sábado, setembro 25, 2010

Os malucos no hospício

"O PS acusa o PSD de querer acabar com o "Estado social". O PSD acusa o PS de acusar o PSD de querer acabar com o "Estado social". Os partidos comunistas acusam PS e PSD de quererem acabar com o "Estado social". Embora fascinante, o debate lembra a anedota do maluco que pede ao parceiro de hospício para adivinhar o que tem na mão, o parceiro responde "um autocarro", e o maluco diz que não vale porque o outro espreitou. Convinha perceber que o "Estado social" propriamente dito não existe em Portugal. No mínimo, é uma figura de estilo que sustenta manobras eleitorais e disfarça, muito mal, o assalto da coisa pública por determinados grupos e indivíduos. No máximo, é um arremedo, aliás comprovadamente nocivo, dos esforços caritativos dos países europeus mais ricos, os quais já verificaram a falência da ideia e procuram novos rumos. Nós insistimos no nosso: um Estado hipotético e alucinado, a descobrir autocarros em mãos vazias."

Alberto Gonçalves

sexta-feira, setembro 24, 2010

A última vítima do Holocausto

"Um amigo anda há dias a contar a piada óbvia: Woody Allen correu com a célebre Carla Bruni de um filme e ninguém se indignou; o marido da sra. Bruni correu com uns anónimos búlgaros e romenos e mesmo o habitualmente diplomático Durão Barroso acha o gesto intolerável.

Graçolas de péssimo gosto à parte, eu sei que as boas consciências deram em atacar em coro o sr. Sarkozy. Assim de repente, também não acho louvável que um Estado da UE despache cidadãos europeus aos magotes e, ainda por cima, fundamente o despacho com a respectiva etnia. Por mais, note-se, que as limitações à livre circulação concedam a esse Estado o direito de recambiar gente que não trabalha, ou não faz descontos, ou constitui um encargo para quem o acolhe. E por mais que a fascinante cultura da etnia em causa atire com frequência os seus membros para a caridade pública e, a fim de comporem o sustento, para a economia paralela ou pior.

O que me parece exagerado são os epítetos com que as boas consciências brindam o sr. Sarkozy. Com a franqueza do costume, os exaltados do costume, incluindo uma comissária europeia, acham que a expulsão de uns tantos ciganos (o eufemismo em voga é roma) de França representa um novo Holocausto. Eu tenho dúvidas.

Na II Guerra, pelo menos 200 mil ciganos terão morrido nos campos de extermínio devido aos motivos da praxe: doenças, fome, exaustão e, numa fase tardia do conflito, o gás. Para já, as autoridades francesas deportaram cerca de oito mil ciganos, nuns casos directamente para os (razoavelmente civilizados) países de origem, noutros impelindo-os para as fronteiras vizinhas, onde, sob os auspícios de advogados especializados nestas coisas, os deportados aguardam um minutinho e regressam calmamente a França, enquanto beneficiam em paz de 90 dias "turísticos" e livres de ameaças. Daqui a três meses, se necessário, repetem a habilidade. Suponho que Auschwitz fosse ligeiramente pior.

Ainda bem para os ciganos do sr. Sarkozy, ainda mal para Auschwitz, que hoje serve de termo comparativo a quase tudo, desde o degredo algo injustificado de uma comunidade até à criancinha que entrou em depressão porque na escola a apelidaram de "maricas". E este pressuposto de que cada acto estúpido, deplorável ou remotamente tonto equivale ao horror absoluto do nazismo não só desvaloriza o horror como legitima a estupidez: o sr. Sarkozy, aliás, já aproveitou os insultos desproporcionados para se passear como vítima, razão que lhe assiste mas que sem os idiotas de plantão não assistiria
."

Alberto Gonçalves

quinta-feira, setembro 23, 2010

Uma Estrela sobre Belém

"Causou certa polémica a carta que, já há uns dias, a dra. Edite Estrela endereçou aos militantes do PS a pretexto das "presidenciais". Segundo as notícias, o texto era demolidor (ou insultuoso, consoante a perspectiva) para o prof. Cavaco, o qual foi ao ponto de, não se pronunciando, se pronunciar sobre o assunto. Roído de curiosidade, fui ler a carta na íntegra e constatei que é demolidora e insultuosa, sim, mas para a língua portuguesa e para o bom senso, caso a julguemos pela forma ou a julguemos pelo conteúdo.

Antes de mais, a forma. A dra. Estrela, que se celebrizou na televisão enquanto uma espécie de corrector ortográfico, trata logo de se dirigir aos compinchas com um "Car@ Camarada, Car@ Amig@" (tentem ler em voz alta), variação modernaça e fresca do "portuguesas & portugueses" popularizado pelo eng. Guterres. Infelizmente, é também sintoma de um gosto aterrador e de uma alfabetização suspeita. Depois, a missiva prossegue repleta de tropeções desagradáveis, como o uso despropositado das maiúsculas ("Cultura", "Cidadãos Eleitores", etc.) e o recurso aos clichés típicos do meio em que a dra. Estrela saltita ("o nosso futuro colectivo", "apoio inequívoco", "um histórico do PS e uma referência do Portugal democrático", "espaço de cidadania", etc.).

Pior, porém, é o conteúdo. Em suma, a dra. Estrela pretende dizer, e para nosso infinito embaraço diz, três simples coisinhas. A primeira é que, ao contrário do que pelos vistos sucede com o prof. Cavaco, o presidente da República não deve discordar do Governo ou antipatizar com o respectivo chefe. A segunda é que o PSD teceu com o prof. Cavaco uma tramóia para chegar ao poder e impor políticas "conservadoras e neo-liberais". A terceira é que apenas Manuel Alegre assegura em Belém "a vitória de uma visão social aberta e universalista sobre uma visão social restrita e preconceituosa", "a vitória dos valores do humanismo sobre o materialismo", "a vitória de uma sociedade plural e paritária sobre uma sociedade que não respeita a diferença nem promove a igualdade", "a vitória da Cultura sobre a tecnocracia", etc.

Podíamos dissecar cada uma das teses ou, no mínimo, perguntar à dra. Estrela se ela julga inadmissível as intromissões dos presidentes Soares e Sampaio nos governos de então ou se o pacto de não ingerência só se aplica a presidentes do PSD e a governos do partido que emprega a senhora. Ou se a senhora realmente acha que "conservador" e "neo-liberal" são sinónimos e se, de qualquer forma, acredita que o PSD é um partido de direita. Ou se a senhora está de facto convencida de que a repetição de disparates solenes acerca de Manuel Alegre o eleva acima do vácuo que ele, indiscutivelmente, é.

Se calhar, não vale a pena. No fundo, a grande questão aqui é apurar se a dra. Estrela é tão ingénua (sejamos brandos) quanto a carta sugere ou se a ingenuidade (idem) é simulada a benefício dos militantes do PS. Por outras palavras, o que importa é distinguir se estamos perante um drama pessoal ou uma pandemia de proporções alarmantes, que atinge os socialistas e todos os portugueses que misteriosamente levam os desabafos da dra. Estrela a sério
."

