segunda-feira, março 31, 2008

Até amanhã e boa sorte!!

GNR lança forças especiais na guerra ao "carjacking"

"A GNR começou a utilizar forças especiais, inclusive à civil e em carros descaracterizados, para combater o "carjacking" e os roubos de multibanco, dois tipos de crimes que as autoridades consideram estar associados (mais aqui)".
No nosso tempo as forças especiais eram utilizadas em teatros de guerra. Estamos mesmo desactualizados com a realidade das estatísticas ou com o Portugal moderno.

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Ninguém pára o Benfica.


"O presidente do Benfica garantiu hoje que tem por objectivo maior consolidar o nome do clube como uma referência mundial em termos de credibilidade, desafio que considera ser mais importante que qualquer título alcançado dentro dos relvados. Falando no decorrer da inauguração da Casa do Benfica de Alhandra, Luís Filipe Vieira salientou, então, que «vai haver muito tempo para conquistar muita coisa», atirando curiosa afirmação: «Se calhar, até foi mau para o Benfica ter sido campeão recentemente, pois as pessoas teriam os pés mais bem assentes no chão (mais aqui).»
Parece que Vieira chegou à conclusão que não deve continuar a prometer aquilo que não consegue dar. Ou pelo menos aquilo que é notório que ele não consegue cumprir… Quanto à mensagem em si, continuamos com a eterna dúvida de quem são esses famosos outros que ele tanto tal. De resto, se o Benfica não fechar já e enquanto houver campeonatos de futebol, haverá sempre possibilidade de ganhar qualquer coisita...

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Preço do gás natural aumenta de novo já amanhã

"O preço do gás natural para os clientes domésticos irá sofrer já a partir de amanhã novos aumentos devido à subida dos preços do produto no mercado internacional, de acordo com um despacho da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (mais aqui)".

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O mistério da gasolina

"Há um eterno mistério à volta dos preços da gasolina. Quase ninguém sabe como são negociados, que margens têm as empresas, com que antecedência compram no mercado, em que sítio e em que condições.

Sabe-se apenas que a carga fiscal é alta, que a Galp domina o mercado de refinação, que as outras companhias seguem o exemplo do líder na marcação de preços. Abel Mateus, que abandonou a concorrência há poucos dias, dizia que era difícil encontrar provas de um cartel, sem fugir da carga negativa da palavra. Semântica à parte, a falta de clareza nas estruturas de preços da gasolina levanta muitas dúvidas num mercado onde três ou quatro operadores sustentam 11 milhões de portugueses. Tornou-se banal criticar o Estado porque taxa em demasia, mas pelo menos há um efeito redistributivo para parte desses impostos. Taxar para redistribuir, é esse o princípio. Podemos é discutir se o Estado cobra a mais e se devia distribuir muito menos. Na mesma medida também seria um exagero pensar que as empresas - que trabalham num mercado onde a informação é dinheiro - têm a obrigação de dar toda os dados sobre como cobram e onde cobram. Mas um pouco mais de transparência acabaria com uma série de mal-entendidos
. "

Miguel Pacheco

Curiosidades do tal "Oásis"..

"Polícia debaixo de chuva de pedras e paus (mais aqui)".

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WAITING ON A FRIEND

Sem educação

"A Educação continua nas bocas do mundo. E não é pelas melhores razões.

Depois da mega-manifestação dos professores, veio o caso de violência sobre uma professora numa escola do Porto. A polémica é justificada, a forma é que deixa muito a desejar. Está a discutir-se o acessório e a esquecer-se a substância. Os intervenientes – Governo, partidos e sindicatos – disputam o campeonato da troca de galhardetes e fogem cinicamente do que interessa. Num país sem riquezas naturais, terá de ser a qualidade das gentes a fazer a diferença. Ou seja, a formação – cívica, académica, profissional – é um factor determinante de sucesso. Portanto, pede-se particular responsabilidade a todos na discussão pública.

O sistema de educação nacional é mau e não é por falta de recursos. As estatísticas da OCDE mostram que Portugal gasta como um país desenvolvido mas tem resultados do terceiro mundo. Nos ‘rankings’ internacionais, os alunos aparecem em média nas últimas posições em línguas, matemática e ciências. Aqui reside uma das causas do baixo desenvolvimento do país.

As últimas semanas mostram que as dificuldades estão longe de estar superadas. A manifestação revelou que a maioria dos professores está de costas voltadas para a sua profissão. Ninguém os viu reclamar melhores condições para dar aulas ou para dignificar a sua posição social. Estiveram apenas preocupados em manter situações de excepção. Nos dias que correm tudo é avaliado – é a única forma de premiar os melhores e penalizar os maus.

Mas o caso de agressão é pior. Primeiro porque infelizmente não é isolado. Segundo porque é um exemplo paradigmático da degradação das escolas públicas. Estes casos resultam de vários factores que se acumularam nos últimos anos: desde a demissão dos pais de parte do seu papel, até às novas teorias pedagógicas que associam o ensino à brincadeira, esquecendo-se que ninguém aprende sem estudo, trabalho e esforço. A isto junta-se o enfraquecimento das relações hierárquicas nas escolas. Que não haja dúvidas: os professores ensinam e impõem as regras e os alunos aprendem e cumprem.

A forma como o sistema de Educação vai resolver este caso será importante. Qualquer solução que não seja um sinal claro de que se quer acabar de vez com estas situações é mais um prego no caixão do ensino público. Um pai quer os filhos longe de escolas que são sinónimo de balbúrdia. E quem pode vai preferir o ensino privado de qualidade, onde as condições são outras – apesar de também existirem problemas. Ou seja, vão agravar-se as desigualdades na sociedade portuguesa e promover-se uma realidade dual. Quem pode, paga e garante ensino de maior qualidade aos filhos, perpetuando o sucesso. Os outros ficam entregues à sua sorte. É o fim da mobilidade social que a escola também deve garantir e sem o qual a sociedade portuguesa apodrecerá
. "

Bruno Proença

Escola e telemóveis.

"Tolerância zero para telemóveis no Carolina Michaëlis (mais aqui)".
Convinha saber o que pensam os alunos disso...

Insanidade total

"Ontem como hoje não são necessários polícias e juízes para impor a disciplina nas escolas. Basta acabar com pedagogias da treta

O Presidente da República vai receber um dia destes em audiência o procurador-geral da República. A reunião acontece na sequência do célebre vídeo feito pelo aluno Rafael numa sala de aula de um liceu do Porto, em que se vê durante largos segundos a Patrícia, uma aluna de 15 anos, a lutar com uma professora que lhe tinha acabado de tirar o telemóvel. As imagens, passadas na blogosfera, televisões e reproduzidas nos jornais, deixaram, segundo rezam as notícias, Cavaco Silva em estado de choque. Em choque já tinha ficado Pinto Monteiro, procurador-geral da República, que exige a denúncia de todos os casos de indisciplina ocorridos nas escolas e mandou instaurar um processo aos alunos envolvidos no incidente da Secundária do Porto. De repente, este sítio cada vez mais imbecil, pobre, deprimido e obviamente cada vez mais mal frequentado descobriu mais uma causa nobre para se mostrar indignado, revoltado e chocado. Desta feita é a indisciplina nas escolas públicas.

E as promessas de medidas duras, exemplares, implacáveis não param de chegar de vários quadrantes, mesmo dos principais responsáveis pelo estado a que isto chegou e que agora andam por aí armados em moralistas, castigadores, defensores da autoridade e de outras coisas que ficam sempre bem em qualquer discurso, particularmente de-pois de terem visto o vídeo do aluno Rafael. Pobre gente, pobre sítio, pobre ensino, pobres alunos, pobres professores, pobres pais. De repente, o senhor procurador ameaça colocar um magistrado do Ministério Público em cada escola, o ministro da Administração Interna uma esquadra de polícia e o senhor ministro da Justiça uma brigada especial da Polícia Judiciária para identificar e acompanhar os futuros delinquentes que iniciam bem cedo as suas práticas criminosas nos estabelecimentos de ensino. Sim, bem cedo. A exemplo dos que fumam e passam rapidamente para as drogas leves e daí para as duras, dos que bebem umas cervejas e ficam agarrados ao álcool toda a vida. Nada melhor, portanto, do que prevenir, isto é, vigiar desde cedo os drogados, alcoólicos e criminosos do futuro.

A insanidade é total. Ontem como hoje não são necessários polícias e juízes para impor a disciplina nas escolas. Ontem como hoje basta que existam bons professores. Ontem como hoje basta que existam professores que saibam ensinar. Ontem como hoje basta que acabem as pedagogias da treta. Ontem como hoje basta que as escolas ensinem os alunos a ler, a escrever sem erros e a saber a tabuada de cor e salteado. Ontem como hoje basta que exista rigor e autoridade.
"

António Ribeiro Ferreira

NA CAMA COM O FISCO

"Nestes tempos de modernidade e eficácia, nem todos os sobrescritos recebidos pelos casais de noivos contêm um cheque com o presente da tia-avó. Alguns levam no interior a prenda da Direcção-Geral de Impostos: um inquérito detalhado acerca dos pormenores materiais da festa de casamento, a responder no prazo de quinze dias sob pena de coima entre os 100 e os 2500 euros. No fundo, é apenas mais uma forma de o Estado coscuvilhar a privacidade alheia e recolher uns trocos. Para nosso bem.

Certamente para meu bem. Detesto convites de casamentos. Detesto, principalmente, convites de casamentos que, em nome da civilidade básica, não posso recusar. Não há muitas torturas piores do que ser transladado durante longas horas para uma tenda no meio de um relvado no meio de um subúrbio qualquer, debaixo de um sol abrasador e rodeado por centenas de criaturas que se intitulam familiares e amigos dos cônjuges. Regra geral, conheço metade dos cônjuges. Regra geral, não conheço mais ninguém, pelo que acabo sujeito à socialização forçada de um grupo de estranhos, que se embaraçam mutuamente numa mesa com o ridículo nome de uma cidade, de um pintor ou de um chakra do ioga. Em suma, olho para o tecto e aborreço-me. De agora em diante, não preciso de me aborrecer.

Só criaturas no limite da subserviência burocrática se prontificarão a fornecer informações do casamento ao Estado sem mentir. Como em quase todas as tentativas de padronização social, é necessário um denunciante isento que ajude a alcançar a verdade. À semelhança de milhares de cidadãos com fobia aos copos de água, estou disposto a desempenhar esse papel de borla. Comparado ao tradicional tédio destas festarolas, o preenchimento de impressos com os custos do fraque, do violoncelista e do marisco é uma distracção vibrante, que me manterá acordado até ao sempre tardio café.

À cautela, e dado que não sei o entendimento que o Estado faz da cerimónia matrimonial, aviso que não estou disponível para seguir os noivos na noite de núpcias. Sentar-me numa cadeirinha a contabilizar o preço da lingerie e adereços afins já excede os meus limites do pudor. Felizmente, não excede o dos funcionários do fisco, que devem ignorar a palavra. Em redor da cama, eles trabalharão com afinco. E se na cama ninguém trabalhar, não há problema: o Governo pode dificultar o casamento, mas anda aflito por facilitar o divórcio
."

