terça-feira, junho 30, 2009

Offshore socialista

"A última novidade do Governo socialista do senhor presidente do Conselho é uma coisa chamada Fundação para as Comunicações Móveis. Esta entidade, cozinhada no gabinete do ministro Lino ex-TGV e ex-aeroportos da Ota e Alcochete, foi a contrapartida exigida pelo Governo a três operadores para obterem as licenças dos telemóveis de terceira geração. É privada, tem um conselho geral com três membros nomeados pelo Executivo e um conselho de administração com três elementos, presidido por um ex-membro do gabinete do impagável Lino, devidamente remunerado, e dois assessores do senhor que está cansado de aturar o senhor presidente do Conselho e já não tem idade para ser ministro.

Chegados aqui vamos à massa. Os três operadores meteram até agora na querida fundação 400 milhões de euros, uma parte do preço a pagar pelas tais licenças. O Estado, por sua vez, desviou para esta verdadeira offshore socialista 61 milhões de euros. E pronto. De uma penada temos uma entidade privada, que até agora sacou 461 milhões de euros, gerida por três fiéis do ministro Lino, isto é, três fiéis do senhor presidente do Conselho. É evidente que esta querida fundação não é controlada por nenhuma autoridade e movimenta a massa como quer e lhe apetece, isto é, como apetece ao senhor presidente do Conselho.

Chegados aqui tudo é possível. Chegados aqui é legítimo considerar que as Fátimas, Isaltinos, Valentins, Avelinos e comandita deste sítio manhoso, pobre, deprimido, cheio de larápios e obviamente cada vez mais mal frequentado não passam de uns meros aprendizes de feiticeiro ao pé da equipa dirigida com mão de ferro e rédea curta pelo senhor presidente do Conselho.

Chegados aqui é legítimo dar largas à imaginação e pensar que a querida fundação, para além de ter comprado a uma empresa uma batelada de computadores Magalhães sem qualquer concurso, pode pagar o que bem lhe apetecer, como campanhas eleitorais do PS e dos seus candidatos a autarquias, e fazer muita gente feliz com os milhões que o Estado generosamente lhe colocou nos cofres.

Chegados aqui é natural que se abra a boca de espanto com o silêncio das autoridades, particularmente do senhor procurador-geral da República, justiceiro que tem toda a gente sob suspeita. Chegados aqui é legítimo pensar que a fundação privada criada pelo senhor presidente do Conselho é um enorme paraíso fiscal, uma enorme lavandaria democrática
."

António Ribeiro Ferreira

A Anita era mais bonita

"Luís Filipe Menezes deu uma entrevista ao jornal I em que compara Pacheco Pereira a Anita Ekberg no Dolce Vita, de Fellini, e lhe chama (a Pacheco Pereira, não a Anita Ekberg) a "loira do regime". O I distorceu um nadinha o epíteto e pôs em manchete o dr. Menezes a acusar Pacheco Pereira de ser a "loira do PSD", o que pelos vistos é ainda mais grave. Pacheco Pereira, que entretanto também dera uma entrevista ao I, decidiu que o I não é sério e tentou impedir a sua publicação (da entrevista, não do I).

Acredite-se ou não, este foi um dos principais acontecimentos políticos da semana, o que diz menos sobre a semana do que sobre a política que temos. Para começar, e embora cuidadosamente elaborada durante dias a fio em gabinetes de Gaia, a boutade do dr. Menezes é fraquinha. Depois, a reacção de Pacheco Pereira é insondável. Estou até hoje por perceber se Pacheco Pereira se irritou devido às limitações artísticas da donzela em causa, e se ficaria mais satisfeito caso o tivessem comparado a uma estrela de renome, género Marilyn, ou a uma actriz de talento, género Judy Holliday.

A verdade é que não sabemos porque é que Pacheco Pereira amuou. Sabemos que amuou com o I e que, surpreendentemente, procedeu segundo o método dos dirigentes desportivos que abomina. No mundo da bola, qualquer notícia desagradável a um clube suscita o inevitável blackout, no qual o clube corta relações com o órgão dos "media" em causa. A esta hora, é garantido que não haverá nenhum jornalista do I numa certa biblioteca da Marmeleira.

Pacheco Pereira tem iniciado inúmeros textos com a frase "Se Portugal fosse um país a sério…". Sigo a deixa: se Portugal fosse um país a sério, gente com pretensões de influência não se sujeitaria ao ridículo. Se Portugal fosse um país a sério, as pessoas cultas e racionais não se atribuiriam tamanha pompa. Se Portugal fosse um país a sério, um sujeito inteligente não sairia assim enxovalhado do confronto com a sumidade que, em curtos meses, quase demoliu o PSD. Se Portugal fosse um país a sério, uma associação de senhoras loiras já teria protestado junto do dr. Menezes e do I a comparação a Pacheco Pereira. A minha mãe, por exemplo, anda inconsolável
."

Alberto Gonçalves

segunda-feira, junho 29, 2009

Give In To Me

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Louçã.

"Louçã acusa Ferreira Leite de desconhecer país (mais aqui)"
O candidato a ministro (ler aqui) anda “doido”…

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Fins-de-semana festivos.

"Fim-de-semana de tiroteio em Loures fez seis feridos (mais aqui)"

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Crise.

"Teixeira dos Santos considera que a melhoria do clima económico e da confiança dos investidores em Junho são sinais de que a actual crise está perto do fim (mais aqui)"
Manuel Pinho já tem sucessor (mais aqui)…

"Com tranquilidade"

1/ "A área ardida em Portugal atingiu nos primeiros seis meses do ano valores idênticos a todo o ano de 2008, cerca de 17 200 hectares, revelam dados provisórios da Autoridade Florestal Nacional (AFN) (mais aqui)".

2/ "O País tem todas as condições para se sentir tranquilo em face dos meios que disponibilizamos e da capacidade de resposta que está instalada». «Este é o terceiro ano consecutivo de consolidação de um dispositivo que tem dado resultados (mais aqui)"

MAI Rui Pereira

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domingo, junho 28, 2009

28 de Junho de 1942


Segunda Guerra Mundial: Ínicio da batalha de Estalinegrado. A Batalha de Estalinegrado (ou Stalingrado) foi um ponto de mudança na Segunda Guerra Mundial, e é considerada uma das batalhas mais violentas da história. A batalha foi marcada pela sua brutalidade e pelo desrespeito por baixas civis em ambos os lados. A batalha inclui o ataque Alemão na cidade do sul da Rússia, Estalinegrado (hoje Volgogrado), a batalha dentro da cidade, e a contra-ofensiva Soviética que eventualmente emboscou e destruiu as forças Alemãs e do Eixo (história) dentro e à volta da cidade. O total das baixas em ambos os lados é estimado em cerca de 2 milhões de pessoas, incluindo civis. As forças do Eixo perderam um quarto do total dos seus homens na Frente de Este, e nunca se recuperaram da derrota. Para os soviéticos, que perderam mais de um milhão de soldados e de civis durante a batalha, a vitória em Estalinegrado marcou o ínicio da libertação da União Soviética, culminando com a vitória sobre a Alemanha Nazi em 1945.

Mais na Wikipedia

sábado, junho 27, 2009

A OCDE e o duche de água fria

"A OCDE pôs ontem os ponto nos "is" quanto à evolução da economia portuguesa. Ao avançar com uma previsão de quebra do PIB da ordem dos 4,5% e com o disparo do desemprego acima de 11%, pôs a nu várias fragilidades.

A mais importante é a dificuldade que o Governo e instituições que dele dependem têm em ser realistas. Senão veja-se: a previsão é a pior das que já foram avançadas por instituições internacionais em relação a Portugal. O que lança fundadas dúvidas sobre as informações que dão conta de que a economia já bateu no fundo e que a recuperação já está no horizonte.

Mais: ao dizer que o desemprego vai passar os 11%, a OCDE deita para o caixote do lixo as declarações de optimismo em relação ao mercado do emprego, de que se fizeram eco responsáveis governamentais e o presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional (para não falar da quase inevitabilidade de o défice orçamental furar o tecto dos 6%). Os números são exagerados? Ninguém sabe dizê-lo com segurança (quem não se lembra das sucessivas previsões do Governo e Banco de Portugal que foram pulverizadas pouco tempo depois pelas estatísticas?).

Razão bastante para o Governo não embandeirar em arco, insistindo em ver boas notícias onde, para já, não há mais do que boas intenções. Não é apenas uma questão de honestidade intelectual. É contribuir para não formar, nas famílias e empresas, falsas expectativas quanto à recuperação económica. As eleições não justificam tudo
."

Camilo Lourenço

Quando os preços ficam loucos

"A quantidade de alumínio em armazém está no nível mais elevado de sempre. O preço do alumínio sobe. Já valorizou mais de 20% desde os mínimos atingidos em Fevereiro. O que explica a subida do preço quando há excesso de oferta? Quando é informado que os armazéns estão cheios, qualquer aluno de economia chumbaria se respondesse: "Os preços sobem".

A finança armadilhou a economia e assim se auto-condena. A única explicação possível para a recente subida das matérias-primas e do petróleo é financeira. Os preços das mercadorias estão a ser determinados pela procura de quem tem dinheiro para fazer investimentos financeiros e não pela procura das fábricas. A economia, se tínhamos algumas dúvidas, deixou de ser de produção para se transformar em financeira. A questão é saber se a economia financeira consegue viver sem a economia de produção. A resposta, inspirada no passado e no presente, é que consegue, mas sem ser por muito tempo. Aquilo que o palavreado designa como "subida não sustentável".

O problema que se coloca neste momento é mais grave. A dinâmica interna de preços no universo financeiro está a gerar uma energia que destrói as tentativas de elevação da actividade das empresas. Num paralelismo com o corpo humano, é como se a reactivação do aparelho circulatório - os movimentos financeiros - provocasse danos nos órgãos que não vivem sem ele, mas que também parecem não conseguir viver com ele. A economia e as finanças estão interligadas, mas os mercados entraram nesta crise num processo que cria sérias dificuldades à reanimação da economia.

