está à vista e só não a vê quem não quer. Podem ser 100, 120 ou 15o mil aos gritos nas ruas de Lisboa. Muitos professores têm medo de ser avaliados e não querem trabalhar. Ponto
."

António Ribeiro Ferreira

RAPAZES COM NOME

"Quando muito, o percurso do professor (acho que o título é esse) Carlos Queirós na selecção da bola realça o mérito do seu antecessor e, através do exemplo, prova que não seria má ideia contratar estrangeiros habilidosos para tomar conta das instituições nacionais que importam. Em si, a selecção da bola não importa. Ou não devia importar.

Nos últimos meses, uma sucessão de resultados miseráveis, com apoteose em Brasília, levou a que a palavra "vergonha" fosse assaz associada à "equipa de todos nós". Perder com a Dinamarca é uma vergonha. Empatar com a Albânia é uma vergonha. Encaixar seis golos do Brasil é uma vergonha. Vergonha porquê? E para quem? É curioso que, num país que oferece motivos diários de embaraço, a vergonha das gentes esteja "indexada" ao desempenho de um pequeníssimo grupo de futebolistas cuja competência, ou ausência dela, não depende minimamente de nós.

Sem querer, um comentador desportivo da TVI explicou a razão. No fim do jogo com o Brasil, o homem antecipava, trémulo, a repercussão da goleada nos jornais locais, primeiro, e na imprensa europeia, depois. De acordo com a descrição, a notícia seguiria mundo fora feito um vírus, a corroer a "imagem" de Portugal e a potenciar o nosso constrangimento. Ou seja, o problema dos portugueses com a incompetência passa apenas pela sua divulgação. Uma coisa é sermos maus nisto ou naquilo; outra é saber-se que o somos.

No futebol, os deslizes sabem-se, e por isso, como nos momentos bons absurdamente nos "orgulhamos" dos sucessos da bola, absurdamente sofremos os insucessos de uma actividade em que não interferimos e que, por sua vez, e última instância não interfere connosco. Porém, nas matérias que contam e em que poderíamos contar, no Governo e nos partidos, na Educação e na Justiça, na ciência ou nas empresas, a penúria pátria é encarada com superior indiferença. O segredo está no segredo: logo que, além de Badajoz, ninguém a note, a penúria suporta-se bem, donde o facto de o ministro das Finanças aparecer num "ranking" enquanto o pior da UE nos afligir bastante mais do que o próprio estado das finanças.

Por sorte, rankings desses e as desditas internas de um país periférico não merecem o destaque internacional da bola. Por azar, a bola também não anda famosa. Culpa do prof. Queirós e seus rapazes, que revelam no ofício deles a falta de jeito que tantos portugueses revelam nos seus, o que seria admissível, mas deixam que o estrangeiro perceba, o que é intolerável
."

Alberto Gonçalves

domingo, novembro 23, 2008

O OUTRO PARCEIRO

"Salvo as devidas, e raríssimas, excepções, a Educação não está a ser discutida por gente muito educada, pois não? Nem falo dos alunos indignados, já que os pobres não imaginam com quê ou com quem. Mas os jornalistas dedicam à ministra do ramo a arrogância que escondem no contacto com os restantes intervenientes da "luta". A ministra responde aos jornalistas com arrogância similar. Os professores na rua, pelo menos alguns dos que as televisões mostram, garantem que a dra. Maria de Lurdes "é feia" (sic). E Mário Nogueira, típico sindicalista indígena, dispensa comentários.

De longe, porém, o mais excêntrico dos "parceiros sociais" (desculpem o termo) é uma tal Confap, indistinguível do senhor que a preside. Se é público que a Confap é a Confederação Nacional das Associações de Pais e o presidente um sr. Albino Almeida, a natureza de ambos permanece um mistério. O que são? De onde vêm? Para onde vão? O "site"da Confap jura tratar-se de uma estrutura "independente", empenhada em "estudar os problemas relativos à formação global dos jovens" e "intervir junto dos poderes", informações algo vagas. Fora do "site", lembrei-me de dois ou três pormenores sobre a Confederação: costuma opor-se à avaliação e à reprovação das criancinhas; esforça-se por manter as criancinhas presas em "actividades extracurriculares"; defende que as criancinhas "são biologicamente nossas, mas socialmente de toda a comunidade"; certa ocasião, ameaçou processar os blogues que divulgaram o financiamento estatal que, na verdade, recebe. É pouco? Chega.