Alberto Gonçalves

quarta-feira, setembro 22, 2010

O senhor televisão

"Desde a leitura da sentença do processo Casa Pia que Carlos Cruz não sai das televisões e da imprensa escrita, graças a uma quantidade interminável de entrevistas só comparáveis às protagonizadas também por Carlos Cruz em 2002 ou 2003, aquando da primeira vez em que o seu nome foi citado no caso. Em ambas as ocasiões, o apresentador usou e abusou dos meios ao dispor a fim de provar a sua inocência. Conseguiu-o? Duvido. Conseguiu, certamente, provar que quem constrói um nome nos media conta sempre com os media para se defender, um direito que evidentemente lhe assiste, mas um direito que assiste a poucos. O que dá a tudo isto um arzinho de privilégio assaz distante da empatia que Carlos Cruz pretende, com tudo isto, suscitar. "

Alberto Gonçalves

terça-feira, setembro 21, 2010

Os fogos do Alcorão

"Perante a anunciada queima de exemplares do Alcorão, "represália" prévia de um pastor americano à hipotética construção de uma mesquita junto ao Ground Zero, por todo o Ocidente inúmeras almas horrorizadas perguntaram: o que aconteceria se muçulmanos queimassem a Bíblia ou a Tora?

A resposta é simples: nada. Não conheço casos em que tenham sido incinerados os livros sagrados de cristãos e judeus, mas ocorrem-me alguns casos recentes em que os servidores do Islão atearam fogo a numerosos cristãos e judeus propriamente ditos, além de ateus, budistas, xintoístas, animistas e, imagine-se, muçulmanos que se encontravam ao alcance das explosões perpetradas por "mártires".

A diferença passa justamente pelo "martírio". Quer concretize ou não a ameaça (à hora a que escrevo, parece que não), ninguém, ou quase ninguém, louvará o dúbio heroísmo do tal pastor da Florida, que exerce numa igrejinha exótica e, nem de propósito, dá pelo nome de um dos Monty Python, Terry Jones. Pelo contrário, aqueles que assassinam em nome de Alá contam com o apoio, o incentivo e, após consumação do acto, o agradecimento de tantos dos seus parceiros de crença e líderes espirituais.

A desigualdade é de facto notável. Nós temos um excêntrico que promete atirar papel para o fogo; eles têm milhares (ou milhões) de criaturas desejosas de ver arder cada infiel à superfície da Terra. Nós ficamos alarmadíssimos com o excêntrico; eles prometem vingar-se de todos os que o rodeiam. Nós tentamos compreender as causas do ódio alheio e não esquecemos que este não representa o famoso Islão "moderado"; eles não tentam compreender coisa nenhuma e o Islão "moderado" costuma esquecer-se de moderar seja o que for.

No primeiro aniversário do 11 de Setembro, aliás, o jornalista Thomas L. Friedman avisava no New York Times que "se não houver uma luta dentro do Islão sobre regras e valores, haverá uma luta entre o Islão e nós". Friedman não previu a possibilidade de uma capitulação total do Ocidente, que vive aterrado a evitar o lançamento de Alcorões para a fogueira. Nove anos após 2001, eles defendem a uma voz o Islão. E nós, fora uma minoria desprezada e uns equívocos bizarros, também. Não há luta, pois
."

Alberto Gonçalves

segunda-feira, setembro 20, 2010

Os liberais a que temos direito.

"Na mesma semana em que me vejo obrigado a concordar com Fidel Castro (o qual, em entrevista à Atlantic, constatou o falhanço do modelo económico cubano, defendeu o direito de Israel a existir e considerou o Irão nuclear um perigo), também dei por mim a concordar com o PCP no que toca às relações do Governo com o maior partido da oposição, se é que a palavra "oposição" define a atitude do actual PSD.

Embora partilhar as opiniões de comunistas me custe tanto quanto remover as amígdalas sem anestesia, numa coisa os camaradas têm razão: as dissidências entre o PS e o actual PSD, a propósito do Orçamento para 2011, são, como vem sendo habitual, uma encenação relativamente elaborada e obviamente inconsequente. Quando for necessário (para quê e a quem?), e ainda que envolto num embrulho ficcionado de cedências e sacrifícios, o acordo chegará.

Noutra coisa, porém, o PCP está enganado (está enganado em inúmeras, mas enfim): ambos os partidos do chamado arco governativo não se juntaram para elaborar qualquer política de direita. As políticas do PS, que o actual PSD acaba sempre por avalizar, podem ser insensatas, perigosas, daninhas ou apenas idiotas. De direita é que não são.

A menos que agora seja de direita defender, com requintes de fanatismo e ao contrário de todos os países europeus em pré-falência, a manutenção suicida da despesa pública. Ou os insondáveis benefícios do "investimento" de iniciativa governamental. Ou o assalto aos "ricos" (de facto, uma classe média em apuros) mediante imparáveis impostos. Ou a "aposta" inútil e desonesta nas energias "renováveis". Ou a invocação de uma compaixão "social" desacreditada pela realidade. Ou, em suma, o infatigável e bem sucedido esforço para aumentar o peso do Estado, que jamais foi leve, e destroçar de vez a economia.

Não espanta que o PCP contemple o socialismo em vigor e o considere insuficiente. Já espanta um bocadinho que o actual PSD, descontadas as ameaças da praxe, no fundo ache que está bem assim. E espanta muitíssimo que o dr. Passos Coelho passeie por aí, não sei com que fim ou fundamento, o estatuto de "liberal". Liberal em quê?
"

Alberto Gonçalves

domingo, setembro 19, 2010

O pior amigo do cão

"Finalmente gostei tanto de uma declaração de Morrissey quanto gosto de alguns dos seus discos. O cantor inglês, hoje menos conhecido pelas canções do que pelas atoardas, afirmou que o tratamento que os chineses dedicam aos cães faz deles, os chineses, não os cães, uma subespécie. Num instante, associações anti-racismo acharam a frase uma generalização ofensiva. No máximo, acho-a uma restrição ofensiva.

Se a nação com mais habitantes atinge picos de crueldade no modo como lida com os cachorros (alguma culinária local exige que se esfole os bichos vivos), a tendência infelizmente não lhe é exclusiva. É preciso não esquecer que a religião com mais aderentes associa os cachorros a Satanás (e por isso é vulgar cortarem-lhes pedaços por diversão) e que, mesmo na civilização, são frequentes atitudes pouco civilizadas: tortura, desleixo, abandono, etc.

O que não é frequente, por exemplo em Portugal, é ver na cadeia os responsáveis por esses mimos, uma miragem que não se alcança com manifestações, protestos, petições ou vigílias. Sobra a acção individual, sem influência na lei mas decisiva na consciência. Recentemente, soube que os rafeiros desaparecidos de um meu familiar eram, afinal, vítimas do dono, que os abatia a tiro quando já não serviam para a caça. E, sem proclamações nem pompa, decidi deixar de lhe falar.

Se não afastam a escumalha do nosso convívio, compete-nos afastarmo-nos da escumalha. Em matéria de cães, que como um pensador ilustre sabia, nos dão a única amizade absolutamente pura, e no resto
."

Alberto Gonçalves

sexta-feira, setembro 17, 2010

Cavaco é muito mau

¨O Presidente da República andou a passear pelo Douro e, no meio de elogios ao vinho da região, revelou-se um terrível desmancha-prazeres.