A subida dos preços do alumínio e de outras matérias-primas, assim como do petróleo, ameaçam a frágil retoma que se está a desenhar, afundando de novo a actividade produtiva que irá, por sua vez, criar problemas financeiros, que por sua vez alimentam novos problemas na economia...

O que é preocupante nesta fase é o risco de estarmos a entrar num círculo infernal de destruição de valor. Uma dinâmica auto--destrutiva induzida pela energia gerada por uma crise num mundo em rede global, em que a locomotiva era (ou é?) a transformação de dinheiro em mais dinheiro, apenas pela via da compra e venda com mais-valia. Neste momento, os investidores financeiros globais procuram, como habitualmente, "coisas" para comprar que possam vender a seguir com ganho.

Essas "coisas" são acções e algumas matérias-primas. Nessa busca fazem os preços subir e, enquanto estes assim estão, as empresas que precisam dessas "coisas" para produzir bens e serviços vêem os seus custos subirem e agravam a sua já frágil situação. O que podem então fazer os empresários? Uns despedem, outros já não aguentam e fecham as portas. Os investidores financeiros repararam que a economia se está a afundar de novo e vendem, vendem vendem... alguns ganham outros perdem. Entra-se num novo patamar, com menos produção, e gera-se um novo ciclo: os investidores começam a entrar nas "coisas" porque há sinais mínimos de retoma, matam a retoma, destroem-se mais empregos e mais produção... Este é o ciclo infernal que nos ameaça. A regulamentação poderá ser a solução
."

Helena Garrido

sexta-feira, junho 26, 2009

Populismo.

"Putin manda baixar preço das salsichas. Primeiro-ministro foi a um supermercado e deu ordens aos empregados que reduzissem os preços dos produtos que considerou caros (mais aqui)".
Se não fosse só mero populismo poderiamos sugerir mais visitas…

E a criminalidade continua a "diminuir"...

"Carjacking violento em pleno dia, numa movimentada esplanada de Vila Nova de Gaia. Dois homens atingiram, com três tiros nas pernas, o dono de um Volkswagen Golf, quando este lia o jornal, numa movimentada esplanada da Granja, em Gaia, ontem de manhã (mais aqui)".

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O preço do desespero

"O Presidente da República deseja saber por que motivo a PT quer entrar na Media Capital. O prof. Cavaco devia ter ouvido o último debate parlamentar: pela boca do eng. Sócrates, que ironizou com a ‘linha editorial’ da TVI, ficou transparente que o Governo, através da PT, deseja açaimar o único canal televisivo que não come a propaganda do PS.

Acontece que a jogada tem um problema: o tempo. Tirando a natureza óbvia e imoral do negócio, mais própria de democracias latino-americanas,a entrada na TVI pode ser um erro estratégico. A três meses das legislativas e com a possibilidade séria de as perder,o governo Sócrates arrisca-se a comprar um canal televisivo para o oferecer, logo de seguida, ao governo da oposição. Irónico? Sem dúvida. Mas éo preço a pagar quando se governa em desespero
."

João Pereira Coutinho

quinta-feira, junho 25, 2009

Post de Setembro de 2007

O senhor dos orgulhosos

O socrático PM foi de visita à América, decerto foi ouvir instruções do patronato.
Como o pouco francês Presidente da França, foi este também prestar vassalagem ao grupo que domina a América e o mundo.
Veremos, tal como vimos com Durão, se aparecem os resultados, como sucedeu em França.
A guerra do Iraque, das guerras mais iníquas que se fizeram até hoje, que envergonham a humanidade, (eu sinto-me envergonhado), feita por grupos de rafeiros contratados e pagos com os bens roubados ao povo iraquiano, pagos pelo que se chama estado e impostos dos americanos e pelo saque feito em seu nome e já agora por um dos poucos estados não laicos do mundo.
A Rússia ressurge, no meio de um capitalismo caótico que não obedeceu aos critérios do Consenso de Washington.
Este tipo de capitalismo novo, que muitos economistas não entendem, não é muito diferente do americano, apenas funciona com a economia controlada pelo estado até determinado limite.
Nos Estados Unidos o estado é a economia subterrânea, funcionando a economia da droga e da prostituição, por exemplo, no estilo brasileiro ou mexicano, tipo mensalão.
Mas o equilíbrio de forças hoje, mais que antigamente existe e ir ao Irão só com o consentimento russo e chinês.
Pode acontecer com raids aéreos, mas irá decorrer da forma como aconteceu até agora?Duvido.
A UE mais uma vez, se verifica que não existe.
A França mantém a voz grossa como a que teve antes da I e II guerras mundiais, digamos que é muito grossa para tão pequenos tomates.
A NATO faz o seu papel de guardar os campos de papoilas no Afeganistão e o Kosovo aguarda novo banho de sangue.
Hoje, pela primeira a vez, desde há umas semanas, as bolsas subiram nos pontos, graças a intervenções que não têm que ver com os mercados e de uma forma contraditória, a pátria do liberalismo, intervém no mercado, continuando a defender o freemarket e o neoliberalismo.
Mas dos Ingleses tudo é de esperar, fazem recordar o pitbull, muitas vezes não conhece o dono.
Vamos ver se a Espanha se mantém Espanha e se a regulação do mercado pelo Banco Central se mantém assim, com voz grossa e tomates apertados.
Se eles forem na enxurrada nós iremos também.
A manobra do Fed de sobe e desce taxas de juros e a especulação do preço do petróleo parecem ser coisa de aviso, tipo tiro, aos chineses e aos indianos, veremos.
Entretanto aguardamos a visita do PM de Portugal eleito pela carneirada, vamos ver se já fala melhor inglês e se vai ameaçar o Irão.
Depois de todas as diatribes para o novo CPP e CP, finalmente o que muitos aguardavam está em vigor.
Espero que os deputados todos, o Ministro da Administração Interna, o Ministro da Justiça, o da Saúde, já gora todos, o PM, o PR e mais uma série de figuras deste sítio, dispensem as seguranças e as libertem para cursos de rendas e bordados, para ensinar os meninos a não falar com estranhos numa perspectiva pedagógica e preventiva, não vão as criancinhas desencaminhar os pedófilos que por aí andam e os que podem regressar.
Entretanto os bancos podem continuar a sugar o pessoal do sítio e a ter as isenções do costume, porque já podem pagar à vista os favores.
Quem disse que o mensalão era invenção brasileira?

Recomendo uma leitura de Hobbes, porque está mais actual que nunca, “ O Leviatã”."Homo homini lupus", o homem é o lobo do homem; "Bellum omnium contra omnes", é a guerra de todos contra todos. Não pensemos que mesmo os homens mais robustos desfrutem tranqüilamente as vitórias que sua força lhe assegura. Aquele que possui grande força muscular não está ao abrigo da astúcia do mais fraco. Este último - por maquinação secreta ou a partir de hábeis alianças - sempre é o suficientemente forte para vencer o mais forte. Por conseguinte, ao invés de uma desigualdade, é uma espécie de igualdade dos homens no estado natural que faz sua infelicidade. Pois, em definitivo, ninguém está protegido; o estado natural é, para todos, um estado de insegurança e de angústia.Assim sendo, o homem sempre tem medo de ser morto ou escravizado e esse temor, em última instância mais poderoso do que o orgulho, é a paixão que vai dar a palavra à razão.

Greenspan admits Iraq was about oil, as deaths put at 1.2mPeter Beaumont and Joanna Walters in New YorkSunday September 16, 2007
The man once regarded as the world's most powerful banker has bluntly declared that the Iraq war was 'largely' about oil.Appointed by Ronald Reagan in 1987 and retired last year after serving four presidents, Alan Greenspan has been the leading Republican economist for a generation and his utterings instantly moved world markets.In his long-awaited memoir - out tomorrow in the US - Greenspan, 81, who served as chairman of the US Federal Reserve for almost two decades, writes: 'I am saddened that it is politically inconvenient to acknowledge what everyone knows:
the Iraq war is largely about oil.'
Que bom recordar...

Ben e a crise hipotecária...são episódios bíblicos...

Ben Bernanke, a crise hipotecária e de subprime...
Reparem na secura da boca.
Foi "isto" e quem o controlou que provocaram a crise que vivemos a nível mundial, não há volta a dar, não percam a memória, para contarem mais tarde aos vossos filhos ou netos sobre quem os escravizou!
"Isto", não são pessoas, são outra coisa qualquer.

http://www.youtube.com/watch?v=INmqvibv4UU&eurl=http%3A%2F%2Fwww%2Einfowars%2Ecom%2Fbernanke%2Din%2Ddenial%2Dabout%2Dlooming%2Dcrisis%2D2005%2D2007%2F&feature=player_embedded

Gestores em cofre alheio

"Deus sabe que não tenho o mais vago interesse pela carreira do futebolista Cristiano Ronaldo. Bem, pelo menos os meus amigos sabem. Ao contrário do que acontece com milhões de pessoas, não me importa se o indivíduo joga muito, onde joga e por quem joga. Devo dizer que também não me importa quanto o indivíduo ganha. Se um clube da bola deseja pagar-lhe 18 euros por minuto, tudo bem: podia pagar-lhe o dobro ou o triplo e eu continuaria indiferente. À primeira vista, é sinal de que o clube tem dinheiro e que o investimento vale a pena. Mas ainda que o clube vá à falência ou o investimento não compense, por mim tudo bem na mesma. Em suma, o assunto não me diz respeito. Em compensação, parece dizê-lo a uma imensa quantidade de portugueses, que não evitam opiniões favoráveis ou desfavoráveis sobre a matéria como se o dinheiro do Real Madrid fosse deles. O mistério é que quando, no futebol ou no "interesse público" que calha, o Estado gasta o dinheiro que é de facto deles, muitos portugueses não têm opinião nenhuma. Nem, consequentemente, dinheiro nenhum."