E sobra. Isto não faz um "parceiro social", faz uma paródia inadvertida dos piores delírios do ministério e dos piores pais. Em lugares menos exóticos, a Confap serviria no máximo de "sidekick", o figurante que dá as deixas essenciais às piadas. O esquisito é que ninguém, na balbúrdia egocêntrica em que o debate do ensino se transformou, aproveita as primeiras para dizer as segundas. Aqui, uma organização como a Confap é ouvida, comentada e levada a sério, o que não tem graça nenhuma. Ou tem, se formos particularmente perversos e, além disso, pudermos pagar escolas privadas
. "

Alberto Gonçalves

sábado, novembro 22, 2008

A vergonha e a nausea numa nova forma de estado...

Hoje e amanhã Portugal e os Portugueses, estão a sofrer pelo simples facto de acreditarem que as promessa são para cumprir.
Um miserável golpe de estado feito por um Presidente da República em exercício, não abalou nem fez eco, e, a anormalidade desse acto, onde um governo legítimo, todos os dias vilipendiado pela comunicação social, a soldo de grupos económicos e interesses partidários e pessoais, em conluio, achou normalíssimo, substituir um homem, todos os dias e em todos os actos, perseguido por esse mesmo Presidente da República e pelos seus aliados de conveniência, muitas vezes em matérias que hoje seriam ridículas, e eram-no na altura, fazendo hoje, parecer ainda mais grotesco, manter em funções um Governo e vários órgãos de soberania, incluso o próprio e actual Presidente desta República.
Falo na actuação da justiça tardia, na justiça emendada pela mão do bloco central para acudir aos crimes de lesa Pátria a que os Portugueses com letra grande, assistem com espanto e estupefacção, tal a voragem dos factos e a velocidade a que se desenrolam.
O caso BPN é um exemplo de uma “coisa” que muita gente conhecia, incluso, quem deveria investigar e levar à justiça, em tempo, e que a entidade reguladora deveria e não poderia dizer que não conhecia.
Os figurões envolvidos devem ser de facto muitos, de tal forma que poder-se-ia pensar se existe aqui, neste sítio mal frequentado, uma democracia ou uma daquelas coisas a que dificilmente se pode chamar de democracia.
Diria que Portugal é um narcoestado.
Não!... Não fiquem assustados os que pensam que me refiro apenas àquilo que estão a pensar, refiro-me ao total estado de dormência dos órgãos de estado manietados por um governo, liderado por um indivíduo mentiroso, manipulador e sobretudo com uma desmedida arrogância e ambição e por uma forma de governar que manietou por completo as instituições, porque estas deixaram; porque estas, já não vão poder alterar, sem actos, fora daquilo a que chamam de democracia.
Desde a manipulação das contas públicas que nem Bruxelas contesta, tal a crise em que está também mergulhada, apenas preocupada em servir interesses alheios aos seus objectivos, ou interesses de pequenos grupos de pressão de países mais poderosos.
Este narcoestado, é um sítio de lavagem de dinheiro de países de independência duvidosa que servem de porta aviões ao narcotráfico vindo de oeste, passando por África e entrando não apenas em bens deste negócio, como em dinheiro que pode e tem sido lavado. Não é segredo de estado afirmar o que toda a gente diz em surdina.
Não se vislumbra das investigações, com nomes pomposos resultados, apenas o arrastar de processos com gasto de dinheiros públicos que qualquer indivíduo aqui caído, como um anjo, oucomo Jesus Cristo na parábola do Grande Inquisidor do livro de Dostoievski, nos Irmãos Karamazov, seria logo expulso, sob pena de morte na fogueira, como um intruso que nunca poderia criticar ou fazer qualquer milagre, tal o poder da argumentação e a força da organização.
Pode ser uma má comparação, mas a verdade é que mesmo um grupo de homens bons, hoje pouco poderia fazer por este pobre país, ridicularizado, por um homem que fala de uma maquineta junto de um grupo de chefes de estado e de governo, parecendo sofrer de delírio de vaidade, tão pouco existindo naquele espírito um pouco de autocensura ou de noção do ridículo, tornando-o um caso de patologia, tanto dele, como dos que não foram capazes de o segurar.
Pergunto-me hoje, que país é este onde um homem que por muito pouco ou por nada, foi sempre espezinhado, por não ter "pedigree" e melhor para ele, falo de Santana e como continua a ser possível, este projecto de ensaio fracassado de político, falo do PM, conseguuir manietar a aversão, o ódio gerado, a náusea, cada vez que fala, ou actua o seu governo, alterando, por exemplo, ultimamente, quase todos os dias, as metas propostas, (como no caso do envenenamento por arsénico), e, como será possível o Presidente da República aprovar um monstro que é o Orçamento de Estado e assistir ao monstro de miséria em que este país se transformou, sem justiça e sem agentes dignos de tal, sem órgãos de soberania dignos de tal nome e sem o mínimo cumprimento das leis.
As forças armadas manietadas, os juízes manietados por um Código vergonhoso e todos os sectores da vida económica manietados por uma máquina infernal, fazem os agentes da PIDE parecer meninos de coro. É claro que este tipo de terrorismo de estado existe há muito e é autorizado pelo sinete do bloco central.
Este país é um imenso simulacro, como o triste espectáculo do simulacro hoje ensaiado, onde se verifica que as comunicações que todos pagámos não existem, que o INEM não existe, porque não funciona, sendo perigoso ou mais perigoso que uma ambulância de socorro que chegue a tempo de levar uma vítima muito mais rapidamente a um sítio com um mínimo de condições, sem que ninguém seja politicamente responsabilizado, como aconteceu em Entre os Rios, depois do desastre do Metro no Terreiro do Paço.
Somos de facto um narcoestado, os cidadãos estão dormentes como se tivessem tomado drogas não permitidas, onde alguns destes matam os progenitores, ou o contrário, onde os casais se maltratam ou acabam por se matar antes ou depois de terem vivido em conjunto, onde crianças e velhos são todos os dias abusadas sob todas as formas, desde o abandono puro e simples, seja de forma mais ou menos humana, coisa que só o animal humano pode fazer, depois do cio, e coisa que nem os animais a que gostam tanto de chamar irracionais, nunca fariam.
Narcoestado dominado por grupos que compram e vendem privilégios e onde quem os devia vigiar, prender e julgar, só pode estar manietado por uma forma qualquer de gás paralisante do espírito e do corpo.
Não vão ser eleições que vão redimir este grande pecado, porque nem as homílias são ouvidas pelos secularistas e iluministas do politicamente correcto, nem a comunhão inventada pelos secularistas das democracias de faz de conta, irão retirar o pecado do pântano em se transformou e em que transformaram Portugal, chamando de eleições, à comunhão sem confissão em voz alta, porque de facto, não são agnósticos estes regimes, são fervorosamente religiosos.
A náusea e a vergonha andam por aí, na alma de poucos…