Alberto Gonçalves

domingo, março 30, 2008

30 de Março de 1987.


O quadro "Sunflowers" de Vincent Van Gogh é vendido por $39.85 milhões.

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A balbúrdia na escola

"AS CENAS DE PANCADARIA NA ESCOLA têm comovido a opinião. A última em data, com especial relevo, ocorreu numa escola do Porto e foi devidamente filmada por um colega. Em poucas horas, o “clip” correu mundo através do YouTube. A partir daí, choveram as análises e os comentários. Toda a gente procura responsáveis, culpados e causas. Os arguidos são tantos quanto se possa imaginar: os jovens, os professores, os pais, o ministério e os políticos. E a sociedade em geral, evidentemente. As causas são também as mais diversas: a democracia, os costumes contemporâneos, a cultura jovem, o dinheiro, a televisão, a publicidade, a Internet, a permissividade, a falta de valores, os “bairros”, o “rap”, os imigrantes, a droga e o sexo. Para a oposição, a culpa é do governo. Para o governo, a culpa é do governo anterior. O trivial.

Deve haver um pouco disso tudo. O que torna as coisas mais complicadas. Sobretudo quando se pretende tomar medidas ou conter a vaga crescente de violência e balbúrdia. Se as causas são múltiplas, por onde começar? Mais repressão? Mais diálogo? Mais disciplina? Mais co-gestão? Há aqui matéria para a criação de várias comissões, a elaboração de um livro branco, a aprovação de novas leis e a realização de inúmeros estudos. Até às eleições, haverá alguns debates parlamentares sobre o tema. Não tenho a certeza, nem sequer a esperança, que o problema se resolva a breve prazo.

DE QUALQUER MANEIRA, a ocasião era calhada para voltar a ver a obra-prima do esforço legislativo nacional, o famoso “Estatuto do aluno”. A sua última versão entrou em vigor em finais de Janeiro, sendo uma correcção de outro diploma, da mesma natureza, de 2002. Trata-se de uma espécie de carta constitucional de direitos e deveres, a que não falta um regulamento disciplinar. Não se pode dizer que fecha a abóbada do edifício legal educativo, porque simplesmente tal edifício não existe. É mais um produto da enxurrada permanente de leis, normas e regras que se abate sobre as escolas e a sociedade. É um dos mais monstruosos documentos jamais produzidos pela Administração Pública portuguesa. Mal escrito, por vezes incompreensível, repete-se na afirmação de virtudes. Faz afirmações absolutamente disparatadas, como, por exemplo, quando considera que “a assiduidade (...) implica uma atitude de empenho intelectual e comportamental adequada...”!

Cria deveres inéditos aos alunos, tais como o de se “empenhar na sua formação integral”; o de “guardar lealdade para com todos os membros da comunidade educativa”; ou o de “contribuir para a harmonia da convivência escolar”. E também os obriga a conhecer e cumprir este “estatuto do aluno”, naquele que deve ser o pior castigo de todos! Quanto aos direitos dos alunos, são os mais abrangentes e absurdos que se possa imaginar, incluindo os de participar na elaboração de regulamentos e na gestão e administração da escola, assim como de serem informados sobre os critérios da avaliação, os objectivos dos programas, dos cursos e das disciplinas, o modo de organização do plano de estudos, a matrícula, o abono de família e tudo o que seja possível inventar, incluindo as normas de segurança dos equipamentos e os planos de emergência!

TRATA-SE DE UM ESTATUTO burocrático, processual e confuso. O regime de faltas, que decreta, é infernal. Ninguém, normalmente constituído, o pode perceber ou aplicar. Os alunos que ultrapassem o número de faltas permitido podem recuperar tudo com uma prova. As faltas justificadas podem passar a injustificadas e vice-versa. As decisões sobre as faltas dos alunos e o seu comportamento sobem e descem do professor ao director de turma, deste ao conselho de turma, destes à direcção da escola e eventualmente ao conselho pedagógico. As decisões disciplinares são longas, morosas e processualmente complicadas, podendo sempre ser alteradas pelos sistemas de recurso ou de vaivém entre instâncias escolares. Concebem-se duas espécies de medidas disciplinares, as “correctivas” e as “sancionatórias”. Por vezes, as diferenças são imperceptíveis. Mas a sua aplicação, em respeito pelas normas processuais, torna inútil qualquer esforço.

As medidas disciplinares são quase todas precedidas ou acompanhadas de processos complicados, verdadeiros dissuasores de todo o esforço disciplinar. As medidas disciplinares dependem de várias instâncias, do professor aos órgãos da turma, destes aos vários órgãos da escola e desta às direcções regionais. Os procedimentos disciplinares são relativos ao que tradicionalmente se designa por mau comportamento, perturbação de aula, agressão, roubo ou destruição de material, isto é, o dia-a-dia na escola. Mas a sua sanção é de tal modo complexa que deixará simplesmente de haver disciplina ou sanção.

O ESTATUTO cria um regime disciplinar em tudo semelhante ao que vigora, por exemplo, para a Administração Pública ou para as relações entre Administração e cidadãos. Pior ainda, é criado um regime disciplinar e sancionatório decalcado sobre os sistemas e os processos judiciais. Os autores deste estatuto revelam uma total e absoluta ignorância do que se passa nas escolas, do que são as escolas. Oscilando entre a burocracia, a teoria integradora das ciências de educação, a ideia de que existe uma democracia na sala de aula e a convicção de que a disciplina é um mal, os legisladores do ministério da educação (deste ministério e dos anteriores) produziram uma monstruosidade: senil na concepção burocrática, administrativa e judicial; adolescente na ideologia; infantil na ambição.

O estatuto não é a causa dos males educativos, até porque nem sequer está em vigor na maior parte das escolas. Também não é por causa do estatuto que há, ou não há, pancadaria nas escolas. O estatuto é a consequência de uma longa caminhada e será, de futuro, o responsável imediato pela impossibilidade de administrar a disciplina nas escolas. O estatuto não retira a autoridade na escola (aos professores, aos directores, aos conselhos escolares). Não! Apenas confirma o facto de já não a terem e de assim perderem as veleidades de voltar a ter.

O processo educativo, essencialmente humano e pessoal, é transformado num processo “científico”, “técnico”, desumanizado, burocrático e administrativo que dissolve a autoridade e esbate as responsabilidades. Se for lido com atenção, este estatuto revela que a sua principal inspiração é a desconfiança dos professores. Quem fez este estatuto tinha uma única ideia na cabeça: é preciso defender os alunos dos professores que os podem agredir e oprimir. Mesmo que nada resolva, a sua revogação é um gesto de saúde mental pública
."

António Barreto

CALENDÁRIO GREGORIANO




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CALENDÁRIO GREGORIANO
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De entre os bárbaros que invadiram a Peninsula Ibérica, os suevos foram considerados os mais cevados. Antes de atacarem qualquer povoado, o seu pivête funcionava como alarme, e as populações tinham tempo para dar à sola, ou defenderem-se.

Os antepassados de Marcelino, constituíam um split dum grupo suevo, que perdido da manada, açapou num local ali perto do Tagus , hoje conheciso por Sarilhos Grandes. Seu pai Patricio, condutor hipo, e sua mão Orora. massadora (amassava massa de burrié para fazer sabão), desde sempre lhe auguraram um fim grandioso e/ou sobrenatural. Fez o aprendizado para a profissão do pai, na Cavalariça Central do Luogo di Barreirus.

Já teenager, já muito malcriado e quezilento, com queda para os transportes, arranjou que fazer e Olissipo, numa empresa de passarolas, que fazia a ligação Olissipo-Hispalis, Olissipo-Scalabis, Olissipo-Cartago. De ascenção em ascenção, muito novo subiu a supervisor, massacrando os subordinados com os seus acessos de ódio, especialmente a sua vítima de estimação, uma tal Wilhelmina, Gui para os íntimos.



Por essa altura, tendo tido contacto com o Apostulado de São Patricio, evangelizador da Irlanda, refugiou-se num Convento Dominicano, na Vila Galesa de Wellstay. Foi aí que teve o seu primeiro contacto com o sobrenatural, quando viu descer sobre ele, um paracleto com o reactor completamente desgovernado, que o ia mandando desta para melhor. Nessa altura , ao salvar-se da morte,tomou ordens, e escreveu o memorável opúsculo "De iniscrutabilis strutator ad ai celeche pianar".A obra foi tão piedosa, que foi chamado ao Episcopado pelo Papa Tigre XXIV.

Ao tentar evangelizar as tribos celtas da Caledónia, foi feito prisioneiro e martirizado de uma forma invulgar. Foi obrigado a fazer a travessia do Mar do Norte num Drakkar Vicking, entre Londinium e Antwerpe, durante 50 anos consecutivos, tendo como única companhia, o Xenhor Kabral ao leme, e o Frei Toffy ao velame. Morreu disso!!!!!!

Canonizado em 1281, ainda hoje serve de protector aos passageiros do barco do Barreiro

E O 'MICHAËLIS' VAI PARA...

"Após uma semana de férias é bom regressar à realidade e constatar a súbita pujança do cinema português. Cento e dois anos de fiascos decorridos sobre o pioneiro Pais dos Reis e os operários da fábrica Confiança, enfim há um filme nacional que toda a gente viu e do qual toda a gente fala. O filme chama-se "Vergonha na Escola Carolina Michaëlis". Ou "Numa Escola Portuguesa - Vergonha". Ou "Professora Brutalizada". Bem, aparentemente o título não é consensual. O resto é.

Se, face ao sucesso da fita, não arriscasse a redundância, gostaria de destacar a brutal simplicidade do enredo: uma citação erudita da claustrofobia de Bergman, com duas mulheres que, huis clos, se debatem por um objecto de prazer. O pormenor de o objecto ser um telemóvel e não um académico nórdico permite saltar de Bergman para as novas correntes audiovisuais. A realização também dá saltos similares, com a câmara (outro telemóvel) em movimentos abruptos que tanto evocam o Cassavetes dos primórdios quanto algumas tendências asiáticas contemporâneas. Uma palavra para o elenco: irrepreensível. Se a interpretação das duas protagonistas (os nomes de ambas permanecem num humilde anonimato) merece elogios sinceros, a consistência dos actores secundários é notável. Gosto especialmente do rapaz que, em off, grita "A velha vai cair!", metáfora que anuncia a nova ordem da cinematografia pátria.

"Vergonha na Escola." tem sido visto, revisto, discutido e analisado à exaustão. Infelizmente, a falta de hábito nestas matérias centrou o debate na temática da obra e não no seu potencial artístico. Em vez de se contemplar a qualidade estética, optou-se por espreitar a ética e ponderar a culpa da aluna, da professora, da escola, dos pais, da sociedade e, o que é arriscado, dos telemóveis.