Alberto Gonçalves

quarta-feira, junho 24, 2009

A clareza democrática.

"O efeito de contaminação, da sobreposição de eleições que ocorreu raramente em Portugal e não é a regra, é a excepção, é sempre um efeito de diminuição da clareza democrática e até de partidarização do efeito de contaminação (mais aqui)"
O “ministro” Louçã anda louco a ver o tapete debaixo dos pés a fugir-lhe…

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Call It Rock n' Roll

E a criminalidade continua a diminuir.,,

1/ "Durante uma hora e meia, três jovens, entre os 20 e 30 anos, espalharam o terror na zona do Vale do Ave. Atacaram duas mulheres, de 29 e 49 anos, que sequestraram, roubaram e violaram (mais aqui)"

2/ "A condutora buzinou assustada mal viu dois encapuzados aproximarem-se do seu carro para o roubarem, quando ia meter combustível em Palhais, na Charneca da Caparica, Almada, e foi logo atingida na cabeça por um tiro de caçadeira (mais aqui)"

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Paga tonho.

1/ "Petróleo cai para os 68 dólares com aumento dos inventários (mais aqui)"

2/ "Combustíveis sobem na Galp, Cepsa e BP (mais aqui)

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Crise

"As fracas perspectivas para a actividade económica na zona euro e as provas generalizadas de uma queda da inflação mostram que é necessário usar a margem que ainda existe para descer o valor da principal taxa de refinanciamento [a Refi] o mais depressa possível”, diz hoje a OCDE no seu ‘outlook’ económico de Junho (mais aqui)"
A tal crise que está quase a acabar...

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As vantagens de pertencer à UE

"Um desempregado português do sector têxtil vai ter uma ajuda de 553,7 euros enquanto o seu homólogo espanhol receberá 3 mil euros. Os valores fazem parte do fundo de ajustamento hoje aprovado pela Comissão Europeia (mais aqui)"

Prioridades

"Há dias, celebrou-se a "semana gay" numa nação do Médio Oriente. Houve seminários internacionais, palestras, debates e, para os extrovertidos, desfiles recreativos em diversas cidades. O acontecimento, invulgar naquela área geográfica, é uma trivialidade na referida nação, e só foi possível porque, também de modo extraordinário para os padrões da região, essa nação, Israel, é um estado democrático.

Perante isto, seria de esperar dos activistas dos direitos civis relativa simpatia pelo que Israel significa. Inesperadamente, por exemplo em Portugal, a simpatia é escassa. Face a Israel, o único sentimento que muitos dos activistas revelam é aversão. Face à liberdade israelita, os activistas limitam-se a lembrar que o judaísmo ortodoxo condena a homossexualidade, embora não lembrem que uma condenação simbólica não é bem o mesmo que condenar homossexuais à morte, prática corrente no exacto Irão que inspira aos tais activistas a solidariedade que hoje se vê.

Recapitulemos. Uma paródia eleitoral, com candidatos fantoche e tudo, convenceu os ocidentais das "causas" de que o Irão é uma democracia. A seguir, os resultados da paródia convenceram-nos de que a democracia iraniana corre perigo e que é urgente apoiar, nem que seja pela Internet, o candidato "reformista". Não havendo nenhum, inventaram o sr. Mousavi, fundamentalista célebre, ex-primeiro-ministro, favorito de Khomeni e um possesso cujo currículo inclui, além do sangue de 30 mil dissidentes políticos, a perseguição de gays e minorias em geral.

Contas feitas, temos, nos blogues e nas colunas de opinião a que alguns ascenderam, imensos combatentes pela igualdade cívica dos homossexuais a aplaudir um dos homens que, no mundo e nas últimas décadas, mais contribuiu para a situação desgraçada em que tantos homossexuais vivem ou, com maior probabilidade, morrem. Sábado de tarde, os combatentes marcham em Lisboa contra a discriminação e a evocar os 40 anos dos confrontos de Stonewall, um bar gay nova-iorquino onde a polícia andou à bulha com umas dúzias de frequentadores. Sábado à noite, voltam aos blogues a exaltar Mousavi, o "reformista" que ajudou a tornar a discriminação lei e que, directa ou indirectamente, presidiu à prisão, tortura e execução de inúmeros homossexuais que escaparam à fúria das famílias.

Se calhar, as posições do "reformista" acerca do programa nuclear iraniano e da sonhada obliteração de Israel explicam o aparente paradoxo: a defesa dos gays tem prioridades, e os gays, coitados, não são uma delas
."

Alberto Gonçalves

terça-feira, junho 23, 2009

Don't Let Me Be Misunderstood

Um País fácil

"Mário Lino não gosta de viver em infantários. Por isso ninguém pode ficar surpreendido por ele ter declarado que já não tem "idade para estar no Governo". O ministro sente-se desconfortável, o que é compreensível. Mário Lino não é velho para fazer parte de um Governo.

Há é quem seja demasiado novo para o integrar. O problema deste Governo coloca-se nesse nível: muitas das suas iniciativas políticas estão ao nível do jardim-escola. Não admira que Mário Lino se sinta como um mordomo a gerir uma mansão de miúdos irrequietos.

A juventude tanto pode ser rebelde como irresponsável. Neste Governo tudo é facilitismo, nada é estratégia. Veja-se um exemplo: há poucos vigilantes florestais em Portugal. Em vez de se apostar em criar um corpo eficaz de prevenção dos fogos e de gestão da floresta, contrata-se desempregados para fazer a tarefa durante uns tempos. Portugal, na gestão da mancha florestal, está ao nível da escola primária. Como tudo é brincadeira e pouco é a sério, o Governo julga que todos os problemas se resolvem com "spin".

A facilidade dos testes do 9º, 11º e 12º anos mostra como o Governo, em véspera de eleições, se prepara para mostrar, com as inevitáveis estatísticas, que as suas reformas estão a melhorar a qualidade do Ensino. Baixando a exigência, elevam-se as notas. O Governo, na educação, é um aprendiz de Ícaro enquanto lê livros da Anita. Não admira que Mário Lino, querendo ler Eça ou Teixeira de Pascoaes, não tenha paciência para quem está ao nível do Pato Donald
."

Fernando Sobral

Os bons alunos

"As provas de aferição do ensino secundário realizadas em 2009 obtiveram os “melhores resultados de sempre”.

Sem dúvida, que num país onde a educação é das mais caras (em percentagem do produto) e menos eficazes da Europa (em termos do desempenho comparado dos alunos), tal seria motivo para celebração. Mas não nos precipitemos.

No final das provas estranhei o à vontade com que os alunos declaravam que as provas haviam sido "fáceis". Isso não é habitual. Portanto, ou os nossos alunos melhoraram muito ou as provas diminuíram de exigência. De acordo com professores e peritos, parece ser esta, infelizmente, a causa de tamanho sucesso. A queixa mais frequente é a de que as questões foram colocadas a um nível excessivamente elementar. Tal, é comprovado pelo facto de em provas internacionais, o desempenho dos nossos estudantes continuar a ser dos piores.

O carácter excessivamente elementar de um exame tem uma importante consequência: não permite evidenciar os bons alunos, os únicos que conseguem lidar com as questões mais complexas. Consequentemente, nivela todos os estudantes por baixo. Para os maus alunos passa um sinal de que a vida se desfará em facilíssimos e que não é preciso trabalhar arduamente para obter resultados e é a prova de que nada tem de ser levado a sério, o que terá consequências na forma como encararão a sua futura vida profissional.

O facilíssimo desmotiva os bons alunos, os quais se queixam de o ministério andar a brincar com o trabalho deles e o dos professores, retirando-lhes, ainda, o incentivo a trabalhar, a empenhar-se em aprender e a levar a sério a sua actividade. Numa fase da vida importante para a definição da sua personalidade, passa-lhes a mensagem de que não existe diferença entre o muito bom e o suficiente e de que o trabalho extra não tem recompensa.

Estes bons alunos são os potenciais futuros cientistas, investigadores, tecnólogos, gestores, médicos, etc. São a futura elite do país. É deles que se espera, através das suas capacidades científica, inovadora, empreendedora e profissional, a criação de crescimento económico capaz de propulsionar o país e pagar as facturas do TGV, das SCUT e demais galopante dívida pública gerada no momento actual. É deles, da sua capacidade criadora, que a minha geração vai depender para ter algo que se pareça com uma pensão. Ao avaliá-los através de provas que os desincentivam a trabalhar, a tomar riscos, a compreender os benefícios de se aperfeiçoar e ser melhor, não estimulamos a fundo a as suas capacidades. Por isso, a actual política facilitista, com objectivos puramente propagandísticos, não se limita a acentuar a continuada destruição do papel do ensino secundário. Contribui para agravar, ainda mais, o futuro do país
."

Paulo Soares de Pinho

Estes economistas.

"Há vários meses que na faculdade onde dou aulas está pintado numa parede uma inscrição que pergunta, “estes economistas, para quê?”.

Quando li o manifesto dos 28 foi essa a questão que me veio à cabeça. Na verdade, há um manifesto que eu, enquanto não-economista, esperava ver escrito. Um manifesto que reflectisse sobre o falhanço do mesmo saber técnico que agora é invocado para intervir politicamente na previsão do que aconteceu à economia mundial ou sobre a incapacidade de construir respostas políticas que prevenissem o descalabro. Por exemplo, não seria de esperar que se assistisse a um questionamento crítico do Pacto de Estabilidade que tantos entraves criou ao crescimento económico no espaço europeu?