Andavam os meninos todos entretidos a fingir que estavam zangadíssimos, com ameaças, chantagens e ultimatos, uma peça muito bem ensaiada, e Cavaco Silva atirou-lhes com um balde de água fria. Afinal, são muito amigos e até já têm um acordo para o Orçamento do Estado de 2011. Mas o Chefe de Estado, em grande forma depois das férias, foi mais longe e exigiu aos meninos rabinos que falassem verdade aos indígenas, nomeadamente sobre o desemprego, assunto que não mereceu uma singelas palavras aos dois tanguistas da política tuga. Sinceramente. Isso é que não. É uma grande maldade. Cavaco Silva é mesmo muito mau


António Ribeiro Ferreira

quinta-feira, setembro 16, 2010

Demagogos aos molhos

¨O engenheiro relativo, na sua segunda entrada em palco depois de umas merecidas férias cá dentro, foi peremptório. O País não precisa de demagogos. Precisa de estadistas.

Pois precisa. Há muitos anos. O problema é apanhar algum e convencê-lo a tentar governar este cantinho de forma séria, sem ilusões, truques e trafulhices.

O economista relativo cada vez mais liberal que lidera o PSD também decidiu ir ao palco duas vezes para mostrar aos portugueses que está vivo e se recomenda depois de umas merecidas férias cá dentro. E também foi peremptório. Abaixo a despesa pública, nada de aumentos de impostos. Pois. O que faz falta não é avisar a malta.

O que faz mesmo falta é um estadista para pôr isto na ordem e correr a pontapé com os demagogos que andam por aí aos molhos
. ¨

António Ribeiro Ferreira

quarta-feira, setembro 15, 2010

Não vão na conversa da solvência europeia

"Numa altura em que os Europeus celebram o fim da crise financeira, algo de estranho está acontecer nos mercados obrigacionistas.

O fosso de rentabilidade das obrigações a dez anos entre os países periféricos e a Alemanha está a aumentar a um ritmo alarmante. E está agora próximo dos níveis registados antes da decisão da UE de criar um fundo de salvamento em Maio.

Na sexta-feira passada, os ‘spreads' eram de 3,4% para a Irlanda, 9,4% para a Grécia, 3,4% para Portugal e 1,7% para Espanha. A rentabilidade das obrigações alemãs a 10 anos é ridiculamente baixa, na ordem dos 2,3%. Os mercados financeiros vêem de certo modo a Alemanha como um exemplo de virtude, estabilidade e boa gestão financeira, e dão-se por contentes se os seus investimentos a 10 anos não registarem grandes retornos. Se os mercados obrigacionistas voltassem ao normal e se os ‘spreads' se mantivessem assim, a Europa periférica deparar-se-ia com um fardo em matéria de taxas de juro difícil de suportar.

Esta observação remete-nos para a questão da capacidade de solvência de alguns países num cenário como este. A solvência é definida como a capacidade de financiar dívida de uma forma sustentada e é afectada tanto pelo montante de dívida como pelo rendimento que permite reembolsar essa dívida.

Espanha aparentemente está bem. A dívida do sector público e privado em Portugal ultrapassa os 200% do PIB. Na Irlanda, o principal problema é o sector bancário. Os economistas Peter Boone e Simon Johnson fizeram alguns cálculos e concluíram que o montante de dívida dos bancos que provavelmente vai acabar nas mãos do governo irlandês é de cerca de um terço do PIB. E concluíram que se as taxas a 10 anos se mantiverem nestes níveis - próximas dos 6% - a Irlanda acabará por ficar insolvente. Para corrigir isto a Irlanda terá que gerar taxas de crescimento futuro espectaculares. Estará este país em condições de replicar o modelo do Tigre Celta?

Na Grécia, o programa de ajustamento está a correr bem - muito melhor do que se esperava. Algumas das pessoas com quem discuti o assunto falam de modo quase eufórico sobre a forma como o governo grego abordou esta crise. Eu próprio estou a levar muito a sério o empenho do governo, nomeadamente no que toca às medidas fiscais e orçamentais.

Mas estou menos optimista no que toca às reformas estruturais. De lembrar que, mesmo fazendo uma avaliação relativamente optimista das mudanças nas políticas na Grécia, a solvência está longe de garantida. Ainda não encontrei nenhuma estimativa realista que aponte para uma estabilização da dívida da Grécia face ao PIB. Os mais optimistas apontam para a eventualidade de um crescimento acima das previsões, sem explicarem no entanto de onde virá esse crescimento.

Nesta questão da recuperação, os indicadores de confiança das empresas apontam no sentido de uma recuperação da economia global, mas nada nos dizem sobre a natureza e sustentabilidade dessa recuperação
."

Wolfgang Münchau

terça-feira, setembro 14, 2010

Cale-se senhora comissária! Não tem o direito de falar em nome da Europa!

Uma comissária europeias orgão formado por gente não eleita e logo sem representatividade, veio chamar de desgraça ao que o governo francês e quanto a mim, bem, tem feito.
Xenofobia, minorias e direitos?
Uma etnia ou povo que não respeita os seus tem apenas direitos?
As suas crianças são escravizadas pelas famílias, não é preciso ir a França, basta vê-los em Lisboa.
Pode um povo ou etnia ter direitos sem cumprir os deveres que a carta que senhora deveria ler e pelos vistos entranhar, não sofrer sanções e viver dos rendimentos dos que trabalham e pagam através dos seus impostos os rendimentos que auferem porque se não querem integrar e não querem trabalhar, logo perdem os direitos da chamada cidadania.
Esta senhora também é muito bem paga e deveria ser afastada, por tratar desta forma um estado soberano.
Pode-se não gostar do governo de França, mas neste caso, a senhora da comissão paga por todos nós em orgão não representativo, não pode ameaçar um estado soberano desta forma, esta senhora a ocupar este cargo, é sim uma desgraça, uma vergonha, como foi traduzido.
Falará assim em relação ao que se passa em Israel, embora não seja estado da União, já que falam em tanta coisa calam-se e percebe-se, servem patrões fora da Europa.
Tenha a senhora comissária vergonha e demita-se, nao pode defender gente que não respeita as suas crianças e as escraviza, ou não sabe?
De Durão Barroso espero o que sempre se esperou de um indivíduo sem qualidade, colocado lá pelo patrão americano e pela nomenklatura dona do dinheiro e das crises a nível mundial sediada em Washington.

segunda-feira, setembro 13, 2010

Um país de indigentes e viva a democracia laica e republicana ou coisa assim...