Pode proibir-se tudo nas escolas, incluindo, como vem sendo norma, os derradeiros vestígios de autoridade e aprendizagem. Os telemóveis é que não. O telemóvel não é somente o móbil e o veículo dos filmes em erupção: é a esperança de uma indústria que nunca existiu. Consta que a actriz principal e o realizador serão transferidos (suponho que para Hollywood). O fundamental é que, atrás deles, venham milhares de vocações semelhantes, prontas a erguer os Nokia e a produzir arte. Uma boa ideia passaria pela organização de um festival alusivo, com prémios (os "Michaëlis", digo eu) que impulsionassem este cinema verité, cru, não subsidiado e altamente recompensador. O "Michaëlis" pelo insulto mais original a um docente. O "Michaëlis" pelo tabefe menos tímido num docente. O "Michaëlis" pela melhor imolação de um docente. Etc.

Os jovens prodígios só precisam de tempo, liberdade e telemóveis. E por acaso já têm
. "

Alberto Gonçalves

sábado, março 29, 2008

Iva


"Descer 1% no IVA «é sempre desprezível para quem é rico, mas para quem é pobre não é desprezível (mais aqui)"

Sócrates
Nem mais. Um rico ao comprar um carro topo de gama vê o preço menos reduzido do que um pobre que compre um par de chinelas novas. Diríamos mais. As chinelas ficam quase de borla. Ainda bem que há ainda quem acredite nele. Poucos mas bons. Perdão, muito bons.

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Compras em Espanha visíveis na estatística

"Ao longo do ano de 2007, as saídas de residentes do território português registaram um aumento de 14,2%, num total de 20,9 milhões. Esse aumento foi mais assinalável através das fronteiras rodoviárias e é o próprio Instituto Nacional de Estatística (INE) a interpretar esse fluxo como uma consequência dos "preços mais apelativos do outro lado da fronteira, sobretudo nos combustíveis (mais aqui)".

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E a criminalidade continua a diminuir...

"Uma jovem de 23 anos foi violada numa rua do centro da Guarda por um desconhecido que a abordou quando ela seguia para casa dos pais (mais aqui)."

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Tiros e pancadaria em noite agitada no Bairro do Brinca.

"Foi uma situação que lembrava as favelas do Rio de Janeiro", comentava, ontem, Cristina Ramos, de um janela virada para a praceta 1.º de Dezembro, no Bairro do Brinca, na periferia de Coimbra (mais aqui)".
Se, ao menos, Portugal tivesse o clima do Rio …

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Ciclo

"A crise orçamental portuguesa “está ultrapassada” e os factores que a motivaram “estão resolvidos”.

A declaração do primeiro-ministro apanhou de surpresa milhões de portugueses desconfiados, fartos de sofrer, de apertar o cinto, de suportar sacrifícios. Tem sido assim desde os governos de Mário Soares, passando pelos de Sá Carneiro, Pinto Balsemão, outra vez Soares, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e do próprio José Sócrates. Três primeiros-ministros socialistas e cinco social-democratas enredaram os portugueses nas malhas de políticas de austeridade para a maioria, por causa das heranças que receberam de governos anteriores, da conjuntura, do petróleo, da seca, das cheias, de tudo e de nada. Os portugueses foram pagando o preço, esperando ver alguma luz ao fundo do túnel da crise, mas acabaram por ver apenas mais crise e novos sacrifícios. Mas, como sempre, tem havido excepções.

A primeira excepção foi o “oásis” do ministro Braga de Macedo que, feitas as contas, não passava de uma miragem. A segunda excepção foi a solene declaração de Santana Lopes, publicada no ‘Frankfurter Allgemeine’ em 20 de Outubro de 2004: “é o momento” para corrigir a política de austeridade dos últimos anos. Mas o “momento” passou num instantinho.

O ciclo da vida política e económica tem apresentado como fases as curvas da crise e as contracurvas das “ressacas” eleitorais. Isto é: ordem para apertar o cinto, uma folga com a aproximação de eleições, cinto de novo apertado. A declaração do primeiro-ministro e a baixinha da taxa do IVA são sinais de aproximação à contracurva. As legislaturas têm um ano para enganar incautos e três para os espremer. E chamam a isto democracia
."