Perante tantos motivos para mobilizar o espírito crítico, o grupo dos 28 propõe que, perante uma crise com uma extensão com poucos termos de comparação, o país pare para fazer uma reavaliação e que suspenda os investimentos públicos em grandes obras. Ora face à crise que vivemos, parar é um luxo que não nos é de facto permitido, como aliás revelam várias instâncias internacionais. Por todas, vale a pena recordar a opinião recente de um conjunto de peritos do FMI sobre a política orçamental adequada para responder à crise. Em primeiro lugar, os Governos devem assegurar que não há cortes nos programas já existentes por falta de recursos; em segundo lugar, os programas que haviam sido adiados ou interrompidos por falta de recursos ou por considerações macroeconómicas, devem recomeçar rapidamente; finalmente, tendo em conta que o recurso ao crédito por parte dos privados se tornou bem mais exigente, o Estado deve aumentar a sua participação nas parcerias público-privadas, de modo a assegurar que os projectos se realizam.

O que, por sua vez, gerará emprego (uma urgência social e económica) e oportunidades de investimento privado. Ou seja, tudo exactamente ao contrário do que nos é proposto pelos 28. Uma segunda preocupação do manifesto remete para o risco de, com os investimentos programados - que aliás já foram revistos em baixa sucessivamente -, estarmos a estrangular o futuro da nossa economia. Como lembrava no seu ‘blog' Pedro Lains, esta perspectiva assenta num duplo equívoco. Por um lado, com a integração económica, Portugal não existe autonomamente, mas apenas como uma região pobre da Europa. Por outro, as regiões pobres das zonas ricas devem ser mal-comportadas financeiramente, como revelam vários exemplos de ‘catch-up' com sucesso. É por isso que, perante a crise, e tendo em conta o nosso carácter pobre e periférico, o que precisamos é de economistas que olhem para o futuro, não ficando presos às vias tradicionais que manifestamente falharam. Se essa reflexão vier de quem participou de modo mais ou menos activo nos falhanços dos últimos 35 anos, tanto melhor
."

Pedro Adão e Silva

A arte de bem receber

"Ahmed Ghailani, o primeiro transferido de Guantánamo para os EUA, chegou há dias a Nova Iorque a fim de ser julgado. O sr. Ghailani, que possui nacionalidade tanzaniana, que enfrenta trezentas acusações e que é suspeito da morte de 224 pessoas em diversos atentados no continente africano, é representativo de muitos dos duzentos e tal detidos que permanecem na prisão americana em Cuba. Mas não de todos.

Abdallah Saleh al-Ajmi, natural do Koweit, foi um exemplo dos detidos em Guantánamo sob acusações menores, no caso a pertença aos talibãs. Após interrogatórios militares puxarem para um lado e advogados para o outro, acabou libertado em finais de 2005 e enviado para o país natal. Em Março de 2008, após gravar o tradicional vídeo em que glorificava Alá e ameaçava os apóstatas, Abdallah Saleh al-Ajmi conduziu um camião armadilhado contra uma base do exército iraquiano nos arredores de Mosul. Matou apenas 13 soldados e feriu apenas 42.

Não vale a pena discutir a ideia de Guantánamo, a névoa jurídica que a envolveu ou a autêntica escola corânica que ali se permitiu. As discussões, hoje, estão em fase mais adiantada e visam a extradição dos respectivos ex--prisioneiros para países aliados dos EUA. Observante da hospitalidade da casa, o nosso MNE já se dispôs a aceitar um "pequeno número" deles. Óptimo, mas, pequeno que seja, qualquer número retirado dos eventuais fanáticos que ainda sobram parece-me altamente susceptível de jackpot. Talvez nos saiam assassinos em grande escola género Ghailani, talvez nos saiam assassinos moderados género al-Ajmi, talvez nos saiam infelizes capturados por engano e decididos a levar uma vida decente. É esperar o resultado da rifa. Se houver festa, será com certeza explosiva
."

Alberto Gonçalves

segunda-feira, junho 22, 2009

Comparações "à la carte"

"Carga fiscal portuguesa aumentou entre 2000 e 2007. Apesar de ainda estar abaixo da média comunitária, que desceu, a carga fiscal em Portugal aproxima-se dos valores europeus (mais aqui)"
É sempre agradável ler comparações esquecendo pequenos pormenores desagradáveis. Neste caso os salários portugueses com os da Europa…

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Angie

O bloco que o Bloco quer

"O manifesto de 28 economistas pedindo ao Governo que reavalie os grandes investimentos públicos é uma bomba política: pelo momento e pelo relevo dos protagonistas.

A novidade foi a reacção do Bloco de Esquerda: Louçã, talvez afligido por Vitalino Canas ter sido remetido para uma merecida obscuridade, liderou a defesa do Governo: increpou os autores de "ministros de pouca fama", insinuou manobras de "máfia financeira" e socorreu as grandes construtoras com um desvelo tal que o cheguei a imaginar, daqui a alguns anos, sentado entre Jorge Coelho e Dias Loureiro na administração de alguma delas.

Mas a causa imediata do achaque de Louçã deve ser outra – o Bloco já sonha em ir para o Governo com o PS, após as Legislativas, e convém ir mostrando serviço
."

Carlos Abreu Amorim

Tiro ao boneco

"O presidente do Conselho vai, um a um, sacrificar em público os ministros que andaram quatro anos a dar o corpo ao manifesto.

Vai animado o debate sobre a nova imagem do senhor presidente do Conselho. As opiniões dividem-se, uns garantem que o animal feroz continua vivo e de boa saúde, outros antecipam a sua rápida transformação num simpático miau-miau que os amantes de gatos e gatinhos adorariam ter em casa, deitado no sofá, pachorrento, fiel e sempre à espera dos mimos do dono. É evidente que o senhor presidente do Conselho garante que tudo isso não passa de uma enorme campanha negra, mais uma, e que presidente do Conselho só há um, ele e mais nenhum. Até pode ter razão.

Depois da enorme banhada eleitoral, em que o PS conseguiu a notável proeza de não atingir o milhão de votos, é muito natural que o senhor presidente do Conselho esteja a sentir-se muito mal, como se tivesse sido atropelado por um TIR cheio de pregados congelados numa das muitas estradas e auto-estradas sem trânsito que são o orgulho da gestão socialista. É natural por isso que o estilo humilde, a voz de veludo e a conversa sonsa da sua última entrevista na SIC não tenham acontecido por sugestão de um qualquer consultor de imagem, mas sim consequência de uns tantos comprimidos para o relaxe recomendados pelo farmacêutico da esquina. O que o senhor presidente do Conselho anda a fazer é muito pior do que uma manhosa mudança de imagem. Anda, pura e simplesmente, a atirar aos bichos os ministros que protagonizaram as reformas mais polémicas e mais custosas em matéria de popularidade e de votos.

A cena começou com a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, estendeu-se às grandes obras públicas do regime, na pessoa do impagável ministro Mário Lino, e ameaça estender-se ao odiado ministro Jaime Silva, da Agricultura. Com uma máquina calculadora na mão, o ainda presidente do Conselho deste sítio cada vez mais mal frequentado ataca sem qualquer pudor as reformas que defendeu ferozmente no passado. Quando veio a público afirmar que a contestada avaliação dos professores era, afinal, tão exigente, tão complexa e tão burocrática, está tudo dito sobre a falta de vergonha de um senhor que não olha a meios para atingir os fins. A partir de agora, o senhor presidente do Conselho vai fazer tudo para salvar a sua pele. E vai, um a um, sacrificar em público os ministros que andaram quatro anos a dar o corpo ao manifesto pelas suas políticas, pelas suas reformas, pela sua arrogância, pela sua propaganda e pelas suas mentiras eleitorais
."

António Ribeiro Ferreira

Milagre

"Esta coisa da humildade está a dar resultado. Os comentaristas comentam, os analistas analisam, os entrevistadores entrevistam e…nem uma palavra sobre o Freeport. O choque e espanto causado ao país pela súbita decisão do primeiro-ministro de passar a ser humilde ofuscou para planos remotos todas as outras questões definidoras de carácter em que ele está envolvido.

Que interessa o Freeport e Lopes da Mota, a licenciatura e as casas compradas a offshore, os primos e o DVD, quando temos em mão um prodígio que rivaliza com as aparições mais miraculosas? Sócrates teve agora a sua epifania. Foi preciso o pior resultado eleitoral na história do PS para a revelar, mas aí está. Morreu o Animal Feroz, viva o Animal Domesticado. Aleluia, que nasceu o novo homem, doce, cordato, simpático, sereno. "Hossana" grita o país em coro, maravilhado com o testemunho de humildade franciscana que agora transborda das suas comunicações e que, qual aura de beatitude, se está a alastrar, comunicando-se a fiéis e a infiéis, a jornalistas e políticos. Santos Silva, Silva Pereira e Luís Paixão Martins olham-no embevecidos e murmuram: "É tão humilde, não é?".

Do sector privado ao público, do gentio da fértil OTA aos nómadas de Alcochete, todos dão graças como no "Sermão da montanha"; "Bem-aventurados os mansos pois herdarão a terra" ouve-se em coro quando o povo sobressaltado vê que o Animal Feroz partiu e em seu lugar serpenteia a mansidão dialogante. Estava tudo previsto. Foi inspiração súbita que levou os técnicos da assessoria de imagem a ter o ímpeto de correr para o Antigo Testamento e parar, siderados, em Isaías 65:25 onde se lê claramente: "E o lobo e o cordeiro pastarão juntos (em longas entrevistas, subentende-se) e o leão comerá palha como o jumento e (subentende-se) não haverá mais cenas embaraçosas".

Nem no Parlamento. Nem à saída da Comissão Política. Nem quando o mais humilde dos repórteres abordar o novo José Sócrates e lhe perguntar se o haver mais um arguido no seu staff próximo é mau para ele, e o novo Sócrates, sorrindo docemente, responder: "Desculpe. Ser arguido é bom. Eu acho que todo o meu staff devia ser arguido." De facto, a diferença é tão abissal que já nem precisamos de eleições. Já mudámos de governante. Ou melhor ainda. O governante mudou-se a si mesmo. Acabou-se o vociferante Orlando Furioso de Ariosto, destruído em autocombustão purificadora entre frémitos coléricos no Parlamento e estertores catárticos em estúdios de TV. Ficou-nos o Orlando Enamorato de Boiardo, suave, sério, intenso e sempre, sempre, terno.