Fala-se muito, nos sectores da chamada esquerda e da direita no Serviço Nacional de Saúde e na sustentabilidade do mesmo ou na sustentabilidade do estado social.
No caso do SNS, por exemplo e poder-se-íam citar outros, incluso a sustentabilidade do Estado em si mesmo, ou do querido regime que sustentamos,( falo dos camelos e ursos que pagam impostos e só estes devem ter voto na matéria), porque a coisa está falida, ponto final.
É claro que os políticos falam e defendem interesses corporativos, quando toca a reunir e o tacho está em perigo,mas este que está em Bruxelas salvo erro, atirou e deve andar com o tio alemão ao colo, ou na cabeça, tal a falha de memória.
No caso do SNS, dizia eu, um tal senhor chamado de Correia de Campos afirmou que enquanto Ministro o défice nunca chegaria ao que chegou.
Mas se a memória não falha foi esse senhor que criou as parcerias público privadas e implementou os hospitais EPE e SA, e daí ou a partir daí continuou a fazer-se o sempre se fez, as dívidas eram escondidas de um ano para o outro e passavam de um ano para o outro, ou seja, fazia-se contabilidade pública e engenharia contabilística a que chamo, desculpem o termo, de cagalhão flutuante, como lhe chamou um conhecido rato, que conheço através dos túneis do poder desta república que tem ligações ao cano de esgoto.
É claro, que isto está tudo interligado, falo dos canos de esgoto e assim, os ratos do esgoto que pululam por esta esterqueira a que chamam de república, vão enchendo os bolsos, depois de porem em funcionamento o PRACE, acabaram com as Direcções Gerais e criaram Institutos Públicos em quantidades que só lembra ao Diabo, por forma a empregar os camaradas, uns reciclados da velha esquerda, vulgo PCP, quase todos passaram por lá, (façam as contas), nesse partido da saudade, muitas almas não sabiam que o camarada Fidel era um homem dos americanos, mas uma entrevista que escapou ao controle de tráfico de informação e vai daí o velho começou a dizer que afinal o regime não era bem aquele que se queria, descuidou-se, questões de incontinência, e as outras esquerdas mais ou menos esquerdistas, também não deveriam ter gostado de confirmar que afinal quem mandou matar Guevara foi o regime do El Comandante, esse e muitos mais.
Adiante, porque isto provoca azia às pessoas.
Resumindo, depois deste tipo de gestão foi só criar empresas que vendem tudo o que têm ao Estado, serviços, médicos, enfermeiros, pessoal de limpeza, comidinha para os doentes, gestão de bares e refeitórios a preços exorbitantes, porque os desgraçados que trabalham para essas empresas passam recibo verde e o paradoxo é que os tipos que provocam o défice que é um monstro, são todos culpados e a grande maioria passaram pelos grupos da esquerda toda, com as siglas que muitos ainda recordam, e todos mamam.
Portanto, quando os ouço clamar que o SNS está a ser destruido, fico assim um pouco estupefacto com tanta lata, afinal são eles que mandam nos organismos intermédios dos ministérios, todos eles, como no caso SNS, e todos, afinal, são tão liberais como apregoa um tipo chamado de Passos Coelho, que decerto ainda pensa que se podem criar mais umas empresazinhas de outsourcing para mais mamarem da vaca moribunda.
A partidocracia é a desgraça deste sítio.
Só há redução do défice se se voltarem às velhas fórmulas de gestão do velho estado, mas isso é impossível, e o voto não vai resolver e dentro de muito pouco tempo, teremos graças á gestão da esquerda actual e da reciclada um país de pobres e velhos, com uns ricos, ou mais ou menos ricos,a viverem em condomínios de luxo com segurança privada, como o padreca do iluminismo Louçã diz e gosta, não dispensando a frequência ele e outros camaradas dos bons ou de mau gosto, restaurantes típicos com almoços a preços de luxo, com vinho alentejano, daquele arredondado, sem acidez.
Por hoje, nada mais digo, porque assisto, quando chego a um hospital, que os bons se fartaram e saíram, porque não estiveram para aturar mais dislates de gestores incompetentes no mínimo e chefes escolhidos por cartão de partido, alguns ainda resistem,mas são os mouros de trabalho que ainda vão aguentando a desgraça que ou já está ou vai surgir.
Assim, vai a gestão vinda da tal escola onde até há muito pouco tempo só se entrava desde que se tivesse um determinado cartão.
Estamos tramados quando lá caímos, nesses infernos, é uma questão de sorte e nem vale a pena falar no disparate dos genéricos a 100% e outras coisas bem assessoradas, porque aquilo é mesmo um negócio, (a PJ que investigue, se deixarem) e é democrático, tanto para indigentes que não os usam, como para os que podem pagar.
É fartar vilanagem!

Não há razão para festejos

"O mercado interno europeu não funciona em pleno por falta de ajustamento do lado da procura. Mas não só.

O facto de termos um mercado único imperfeito impede o ajustamento do lado do produto, ao passo que o ajustamento do lado do mercado laboral é inviabilizado pela ausência total de integração de mercado.

Seria de esperar que os trabalhadores alemães procurassem melhores salários fora do país, mas isso não tem acontecido porque o mercado laboral europeu continua muito fragmentado - o que significa que a moderação salarial na Alemanha pode não ser corrigida durante um longo período de tempo.

Tudo isto nos diz que os desequilíbrios entre os países da zona euro não só vão persistir como vão, muito provavelmente, acentuar-se, dificultando ainda mais o ajustamento económico em Espanha, Portugal e Grécia. Do ponto de vista alemão é uma estratégia que fomenta o crescimento a curto prazo, na prática, porém, é uma "tentativa de empobrecer o vizinho" (‘beggar-thy-neighbour'). O crescimento económico da Alemanha é, pois, consequência da desvalorização real e não da produtividade.

Embora preveja que a economia alemã tenha melhor desempenho do que a média dos países da zona euro, não posso deixar de sublinhar a importância de manter uma certa perspectiva e não tirar conclusões falsas sobre a taxa média anual de crescimento de 9% no segundo trimestre. Analisando o período desde o início da crise financeira, verificamos que o desempenho económico da Alemanha tem sido anémico. Se compararmos os níveis do PIB da Alemanha e dos EUA desde a crise, constatamos que os EUA superaram largamente a Alemanha durante esse período. Uma situação passível de ser revertida se houvesse uma recaída na recessão (‘double-dip') por parte dos EUA, mas o melhor neste momento é partir do mesmo pressuposto que a ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde: a Alemanha está a recuperar rapidamente este ano porque contraiu mais depressa no ano passado, quando o PIB caiu cerca de 5%.

O desempenho da economia alemã vai estar intimamente ligado à economia global devido à forte dependência das exportações, mas não poderá manter as recentes taxas de crescimento quando os EUA caminham para uma nova desaceleração. Para tal, a procura interna teria de aumentar súbita e rapidamente, e não vejo como isso possa acontecer.

Nos próximos anos, o desempenho da economia alemã vai, com toda a probabilidade, melhorar face à média da zona euro, apesar da actual vaga de entusiasmo ser algo exagerada. Mas o verdadeiro perigo - para a zona euro e, em última estância, para a própria Alemanha - são as tensões resultantes da política de desvalorização real. Não imagino como a Europa do Sul pode, alguma vez, reverter totalmente os maus alinhamentos na taxa de câmbio real. Além disso, não se vislumbram suficientes sinais de reformas no produto e nos mercados laborais da União Europeia para garantir o funcionamento efectivo dos mecanismos de ajustamento económico.

Por outras palavras, a pujança económica da Alemanha, além de persistente e tóxica, será, muito provavelmente, inexequível a longo prazo
."

Wolfgang Münchau

sexta-feira, setembro 10, 2010

O Estado Social da penúria (III)

"Onde o autor prossegue a sua apopléctica, ou melhor, apocalíptica análise sobre o Estado Social da envelhecida e desgovernada Pátria, que lá vai afundando com toda a gente lá dentro - os botes de salvamento, como no Titanic, são para ricos -, bem consciente de que o Povo é que paga, mas o Povo é que vota, e lembra sítios onde as coisas se resolveram).

Como vimos anteriormente e todos sabem, a reforma profunda do Estado Social que temos é imperativa pela boa razão de que não existe nem se cria riqueza para o sustentar, e os longos anos em que isso acontece demonstram uma situação completamente bloqueada que só produz défice e mais dívida. Vimos, também, como o sistema actual desincentiva o aforro, em queda de 50% desde 1995 (coincidência ou causalidade com a política do PS e a "década perdida"?). O círculo vicioso do aumento descontrolado de despesa, acoplado à diminuição de riqueza criada, incorpora-se no "status quo" que se desejaria, pelo contrário, virtuoso.