João Paulo Guerra

Open your heart

Logística de derrota e miséria na frente interna

Napoleão, de forma memorável, disse que um exército marcha sobre o seu estomago.
Isso pode ter sido verdade no século XIX.
Mas as modernas forças militares americanas marcham a jet-fuel — e muito.
Hoje o soldado médio americano (GI) no Iraque gasta 20,5 galões (77,6 litros) de combustível a cada dia, mais do que o dobro do volume diário consumido pelos soldados americanos no Iraque em 2004.
Assim, a fim de defender o terceiro mais rico país do planeta, os militares dos EUA estão a queimar enormes quantidades de petróleo.
E quase toda a gota deste combustível é importado para dentro do Iraque.
Estas maciças exigências de combustível — mais de 3 milhões de galões (11,4 milhões de litros) por dia para a Operation Iraqi Freedom, segundo o Defense Energy Support Center do Pentágono — são uma razão chave para a ascensão do custo do esforço de guerra. Historicamente, controlar o petróleo do Iraque foi um factor vital no envolvimento da América naquele país e sempre foi um elemento crucial dos planos da administração Bush para a era pós-Saddam.
Naturalmente, não foi assim que a guerra foi vendida ao povo americano. Uns poucos meses antes da invasão, o secretário da Defesa Donald Rumsfeld declarou que a guerra que se aproximava "nada tem a ver com petróleo, literalmente nada a ver com petróleo".
A guerra era necessária, afirmavam seus planeadores, porque Saddam Hussein apoiava o terrorismo e, deixado por verificar, ele desencadearia armas de destruição em massa sobre o Ocidente.
No entanto, o petróleo era o principal foco estratégico para os militares americanos no Iraque. Os primeiros objectivos das forças invasoras incluíam a captura de terminais petrolíferos chave do Iraque e dos seus campos petrolíferos.
Em 20 de Março de 2003, a Navy SEAL (seal, air and land) travaram o primeiro combate da guerra quando lançaram uma invasão surpresa dos terminais cargueiros de petróleo de Mina al-Bakr e Khor al-Amaya, no Golfo Pérsico.
Umas poucas horas depois, o tenente Therral Childers tornou-se o primeiro soldado americano a morrer em combate na invasão ao combater pelo controle do campo petrolífero de Rumaylah, no sul do Iraque.
O petróleo também foi o primeiro objectivo quando as forças americanas chegaram a Bagdad em 8 de Abril. Embora a Biblioteca Nacional do Iraque, os Arquivos Nacionais e o Museu Nacional de Arqueologia fossem todos saqueados e em alguns casos queimados, o edifício do Ministério do Petróleo mal foi danificado.
Isto aconteceu porque um destacamento de soldados americanos e uma meia dúzia de veículos de assalto foram designados para a guarda do ministério e dos seus registos.
Afinal de contas, os arquitectos da guerra haviam prometido que o dinheiro do petróleo haveria de reconstruir o Iraque depois de os militares americanos tomarem o controle.
Em Março de 2003, Paul Wolfowitz disse num painel do Congresso: "Os rendimentos do petróleo daquele país poderiam trazer entre US$50 e US$100 mil milhões ao longo dos próximos dois ou três anos. Agora, há um bocado de apetites sobre aquele dinheiro, mas ... estamos a tratar com um país que pode realmente financiar a sua própria reconstrução e relativamente em breve".
Tal como Michael Gordon e Bernard Trainor explicaram no seu livro de 2006, Cobra II, "O Pentágono prometeu que a reconstrução do Iraque seria 'auto-financiada', e a preservação da riqueza petrolífera do país era a componente mais bem preparada e provida de recursos do plano de Washington para o pós-guerra".
Após a invasão, quando os inspectores fracassaram na descoberta de quaisquer armas de destruição em massa, Bush e seus apoiantes mudaram a sua estória, afirmando que os EUA haviam invadido o Iraque para difundir a democracia no Médio Oriente.
Quando a democracia deixou de se materializar, Bush declarou que os EUA não podiam "tolerar um novo estado terrorista no coração do Médio Oriente com grandes reservas de petróleo que poderiam ser utilizadas para financiar suas ambições radicais ou para infligir danos económicos ao Ocidente".
Contudo, os militares americanos e o novo governo de Bagdad não conseguiram assegurar-se do estilhaçado sector petrolífero iraquiano.
Como disse A.F. Alhajii, economista da energia e professor na Universidade de Ohio Norte, "seja quem for que controle o petróleo do Iraque, ele controla o Iraque".
Durante os últimos cinco anos nunca foi exactamente claro quem controla o petróleo do Iraque. Disto isto, a principal indústria do país está vagarosamente a aumentar a produção. Em Janeiro, a produção diária atingiu 2,4 milhões de barris por dia, o mais alto nível desde a invasão americana. Mas a presença da América no Iraque não está a fazer uso das riquezas locais. Na verdade, pouco, se é que algum, petróleo iraquiano está a ser utilizado pelos militares americanos.
Na verdade, o grosso do combustível necessário aos militares americanos está a ser transportado por camião da distante refinaria de Mina Abdulla, a umas dezenas de quilómetros ao sul da cidade do Kuwait.
Só em 2006, o Defense Energy Support Center comprou US$909,3 milhões em combustíveis para motores à empresa estatal Kuwait Petroleum Corporation.
Além do combustível do Kuwait, os militares americanos transportam em camião combustível da Turquia.
Mas uma parte daquele combustível turco tem origem em refinarias tão distantes quanto a Grécia. Só em 2007, os militares americanos no Iraque queimaram mais de 1,1 mil milhões de galões (4,2 mil milhões de litros) de combustível (as Forças Armadas americanas geralmente utilizam uma mistura de jet fuel conhecida como JP-8 para mover tanto aviões como automóveis).
Cerca de 5500 camiões cisterna estão envolvidos no esforço iraquiano de transportar combustível. A frota de camiões é extremamente custosa. Em Novembro de 2006, um estudo produzido pela U.S. Military Academy estimava que entregar um galão (3,78 litros) de combustível a soldados americanos no Iraque custa US$ 42 aos contribuintes americanos — e isso não inclui o custo do próprio combustível.
Àquela taxa, cada soldado americano no Iraque está a custar US$840 por dia em custos para a entrega de combustível, e os EUA estão a gastar US$923 milhões por semana com a logística relacionada com o combustível a fim de manter 157 mil soldados no Iraque.
Uma vez que a Guerra do Iraque agora está a custar cerca de US$2,5 mil milhões por semana, apenas os custos do petróleo representam cerca de um terço de todas as despesas militares americanas no Iraque.
A ascensão dos custos do combustível são em grande medida resultado do facto de que as forças americanas foram forçadas a defenderem-se contra dispositivos explosivos improvisados (improvised explosive devices, IED).
A maioria das baixas americanas no Iraque foi devida a ataques IED, primariamente ao motor dos veículos.
Os militares americanos gastaram mihares de milhões de dólares em contra-medidas electrónicas para combater estes dispositivos mortais, mas estas contra-medidas em grande parte fracassaram.
Ao invés disso, as tropas tiveram de confiar no aço já fora de moda. Desde o princípio da guerra, o Pentágono introduziu numerosos programas para acrescentar "peles" blindadas na sua frota de Humvees.
Mas mesmo os Humvees blindados mais novos, que pesam cerca de seis toneladas, não têm sido suficientes para proteger soldados contra os explosivos mortais.
No ano passado, o Congresso, a Casa Branca e o Pentágono acordaram um plano de quatro anos para gastar cerca de US$20 mil milhões numa frota de 23 mil veículos resistentes a minas e com protecção contra emboscadas (mine-resistant ambush protection vehicles, MRAPs).
Em Agosto último o Pentágono encomendou 1520 destes veículos a um custo de US$3,5 milhões cada um. 78,3 LITROS AOS 100 KM A utilização dos MRAPs significa ainda maior procura por combustível por parte das tropas americanas no Iraque.
Um Humvee blindado talvez faça 8 milhas por galão (29,37 litros aos 100 km) de combustível. Uma versão do MRAP, o Maxxpro, pesa cerca de 40 mil libras (18 toneladas) e, segundo uma fonte interna militar, faz 3 milhas por galão (78,31 litros aos 100 km).
A procura acrescida de combustível provocada pelos MRAPs é acompanhada pela necessidade de um conjunto inteiramente de pneus, correias de ventoínha, para-brisas, alternadores e outras coisas.
Este inchaço da logística cria ainda um outro problema para os militares: um aumento no abastecimento por camiões a circular nas estradas, o que exige ainda mais combustível e proporciona aos insurgentes uma maior amplitude de alvos para atacar.
Enquanto os militares americanos perseguem a sua própria cauda combustível no Iraque, um país que assenta sobre 115 mil milhões de barris de petróleo — cerca de 9,5 por cento do total mundial — a indústria global da energia está a correr em direcção a novas alianças e acordos, muitos dos quais teriam sido impensáveis antes da invasão.
Tais alianças tem significado de extremo alcance para a política externa e de energia da América. O mercado de petróleo mundial já não é mais moldado pelo poder militar dos EUA.
Os mercados estão a vencer o militarismo.
Como disse recentemente um analisa, os dólares estão a substituir as "balas como modeladores do quadro geopolítico".
A importância deste ponto é óbvia: quando a efectividade do militarismo no controle das tendências energéticas globais está a declinar, os EUA estão a gastar milhares de milhões de dólares por semana na Mesopotâmia num esforço de guerra que — se John McCain estiver certo — poderia drenar o tesouro americano durante as próximas décadas.
Enquanto isso, os rivais da América, China e Rússia em particular, estão a utilizar a sua influência para forjar alianças económicas que estão a realinhar o equilíbrio global de poder.
Eles estão a criar um mundo multi-polar no qual a influência da América estará substancialmente diminuída.
Este realinhamento é particularmente vantajoso para países que são grandes exportadores de energia, tais como Rússia, Abu Dhabi, Arábia Saudita, Qatar e, naturalmente, o Irão.
Estes Estados estão a tirar vantagem dos preços mais elevados da energia provocados pela sempre crescente procura global de energia e pelo estreitamento da oferta.
Se bem que a administração Bush tenha tentado diminuir a influência de países como o Irão e a Rússia, há pouco, se é que alguma coisa, que os EUA possam fazer para reduzir a tendência.
A miríade de contratos para a exploração e a produção de energia que os iranianos assinaram nos últimos meses prova este ponto.
Enquanto isso, o mamute russo controlado pelo Estado, a Gazprom, consolidou o seu poder sobre mercado europeu do gás natural.
Acrescente-se o poder financeiro maciço dos fundos de riqueza soberanos de apenas três países — Abu Dhabi, Arábia Saudita e Kuwait, que possuem activos conjuntos de US$1,4 milhões de milhões (trillion) — e a mudança no poder torna-se ainda mais evidente.
Preços mais elevados da energia são a principal diferença entre a primeira Guerra do Iraque e a segunda, diz Jeff Dieter, director administrativo da Simmons & Company International, um banco de investimento com sede em Houston especializado no sector da energia.
"É um resultado completamente diferente do da primeira Guerra do Iraque, o qual foi realmente uma demonstração de perícias militares. Ela foi rápida e decisiva, em contraste com a actual situação no Iraque, que é lenta, cara e tensa".
Os curdos foram rápidos na exploração de novas oportunidades no mercado do petróleo em rápida mutação. Em desafio directo ao fraco governo central de Bagdad, o Governo Regional do Curdistão assinou 15 contratos para a exploração de petróleo com 20 companhias de 12 países. Aumentar a produção de petróleo beneficia os curdos.
Isto também ajuda a Turquia, a qual prepara-se para recolher mais rendimentos do pipeline de Kirkuk a Ceyhan, o qual transportará grande parte da nova produção.
Uma companhia norueguesa, DNO ASA, já construiu um pipeline do seu campo de petróleo de Tawke, ao norte de Mosul, para um ponto de interconexão imediatamente a seguir ao pipeline Kirkuk-Ceyhan.
A Addax Petroleum, com sede em Genebra, é outro grande jogador no Curdistão. Durante uma apresentação numa conferência sobre petróleo e gás em Connecticut, em Setembro, o responsável chefe das finanças da companhia, Michael Ebsary, disse que o potencial das reservas da Addax no Curdistão podem ser tão grandes quanto 2,7 mil milhões de barris de petróleo. (O parceiro da Addax no projecto é a Gnerl Enerji, uma subsidiária do Cukorova Group, um dos maiores conglomerados da Turquia).
"Toda a gente se a região curda como uma área que tem de ser desenvolvida. Há toneladas de petróleo ali", disse Ebsary. "Ele tem de ser extraído".
O mesmo se pode dizer quanto ao petróleo e gás iranianos. Uma das consequências inesperadas da Guerra do Iraque foi fortalecimento da influência iraniana na região. Só em 2007, os iranianos assinaram contratos — no valor talvez de uns US$50 mil milhões ao longo das próximas décadas — com companhias da Grã-Bretanha, Espanha, Brasil, China, Áustria, Turquia e Malásia. Além destes projectos, o governo iraniano ainda está a negociar formulas de preço para o há muito discutido e adiado Peace Pipeline, no valor de US$7 mil milhões, com 1600 milhas (2574 km) de condutas para transportar gás iraniano para o Paquistão e a Índia.
Em 2005, Susil Chandra Tripathi, o secretário do Ministério do Petróleo e do Gás Natural da Índia, prometeu que o acordo acabaria finalmente iria concretizar-se.
Ele contou-me que os EUA podem "querer isolar o Irão, mas isso não significava que o Irão deixaria de produzir petróleo e gás, ou que nós cessássemos de comprá-lo".
Uma outra indicação da mudança de poder pode ser vista ao olhar a nova Bolsa de Mercadorias de Dubai (Dubai Mercantile Exchange), que em Junho último começou a comerciar o Contratos de Futuro do Petróleo Bruto de Oman (Oman Crude Oil Futures Contract).
Ao entrar dentro do negócio dos futuros de energia, o Dubai está a assegurar que o petróleo bruto que sai do Golfo Pérsico tem o seu próprio preço de referência (benchmark) — o qual não está dependente de padrões ocidentais de petróleo bruto como o West Texas Intermediate e o Brent do Mar do Norte.
Isto também coloca o Dubai em competição com os tradicionais centros de actividade comercial em Nova York e Londres.
Em Julho de 2006, Gary King, o presidente da bolsa de Dubai, contou-me que a emergência da bolsa e os novos contratos de futuros indicavam que o Golfo Pérsico é "o centro da maior província mundial de hidrocarbonetos.
O maior crescimento no consumo de petróleo está na Ásia-Pacífico. Assim, é natural a mudança no centro de gravidade. O nosso timing é muito oportuno para estar neste centro de gravidade". Esta mudança não pode ser travada ou ignorada.
No mundo multi-polar de hoje, o que predomina são interesses económicos e não força militar. "Costumava acontecer que o lado com mais armamento vencia", diz o soldado Wilson, um coronel recentemente reformado do Marine Corps, que tem escrito muito sobre terrorismo e guerra assimétrica e passou 15 meses a combater no Iraque. Hoje, diz Wilson, "o lado com mais armas vai à bancarrota".
Desde a Segunda Guerra Mundial, a América aderiu à ideia de que o controle do fluxo de petróleo que sai do Golfo Pérsico deve ser garantido à ponta de de um rifle M-16. Mas o custo daquela abordagem tem sido incapacitante.
Quando os militares americanos prosseguem a sua ocupação do Iraque — com os custos em combustível a aproximaram-se de US$1000 milhões por semana — é óbvio que os EUA precisam repensar a suposição de que fontes de energia seguras dependem do militarismo. O tema que emerge no negócio da energia no século XXI é o aumento do poder dos mercados.
Os EUA podem tanto adaptar-se como seguir no caminho da bancarrota.

sexta-feira, março 28, 2008

O oásis por decreto, veste Armani

De repente, foi decretado o oásis.
A crise, que existia e as dificuldades anunciadas no fim do ano passado, de repente, como por milagre dos deuses desapareceu.

O défice, afinal já não é um, é outro.

Pasme-se que a democracia em termos de impostos, é definida pelo igualitarismo de todos perante os mesmos, (impostos).

Ou seja, esta pérola:
O IVA é um imposto democrático, o mais democrático de todos, porque ricos e pobres pagam o mesmo.
Já o IRS e o IRC são menos democráticos, porque uns pagam, outros pagam conforme comem ou não á mão, digamos que é como o cachorro de Pavlov: saliva se vê o alimento quando a campainha toca, até que saliva apenas se a campainha toca, só que a comidinha nem vê-la.

O pai do Oásis de férias em Moçambique sabe do que se fala, afinal foi o homem do leme, como o homem do leme e o Adamastor nos Lusíadas, mas numa versão muito rasca, muito possolo.

Decretou-se então, que a censura ou o exame prévio, exercido pelo poder dos que nada produzem no sítio, os donos dos bancos, através dos seus testas de ferro, mandaram o ajudante do homem do leme dizer ao imenso rebanho, que pronto, estejam sossegados, durmam o sono dos justos, porque já afastei o papão do Campos e coloquei lá uma senhora que fala suave, tão suave que perde a voz, mas que continua a política de Campos e dos acólitos made in PC, reciclados na ex URSS e que tornaram o MS, uma experiência estalinista de que em breve se verão os resultados.
O pobre do ministro da economia, mandaram-no calar, porque o desastre é como o mau hálito e o remédio é fechar a boca e respirar pelo nariz.
O homem dos sapos vivos, da Ota, de Alcochete, do TGV, da linha do oeste substituída pelas novas auto estradas agrada aos autarcas que lampeiros esfregam as mãos, à espera do euromilhões que vão ganhar sem jogar.