Como é que podemos cometer o sacrilégio de ir buscar as turvas águas do sapal de Alcochete para enlamear o renascimento? Os vendilhões já foram escorraçados do templo. Fica-nos a nova era e a nova imagem que vai ser construída por santos profetas milagreiros, que já produziram santos milagres em África, onde Santos, em poucos dias e alguns milhões de petrodólares e gemas de sangue, passou de ditador a santificado líder eleito. Se conseguiram fazer isto, convencendo os africanos junto ao Equador que era preciso usar um grosso cachecol de lã com as cores do MPLA em pleno Verão Austral, como é que não hão-de convencer os portugueses a quem a fé nunca faltou nesta terra de prodígios?

Ontem foi em Fátima, hoje é na Comissão Política do PS e nas Novas Fronteiras e em Portugal, sempre houve crentes e crédulos.
"

Mário Crespo

999 800

"O eterno desígnio dos dissidentes é a dissensão. Por isso não surpreende que 200 apoiantes de Manuel Alegre tenham ficado aborrecidos com a permanência deste no PS e decidido fundar um novo partido. Desde que haja tempo livre, hobbies não faltam. O chefe dos amotinados, um Alexandre Azevedo Pinto, explica que a Nova Esquerda (é verdade, já há nome) deseja "ocupar o espaço sociológico que foi criado pela candidatura presidencial de Alegre".

Engraçado. Nunca me ocorrera que o famoso milhão de votos que Alegre arrasta por aí há anos, resultado do momentâneo voto de "protesto" e do peculiar ódio de certos socialistas ao dr. Soares, correspondesse a um "espaço sociológico". Já a outra definição usada pelo tal Alexandre Azevedo Pinto, "um buraco negro que não está preenchido", parece-me acertadíssima: a matéria que os buracos negros atraem nunca mais volta a ser vista. Os "alegristas" desiludidos não saberão muito de política, mas são peritos em astronomia. Adeus, e paz às suas almas
."

Alberto Gonçalves

domingo, junho 21, 2009

O menino de ouro da SIC

"E, ao décimo dia após a derrota nas "europeias", o "animal feroz" transformou-se num cachorrinho alimentado a Xanax. O eng. Sócrates surgiu na SIC a conversar docemente com uma jornalista da casa, tão doce como ele. O exercício, que durou espantosos cinquenta minutos, pretendia ser uma demonstração de modéstia, ou a prova de que o primeiro-ministro, à semelhança da lua, possui uma face oculta, e que, à semelhança de Guterres, a face é meiga. Na verdade, a "entrevista" constituiu uma das páginas mais embaraçosas da nossa já não excessivamente solene democracia. Não tanto para o espectador, que com risinhos e sonolência lá sobreviveu àquilo: para o eng. Sócrates, que pode não ter sobrevivido.

Modéstia, afinal, não houve nenhuma. Salvo pormenores "formais" (a "burocracia" na avaliação dos professores, por exemplo), o eng. Sócrates reconheceu um único "erro": o parco apoio à "cultura", na presunção convicta ou simulada de que um punhado de filmes e peças por subsidiar é fonte de angústia colectiva. De resto, desfiou a propaganda do costume: reformas (?), progresso científico (?), redenção do ensino (?), crescimento económico (?), criação de emprego (?), controlo das contas públicas (toldado pela malvada "crise internacional", a maior dos últimos cem, mil ou dez mil anos, não me lembro), benefícios do investimento estatal, energias "renováveis", Magalhães, etc.

No final, confessou-se assaz contente consigo e com a sua "mundividência". Para o futuro, conta com o "país moderno", que "quer andar para a frente" e que "não se deixa abater". Não conta, presume-se, com a chusma de pessimistas retrógrados que não apreciam as maravilhas que o Governo faz por eles.

Embora embrulhada no tom intimista dos programas nocturnos de rádio, trata-se da lengalenga de sempre e do eng. Sócrates de sempre, um homem curiosamente obcecado com ele mesmo e curiosamente convencido da própria importância. Convém moderar as comparações com Guterres. O assustadiço Guterres fugiu ao perceber que percebêramos o buraco em que nos meteu. O eng. Sócrates nunca abdicaria voluntariamente do poder. No máximo, abdica da imagem com que o desempenhou durante quatro anos, trocando a velha arrogância (ou "firmeza") pela dissimulação (ou "humildade").

O pressuposto é o de que a governação se define através das aparências, ou do "estilo", e que um novo "estilo" fatalmente conduzirá os eleitores a uma nova avaliação da governação. Pelo menos é isto o que vai nas cabeças dos estrategas e conselheiros do eng. Sócrates. A propósito, quanto ganha essa gente? Seja o que for, é demasiado.

Se o eng. Sócrates não o enxerga sozinho, era aconselhável rodear-se por quem o alertasse para o perigoso ridículo da manobra. Não foi só a inépcia do seu Governo que custou ao PS as "europeias", sobretudo contra um PSD vago nas propostas e insondável enquanto alternativa. A derrota socialista deveu-se principalmente ao carácter "plástico" do líder, um holograma ruidoso que cansou os cidadãos e contrasta com a discrição quase patológica mas "humana" de Manuela Ferreira Leite. Supondo que alguém a viu, a plástica "entrevista" à SIC apenas terá aumentado o cansaço e o contraste.

Dividido entre não poder ser quem é e não conseguir ser quem não é, o eng. Sócrates encontra-se num aperto. Excepto se os portugueses acreditarem de facto nas proezas da cosmética, e os abstencionistas que o primeiro-ministro procura seduzir corresponderem à definição que o dr. César dos Açores lhes aplicou: uma multidão de estúpidos
."

Alberto Gonçalves

sábado, junho 20, 2009

ETA volta a NÃO atacar...

"Em Espanha, dois imigrantes polacos abriram um bar, em Cullera (Valência), onde os clientes são convidados a insultar. Pede-se “dá-me uma imperial, cabrón!” e, em vez de servido por dois murros, dão-nos mesmo cerveja.

O bar tenta combater o stress motivado pela crise e até oferece as tapas e a cerveja grátis se o insulto for divertido. Eu adoro insultos com graça, faço colecção: “Como falhado és um autêntico sucesso”; “telefona-me quando quiseres, terei muito prazer em desligar-te na cara”; “quanto mais penso em ti, menos penso em ti”, e assim por diante... Entretanto, estou a ver o Jornal Nacional, na TVI, e Manuela Moura Guedes noticia mais um morto no País Basco, que todos sabem ser mais uma vítima da ETA. Mas a pivot remata a notícia com esta frase que um repórter lhe preparou: “A verdade é que ninguém reivindicou o atentado.” Como se alguma dúvida houvesse da autoria da ETA (em Paris, oito etarras, que estão a ser julgados, até bateram palmas quando se soube do atentado). Os insultos divertidos vou guardá-los para quando for ao bar de Cullera. Agora, o que me sobe à boca, para o tal repórter, é trivial: “Amigo de hijos de puta
.”

Ferreira Fernandes

sexta-feira, junho 19, 2009

Would

Com nome escrito nas costas

"Há diferença entre um homem e a multidão. Um tem cara; a outra é maria-vai-com-as-outras. A opinião do primeiro vale porque o compromete; o comportamento da outra é anónimo e, por isso, quase irrelevante. Da última vez que Marcelo Caetano se apresentou em público (num Sporting-Benfica, Estádio de Alvalade, a 31 de Março de 1974) recebeu uma ovação da multidão de pé. Assim, como adivinhar o 25 de Abril? Já o gesto de seis futebolistas da selecção iraniana, ontem, na Coreia do Sul, merece atenção para se saber o futuro próximo do Irão. Muitos dos anónimos que aplaudiram Marcelo estiveram, logo três semanas depois, com a liberdade na boca. Poderiam, até, estar a ser sinceros em ambas as situações, só que a sinceridade quando é gratuita, significa pouco. Já o ocorrido com os seis homens (cada um com o seu nome escrito nas costas), comprometendo-se, é gesto de outra loiça. Caso a sua opção falhe, eles (cada um deles) terão a vida em risco. Ontem, de novo, as ruas de Teerão voltaram a encher-se. Mas, ontem, o que falou mais alto foram as pequenas bandas verdes no punho de seis homens com nome escrito nas costas."

Ferreira Fernandes

Supervisão falhada

"A supervisão do Banco de Portugal falhou redondamente. O falhanço da supervisão bancária nos casos do Banco Português de Negócios e do Banco Privado Português tem um custo para todos os portugueses, que atingiu por ora os 1,6 mil milhões de euros no caso do BPN e os 450 milhões de euros no caso do BPP. Trata-se de um valor que ultrapassa o orçamento de toda a justiça portuguesa para 2009. Mas este falhanço da supervisão vai ter também um custo político nas próximas eleições legislativas. Os portugueses não esquecem estes valores astronómicos, que lhes saem dos bolsos. E esse custo político será cobrado ao Governo, que é responsável pela nomeação do conselho de administração do Banco de Portugal e pela manutenção do seu governador em funções. Dito de modo simples, a manutenção do actual governador do Banco de Portugal é uma decisão política que vai custar caro ao primeiro-ministro.