Obviamente, o mal não é um exclusivo português (aqui acontece um exacerbamento) e boas soluções procuram-se em todo o lado. O essencial é encontrá-las e aplicá-las com espírito pragmático, adoptando o que produz efeito, e não o que é político e ideologicamente correcto. Não sendo especialista, não sei como se devem alterar as coisas, sei, sim, o que não corre bem, em diagnóstico totalmente evidente. Sei também observar experiências alheias e hoje lembro a de Piñera, no Chile, em 1980, muito estudada e parcialmente imitada em toda a parte, mas sub-repticiamente, ou não fosse uma coisa vinda dos "Chicago boys" (a proveniência de Piñera, porém, era Harvard). O método implantado na generalidade era muito simples, criando um sistema facultativamente duplo, de um lado apoiado no sistema antigo ainda vigente, o estadual, e, de outro, no novo, suportado na ideia de investimentos próprios em fundos e "contas pessoais de reforma", a partir de 10% dos salários, sendo a opção totalmente livre. No final de 2006, 7,7 milhões de chilenos tinham a sua conta pessoal e 2,7 o seu próprio seguro de saúde, enquanto o défice orçamental se tornara, em média, irrelevante e a taxa de aforro passara 30% do PIB, uma das maiores do mundo. Entretanto, este fluxo notável de fundos a entrar na economia nacional permitiu taxas médias de crescimento de 3,2%, enquanto a dos 15 anos anteriores havia sido de 0,15%. Há ainda a mencionar outro efeito indirecto, incidindo na taxa de pobreza, que passou para 15%, enquanto que no resto do continente se situava nos 40%.

O problema é saber como é que reformas transformadoras podem passar em eleições, se permanentemente são transmitidas mensagens que incutem receio e sentimento de instabilidade. Os métodos demagógicos integram sempre esta poderosa via, que tem como ponto de apoio o apego das pessoas ao que têm ou julgam possuir. Seria dramático que, por um lado, soubéssemos que tínhamos de mudar mas, por outro, víssemos que estávamos impossibilitados de o fazer por nós próprios. Em Portugal, o Estado Social é uma vaca sagrada tão sacra que nem ao veterinário pode ser levada para que não estrebuche e faleça. Piñera, para levar avante a sua reforma, teve à disposição a estação televisiva do Estado e vários meses de campanha. Claro que o sucesso veio mais tarde, graças a resultados persuasivos para aumentar a onda de adesões, mas teve a oportunidade de estabelecer a sua metodologia por ter tido a possibilidade de convencer os compatriotas.

Em Portugal, não é possível a mesma coisa, até porque o Governo e o partido do poder, enquanto estabelecem algumas medidas avulsas de reforma, usam despudoradamente o tema seríssimo da reforma para fins eleitoralistas. Mas não é só isso, obviamente, dada a força da esquerda em sindicalismo radical e em partidos extremistas que agregam quase 20% do eleitorado. Provavelmente, as reestruturações imperativas terão que ser impostas, mas do exterior, quando a Europa, o FMI e a sr.ª Merkl e a GNR aparecerem nas praias nacionais em lanchas de desembarque
."

Fernando Braga de Matos

quinta-feira, setembro 09, 2010

O Estado Social da penúria (II)

"(Onde o autor continua a sua mui modesta contribuição para o debate sobre um mui relevante problema que aflige a pátria, o qual permanece continuadamente obliterado por razões eleitoralistas, como se houvesse mais tempo a perder para salvar o barco nacional em processo de afundamento).

Se houvera dúvidas sobre a necessidade de abrir o debate sobre o Estado Social e a sua sustentabilidade, a recente notícia sobre o aumento da despesa primária por relação ao semestre do ano passado em 5,7% veio afastá-las, e isto apesar da austeridade decretada. O Estado Social custa muito dinheiro e, como é evidente, só pode existir nestes moldes se se puder pagá-lo. Não há volta a dar-lhe e recusar este notório facto da vida é pura e simplesmente idiota e mesmo criminoso dadas as danosas sequelas para a comunidade. Não adianta querer um Estado como o da Dinamarca com uma economia como a da Roménia… só que esta está a crescer.

Por outro lado, a coisa fica mais feia ainda quando se pensa em demagogia, digo, demografia, com cada vez mais cidadãos seniores a consumirem cada vez mais recursos que cada vez menos pessoas produzem, enquanto escapam para o estrangeiro à media de 100.000 por ano, mais ou menos, nesta "década perdida". Um sistema de providência sustentado basicamente por impostos num Estado "jarreta" tende inevitavelmente para um desequilíbrio que o irá arruinar, enquanto os jovens, os contribuintes, votam com os pés.

Este argumento de per si bastaria, mas outros acrescem, dizendo respeito a rupturas no tecido económico, pela influência psicológica desmotivadora que cria nos agentes, logo na criação de riqueza. A balança, já desequilibrada, descai ainda mais. Não restam dúvidas que os sistemas baseados em subsídios criam exércitos de dependentes, sem estímulos para saírem de uma situação que, por estranho que pareça, pode ser favorável. A quantidade de pessoas que caem neste nicho não para de aumentar, com estórias humorísticas mas reais quanto a situações de acumulação de vantagens. Claro que o ideal seria eliminar o abuso pela fiscalização, mas o exército de fiscais e recurso necessários custaria o que, em ciência económica, se chama "batelada", demasiado dispendiosa para uma missão muitas vezes impossível. Custa a acreditar, mas duradoiramente havia tantas "baixas" laborais como desempregados (ultimamente já não deve ser assim, mas pelas más razões). Estes argumentos "cruéis", que não mencionam a situação dos justos que pagam pelos pecadores, podem ser politicamente incorrectos mas nem os PEC nem as declarações da Ministra do Trabalho lhes escapam.

Mas há mais, no domínio psicológico, onde o incentivo é determinante para a obtenção dos melhores resultados. Os sistemas previdenciais iniciaram-se como fundos constituídos por contribuições dos futuros beneficiários, mas "degeneraram" numa metodologia segundo a qual os que descontam agora não são os que recebem agora, e isto é contra o que se sabe ser a natureza humana, ao destruir, a nível individual, o elo entre contribuição e benefício ou, doutro modo, entre prémio e esforço. A longo prazo e agregadamente, essa desintonia conduz ao descalabro. E por muito que se prometa o Céu na Terra com a chamada solidariedade geracional, o facto é que dar a desconhecidos, na esperança que outros, mais tarde, em muito menor número, façam o mesmo, só continua a funcionar porque a maioria das pessoas não sabe como funciona o sistema. Como dizia o humorista, a Segurança Social não passa de um esquema Madoff, em que o contribuinte da base da pirâmide só vê promessas e oiro por um canudo.

Do mesmo modo, este corte entre o esforço e o benefício tem reflexos profundamente negativos na propensão à poupança, que agora, em Portugal, vai em 8% do PIB, numa queda de 50% em 15 anos. Se se vende, e as pessoas compram, uma ilusão segundo a qual os riscos são eliminados quase integralmente por um Estado bonacheirão e benfazejo, porque hão-de elas poupar e investir, em vez de ir para o Quénia ver feras sanguinárias e turistas descascadas nas praias meias desertas? Mas Portugal, perante a aparente indiferença de um Governo cuja propensão ao consumo não serve de exemplo para ninguém e comete verdadeiras razias como acabar com a atractividade dos Certificados de Aforro, tem exactamente aí um dos seus maiores problemas. E é exactamente por aí que a Alemanha pode pagar o seu oneroso Estado Social enquanto nós ficamos à espera do cobrador do fraque (se ainda vier de fraque e não de cachaporra ainda é bem bom).