As entidades reguladoras fazem o seu jogo, recebem as prebendas em cada mês que passa, sem excepção.
Entretanto a hora irá mudar, para que rebanho quando começa a recuperar da longa depressão se desregule novamente, porque é preciso que as empresas de energia ganhem mais uns cobres, a indústria farmacêutica agradece e o tumulto estará longe, porque os carneiros mochos ficarão sem vontade de marrar, tal a baixa da melatonina e as alterações da serotonina no cérebro ( vão ver o que são, cultivem-se…) e o desregular de hábitos imposto é uma judiaria, no mínimo de mau gosto; ( judiar: termo muito usado no Brasil e que devemos utilizar, a favor do democrático acordo da língua…).
Colocados estes considerandos, não abandonem os antidepressivos, porque vão precisar deles, durante a Primavera, quando ela estiver no auge e vão gozando este Carnaval, sem cinzas, inventado pelos fazedores de contas e de calotes.

Decretou-se então que este país a partir desta Primavera e até à eleições, vai ser um oásis, daqueles com tâmaras e tudo, mas tenham, cautela com os caroços ou com as tâmaras ainda não maduras, esperem até Outubro, aí vai ser o esplendor e quem vier depois que apague a luz.

Pederastia em Espanha, abusos sexuais aqui no sítio

MADRID.- "El Estado y el Gobierno no pueden permitir estos fallos del sistema".

Así de tajante se mostró la vicepresidenta del Gobierno, María Teresa Fernández de la Vega, al ser interrogada por el cúmulo de errores judiciales que han provocado que Santiago del Valle, el presunto asesino de Mari Luz, estuviese en libertad.

Visiblemente irritada, la vicepresidenta no se anduvo por las ramas y afirmó que se trataba de "un terrible y trágico error judicial".
Santiago del Valle se encontraba en libertad, a pesar de que tenía dos condenas firmes por cometer delitos sexuales.
El juez Rafael Tirado, encargado desde marzo de 2006 de ejecutar la condena por abusar de su hija, no emitió hasta ayer la orden de detención.
La vicepresidenta no se mostró partidaria de abrir ahora, con el asesinato de Mari Luz todavía reciente, un debate sobre el endurecimiento de las penas contra los pederastas.
A su juicio, el sistema tiene mecanismos suficientes, pero lo que hay que hacer es que éstos funcionen.
De la Vega respaldó la investigación iniciada por el Consejo General del Poder Judicial (CGPJ) con el fin de saber "a ciencia cierta" dónde está el fallo del sistema.
Preguntada sobre las posibles responsabilidades políticas que pueden depurarse por este asunto, De la Vega subrayó que el asesinato de Mari Luz se debe a un "gravísimo error judicial" en el que "para nada" está implicado el Ministerio de Justicia, con Mariano Fernández Bermejo al frente.
"No es sensato decir ahora si vamos o no a agravar las penas.
No descartamos ningún debate, pero no creemos que sea lo prioritario. Hay que exigir que el sistema funcione", indicó.

Depurar responsabilidades

De La Vega manifestó que se ha abierto una investigación y que "hay que esclarecer el hecho hasta el final y depurar responsabilidades para que esto no vuelva a ocurrir.
Es muy grave lo que ha ocurrido. Es un fallo excepcional en el sistema", afirmó.
El portavoz del Consejo General del Poder Judicial, Enrique López, también admitió que el sistema ha fallado de manera clamorosa y pidió que se abra un debate con valentía.
También desveló la escasez de medios con los que cuentan los juzgados, como por ejemplo que los jueces no tienen una base de datos común, salvo que el delincuente tenga una sentencia firme.
Esto supone que el segundo juez de Sevilla que condenó a Del Valle por abusos sexuales no tenía conocimiento de que también había sido condenado por abusar de su hija.
López abogó por el establecimiento de la cadena perpetua con un régimen de revisiones judiciales cada cierto tiempo.
Por cá, os filhos de ninguém, têm sido vítimas de pederastas, com um poder oculto de justiça dita como tal, a acusar antes demais os abusados, especialmente os que não têm quem os defenda.
Em Espanha, país com o qual não simpatizo, mas que tenho de admirar muitas vezes, embora deles tenha sempre desconfiança, os problemas não se arrastam, porque há medos que o Leviatã não seja capaz de se sobrepor a justiça natural.
Cá as ovelhas estão em maioria, os carneiros são mochos e capados e os maiorais, capatazes e donos do rebanho, aguardam decerto que a justiça instituida, da balança partida e da espada caída, não pague o que deve, ou então não aguardam, espero, que a justiça natural, porque aqui o Leviatã morreu em Abril, pague o que lhe é devido.

“Era uma vez na América”

"A questão do Iraque é uma espessa película de sangue que perturba a velha relação entre o Ocidente e o Oriente.

Para grande desilusão da Europa, as primárias na América não são dominadas pela sombra do Iraque. Discute-se Hillary Clinton e as questões do género, debate-se a esperança de Barack Obama e as urgências da raça, fala-se da idade e da longa carreira de John MacCain. As primárias na América não revelam a imagem de um Império acossado nas fronteiras.

Existe uma explicação próxima para esta aparente leveza de espírito. A mudança da doutrina militar americana no Iraque, seja pelo aumento do contingente de forças, seja pelo desenvolvimento de um dispositivo de contra-insurreição, foi capaz de reduzir os níveis de violência observados. Sublinhe-se que não existe uma solução exclusivamente militar para o conflito no antigo país de Saddam. De algum modo, a nova doutrina de intervenção tornou os custos políticos da guerra suportáveis no imediato curto prazo. Na questão do Iraque, a América vive a ilusão de um crédito de alto risco, espécie de “subprime” político que enquanto dura parece perfeito, mas quando se afunda é o prelúdio de um enorme desastre.

Enquanto os candidatos prometem retirar o contingente militar estacionado no Iraque em três meses, seis meses ou permanecer por cem anos, a América vive sem uma política externa viável ou consistente. Quanto aos ‘think-tanks’, o debate continua numa saudável confusão intelectual – primeiro, são os “idealistas internacionalistas” e os “realistas conservadores”; depois, são as doutrinas do “realismo liberal”, “realismo progressivo” e “realismo ético”; finalmente, é o ensaio de um “novo internacionalismo realista”. Mas se em política as palavras contam, talvez fosse interessante uma análise da expressão “guerra contra o terrorismo”. Segundo Michael Burleigh, o “terrorismo” não é uma entidade, mas sim uma estratégia, e não será possível organizar uma guerra contra uma estratégia. Talvez deste modo se explique a informação criativa que levou ao equívoco do Iraque.

A Europa aguarda a liderança da América. E a questão do Iraque é uma espessa película de sangue que perturba a velha relação entre o Ocidente e o Oriente. A Ocidente, a Europa representa a imobilidade pacífica que tem origem no medo. Perante a “islamização do espaço público europeu”, face à tensão crescente nas “sociedades multiculturais avançadas”, a Europa nega a realidade e adia a decisão. Na afirmação de uma peculiar identidade europeia, Portugal exclui-se deste debate e vive na margem das grandes questões do nosso tempo
."

Carlos Marques de Almeida

quinta-feira, março 27, 2008

Obrigado.



Obrigado


Por teu sorriso anônimo, discreto,

(O meu país é um reino sossegado...)

Pela ausência da carne em teu afeto,

Obrigado!


Pelo perdão que o teu olhar resume,

Por tua formosura sem pecado,

Por teu amor sem ódio e sem ciúme,

Obrigado!


Por no jardim da noite, a horas más,

A tua aparição não ter faltado,

Pelo teu braço de silêncio e paz,

Obrigado!


Por não passar um dia em que eu não diga

— Existo, sem futuro e sem passado.

Por toda a sonolência que me abriga...

Obrigado!



E tu, que hoje és meu íntimo contraste,

Ó mão que beijo por me haver cegado!

Ai! Pelo sonho intato que salvaste,

Obrigado! Obrigado! Obrigado!


Pedro Homem de Melo

Até amanhã e boa sorte!!!


IVA, o terrível

"A descida do IVA é uma boa notícia para a economia. Mas é mais “notícia” do que “boa”. E não terá um efeito igual para todos. É melhor para as empresas do que é para os consumidores; e, nos consumidores, é melhor para os que têm mais poder de compra.

É demagogia dizer que menos um ponto percentual no IVA só dá para milho para pardais. Não é grande espingarda, é verdade, mas o tiro vai na direcção certa. Há um efeito económico, que será repartido de forma diferente entre empresas e cidadãos; há um efeito político, de sinalizar um cinto menos apertado; e há um efeito misto, de gestão de expectativas numa economia que claudica.

É todavia pouco. Primeiro porque, como mostra o trabalho da jornalista Elisabete Miranda a páginas 7, esta redução é muito menor do que o aumento que este mesmo Governo introduziu na carga fiscal, não só em IVA mas também nos produtos petrolíferos (ISP), tabaco (IT) e rendimento (mais um escalão no IRS). Segundo, e mais importante, porque Portugal mantém uma taxa de IVA das mais altas da Europa.

O problema é que Espanha tem uma das taxas mais baixas. A desvantagem do IVA, do ISP e mesmo do IRS criam um efeito de sucção, transferindo um pedaço da actividade económica para o outro lado da fronteira.

Matematicamente, um bem que custe 100 euros com IVA a 21% custará 99,2 euros com IVA a 20%. Na prática, e na maioria dos casos, o bem continuará a custar 100 euros, o que significa que a empresa que o vende aumentará a sua margem em mais 80 cêntimos.

É isto que nos mostra a história recente, por exemplo com o caso dos ginásios, que mantiveram os preços finais mesmo depois de o Governo baixar a taxa de IVA. Embora isso pareça oportunístico, esse comportamento é racional: uma empresa cobra o preço máximo que um consumidor está disposto a pagar e essa disposição mantém-se com mais ou com menos IVA.

Este efeito vem nos livros de economia: as alterações de IVA são assimétricas, pois o aumento da taxa é restritivo (preços e receita fiscal sobem, consumo cai), mas a descida da taxa nunca é repercutida da mesma maneira nos preços. Isso criou aliás uma discussão teórica interessante sobre quais os impostos que o Governo deveria descer: é certo que o IVA e o ISP estão demasiado altos face a Espanha; uma descida do IRC melhoraria a capacidade das empresas ; menos IRS beneficiaria os cidadãos.

O benefício para as empresas não é todavia nem desprezível para a economia, nem um descarado favorecimento do capital face ao trabalho, como diz o Bloco de Esquerda. Milhares de PME terão margens de negócio um pouco maiores e isso não é mau para a economia, é bom.