Com efeito, o Banco de Portugal e o seu governador exercem dois tipos de supervisão: uma supervisão comportamental e uma supervisão prudencial. A supervisão comportamental consiste na vigilância da conduta dos membros dos órgãos de administração das instituições de crédito, bem como das pessoas que nelas exerçam cargos de direcção, gerência, chefia ou similares, que devem proceder nas suas funções com a diligência de um gestor criterioso e ordenado de acordo com o princípio da repartição de riscos e da segurança das aplicações e ter em conta o interesse dos depositantes, dos investidores, dos demais credores e de todos os clientes em geral. A supervisão prudencial visa garantir que as instituições de crédito aplicam os fundos de que dispõem de modo a assegurar a todo o tempo níveis adequados de liquidez e solvabilidade. Para exercer as suas funções de supervisão, o Banco de Portugal pode emitir recomendações e determinações específicas para que sejam sanadas irregularidades, aplicar coimas, sanções acessórias e medidas provisórias, como a suspensão preventiva do exercício de funções dos administradores, e mesmo tomar medidas extraordinárias de saneamento, quando uma instituição de crédito se encontre em situação de desequilíbrio financeiro, traduzido na redução dos fundos próprios a um nível inferior ao mínimo legal ou na inobservância dos rácios de solvabilidade ou de liquidez. Entre as medidas extraordinárias, o Banco de Portugal pode ordenar a apresentação, pela instituição em causa, de um plano de recuperação e saneamento, designar administradores provisórios e impor restrições ao exercício de determinados tipos de actividade ou ainda a sujeição de certas operações ou de certos actos à aprovação prévia do Banco de Portugal. O Banco de Portugal pode até exigir a realização de auditorias especiais por entidade independente, por si designada, a expensas da instituição auditada.

Tudo isto o Banco de Portugal poderia e deveria ter feito em tempo útil, quando surgiram os primeiros indícios e notícias de irregularidades várias naquelas instituições bancárias. Só finalmente em Dezembro de 2008 o Banco de Portugal nomeou administradores provisórios para o BPP e só em Fevereiro de 2009 suspendeu preventivamente das suas funções seis administradores do BPP. Por outro lado, o Governo concedeu uma garantia ao consórcio de bancos que emprestou ao BPP 450 milhões de euros em Dezembro de 2008 e desde então muito tempo passou sem que uma solução definitiva tenha sido encontrada, aguardando ainda os clientes que sejam honrados os depósitos no âmbito do mecanismo do Fundo de Garantia de Depósitos e seja resolvida a questão dos produtos de capitais garantidos. Ao invés, no tocante ao BPN, o Governo foi lesto em assumir os custos colossais do falhanço da supervisão bancária, nacionalizando o banco em Novembro último, sem que o cidadão comum tenha compreendido a disparidade de critério da intervenção pública. Não é apenas por esta política errática que o primeiro-ministro vai ter de prestar contas. Ao manter em funções o governador do Banco de Portugal, o primeiro-ministro fica também politicamente associado ao falhanço e às omissões graves da entidade supervisora
."

Paulo Pinto de Albuquerque

Pobres de nós, contribuintes

"Há quase uma década que as contas públicas nos perseguem. Os portugueses foram pagando cada vez mais impostos e recebendo cada vez menos do Estado. E misteriosamente o "monstro" do défice público continua bem vivo e gordo.

Dois aumentos de IVA, engenharias fiscais várias e narcotizantes, propinas na educação superior, taxas moderadoras na saúde, menos apoios nos medicamentos, reduções nas pensões de reforma, limites nos subsídios de desemprego e doença, cortes na função pública...
Várias tributações a mais, benefícios a menos, serviços sem melhorias visíveis e o défice público continua elevado.

É extraordinária a incapacidade que os governos desta década revelaram em domar "o monstro", como Cavaco Silva lhe chamou uma vez em finais dos anos 90. Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates, é preciso acreditar, quiseram genuinamente resolver o problema. O actual primeiro--ministro corre o sério risco de ser castigado nas próximas eleições legislativas pelas batalhas que travou com o objectivo de disciplinar as contas públicas.

A agressividade e autoritarismo que hoje se vê em Sócrates, quando antes se via combatividade e persistência, são o efeito nele e nos portugueses de não se ter vencido o "monstro". Apesar de todos sentirmos hoje que o "monstro" nos dá menos apesar de nós darmos mais ao "monstro".

O que justifica que pessoas de indiscutível valor e vontade de controlar a despesa pública, como Manuela Ferreira Leite, Bagão Félix e hoje Fernando Teixeira dos Santos, nenhuns progressos tenham feito?

Manuela Ferreira Leite inaugurou algumas práticas que os seus sucessores seguiram. Começou com a descoberta dos "buracos" do governo anterior, validados pelo Banco de Portugal. José Sócrates caiu na mesma tentação. Um e outro, nem que seja parcialmente, ganharam margem para gastar mais, culpando o passado.

Manuela Ferreira Leite generalizou também a prática - já antes feita com Manuela Arcanjo - da receita extraordinária, com a famosa concessão da CRIL e a venda de dívidas fiscais, e a sempre desmentida engenharia de retirar os hospitais do universo do Estado. Bagão Félix agarrou-se a essa técnica e conseguiu retirar à CGD o seu fundo de pensões.

José Sócrates tentou resistir à receita extraordinária. Mas o "monstro" também o arrastou. O seu ministro das Finanças conseguiu marcar 2007 como o único ano em que se cumpriu o Pacto de Estabilidade sem medidas temporárias. Mas no ano passado foram-se buscar receitas ao futuro, alargando o prazo de concessões e criando outras, para fazer de conta que as contas públicas estavam equilibradas.

A cultura de um povo é sempre o argumento que se vai desenterrar quando já não se consegue encontrar mais nenhum. Mas uma década de derrota no combate ao défice público - e uma história ainda mais longa de indisciplina financeira - pode já ser suficiente para nos escudarmos na "cultura do povo". Que é afinal assim que nos vê o Norte da Europa, mais disciplinado.

Mudar a "cultura" para matar o "monstro" da despesa pública é, a cada pedido de apoio, gritar bem alto quanto é em IRS ou em IVA pago por todos nós. Talvez assim se consiga acabar de vez com o problema das contas públicas
."

Helena Garrido

Lobo ou cordeirinho?

"José Sócrates anda às aranhas, tentando perceber como alterar o desaire das europeias. E, embora não saibamos bem o que (e até onde) vai mudar, uma coisa é certa: ele está a mudar. Há dois dias deu um cheirinho de que pode estar a preparar uma imagem mais "soft". Ontem, no Parlamento, confirmou essa ideia.

Com mais ou menos mudanças, é caso para perguntar se o "novo" estilo vai mesmo pegar. Sócrates habituou-nos, durante quatro anos, a um estilo tão verrinoso que é difícil mudar em tão pouco tempo. Por muito boa que seja a interpretação. A experiência mostra que dificilmente estas transformações súbitas funcionam: como explicar a milhões de pessoas que o primeiro-ministro arrogante, duro e determinado que eles conheceram durante quatro anos se tornou, repentinamente, num cordeirinho?

José Sócrates cometeu muitos erros ao longo dos últimos anos. Mas o ser determinado, e ter um rumo, não foi um deles. O problema é que o primeiro-ministro foi demasiado teimoso em demasiadas matérias. Deveria antes ter escolhido um grupo restrito em relação ao qual não fazia cedências, negociando nas restantes. Não soube fazer isso e, dessa forma, coleccionou anticorpos em demasiados sectores da sociedade. Mas, ao fazer um flic-flac tão repentino, corre o risco de que os portugueses olhem para ele desconfiados. Porque dificilmente um lobo se consegue esconder sob a pele de ovelha. Além de que corre o risco de alienar os lobos
..."

Camilo Lourenço

A liberdade deles....

"A democracia portuguesa está mal. O sistema partidário, como um todo, fenece. Quando os partidos representados na Assembleia da República não são capazes do consenso necessário para eleger o Provedor de Justiça e obrigam Nascimento Rodrigues a manter-se no cargo, contra a sua vontade e o seu estado de saúde, quase um ano transcrito após a cessação do seu mandato, uma coisa fica clara - estes partidos não servem a Nação. Estes partidos não defendem o interesse nacional. Estes partidos não se preocupam com o povo. Pelo contrário, ocupam-se, isso sim, nos seus jogos de poder, em mesquinhas disputas, características da baixa política. Basta ver a forma como o prof. dr. Vital Moreira, a quem se exige seriedade académica, honestidade intelectual, rigor científico, dispara a torto e a direito e ataca, chinela no pé, o PSD, afirmando que "todos aqueles senhores" que, no BPN, utilizaram "a economia para efeitos puramente criminosos" são, "certamente por acaso e só por acaso, figuras gradas do PSD"; e, por isso, intima o dito a pronunciar-se "sobre a roubalheira do BPN". O rigor do constitucionalista perdeu-se, descidas as escadarias da Universidade de Coimbra, na pressa de apanhar o avião para Bruxelas. E nem se lembra, o candidato Vital, que quem tem Freeports de vidro devia ser mais comedido nas bojardas. Triste do povo a quem propõem tais tribunos.

Mais triste, ainda, o povo a quem, um outro senador, também do PS, quer obrigar a votar porque a democracia (deles) "precisa de mais (…) participação eleitoral para ser uma democracia útil, genuína e sólida". Eis uma reveladora falácia. Temente da falta de representatividade dos que não sabem ou não querem servir o povo, César propõe-se penalizar "em termos fiscais ou em termos de benefícios ou acesso a serviços públicos" os cidadãos que não votem, e não apresentem "uma justificação adequada". Chocante. Persecutório. Assustador. Claro que tudo isto faz sentido num país em que o primeiro-ministro perde tempo a processar jornalistas, enquanto na Entidade Reguladora para a Comunicação Social há quem defenda uma "reprovação clara e substantiva" da forma como Manuela Moura Guedes apresenta o jornal nacional da TVI dada a sua "linguagem gestual e facial (…) que inclui trejeitos, risos irónicos, e outras formas de expressão não verbais" e assim "atenta contra o rigor da informação".

Talvez todos estes atentados à saúde da democracia nos fossem mais leves se a canção dos Xutos, "Sem eira nem beira", passasse na Rádio. Mas não passa. Claro que o facto da cantiga se ter transformado numa espécie de bandeira anti-Sócrates não é para aqui chamado. Ainda bem que vivemos em liberdade.
"

Mário Contumélias

quinta-feira, junho 18, 2009

A partidocracia e o povo burro em todos os sentidos...