Por isso dizem uns do espectro político que, para salvar o Estado Social, é necessário reformar o que temos e outros, mantendo dialéctica contrária, lhe vão cortando cada vez mais apêndices, porque as exigências da governação tal lhes vai impondo. O que é triste é ver tema de extrema importância tratado de forma ligeira e enganadora em clima permanentemente eleitoral - embora haja mais vida para além das eleições legislativo - partidárias
."

Fernando Braga de Matos

quarta-feira, setembro 08, 2010

O Estado Social da penúria (I)

"(Onde o autor, evidentemente adepto do Estado Social, chama a atenção, como toda agente de rigor, para o facto de este que temos ser insustentável levando todos ao fundo, enquanto dá umas voltas pelo tempo e pelo espaço, para assentar algumas ideias cruciais).

O tema que hoje trouxe para apontamento é provavelmente o mais importante, na actualidade, para um País em catastrófica situação e em urgência quanto à possível terapêutica e cura. Infelizmente, a necessária discussão sai inquinada por obstinação ideológica ou por luta política travada em termos de demagogia. Suponho que isso seria sempre mais ou menos inevitável, ao fim e ao cabo a luta democrática faz-se em termos de curto prazo e a longo prazo estamos todos mortos. Como dizia Lloyd George, ainda no primeiro quartel do século XX, as medidas previdenciais trazem votos ou não tivessem como beneficiários as franjas mais amplas da população.

Ou fazem perder votos, pois a moeda tem duas faces. Daqui resulta que um adequado consenso nos partidos do arco da governação é imperativo e os jogos de florete no limite do precipício são bons para os filmes do Indiana Jones mas execráveis e irresponsáveis para quem tem responsabilidades de poder. E o ideal seria mesmo o consenso porque o corte de expectativas será de tal ordem que a impopularidade terá de ser repartida, o discurso deverá ser idêntico, esclarecedor e persuasivo e a execução perdurando no tempo. Infelizmente agora não se abrirá a possibilidade que aconteceu com a reforma da Segurança Social promovida pelo ministro Vieira da Silva pois o diferimento temporal dos cortes fez passar despercebida a dor àquelas que a vão suportar, mas não imediatamente.

O realismo e o pragmatismo são determinantes. Sabemos, a OCDE sabe e a União Europeia também - e dizem-no - que a situação é insustentável e não só para Portugal, e, após anos de procrastinação, resistências fátuas e arrastar de pés, o severo aviso da crise orçamental poderá fazer acordar. Quem foi alertando ao longo do tempo não tinha dúvidas que, quando a despesa sobe a múltiplos aterradores e a economia que a iria pagar não acompanha, bem pelo contrário, o resultado é a falência, após um penoso percurso por prestamistas que um dia fecham a torneira do crédito. Mas também sabiam as donas de casa e qualquer pessoa que administre recursos escassos, pois a questão não é ideológica mas aritmética. Para ilustrar este ponto, recordo-me sempre de um dito irónico de Medina Carreira que faz reforçar a substância do reparo: " Os partidos de Esquerda, só pelo facto de o serem, não podem recusar-se a fazer contas e a insultarem os que as fazem". Depois, há um elemento essencial que parece esquecido e esse passa por lembrar que o sistema é financiado por impostos e não por deduções para investimento e a "canga" fiscal tem um limite, acabando por penalizar, por desvio permanente de verbas, o sistema económico que o poderia sustentar.

Isto dito, há que lembrar que o Estado Social, Providência ou de Bem-Estar, chame-se como se quiser chamar, corresponde a um patamar superior da evolução das sociedades humanas e corresponde a um natural anseio das pessoas procurando protecção contra o risco. A história social e financeira está lá para ser vista e convém mesmo que seja vista e estudada porque a experiência histórica e a evidência empírica são os guias a quem use metodologia científica e pretenda resultados e não onirismos de quem anda a "ganzar-se". Seja por mutualismo, por via de seguros, fundos de capitalização ou pelo grande "segurador", o Estado, a citada aspiração humana é para ser realizada e os governos têm que a promover, mas tendo a devida atenção pela governança.

Nem me parece que haja divergência de finalidades das forças políticas, sendo ainda certo que da Direita à Esquerda ambos os lados caminharam no mesmo sentido. A divergência não é de fins é de meios, e convém lembrar que o Estado Social foi fundado por Bismark ("com maior segurança, os homens tornam-se mais razoáveis"), instalado no Japão imperial e o grande impulso foi dado em Inglaterra por Churchill e o seu ministro Beveridge, gente que nem com arroubos de fantasia se pode catalogar na Esquerda. E mais: o estabelecimento na Europa foi tanto por impulso dos sociais-democratas como dos democratas cristãos.

Então, digo eu ingenuamente, se a herança é comum e o desígnio da mesma forma, o que existe é apenas um problema e esses resolvem-se e deslindam-se com engenho, arte e sentido pragmático. Então porque não corre tudo sobre rodas?
"

Fernando Braga de Matos

terça-feira, setembro 07, 2010

Não há razão para festejos

"O mercado interno europeu não funciona em pleno por falta de ajustamento do lado da procura. Mas não só.

O facto de termos um mercado único imperfeito impede o ajustamento do lado do produto, ao passo que o ajustamento do lado do mercado laboral é inviabilizado pela ausência total de integração de mercado.

Seria de esperar que os trabalhadores alemães procurassem melhores salários fora do país, mas isso não tem acontecido porque o mercado laboral europeu continua muito fragmentado - o que significa que a moderação salarial na Alemanha pode não ser corrigida durante um longo período de tempo.

Tudo isto nos diz que os desequilíbrios entre os países da zona euro não só vão persistir como vão, muito provavelmente, acentuar-se, dificultando ainda mais o ajustamento económico em Espanha, Portugal e Grécia. Do ponto de vista alemão é uma estratégia que fomenta o crescimento a curto prazo, na prática, porém, é uma "tentativa de empobrecer o vizinho" (‘beggar-thy-neighbour'). O crescimento económico da Alemanha é, pois, consequência da desvalorização real e não da produtividade.

Embora preveja que a economia alemã tenha melhor desempenho do que a média dos países da zona euro, não posso deixar de sublinhar a importância de manter uma certa perspectiva e não tirar conclusões falsas sobre a taxa média anual de crescimento de 9% no segundo trimestre. Analisando o período desde o início da crise financeira, verificamos que o desempenho económico da Alemanha tem sido anémico. Se compararmos os níveis do PIB da Alemanha e dos EUA desde a crise, constatamos que os EUA superaram largamente a Alemanha durante esse período. Uma situação passível de ser revertida se houvesse uma recaída na recessão (‘double-dip') por parte dos EUA, mas o melhor neste momento é partir do mesmo pressuposto que a ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde: a Alemanha está a recuperar rapidamente este ano porque contraiu mais depressa no ano passado, quando o PIB caiu cerca de 5%.

O desempenho da economia alemã vai estar intimamente ligado à economia global devido à forte dependência das exportações, mas não poderá manter as recentes taxas de crescimento quando os EUA caminham para uma nova desaceleração. Para tal, a procura interna teria de aumentar súbita e rapidamente, e não vejo como isso possa acontecer.