O outro efeito assimétrico desta descida do IVA está nas classes de rendimento que beneficia. Se é verdade que há alguns consumidores que saem beneficiados, são sobretudo os que consomem mais, os que têm mais rendimentos. Aliás, quando este Governo subiu a taxa máxima de 19 para 21%, explicou que não aumentava as demais taxas (5% e 12%) porque não queria penalizar as classes mais desfavorecidas, que compram bens essenciais a essas taxas. Utilizando o mesmo argumento, conclui-se que o Governo também abdicou agora de as beneficiar. Descer a taxa de IVA sobre a alimentação, por exemplo, teria um efeito específico sobre um tipo de produtos que está a encarecer por via do aumento das matérias-primas: a comida.

A principal bondade desta descida do IVA é assim motivacional, pois torna palpável o benefício da consolidação orçamental. Porque a grande notícia de ontem não foi a descida do IVA; foi o resultado orçamental alcançado.

Há 30 anos, Portugal perseguia a missão política “Democracia, Descolonização e Desenvolvimento”. Em tempos menos ideológicos, Sócrates voltou a ter uma política “três D”: menos Défice, menos Despesa, menos Dívida.

Quando Sócrates anuncia o fim da crise orçamental, está por isso a dizer verdade mas dá um sinal de facilitismo perigoso. A crise orçamental é uma doença que precisa de anos para ser debelada mas que se reinstala num ápice.

Três anos depois, não é apenas o orçamento que está diferente. Os impostos e a sua cobrança aumentaram. As pensões de reforma serão menores. O subsídio de desemprego está restritivo. A reforma da função pública está por vencer. E esse é o lado B deste disco.

Houve um tempo em que Portugal tinha economia mas não tinha orçamento. Agora já tem orçamento. Precisa de mais economia. Mais IVA menos IVA
."

Pedro Santos Guerreiro

Mais curiosidades.

"Cão rosna quando ouve falar em Bush (mais aqui)".

O primeiro "homem" a engravidar.

"Thomas Beatie, um transexual norte-americano, está prestes a tornar-se no primeiro homem a dar à luz. Perante a incapacidade da sua mulher em engravidar, Thomas sujeitou-se a uma inseminação artifical e está já no quinto mês de gravidez (mais aqui)".

Atira'tó mar...

Sansão?

"Patrícia e Rafael, a aluna que agrediu a professora de Francês na Escola Secundária Carolina Michaelis e o colega que filmou o incidente, foram transferidos de escola. Os alunos conheceram ontem a sanção, mas ainda não sabem qual é o estabelecimento de ensino que vão frequentar. A turma do 9.º C é composta por alunos que foram transferidos das escolas do Cerco do Porto, de Custóias e do Colégio Universal, alguns deles por questões disciplinares (mais aqui)".

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Assaltos e sobressaltos.

"Este mês, o Algarve tem sido pródigo em assaltos. Ontem deu-se o terceiro a mais um banco, na Baixa de Faro.

O artista da difícil arte de cobiçar o alheio parece ser o mesmo nos três assaltos. Jovem, de bom aspecto, melhor encarado do que o Joaquim de Almeida quando faz de hispânico e mau da fita. Na Praia da Rocha, na segunda-feira, outros amigos do alheio visitaram três estabelecimentos. Não sabemos se tinham bom aspecto. Esqueceram--se de visitar o novel posto da PSP fechado, quiçá, para não dificultar a vida a quem opera na penumbra. ACâmara de Portimão aguarda, desde 2006, a autorização para instalar câmaras de videovigilância. Em Tavira, no domingo, outro jovem de 25 anos, talvez não muito bem encarado devido à sua dependência, foi agarrado após vários furtos. Saído do tribunal, onde não chegou a ser ouvido, voltou à sua subida liberdade de assaltar várias residências. E ainda agrediu, a pontapé, um agente da PSP. Agarrado por agarrado, continua em liberdade fazendo das suas. Oxalá não se lembre de visitar residências de magistrados complacentes. Na época baixa, esta não é a animação de que o Algarve precisa. AJustiça e a Autoridade não nos podem garantir melhor animação?
"

José Alberto Quaresma

Lá fora.

"O secretário de Estado da Educação Valter Lemos acha que o problema da violência nas escolas não é das escolas – mas "de lá de fora".

Ou seja, casos de desrespeito aos professores, de 'bullying', de indisciplina e de agressões a professores e alunos não têm a ver com a escola propriamente dita mas são 'importação de fora'. É uma deriva interessante que dá conta do estado de espírito dos seguidores de Jean-Jacques Rousseau: não, a escola não está mal – o problema é o 'lá fora'. A mesma coisa no original de Rousseau: o mal não são as pessoas, naturalmente boas e puríssimas, mas a sociedade, que é a fonte de todos os vícios e da maldade que geralmente deixa em fanicos os género humano. Santíssima ideia. Infelizmente, 'a sociedade' (conceito parecido com o ovo estrelado), ou seja, 'o lá fora', é a única coisa que existe. Mas, de acordo com a nova teoria, a ideia de abrir a escola 'à sociedade' tem os dias contados. Basta pôr detectores de metais à entrada
."

Francisco José Viegas

6.35 mm


1/ "Paulo Simões, de 29 anos, foi baleado junto à sua residência, na Calçada de Santo António, em Unhos, freguesia de Catujal, concelho de Loures, na noite de anteontem. A vítima desentendeu-se com um vizinho, que o atingiu a tiro de pistola calibre 6,35 mm (mais aqui)".

2/ "Morto e três feridos em tiroteio passional. O pai da rapariga de 19 anos que foi baleada, em sua casa, com dois tiros de uma 6.35 mm na cabeça, pelo ex-namorado, só lamenta não ter agido há mais tempo (mais aqui)"

3/ "Crimes de Sacavém e Oeiras ligados pela mesma arma, uma 6.35 milímetros (mais aqui)".
Parece ser uma arma difícil de encontrar no “mercado”…

“Rumsfeldiana”

"Não foi a ausência de um plano de paz que constituiu o mais grave erro político americano: foi a confusão sobre a natureza da guerra.

Num ensaio integrado na colectânea The Second Plane, Martin Amis relata um episódio ocorrido durante a sua participação num programa da série Question Time, da BBC. No decurso do programa, uma jovem indignada interpelou-o com um singelo argumento: como os EUA haviam fornecido armamento aos afegãos durante a resistência contra a ocupação soviética, eram moralmente responsáveis pelas acções dos talibans e da al-Qa’ida. A jovem concluiu que os americanos deviam ter bombardeado o seu próprio país em retaliação pelo 9/11. Em vez de motivar a entrada no estúdio de uma equipa de enfermeiros psiquiátricos, a sugestão foi acolhida com o aplauso unânime da plateia.

O episódio é sintomático da enorme radicalização da opinião pública ocidental sobre o significado e consequências dos ataques terroristas aos EUA e da ocupação americana do Iraque. Esta radicalização envolve aspectos culturais e éticos.

Ao mesmo tempo que o 9/11 foi perdendo saliência, Bin Laden adquiriu uma natureza difusa, irreal, e a ocupação militar do Iraque tornou-se o acontecimento definidor da cultura da década, secundarizando os ataques terroristas contra os EUA. Por outro lado, a crescente difusão de teorias de conspiração impermeáveis à refutação empírica, contribuiu para transformar os jihadistas de responsáveis por actos moralmente abjectos em meros instrumentos de jogos políticos sinistros, que servem interesses económicos vagamente identificados com o petróleo e os “grandes negócios”. O inimigo externo e anti-ocidental tornou-se num travesti dos ódios favoritos da esquerda: o lucro, o capitalismo e a globalização. Como observa Ross Douthat, num excelente artigo sobre a influência da guerra do Iraque na cultura popular, é significativo que o maior sucesso cinematográfico da década seja a trilogia Jason Bourne, um agente que une a eficiência de James Bond às especulações conspirativas de Noam Chomsky.

Na saga protagonizada por Bourne, o ‘inimigo interno’, ébrio de poder, está obcecado pela ‘hubris’ imperial. Curiosamente a descrição é muito semelhante à que Martin Amis faz de George W. Bush, ou ao retrato de Bob Woodward do presidente como uma versão de Nixon, cego pelo milenarismo evangelista. Mas o papel de éminence grise, que controla o governo e o coloca ao serviço dos interesses capitalistas (e judeus) assenta que nem uma luva em Donald Rumsfeld, um antigo membro da administração Nixon. Sucede que as teorias da conspiração acabam por ter o efeito perverso de relativizar as genuínas responsabilidades políticas da administração norte-americana. E as de Rumsfeld são grandes.

A administração norte-americana mentiu sobre as motivações para a ocupação militar do Iraque quando usou o argumento das armas de destruição massiva como ‘casus belli’. Mas ao contrário das teorias conspiratórias, fê-lo precisamente por acreditar na sua existência. O argumento da guerra preventiva, associado a um ideal absurdo de democratização do Médio Oriente a tiro de canhão foi julgado mais aceitável para o moralismo internacionalista do que a lógica geopolítica de transformação do balanço de poderes no Golfo Pérsico, usando a ocupação do Iraque para pressionar a Arábia Saudita a agir contra o jihadismo.

Contrariamente à opinião dominante, a “mentira original” é irrelevante do ponto de vista político e militar. Também não foi a ausência de um plano de paz que constituiu o mais grave erro político americano: foi a confusão sobre a natureza da guerra. Desde 2003 travaram-se duas guerras no Iraque: a Blitzkrieg que derrubou Saddam e uma guerra de guerrilha, que, com diferentes fases, dura até hoje. Rumsfeld subestimou gravemente esta segunda guerra, caracterizando-a como o “último estertor” do regime Ba’ath. Incapaz de reagir ou adaptar a estratégia, negou a realidade e nem o embaraçoso episódio da “revolta dos generais” em 2006 o levou a demitir-se. Só no início de 2007, depois da sua resignação, é que Bush nomeou uma liderança militar eficaz e inteligente.

Cinco anos depois da ocupação, com um custo total estimado de três biliões de dólares e mais de 4000 americanos mortos, o estado de coisas não permite qualquer declaração de sucesso. Ironicamente, a estratégia que produziu um módico de estabilização na carnificina foi precisamente o oposto do axioma de Rumsfeld (a ‘des-Ba’athificação’ do Iraque). Excluindo a sugestão de ‘auto-bombardeamento’ da participante no programa da BBC, poucas coisas poderiam ter causado tamanho estrago político aos EUA quanto a forma como a ocupação militar do Iraque foi conduzida
."

Fernando Gabriel

Crime

"Mas afinal de contas a criminalidade em Portugal tem vindo a descer ou a subir? Tem dias.

Em 2007 foram participados às forças policiais portuguesas 391.611 casos criminais. Mais de mil crimes por dia. Mas para o Poder o que importa sublinhar é uma leitura estatística que contraria as páginas dos jornais e os sentimentos de insegurança dos cidadãos ao anunciar uma descida de 10,5 por cento da criminalidade grave e violenta. O que é que estes 10 virgula 5 por cento querem dizer? Querem dizer um simples número, com uma casa decimal para dar maior aparência de rigor. A leitura das estatísticas dá para tudo. Por exemplo: a criminalidade participada à PJ aumentou mais de 30 por cento. Mas o Governo tem uma explicação: trata-se dos efeitos de uma “mudança de metodologia”.