Na TSF:
PS, PCP, CDS-PP e BE coincidem na data de 11 de Outubro para a realização das eleições autárquicas.
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, esteve a receber os diversos grupos parlamentares, na Assembleia da República, sobre a data das eleições autárquicas, que cabe ao Governo marcar.
Estes partidos coincidem também na defesa de que autárquicas e legislativas devem ser realizadas em dias separados.
No caso do líder parlamentar do PS, Alberto Martins disse que tal deve acontecer a bem da clareza democrática.

«Nós valoramos muito a ideia da clareza e da verdade democrática e do rigor de procedimentos. As legislativas têm uma natureza nacional e as autárquicas têm um valor específico, pelo que devem acontecer em datas distintas», defendeu.

Por seu turno, Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP, alegou que o argumento de que seria mais barato ter autárquicas e legislativas no mesmo dia não deve ser tema de conversa.

Sobre a data das legislativas, Bernardino Soares disse que o PCP tem preferência pelo dia 27 de Setembro.
Uma data que não levanta reservas ao Bloco de Esquerda, conforme adiantou o deputado João Semedo.

No que respeita ao CDS-PP, Diogo Feio defende autárquicas e legislativas em dias diferentes com base na urgência de que Portugal tenha um novo Orçamento de Estado.

Opinião contrária tem a líder do PSD, que defendeu hoje em Bruxelas que as eleições legislativas e autárquicas devem realizar-se no mesmo dia.
Uns a bem da clareza, democrática é claro e outros, porque o dinheiro para eles não conta, desde que seja o controbuinte a pagar, ideia pioneira do senhor Bernardino, que nunca deixou de ser imberbe, por mais idade que se lhe dê.
De facto isto é mesmo um sítio, muito mal frequentado e chamar de democracia a isto só porque se vai a votos é obra.
A partidocracia esqueceu afinal o estado do sitio, preocupa-se apenas com o medo de serem castigados pelos votos nulos ou pela abstenção ou pela perda pura e simples de câmaras e mandatos,daí quererem andar em campanha por esse sítio fora, como se o voto dependesse dela.
O povinho e a partidocracia querem é manter os camaradas nas câmaras ou retirar uns de umas para ganhar outras, mas em actos separados, porque o povo, como eles sabem é anlfabeto e daltónico, não sabendo no meio de tanto boletim se vão votar nos seus protegidos.
O sítio de facto não aguenta tanto acto eleitoral e depois de tudo, virá alguém a pedir aos mesmos, mais sacrifícios para a canalha esbanjar e distribuir pelos nepotes no poder central e no autárquico, porque se trata de facto de uma coisa que não é democracia, é uma coisa assim formada por gente que apenas serve o nepotismo partidário, o país esse, está em último lugar.
Por mim não voto ou voto em branco, já que não me posso livrar deste "lumpen".

quarta-feira, junho 17, 2009

Até amanhã e boa sorte!!

Ideias brilhantes.

Viaje de transporte público pela sua saúde.

"Aldair fazia-se acompanhar por quatro amigos e todos eles tentaram escapar à ira de um grupo de duas dezenas de jovens de bairros rivais. Os problemas começaram no Armazém F, nas Docas, onde estiveram na festa da espuma, e estenderam-se ao comboio, terminando em tragédia na estação de Cascais. No comboio, uma passageira de 42 anos também foi agredida, tendo sido hospitalizada com problemas na coluna e fractura de uma vértebra (mais aqui).
Viaje de comboio e leve uma carga de lenha gentilmente ministrada pela raça protegida deste politicamente correcto.

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CR7

"A decisão do Real Madrid em contratar o jogador português por 94 milhões de euros está a tornar-se num assunto controverso entre os políticos e empresários espanhóis. A ministra das Finanças espanhola, Elena Salgado, já afirmou por seu turno esperar que estes créditos ao Real Madrid sejam também acompanhados por um aumento dos créditos às empresas, de modo a ajudar a economia espanhola a sair da recessão: “É-me difícil avaliar a decisão [dos bancos], mas digo aos bancos que, se têm liquidez, então que concedam créditos às pequenas e médias empresas e às famílias. Façam também um esforço por eles.

“Este não é um bom exemplo a dar, quando o país atravessa uma situação económica tão séria”, afirmou o presidente da Federação Nacional de Trabalhadores Independentes. A contratação de Ronaldo também chegou ao Parlamento espanhol, tendo o deputado Joan Herrera pedido ontem ao Governo que procure limitar os vencimentos dos jogadores de futebol, depois de ter sido conhecido que Cristiano Ronaldo vai ganhar 13 milhões de euros por ano
(mais aqui)"
Os políticos gostam tanto de dizer larachas... Especialmente aquelas que soam tão bem cá em baixo... E eles até sabem que este é um tipo de investimento em que os bancos vão lucrar bestialmente… Pode ser que oferecendo-lhes uma camisola autografada do CR7 acalmem…

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O tiro pela culatra?

"Muitos benfiquistas ilustres marcaram ontem presença num hotel de Lisboa, onde foi lançado o movimento ‘Benfica, Vencer, Vencer’, projecto que tem como objectivo promover uma candidatura às eleições do Benfica. Mas foi José Veiga quem concentrou maiores atenções, respondendo à previsão de Vilarinho de que qualquer candidato que vá a votos com Vieira perde por 90-10. 'Pago para ver essa goleada', ripostou, considerando ainda que o 'medo levou Vieira a antecipar eleições'. Recorde-se que Veiga só faz cinco anos de sócio em Outubro, mês inicialmente agendado para o acto eleitoral, que com a nova calendarização vai decorrer no dia 3 de Julho. Veiga garantiu ainda que vai fazer parte do projecto, seguramente na área do futebol (mais aqui)"

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E a criminalidade continua a diminuir...

"O ministro da Administração Interna admitiu hoje ter havido uma «decisão técnica errada» de não identificar os crimes violentos por distrito no último Relatório Anual de Segurança Interna, afirmando que não se tratou de «uma decisão política (mais aqui)».

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"Em momentos de crise..."

"O fundador e antigo secretário-geral do Partido Socialista considera que a probabilidade de Portugal se tornar ingovernável após as eleições legislativas é “alta e perigosa (mais aqui)”.

Seawinds

O grande cacarejar

"Em momentos de crise os políticos costumam actuar como galinhas tontas, correndo para todos os lados. Desta vez, o grande cacarejar é sobre como poderá este País ser governado após umas legislativas de onde não saia uma maioria. Esgotado o modelo Sócrates, em que tudo se reduzia à gestão do poder, exige-se simplesmente o regresso da política pura. A campanha para as legislativas vai ser uma "performance" artística: como é que será possível pedir o voto do povo quando os detalhes de qualquer política governamental serão necessariamente pouco populares? Por isso os partidos preparam-se para esconder o essencial, para promover o acessório. Como escrevia o grande escritor John Le Carré, "neste momento estamos divididos entre os que estamos afectados pela recessão e os que simplesmente a observam". E a classe política apenas a observa, sem ideias coerentes. Há quem tenha ficado admirado por, após a crise deste modelo de capitalismo, terem sido os conservadores a ganhar as eleições na Europa? Mas, enfim, o que andou a chamada "esquerda" a fazer, para além de ser a mais militante defensora e gestora desse modelo até há uns dias? Quando se esqueceram da ideologia e da política para colocarem as mãos em homens que garantiam o poder (Blair, Sócrates), a esquerda perdeu o elixir da mudança entusiástica que costumava transportar em períodos de crise. O problema é que, por aqui, a campanha eleitoral para escolher um governo que drible esta crise estrutural vai só debater se deve haver ou não TGV. Um cacarejar suicida."

Fernando Sobral

O silêncio dos culpados

"O estridente protesto de Paulo Rangel por causa da roubalheira no BPN foi idêntico aos sonoros ultrajes de Sócrates por causa do Freeport.

Além de serem questões criminais, o Freeport e o BPN são temas políticos. Exigem dos políticos participação na denúncia e na condenação. Porque foram abusos de valores públicos. Porque interpelam violações da ética republicana. Por isso não toleram os pactos de silêncio. A abordagem pública descomplexada e livre tem que ser feita em debate político nos locais onde a política se debate.

No Freeport e no BPN há áreas que nada têm a ver com segredos de justiça e onde a Presunção de Inocência não pode ser usada como uma espécie de asilo onde os poderosos se resguardam do escrutínio público. É impossível aceitar a relutância que todos os partidos têm manifestado em abordar os dois grandes casos de corrupção que envolvem as que (ainda) são as maiores forças políticas do País. Das vezes que o caso Freeport surgiu no Parlamento, logo Sócrates vociferou ultrajado que era insultuoso abordar a questão e, um a um, os partidos da oposição recolheram-se em embaraçados silêncios pelo atrevimento de terem abordado tão incómodo tema para o Primeiro Ministro. Na campanha das Europeias o estridente protesto de Paulo Rangel por causa da "roubalheira" no BPN foi idêntico aos sonoros ultrajes de Sócrates no Freeport, denotando que o bloco central continua a viver de pactos informais onde, por ética perversa, a regra é não falar dos crimes uns dos outros.

Por força da maioria socialista, o Freeport não vai ter, nesta legislatura, direito sequer a uma comissão de inquérito sobre, por exemplo, boas práticas dos governos de gestão em despachos de última hora. Não que uma comissão de inquérito seja substituto adequado ao contraditório vigoroso e plural que só o Plenário permite. É uma espécie de do-mal-o-menos. Quando muito, poderá ter uma função complementar no apuramento de factos se o problema já estiver suficientemente denunciado em termos políticos, o que não é o caso nem do Freeport nem do BPN.