What About Love

Teixeira dos Santos

"O Ministro das Finanças já admite que os números que ainda há pouco colocou no OE para 2009 estão desactualizados pela crise, Portugal entrou em estagnação no 3.º trimestre, o rendimento nacional está em queda, o nível da actividade económica deteriora-se e a recessão está à porta. Não são notícias animadoras para o ministro. Que ainda mais deprimido deve ter ficado com a classificação do Financial Times como ‘pior ministro das Finanças de 19 países da UE’ – uma avaliação injusta, ele que é um dos esteios do Governo de Sócrates, e que revela desconhecimento da realidade portuguesa. Mas que uma avaliação dessas abala a auto-estima, lá isso abala."

JAL
"Uma das primeiras grandes operações de marketing de José Sócrates no Governo, em Setembro de 2005 – poucos meses após ter tomado posse –, foi ter aparecido a premir o detonador que accionou os explosivos estrategicamente colocados nos pilares das torres da Torralta em Tróia, que implodiram em segundos. Foi um marco para a pequena península: o fim dos projectos passados e falhados e o anúncio de uma nova era, de progresso e desenvolvimento.

Três anos depois, Tróia ainda continua um gigantesco estaleiro, prometendo transformar-se numa Riviera francesa para um grupo de felizardos endinheirados.

Nas imagens que correram o país, na altura, com Sócrates de sorriso estampado no rosto no momento em que accionava a implosão, devia ter-se percebido muito mais do que um acto de engenharia do primeiro-ministro.

Mutatis mutandis, era o que ele se preparava para fazer e já ia fazendo aos pilares do E stado de Direito democrático e da sociedade portuguesa.