A apresentação das estatísticas é de geometria variável. Quando se trata de apresentar serviço ou de desculpar a inércia, o Poder apresenta os dados que descem. Quando a questão é justificar mais milhões para equipamentos e mais restrições à liberdade e privacidade dos cidadãos, exibem-se as estatísticas que sobem.

Para fazer frente ao aumento da criminalidade, que aliás diminuiu surpreendentemente nas estatísticas, o Governo diz que vai apostar no policiamento de proximidade e na cooperação com as autarquias. O primeiro item é um chavão repetido por quase todos os governos excepto por aqueles que defendem o chavão de sentido contrário. O segundo tresanda a “mudança de metodologia” para aligeirar futuras estatísticas.

De maneira que o cidadão comum que se veja ameaçado numa rua do País dos Brandos Costumes só tem que arremessar uma estatística aos assaltantes. Ou refugiar-se atrás de uma “mudança de metodologia”
."

João Paulo Guerra

Os embustes

"Na pista de lançamento para as eleições de 2009, à boa maneira nacional, vamos entrar numa câmara virtual onde tudo é possível acontecer.

A pista. Já estamos no início da pista de lançamento para as eleições legislativas de 2009. Em boa verdade, o ano que se avizinha será um ano tomado por actos eleitorais, sendo que a agenda do país vai estar sob domínio do ping-pong político e da fantasia das promessas partidárias . Esqueça-se tudo o resto, em especial a governação nos seus aspectos de consequências mais conflituosas ou de opções mais musculadas, pois que à boa maneira nacional vamos entrar numa câmara virtual onde tudo é possível acontecer.

O arranque. Já começaram os recuos, manifestos em matéria de política de saúde e de política de educação, com o Governo, por um lado a apelar ao seu instinto guterrista e a pretender fazer-nos acreditar que se podem fazer reformas estruturais em diálogo. E por outro, a mostrar a sua marca genética estatizante e a impor o regresso do Estado como gestor directo de entidades que estavam sob parcerias público-privadas.

O passo atrás. Se as referidas parcerias representaram um passo em frente numa nova forma de abordar as funções do Estado, retirando-o de lá onde há quem desempenhe melhor, a medida anunciada por Sócrates num afã de somar simpatias à esquerda, representa dez passos atrás. Em nome da sua essência, o Governo socialista demonstra que está determinado em promover um novo centralismo do Estado, que desconfia da iniciativa privada, que não reconhece competência à sociedade civil e que prefere uma qualquer suposta eficiência do modelo de gestão estatal à eficiência dos modelos de gestão privados.

As medalhas. Neste percurso pré-eleitoral, preparemo-nos também para vermos o combate ao ‘deficit’ e o programa simplex elevados à condição de medalhas de ouro da governação. Não por acaso, logo dois dos maiores embustes da actuação do Governo socialista. É certo que pode apresentar resultados em matéria de ‘deficit’, mas também é certo que a propaganda omite deliberadamente o método utilizado para conseguir tão brilhantes números. O resultado é obtido à custa da receita, à custa de mais um garrote colocado no pescoço dos contribuintes. Isto, sem que do lado da despesa se verifique a mais pequena alteração, mantendo-se por isso, em toda a sua plenitude, o monstro da despesa pública. Há ainda o Simplex que vai servindo para publicitar as virtudes de uma reforma da administração pública, que, na sua essência, está a milhas de se ter verificado. O primeiro-ministro já deu mostras suficientes de que nunca irá empreender esta reforma . Se não o fez nos dois primeiros anos da governação, quando tinha todas as condições, não será a pouca distância dos actos eleitorais que vai ousar mexer numa matéria tão quente quanto susceptível de queimar votos.

Dedicatória. Os anteriores, o presente e os futuros artigos são especialmente dedicados a todos quantos não conseguem ver numa linha de opinião a expressão de um exercício de liberdade
."

Rita Marques Guedes

quarta-feira, março 26, 2008

Os colombianos da benzina

Em 2007 o preço do barril de petróleo aumentou em euros apenas 1,5%, mas os preços dos combustíveis em Portugal subiram entre 3,4% e 7,9%

De acordo com os dados da DGEG, em 2006 o preço médio do barril de petróleo importado por Portugal, em euros, foi de 51,90 euros e, em 2007, de 52,69 euros.
Portanto, entre 2006 e 2007, o preço do barril de petróleo em euros (é esta moeda que interessa utilizar pois os combustíveis são vendidos internamente aos portugueses também em euros), aumentou apenas em 1,5%, portanto uma subida até inferior à taxa de inflação portuguesa que foi, em 2007, de 2,5%.
Enquanto se registou um aumento de apenas 1,5% no preço médio do barril de petróleo, segundo também a DGEG do Ministério da Economia, em Portugal, entre 2006 e 2007, o preço médio da gasolina 95 aumentou em 3,4%; o da gasolina 98 em 4,1%; o do gasóleo rodoviário em 3,5%; e o do gasóleo de aquecimento em 7,9%; portanto aumentos muito superiores aos verificados no preço do barril de petróleo.
Afirmar, como afirmam as petrolíferas, que os aumentos dos preços dos combustíveis, com a dimensão que se tem verificado em Portugal, se devem à subida do preço do petróleo, não tem fundamento técnico como mostram os dados oficiais da DGEG.
Se compararmos os preços dos combustíveis com e sem impostos praticados em Portugal com os de outros países da UE, também constatamos importantes anomalias no chamado “mercado”. Assim, em 2007, de acordo também com dados divulgados pela DGEG do Ministério da Economia, o preço da gasolina 95, sem impostos , era em Portugal superior ao preço médio da União Europeia em 1,8%; mas, em relação, à Suécia, o preço no nosso País era superior em 13,6%, à França em 9,1%; à Inglaterra em 9,2%, etc. No mesmo ano, o preço da gasolina 95, com impostos , era em Portugal superior em 5% ao preço médio da União Europeia.
Em relação à Espanha, era superior em +24,3%; à Grécia + 29,2%; Luxemburgo +17,3%; etc.. Em 2007, igualmente de acordo com a DGEG do Ministério da Economia, o preço de venda sem impostos do gasóleo em Portugal era superior ao preço médio comunitário em 2,2%.
No entanto, existiam países onde a diferença era muito maior.
Por ex., o preço em Portugal era superior ao de Inglaterra em 13,1%; ao da França em 8,1%; ao da Áustria em 6,2%; etc.
No mesmo ano, o preço de venda do gasóleo, com impostos , era inferior em Portugal apenas em -0,6% ao preço médio da União Europeia.
No entanto, e contrariamente ao que muitas vezes é afirmado, a carga fiscal em Portugal sobre o gasóleo é inferior à média comunitária, pois no nosso País representa cerca de 50% do preço de venda, enquanto a média na União Europeia atinge 51%.
Existem países, em relação aos quais o preço de venda do gasóleo com impostos em Portugal era bastante superior. Por ex., o preço de venda com impostos em Portugal era superior ao do Luxemburgo em +15%; ao da Espanha em +11%; ao da Grécia em +9,4%; ao da Finlândia em +9,6%; etc. Só o facto do preço da gasolina 95 e do gasóleo sem impostos serem superiores ao preço médio da União Europeia deu às petrolíferas portuguesas, em 2007, um lucro extraordinário de 68,7 milhões de euros.
É por isso que, apesar de se verificar uma quebra nas vendas dos combustíveis em Portugal, os lucros das petrolíferas não têm diminuído; pelo contrário até têm aumentado.
Em 2006, os resultados líquidos da GALP antes de impostos atingiram 962 milhões de euros e, em 2007, já foram de 1.011 milhões de euros.
É de prever que as petrolíferas tirem partido da actual situação de crise para aumentar ainda mais os seus lucros se a passividade, para não dizer mesmo a conivência, do governo e da Autoridade da Concorrência continuar.
Artigo publicado devido à influência de um leitor que vem avisando para este facto há muito, foi tirado do 'resistir.info'
Vou preparar um texto sobre a baixa do IVA em 1%, coisa muito importante para o sítio e para os guardadores do rebanho, que desviam a atenção dos lobos, uma charada...

Curiosidades.

"O movimento Lisboa com Carmona considerou ter havido «autoritarismo» do presidente da Câmara ao retirar quarta-feira uma proposta do vereador Sá Fernandes, que ia ser chumbada e será aplicada por despacho de António Costa (mais aqui)".

Chamem a Polícia

Criminalidade.

"Um café na Rua Velha, em plena Baixa de Coimbra, foi assaltado 11 vezes nos últimos seis meses, a última das quais na madrugada de sábado (mais aqui)."
E a criminalidade continua a diminuir, perdão, a estabilizar…

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Banca "amiga".

"A Euribor voltou a quebrar recordes do ano e ontem chegou ao valor mais alto obtido desde Janeiro. Além do agravamento da Euribor, uma outra má notícia tem pesado no bolso de quem tem empréstimos e que leva já a que perto de 100 mil famílias tenham dificuldade em pagar todas as prestações mensais. É que os "spread", negociados caso a caso entre o banco e os clientes, têm vindo a aumentar, o que agrava ainda mais o valor dos encargos. A subida continuada da Euribor vem demonstrar que os esforços do Banco Central Europeu para dar tranquilidade ao sistema bancário estão a falhar (mais aqui)".

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Gasolina.

"O preço da gasolina sem chumbo 95 em Portugal está "sistematicamente" acima da média da União Europeia a 15 desde finais de 2005 (mais aqui)".

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Mudança

"O Diário de Notícias de ontem publicou uma interessante comparação entre a legislação laboral tal como os socialistas a defendiam, enquanto oposição ao governo PSD/CDS, e aquilo que o PS agora preconiza na qualidade de governo.

O que pode concluir-se da comparação é que diversas medidas do Código Laboral de Bagão Félix, então criticadas na declaração de voto dos socialistas, são agora ultrapassadas em diversos aspectos anti-laborais pelo próprio PS.

O que é que mudou nestes cinco anos? O carácter das relações entre o capital e o trabalho, as regras dominantes da economia, a relação entre poder económico e político? O que mudou foi o PS. Aliás, vários acontecimentos da vida política centraram-se nestes últimos cinco no supremo desígnio de liquidar o PS que havia.

Em muitas questões essenciais, o actual PS e o PSD são gémeos separados à nascença. Mas há um aspecto fulcral que os distingue: o PS tem mais facilidade em fazer a vida negra ao mundo do trabalho que a direita propriamente dita. Ou seja: o PS liquida direitos laborais em nome dos trabalhadores o que, por razões históricas e de registo de patente política, condiciona a contestação às suas políticas. Na oposição, o PS capitaliza a contestação às mesmíssimas políticas que, uma vez no governo, põe em prática. Esta regra teve um hiato excepcional durante a liderança de Eduardo Ferro Rodrigues, “ministro dos pobres” no governo e contestatário consequente da política laboral da direita na oposição. Arrumado politicamente Ferro Rodrigues, mais nenhum obstáculo se levantou a que o PS faça no governo igual ou pior que aquilo que critica à direita quando está na oposição. Chamem à mudança “cabala” ou outro palavrão qualquer
."