Nos próximos anos, o desempenho da economia alemã vai, com toda a probabilidade, melhorar face à média da zona euro, apesar da actual vaga de entusiasmo ser algo exagerada. Mas o verdadeiro perigo - para a zona euro e, em última estância, para a própria Alemanha - são as tensões resultantes da política de desvalorização real. Não imagino como a Europa do Sul pode, alguma vez, reverter totalmente os maus alinhamentos na taxa de câmbio real. Além disso, não se vislumbram suficientes sinais de reformas no produto e nos mercados laborais da União Europeia para garantir o funcionamento efectivo dos mecanismos de ajustamento económico.

Por outras palavras, a pujança económica da Alemanha, além de persistente e tóxica, será, muito provavelmente, inexequível a longo prazo
."

Wolfgang Münchau

segunda-feira, setembro 06, 2010

"Quem? Oliveira? Não está!"

"A crise de ideias, associada à crise económica e financeira, tem atingido em força alguns órgãos de Comunicação Social. Há despedimentos colectivos e fecho de jornais.
Um que morreu este ano foi o ‘24 Horas’. Paz à sua alma. Acabou no fim de Maio por ordem do empresário Joaquim Oliveira, proprietário do grupo Controlinveste.

A história, com as suas inevitáveis desgraças, é conhecida. Não é conhecida é a saga que a redacção do jornal nos Estados Unidos viveu nesses tempos tormentosos. Todos os dias, a edição do diário publicada em Newark recebia de Lisboa um conjunto de páginas que eram parte integrante da edição norte-americana.

No último dia de vida do jornal, o editor em Newark esperou, esperou, esperou. Nada. De Lisboa nem novas nem páginas. Desesperado, tentou ligar para vários responsáveis. Nada. Ainda mais desesperado, sem saber o que se passava, conseguiu obter o número do patrão da Controlinveste.

E foi assim que Vítor Alves ligou para Joaquim Oliveira. "É o senhor Joaquim Oliveira? Quem fala? Daqui Vítor Alves. Quem? Não está, está em reunião." Telemóvel desligado e vinte pessoas foram à vida. Sem saber ler nem escrever
."

António Ribeiro Ferreira

domingo, setembro 05, 2010

Uma década pedófila

"A sentença do processo Casa Pia será lida hoje. Cinco anos e dez meses depois do início do julgamento.

É evidente que o caso não termina aqui. A via--sacra dos recursos vai ocupar durante muito tempo os tribunais superiores e a atenção da opinião pública. Mas a primeira década do século XXI fica indiscutivelmente ligada à pedofilia. Da justiça à política, nada escapou a este vendaval que chegou a Portugal no dia 25 de Novembro de 2002 com as primeiras denúncias de abusos praticados numa instituição do Estado. Diga-se, em abono da verdade, que nem tudo foi mau.

O abuso sexual de crianças deixou de ser um assunto tabu e as queixas, processos e condenações tiveram um aumento exponencial. Mas há decisões gravíssimas que marcam de forma indelével a classe política portuguesa. Uma delas, talvez a pior, foi a revisão do Código Penal e do Código do Processo Penal feita à pressa, em cima do joelho, com dois objectivos bem claros: proteger os pedófilos, com a história de o crime continuado ser aplicado aos abusos sexuais de menores, e limitar seriamente a liberdade de imprensa, com a proibição de divulgação de escutas sem o consentimento dos escutados. Uma página negra, uma vergonha que mancha os seus autores e os seus cúmplices. Uma lei criminosa feita por e para criminosos. Que veio para ficar
."

António Ribeiro Ferreira

O circo

"Gostei do final do processo Casa Pia. Notei falhas, porém: a ausência de um trapezista e de um engolidor de espadas ficará como uma mancha. Mas o circo montado por advogados e por um dos condenados, Carlos Cruz, chegou para satisfazer a minha nostalgia de infância.

Pena que a assistência não tenha estado ao nível dos artistas. Para começar, não é possível observar o dr. Sá Fernandes a disparar histericamente sobre a sentença; sobre os juízes; sobre os próprios jornalistas; e sobre o atraso cultural da nação sem lhe oferecer, logo ali e em directo, um espelho. Em países menos selváticos existem recursos para sentenças ingratas; entre nós, o recurso é um pormenor quando há piruetas para dar em público.

E se assim foi com Sá Fernandes, assim foi com Carlos Cruz: com total ingratidão, ninguém aplaudiu o momento de comédia em que o antigo apresentador garantiu que iria vender uns sapatos velhos para pagar indemnizações às vítimas. Fosse este o país decente que o dr. Sá Fernandes reclama e já haveria um concurso por aí, tipo ‘1, 2, 3’, para leiloar os sapatos do Carlos.
"

João Pereira Coutinho

sábado, setembro 04, 2010

Foi feita Justiça? A Justiça?

Foi lido ao fim de uma eternidade o acordão do caso Casa Pia e podem tirar-se entre muitas outras algumas conclusões.
Segundo alguns, incluso as vítimas, foi feita justiça, infelizmente para eles, que são obrigados a falar o politicamente correcto porque a isso são obrigados pela teia que existe de poderes ocultos, mas não foi feita a justiça, foi a coisa possível, infelizmente.
Das sentenças agora tiradas do acordão, apenas uma será cumprida, a de Carlos Silvino.

Os que sairam impunes e nem sequer foram constituidos arguidos, esses ficam com o sorriso de desdém, próprio de qualquer criminoso que mata sem ter a noção do valor da vida humana, com este país se transformasse numa enorme favela, com gente honesta e bandido de gang.

Neste ainda chamado de Estado, onde a censura existe, mil vezes pior que a censura do tempo do Estado Novo, porque exercida por jornalistas que comem à mão do poder económico que por sua vez alimenta e corrompe os partidos politicos, desta coisa a que teimam chamar de democracia, graças a eles, todos, sem excepção, pelos silêncios, omissões e hipocrisia, baseada na desculpa da separação de poderes, desculpa por todos usada, desde o mais alto cargo até à base, e dos dirigentes dos partidos, seus acólitos e simpatizantes, ou seja todo o poder, central e local instalado e os que por lá passaram, muitos deles com fortunas ganhas e roubadas através deste Estado, que muda a Lei, porque, não existe como estado, sendo selvajaria instalada, como dizia a censura existe e as iniquidades existem, muito pior, mil vezes pior que no tempo do Estado Novo.

Um indivíduo muito conhecido que denunciou um caso, que nada tem a ver com este e até onde os acusados foram levados a julgamento, daí algumas diferenças, quando do seu exílio dourado, só se ouviram, deste indivíduo, palavras a clamar pela injustiça, quando alguns foram atingidos, falando sobre justiça democrática, coisa que não sei o que é, porque ou é justiça ou não é, mas esse, vai morrer como muitos, descansado e será um dos mais ricos do cemitério, como se fosse um santo a canonizar mais tarde por esta República de má memória, fundada por assassinos e bombistas, tudo muito correcto, porque feito em nome da liberdade e das outras coisas que os jacobinos desta geração tão bem cultivam no seu jardim de plantas venenosas, mas seria injusto nomear apenas este, podem ser nomeados muitos que passaram de visita à Instituição.