A estratégia de poder de Sócrates está, na verdade, muito para além da conquistada maioria absoluta no Parlamento. O legítimo e democrático poder que os eleitores lhe confiaram não lhe é suficiente.

Para Sócrates, o poder político é um poder absoluto e alicerçado na subjugação ou controlo de todos os outros poderes: do judicial ao económico, passando pelas Forças Armadas e pela comunicação social e estendendo-se a todos os restantes centros de decisão ou de influência. Absoluto, pois.

Com esse primeiro objectivo, há que destruir ou colocar cargas de explosivos em cada um dos pilares desses outros poderes, para, escolhido o momento, bastar-lhe premir o botão.

Foi assim no poder judicial – que começou a ‘minar’ mal tomou posse com o ataque aos juízes e a ‘comezinha’ e falsa questão dos dois meses de férias judiciais (quem realmente as gozava?) para depois atacar o essencial e substancial com as reformas legislativas.

Foi assim no poder económico – que melhor forma de condicionar o empresariado e os investidores nacionais do que controlar-lhes a fonte de financiamento (a banca)?
Foi assim com a comunicação social – muito mais do que as ‘pressões’ sobre os jornalistas ou as tentativas de ‘condicionar’ notícias que, de quando em vez, surgem denunciadas nas páginas dos jornais e fazem as delícias da ERC (veja-se o pedido de explicações esta semana apresentado pela Presidência da República à direcção da Lusa, pela diferença de critérios no tratamento das entrevistas de Cavaco Silva ao Público e de José Sócrates ao Diário de Notícias e à TSF), a ameaça está na tentativa de controlo dos meios e de engajamento dos ‘patrões’ dos grandes grupos de media no modelo importado da vizinha Espanha.

É assim, também, com os militares, a quem agora, tal como fez com os juízes e os médicos, os farmacêuticos, os professores e demais ‘corporações’, retira e desvaloriza o estatuto.

As Forças Armadas são um pilar fundamental da autoridade e segurança do Estado e símbolo da soberania nacional. Não são apenas e só uma mera força de recrutamento eventual para missões internacionais.

Vem tudo isto a propósito da total ausência de polémica em torno das declarações de José Sócrates, esta semana, sobre as «profundas mudanças» que são necessárias nas Forças Armadas e que considera incompatíveis com «complacência» e «imobilismo». Bem ao seu jeito de afrontamento dos descontentes (os desconsiderados militares) – o que importa?, Sócrates pode dizê-lo.

Mas vem também a propósito do alarido desmesurado que, pelo contrário, suscitaram as declarações de Manuela Ferreira Leite sobre a necessidade de suspensão da democracia, por uns meses, para pôr isto na ordem.

Foi zurzida à esquerda e à direita, sem ‘complacência’ nem no seu próprio partido.
Mas, descontando a inabilidade política da líder do PSD (bastava-lhe ver no que deram as considerações no mesmo sentido, e ainda tão recentes, do general Loureiro dos Santos), Ferreira Leite mais não disse do que o que muitos pensam e comentam baixinho. Ou nem por isso.

Mário Soares, por exemplo, em artigo publicado esta semana no DN, precisamente no mesmo dia em que a líder do PSD disse o que disse e todos disseram que não devia ter dito, escreveu: «Não é possível, em democracia, fazer uma reforma do ensino contra os professores, como fazer uma reforma da saúde contra os médicos e os enfermeiros ou uma reforma da justiça contra os magistrados» (e, já agora, uma reforma nas Forças Armadas contra os militares).

Olhe que é, doutor, olhe que é.

A democracia, essa, segue dentro de momentos... lá para o final de 2009. E a ver vamos
..."

MRamires

Barack Obama

"Durante meses, acompanhei a histeria da Europa por Obama. E, no meu espanto, tentei vislumbrar os motivos da paixão nas promessas do homem. Não encontrei nada. Internamente, Obama surgia, no limite, como um social-democrata moderado; e, externamente, como uma "pomba musculada", disposto a lidar duramente com o Afeganistão, o Irão e o Paquistão. Como explicar a loucura generalizada?

Numa palavra, com a raça. Obama é preto e as esquerdas da Europa, em atitude profundamente racista, entenderam que a pigmentação da pele fazia toda a diferença. As esquerdas que embarcaram histericamente por Obama fazem lembrar os antigos fazendeiros que achavam imensa graça quando viam um escravo devidamente vestido e calçado. O racismo invertido não deixa de ser uma forma de racismo.