João Paulo Guerra

Ponto de viragem

"A crise financeira internacional está aí para durar, e seja qual fôr a cura encontrada, vai deixar um longo rasto de perdas.

Nas últimas semanas, os preços das casas norte-americanas continuaram em queda livre. As perdas nas instituições financeiras com interesses no mercado de crédito hipotecário avolumaram-se, levando à ruína o quinto maior banco de investimento daquela nação. O mercado de trabalho contraíu-se pelo terceiro mês consecutivo e o consumo privado deu sinais preocupantes de hesitação. A crise financeira internacional está aí para durar, e seja qual for a cura encontrada, vai deixar um longo rasto de perdas. A maior de todas, contudo, ocorrerá se não se fizer desta crise um ponto de viragem que impeça que situações idênticas se repitam num futuro próximo.

No último dia 16 de Março, o sr. Alan Greenspan classificou a situação actual como “a pior crise financeira desde o final da segunda guerra mundial” e tornou públicas três reflexões paradoxais que importa a este respeito recordar.

Primeiro, segundo o sr. Greenspan, todos aqueles que (como ele) confiam no interesse próprio das instituições financeiras para proteger os interesses dos accionistas têm razões para estar em estado de choque perante os antecedentes da crise actual. Contudo, o ilustre ex-presidente da Reserva Federal Americana apressa-se a notar que seria um erro abandonar o sistema de auto-regulação financeira enquanto mecanismo de equilíbrio fundamental do mercado financeiro global.

Segundo, o problema essencial, na perspectiva do sr. Greenspan, reside nas limitações dos actuais modelos de avaliação de risco e previsão macroeconómica, que não incorporam um tratamento diferencial apropriado entre momentos de expansão/euforia e recessão/medo. No entanto, reconhece ao mesmo tempo que a maior parte dos comportamentos duvidosos nos mercados financeiros em períodos de expansão/euforia não são o resultado de ignorância ou má avaliação de risco mas da necessidade dos operadores participarem na corrente de euforia para não perderem quota de mercado. Também reconhece que um hipotético aumento da eficácia dos modelos de gestão de risco na identificação de episódios de euforia poderia, por si só, ter como efeito o seu prolongamento e ampliação.

Terceiro, perante isto, conclui que num futuro rescaldo da crise é fundamental proteger a concorrência e flexibilidade dos mercados enquanto forma mais fiável de protecção contra falhas económicas cumulativas.

A conclusão do sr. Greenspan ilustra bem aquele que é o maior risco que esta crise pode reservar para o futuro: o risco de nada se aprender, nada se fazer, e reincidir nos mesmos erros. Limita-se a desviar o olhar dos problemas nos sistemas de incentivos que caracterizam as instituições financeiras modernas e da sua capacidade para gerar crises e tomar como refém o resto da economia.

Tal como referi anteriormente nesta coluna (12-02-2008), os esquemas de remuneração nestas instituições desalinham interesses de gestores e investidores. Dean Foster e Peyton Young publicaram recentemente um artigo académico onde expõem precisamente essa extrema dificuldade em conciliar interesses, e em particular, a dificuldade em distinguir entre bons e maus gestores (entre gestão de qualidade e sorte/assunção de risco) quando o único instrumento para o efeito é a taxa de retorno observado sobre o investimento. A questão foi também recentemente ilustrada por John Kay numa coluna do Financial Times (11-03-2008) na qual o economista alerta para o facto de o sistema de remuneração típico dos esquemas de ‘private equity’ e ‘hedge funds’ (2% de comissão de gestão + 20% sobre a ‘performance’ do fundo), combinado com a força dos juros compostos, permitir que gestores medíocres (que não acrescentam valor nenhum) enriqueçam à custa dos titulares dos fundos.

Ignorar a tendência das instituições financeiras modernas para gerar resultados avultados no curto prazo, sem reflectir adequadamente os riscos que criam no médio/longo prazos e a sua capacidade para, mais tarde, tomar o resto da economia como refém quando os riscos vêm à superfície tem tanto de ingénuo quanto de perigoso. Ingénuo porque roça o fundamentalismo de mercado. Perigoso porque o fundamentalismo de mercado normalmente paga-se caro
."

Miguel Castro Coelho

terça-feira, março 25, 2008

Desenganos

Erro só foi detectado na semana passada

Pentágono vendeu por engano componentes de mísseis nucleares a Taiwan
25.03.2008 - 18h16

O Pentágono revelou hoje que vendeu a Taiwan, por engano, partes de detonadores de mísseis nucleares, os quais acaba de recuperar.
O incidente remonta a 2006 e a sua divulgação ameaça criar um embaraço nas relações com a China.Segundo o Departamento de Defesa, Taipe encomendou aos EUA baterias para helicópteros, mas em sua vez o Pentágono entregou quatro componentes electrónicos para os detonadores colocados nas ogivas dos mísseis intercontinentais Minuteman.
Washington garante, porém, que a entrega não incluía material nuclear.
Apesar de se tratar de um equipamento que deve estar sob apertada vigilância, o erro não foi detectado até Taiwan se queixar que não recebera as baterias encomendadas.
A falha viria a ser detectada pelo Pentágono apenas na semana passada e, na sexta-feira, os componentes foram devolvidos aos EUA.
“Apesar de isto não ser material nuclear nem permitir a sua construção, posso garantir que estamos muito preocupados com isso”, confessou o secretário para a Força Aérea norte-americana, Michael Wynne, durante uma conferência de imprensa na sede do Departamento de Defesa.
O Presidente americano foi de imediato informado do incidente e o secretário da Defesa, Robert Gates, ordenou a abertura de um inquérito para apurar a origem do erro, tendo também sido anunciada a realização de um inventário a todo o equipamento nuclear e afins sob tutela da Marinha e Força Aérea
.O incidente – que representa uma violação da lei internacional e dos tratados de armamento – foi já comunicado à China, que considera Taiwan parte integrante do seu território e que encara com desconfiança toda a colaboração americana para a modernização das forças de Taipe.
Este é o segundo embaraço para as Forças Armadas norte-americanas relacionado com equipamento nuclear, depois de no final de 2007 a Força Aérea ter admitido que um bombardeiro sobrevoou o território americano armado com ogivas nucleares.

Engano?
Taipé avisou que não recebera as baterias encomendadas e então pensou que deveriam ser o quê?
É claro que se soube e entretanto antes da coisa azedar, veio a questão do engano.
Brinquem, brinquem...

Faz lembrar um lar de doentes com Alzheimer, o Pentágono tal a desorientação.

Afinal criticavam os russos e ucranianos pela desorientação e pelo tráfico de material de guerra nuclear, depois da derrocada dos regimes marxistas leninistas e no espaço de uns meses, sabe-se que um avião carregado de mísseis nucleares sobrevoou o território americano, sem se saber que estavam armadas as ogivas e agora parece que se enganaram com os chineses de Taiwan.
Será que a desgraça do subprime afectou aquelas cabecinhas? Ou será mais que isso?
Com aliados destes, quem precisa de inimigos?
O mundo assim está a ficar muito perigoso.
É sempre saudável perguntar por cá, se estamos bem na Nato e se estamos, o que fazemos lá, para além de gastar o dinheiro dos contribuintes.

Até amanhã e boa sorte!!!


Miúdos, jovens heróis e jornalistas.



1/ Notícia dia 21 Março 2008

"Moradores e comerciantes da Praceta Henrique Pousão, no Monte Abraão, em Sintra, foram ontem surpreendidos pelo que descrevem ser “um enorme aparato policial”. Pouco depois das duas da tarde, a PSP recebeu informação de estar a ocorrer um assalto à mão armada no hipermercado Modelo. Cerca de 20 agentes deslocaram-se ao local, apoiados por cinco viaturas. Os delinquentes teriam fugido do local do crime e estariam barricados num prédio. De caçadeiras em punho, alguns agentes entraram no n.º 6 à procura dos assaltantes, conta uma vizinha. Foi aí que perceberam que se tratava apenas de mais um pequeno furto concretizado por quatro miúdos africanos. Os jovens, com idades entre os 16 e os 20 anos, tinham afinal roubado comida para o almoço. Acabaram por abandonar o prédio, pelas 15h00, sem oferecerem resistência, tendo sido levados por elementos do Corpo de Intervenção (mais aqui)."

2/ Notícia dia 22 Março 2008

"Os quatro jovens detidos na quarta-feira por roubarem pizas no supermercado Modelo de Monte Abraão, em Sintra, voltaram poucas horas depois ao local do crime.
Assim que saíram da esquadra, foram à loja e ameaçaram um dos chefes de secção. Não satisfeitos, regressaram ontem por volta das 14h00 ao mesmo local para espancar o mesmo responsável. O CM apurou que o grupo, com idades entre os 16 e os 26 anos, está referenciado pelas autoridades e é considerado muito perigoso. "Eles não são nenhuns meninos de coro, andam armados e por isso é que ontem foram oito agentes da Brigada de Intervenção Rápida, de caçadeiras em punho, para o local", diz fonte policial ao CM. Nos dias anteriores, estes jovens e os restantes elementos do grupo já tinham feito um "arrastão de furtos" em vários estabelecimentos. "Foi a loja chinesa ao pé do Modelo, o Pingo Doce e outros supermercados", acrescenta a mesma fonte. Dois deles são suspeitos de pertencerem ao gang responsável pela vaga de assaltos a pastelarias na zona do Cacém. Outros dois contam com um longo cadastro por furtos violentos e estão em liberdade condicional. O grupo de cerca de 15 jovens delinquentes também se dedica ao furto por esticão e a maioria reside no Bairro da Caixa
(mais aqui).


Parece que os cerca de 20 agentes que se deslocaram ao local do crime eram afinal só 8. Também parece que os miúdos africanos, que roubaram comida para o almoço, são afinal jovens perigosos que andam armados, alguns em liberdade condicional e que se dedicam ao crime.

E, finalmente, parece que o jornalismo deste país politicamente correcto se transformou numa anedota.

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Desculpem-nos s.f.f.

"Construir um novo ciclo, para o Presidente da República, não implica pedir desculpas pelos massacres da guerra colonial, como o de Wiriamu (massacre de uma aldeia moçambicana pelas tropas portuguesas em 1971, denunciado internacionalmente por missionários dois anos mais tarde) (mais aqui)".
Tem toda a razão o jornalista. Nós, embebidos desse espírito, sempre que nos cruzamos com um africano, pedimo-lhes desculpa. E pedimos desculpa por aquilo que não fizemos e por aquilo que eles nos vão fazer. Mesmo que seja nefasto para a nossa integridade pessoal…

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