Justiça?
Não sei ao que se referem, ou seja cada vez menos, excepção feita a advogados corajosos e juízes corajosos deste colectivo, e muitos outros, que tentam remar contra esta maré de forte corrente, a esses, só posso louvar e senti pena pelo passar dos anos, com todo o respeito, daquela figura feminina aparentemente frágil, pelo que ouviu e viu, e pelo que pesaram no seu semblante desde então.
Sabem, é que eu reparo nestas coisas e não são detalhes e louvo ainda um juíz colocado numa comarca da Estremadura, mas não esquecido por muitos, como homem de coragem.
Se o poder exercido nas democracias depende apenas do voto e depois todo o tipo de crimes, pequenos e grandes, são feitos porque a impunidade é consequência dos muros intransponíveis criados depois de eleições, sempre em nome da Liberdade, eu, dispenso esta liturgia dos secularistas evangelicos do politicamente correcto, e tenham a certeza de uma coisa, democracia pluralista é uma moda e como moda vai passar, porque parte de pressupostos errados e porque os actores são gente de má índole.
O que aí vem não sei, mas se os muros agora intransponíveis, forem deitados abaixo, será um momento de grande violência, porque a semiologia indica que algo de muito mau se prepara, será a vez de reler Hobbes e o seu Leviatã.


sexta-feira, setembro 03, 2010

Vitória Amarga

"Para quem, como eu, nasceu em Matosinhos e suportou Narciso Miranda na presidência da câmara durante três quartos da vida, o vexame a que o afastamento e, agora, a expulsão do PS sujeitaram a criatura deveria suscitar um imenso gozo. Estranhamente, não é só isso que suscita.

A título informativo, esclareço que não tenho respeito nenhum pelo sr. Narciso Miranda. No seu longo reinado (é o termo), Matosinhos alcançou de facto o progresso, isto é, progrediu da vila industrial, simpática e bonitinha da minha infância para o dormitório triste, caótico e esteticamente angustiante dos tempos que correm. A ética também não abundou nesta história: se o sr. Narciso Miranda era o "autarca modelo", não o era no sentido afirmado por Mário Soares e demais líderes socialistas, que vinham a Matosinhos receber os proverbiais (e medonhos) "banhos de multidão", mas no sentido em que representava na perfeição os vícios e os tiques do nosso municipalismo democrático. Durante anos, supus que não haveria pior. Estava, naturalmente, enganado.

No dia em que a lota deixou de dar votos e passou a dar vítimas de enfarte, as cúpulas partidárias sentenciaram a morte política do sr. Narciso Miranda, trocando-o pelo apoio a um punhado dos seus anteriores acólitos. Regeneração? Não brinquem. Hoje, os acólitos de ontem, aliás igualmente envolvidos na morte de Sousa Franco, dominam a autarquia, coadjuvados por novas e inacreditáveis insignificâncias. O que se julgava impossível aconteceu: os vícios e os tiques aumentaram. O poder local é um poço sem fundo.

O poder central também, e a manipulação sofisticada dos senhores que despacham sumariamente o sr. Narciso Miranda e 200 outros militantes provoca saudades do tempo em que o populismo se reduzia a um par de beijos numa vendedora de peixe.
Enxotado num processo sem regras nem maneiras, o sr. Narciso Miranda fingiu descobrir de repente que, embora a democracia não dispense os partidos, os partidos dispensam a democracia sempre que podem. Tem o castigo que merece, infelizmente executado por quem e em benefício de quem merecia castigo maior
. "

Alberto Gonçalves

quinta-feira, setembro 02, 2010

Quando tudo arde

"No ano passado, o mérito pela escassez de incêndios cabia ao Governo e não a um Verão particularmente fresquinho. Este ano, a culpa pela devastação em curso é do calor tórrido, dos criminosos, dos negligentes e do "aquecimento global": não é do Governo. Aparentemente, a acção preventiva da tutela reflecte-se nos sucessos, não nos fracassos.

Mistérios à parte, a verdade é que o País voltou a arder e as cabeças encarregadas de o pensar também. Com a frequência das chamas, fervilham ideias instantâneas sobre o modo ideal de impedir a calamidade. Em países normais, esse é o tipo de coisas que se discute antes de a calamidade acontecer. Aqui discute-se durante a dita, embora não se trate do típico "casa roubada, trancas na porta", não senhor: em Portugal, debate-se o tipo de tranca enquanto a casa está a ser roubada. Depois de consumado o roubo, a porta continua aberta.

As trancas, perdão, as medidas de prevenção sugeridas são inúmeras. A minha preferida é a do ministro da Agricultura, que deseja nacionalizar os terrenos abandonados. No universo peculiar do dr. António Serrano, obviamente habilitadíssimo para a pasta que carrega, as matas e florestas do Estado encontram-se limpas, vigiadas e pura e simplesmente não ardem. Eis o contributo mais original desde que um ministro do PSD atribuiu a origem dos fogos às granadas que os ex-combatentes trouxeram do Ultramar.

Ainda que sem o talento natural do dr. António Serrano, que ponderadamente pediu a 6 deste mês uma avaliação do Plano Nacional de Defesa da Floresta aprovado em 2006, as luminárias restantes fazem o que podem em matéria de desnorte. O ministro da Administração Interna compara, todo contente, a quantidade de área queimada com a equivalente de 2003 e declara-se preocupado com "a segurança das pessoas", uma evidência se por "pessoas" entendermos ele próprio, e por "segurança" a sua manutenção no cargo. Um secretário de Estado do Ambiente ciranda a anunciar "meios aéreos". O Presidente da República e o primeiro-ministro interrompem com pompa as respectivas férias mas, desrespeitosamente, as labaredas não interrompem o respectivo trabalho. E a ministra da Educação prossegue o encerramento em massa das escolas rurais e deixa cada aldeia entregue a três (ou quatro) velhinhas, assunto que nada tem a ver com os incêndios e por cuja invocação peço desculpa
."

Alberto Gonçalves

quarta-feira, setembro 01, 2010

Figuras de outro tempo.

"Josefa, 21 anos, a viver com a mãe. Estudante de Engenharia Biomédica, trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária. Acumulava trabalhos e não cargos - e essa pode ser uma primeira explicação para a não conhecermos... Enfim, 15 minutos de fama só se ocorresse um azar... Aconteceu: Josefa morreu em Monte Mêda, Gondomar, cercada das chamas dos outros que foi apagar de graça (mais aqui)."
Este não é o nosso Portugal. O verdadeiro é aquele dos jovens do Rendimento Mínimo (ou afins) a acelerar carros transformados nos centros populacionais...

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Desemprego.

"O Eurostat reviu ontem em alta a taxa de desemprego em Portugal em Maio e Junho, que se situou em 11% em ambos os meses. O Governo português não gostou e contestou os dados, alegando que o gabinete estatístico de Bruxelas está constantemente a alterar os números. O Eurostat recusa-se a entrar em polémicas, mas fonte oficial avança, ao Diário Económico, que não é normal os países do euro contestarem os números, até porque eles são estimados com base nos dados enviados pelos respectivos institutos estatísticos nacionais (mais aqui)"

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Incêndios.

"A Polícia Judiciária e a GNR detiveram um indivíduo suspeito de ter ateado uma série de fogos florestais, incluindo o de 15 de Agosto em Ribeira de Pena, revelaram hoje as autoridades policiais. Um comunicado da Polícia Judiciária (PJ) refere que o suspeito - um desempregado de 48 anos, que também terá ateado incêndios florestais em anos anteriores (mais aqui)”.
Como dizia alguém "o importante é limpar as matas". E não afastar os incendiários delas (acrescentamos nós)...

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