Resta saber se a paixão por Obama vai durar. A resposta é óbvia, porque existe um óbvio paradoxo com a eleição do homem: depois de 1989, quando o Muro caiu na cabeça das esquerdas neolíticas, o antiamericanismo converteu-se no alimento principal dos órfãos de Moscovo. Os mesmos órfãos que, agora, levados por uma forma invertida de racismo, desataram a aplaudir o novo presidente americano. Para eles, Obama é uma espécie de dr. Louçã, embora mais alto, mais elegante e, como diria o sr. Berlusconi, ligeiramente mais bronzeado. Sem a América para insultar, o que será feito desta gente nos próximos anos?

Obviamente, a desilusão será uma questão de meses, não de anos. Quando Obama começar a lidar com o mundo real, o antiamericanismo regressa e, com ele, regressa tudo ao asilo psiquiátrico
."

João Pereira Coutinho

O rectângulo das Bermudas

"Manuela Ferreira Leite é candidata a primeiro-ministro de uma ditadura provisória que pretende pôr ordem num país ingovernável.

Em Portugal só existem democratas. Aliás, o espírito democrático corre nas veias nacionais em perfeito convívio com a indignação e a superioridade moral. O país sempre entendeu a democracia como uma virtude repleta de vícios, daí o relevo da hipocrisia enquanto exercício nacional.

Manuela Ferreira Leite prometeu devolver a seriedade à política e dizer a verdade aos portugueses. Como tal, quando Ferreira Leite afirma a necessidade de uma suspensão de seis meses na democracia nacional, os portugueses só podem acreditar e agradecer. Quanto ao argumento da ironia, a doutrina ainda se divide. A ironia é uma arma política perigosa e ao alcance de muito poucos – exige sofisticação, confiança e um discurso político carismático e afirmativo no qual não há lugar para hesitações. Junte-se ainda uma proximidade e cumplicidade com a audiência. Logo, se a líder do PSD pretendeu ser irónica, revelou simplesmente a sua profunda impreparação política. Se Ferreira Leite pretende suspender de facto a democracia, exibe pois toda uma inocência que atesta o seu bom carácter, mas que funciona como um verdadeiro suicídio político.

É um clássico da política nacional a ideia de que o país só consegue concretizar as reformas em ambiente de ditadura. E é também um tema obrigatório da política nacional a ideia de que Portugal é um país que não se governa nem se deixa governar. Existe pois um absurdo no meio de um paradoxo – Manuela Ferreira Leite é candidata a primeiro-ministro de uma ditadura provisória que pretende pôr ordem num país ingovernável.

Entretanto, a ministra da Educação (novo exemplo de ironia) passeia pelo país a sua pequena fraqueza política. Como seria de esperar, ao pressentir o sangue da vítima, os sindicatos de professores exigem a suspensão da avaliação e prometem o apocalipse total e parcial. Perante a ameaça, Maria de Lurdes Rodrigues insiste em direcção ao abismo e Sócrates finge convicção onde apenas existe vergonha e incompetência.

A incompetência está num Governo que olha o país como um somatório de corporações a dominar. Depois, Sócrates governa para dividir e divide para reinar. Não existe a ideia de interesse nacional, constantemente confundido com o interesse particular do Governo. Assim se explica o facto das reformas aparecerem no discurso e desaparecerem na realidade. E se fosse em ditadura?
"

Carlos Marques de Almeida

sexta-feira, novembro 21, 2008

Bons tempos.

E a criminalidade continua a diminuir...

"Três jovens, um dos quais menor que estava em prisão domiciliária, foram detidos por suspeitas de terem praticado vários roubos e outros crimes na região de Lisboa, anunciou hoje a Polícia Judiciária (PJ). O mais jovem, com 16 anos, é acusado de, há uma semana, ter roubado a viatura a um professor, que sequestrou e, sob a ameaça de uma faca, viajou pela cidade de Lisboa, fazendo vários levantamentos com cartões da vítima em máquinas Multibanco, num total de 500 euros. O périplo acabaria de forma surpreendente, quando assaltante e assaltado foram vítimas de um assalto por um grupo que roubaria o carro do professor onde seguiam, contou à Lusa um inspector-coordenador da PJ (mais aqui)".
O problema é que como existem mais criminosos do que vítimas, estas chegam a ser assaltadas duas vezes na mesma altura.


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