Aqui a Presunção de Inocência que os prevaricadores reclamam tem funcionado não como garantia de direitos, mas como abuso de privilégios, resguardando transgressores e dando-lhes tempo para continuar em actividade enquanto prejudicam o apuramento de verdades frequentemente indemonstráveis, como o atestam os inúmeros arquivamentos insólitos e os prazos convenientemente prescritos. É devido à ausência de debate franco, duro e leal sobre estes casos políticos que aos media foi deixado o trabalho "sujo" de esgravatar pormenores, tentando compor uma imagem do que se passa, milhão a milhão, num mundo de falsidades e aparências onde é normal comprar casas a offshores e ter rendimentos com juros nas centenas que nem a Dona Branca prometia. Nesta busca, os media têm operado num ambiente tóxico de ameaças de processos e condenações da Entidade Reguladora da Comunicação Social e do Sindicato dos Jornalistas, que já chegaram ao pormenor sinistro de produzir análise crítica da semiótica da gestualidade dos jornalistas que dão as notícias mais incómodas. Enquanto isto, o mundo da política obscura sobrevive em convenientes silêncios criando inocências a prazo em que se perpetuam práticas de ilicitude. Ficam intactas as "roubalheiras" que, eu confio, sejam bem debatidas, sem medos, nas próximas eleições e em próximos parlamentos
."

Mário Crespo

Cristiano Ronaldo

"A transferência de Cristiano Ronaldo (CR7 para os fãs) do Manchester United para o Real Madrid, por módicos 94 milhões de euros, provocou uma longa série de díspares comentários. Os mais comovidos indignaram-se com os valores em causa, sobretudo por estarmos no meio de uma severa crise económica. Os menos comovidos - poucos no conjunto dos que foram instados a dizer qualquer coisa - alegraram-se, por verem no facto a pujança do mundo futebolístico e a possibilidade de os adeptos da modalidade esquecerem, por momentos que seja, a tristeza que os dias carregam, quando virem Cristiano e o brasileiro Kaká a trocarem as voltas aos adversários.

Vale a pena relembrar algum do argumentário usado.

A Organização das Nações Unidas (onde a coisa chegou!) apressou-se a lembrar que os 94 milhões de euros davam para oferecer 56 milhões de refeições a crianças necessitadas.

Michel Platini, presidente da UEFA, ficou chocado com o pilim em causa.

Joseph Blatter, presidente da FIFA, mostrou-se contente: ele acha que "as pessoas precisam de estrelas e de emoções" - e transferências como esta ajudam à festa.

Cavaco Silva, o nosso presidente da República, disse que, apesar de não ser adepto de futebol, nunca lhe "passou pela cabeça que alguém pudesse pagar quase 100 milhões de euros pela transferência do jogador". Um pecado, portanto.

Paulo Rangel, a nova estrela do firmamento político português, acha a coisa um "escândalo" (Paulo aprendeu depressa a dominar a técnica do "sound byte").

Rui Santos, o novo oráculo do futebol nacional (e, quiçá, internacional), antevê mesmo o "ocaso" (sic) de Ronaldo, supostamente por o rapaz da Madeira dificilmente resistir aos encantos que a "movida" madrilena lhe proporcionará.

Não vale a pena recordar que noutras modalidades para nós menos mediáticas (golfe, basebol, básquete...) há quem aufira bem mais do que aquilo que cabe agora em sorte a Cristiano Ronaldo. Mas já vale a pena lembrar que a UEFA criou, com a Liga dos Campeões, um "clube dos ricos" na Europa. O dinheiro que ali se ganha obviamente incentiva a competitividade, logo incentiva também negócios como este.

Negócios. Essa é a palavra-chave. A transferência de CR7 para o clube da capital espanhola não passa disso mesmo. Uma multinacional de grande sucesso (Manchester United) vendeu a outra multinacional (Real Madrid) um dos seus activos mais valiosos. Eu não tenho nada a ver com isso. Tudo o resto em torno desta novela é folclore do mais puro. E demagogia da mais pura
."

Paulo Ferreira

terça-feira, junho 16, 2009

I've Got To Rock (To Stay Alive)

O efeito Manuela

"As sondagens foram o que foram. Um enorme embuste vendido semanas a fio com o partido do senhor presidente do Conselho sempre à frente, umas vezes destacado, outras em situação de empate técnico com o PSD. Mas, se na frente o embuste era este, na cauda do pelotão partidário o CDS era dado mais uma vez como moribundo, sem hipóteses de eleger qualquer eurodeputado.
Os embustes, como é óbvio, são caros e são pagos religiosamente pelas empresas de comunicação social que assim compram e vendem gato por lebre aos seus clientes. Houve mesmo o caso de duas televisões que, não satisfeitas com isso, manifestaram um enorme masoquismo ao divulgarem na noite das Europeias mais dois embustes sobre as legislativas do Outono. As explicações dos especialistas são, por si só, extraordinárias.

Os embustes estavam certíssimos, acontece que os manhosos dos eleitores deste sítio pobre, triste, deprimido e cada vez mais mal frequentado mudam de opinião no dia de reflexão ou andam semanas a fio a enganar os competentes técnicos das empresas que fabricam estes embustes. Esquecem-se, como é evidente, das justificações que davam para as subidas inesperadas do partido do senhor presidente do Conselho. Era o chamado efeito Sócrates. Isto é, quando o senhor presidente do Conselho vestia a pele de secretário-geral do PS às segundas, quartas e sextas os embustes registavam logo uma subida dos socialistas, mas quando o senhor presidente do Conselho andava em propaganda na pele de presidente do Conselho às segundas, terças, quartas, quintas e sextas nada de especial acontecia nos resultados dos embustes. Mas, agora que as Europeias já lá vão, novos embustes se preparam cuidadosamente nos gabinetes dos especialistas. Desta vez com a introdução do efeito Manuela.

As esperadas descidas do PSD vão ser minuciosamente explicadas com o efeito Manuela, devido à falta de jeito e má imagem da líder do PSD junto do eleitorado. Outro galo cantaria, evidentemente, se os sociais-democratas tivessem outro cabeça-de-cartaz, como Paulo Rangel, por exemplo, o grande vencedor das Europeias para especialistas, politólogos, comentadores, analistas e mais uns tantos vigaristas que andam por aí aos saltos. E, como nada vai mudar neste sítio manhoso, irresponsável e incorrigível, os indígenas têm de passar a olhar para as sondagens como uma mera banha da cobra para o menino e para o velhinho
."

António Ribeiro Ferreira

As eleições

"1. Eu pensava que Portugal tinha decidido imitar a Itália, onde é impossível encontrar um sujeito que confesse gostar de Berlusconi e onde Berlusconi ganha sempre. Por cá, há muito que não me cruzo com ninguém que, à simples menção do nome do eng. Sócrates, não dispare cerca de 87% dos insultos disponibilizados pela língua de Camões e das vendedoras do Bolhão. Apesar disso, também há muito que fontes diversas sugeriam a invencibilidade do homem. A princípio, estranhei. Depois, convenci-me de que o defeito era meu, que ando a sair pouco. Não era: os resultados das "europeias" provam que, afinal, os portugueses se cansaram do eng. Sócrates tanto quanto a minha pequeníssima amostra me indicava. E provam que só a propaganda, directa ou difundida por sondagens e imprensa amiga, criou a ilusão contrária.

A ilusão evaporou-se no domingo, com o primeiro-ministro abandonado pela exacta realidade de que vem guardando crescente distância. As cadeiras vazias na cave do Altis, a fuga de Mário Lino, a ministra da Educação a abrir caminho aos empurrões e o ar de Santos Silva na RTP, entre o humilde e o atarantado, foram, mais do que metáforas, as exéquias de um tempo. Hoje, a lendária "capacidade mobilizadora" do eng. Sócrates viu-se enfim reduzida à lenda. Portugal, de facto, não é a Itália: Berlusconi ganhou outra vez.

2. Vai fazer um ano que estive, em reportagem para a revista Sábado, no congresso do PSD em Guimarães, aquele que marcou a chegada de Manuela Ferreira Leite à liderança do partido. Paulo Rangel, então pré-anunciado chefe do grupo parlamentar, também andava por lá. E andava de facto, no exterior do recinto e de um lado para o outro, com telemóvel, sem telemóvel, sempre sozinho. Literalmente: não vi ninguém dirigir-lhe a palavra.

Foi mais ou menos assim, sozinho, que Rangel passou a campanha. À semelhança do posto no parlamento, o seu lugar na lista às "europeias" resultou de uma escolha pessoal de Ferreira Leite e por isso mereceu o desprezo das parcelas do PSD que aguardavam, como costumam aguardar, a derrocada fatal e próxima. Contra todas as expectativas e desejos, não houve derrocada. Façam-se as contas que se fizerem, Rangel e Ferreira Leite ganharam as "europeias" e imprevistos amigos. O PSD, o PSD dos amigos recentes e futuros, das "bases", dos "notáveis", das conspirações, das reflexões, de Menezes e da inacreditável esperança chamada Pedro Passos Coelho, nem por isso

3. De repente, desceu-me ao coração uma inesperada ternura por Vital Moreira. É verdade que o sujeito realizou uma campanha infeliz e um nadinha perigosa para os padrões democráticos, mesmo que os nacionais. Mas, no fundo, fez o que pôde e o que lhe pediram, pelo que a pressa de algum PS em culpar o professor doutor de Coimbra pela derrota revela um estilo pouco louvável, para não dizer aberrante. Nem Vital é politicamente relevante nem o eleitorado avaliou especificamente o desempenho dele ou, diga-se, das curiosas senhoras que o seguiam na "lista" e que, em diversos casos, vão a Bruxelas "dar o nome". Goste-se ou não, o que foi avaliado foi uma prática governativa, cujo real responsável, que há um mês considerava as "europeias" um teste ao Governo e à oposição, já afirmou não pretender inverter até às "legislativas". O estilo pouco louvável, para não dizer aberrante, reflecte-se em tudo.

4. A reacção dos nossos media aos resultados das "europeias" foi pródiga em comentários preocupados perante o crescimento dos partidos extremistas em vários países da União. Vá-se lá saber porquê, os nossos media não parecem tão preocupados com o crescimento dos partidos extremistas em Portugal, que partilham com aqueles o discurso "anti-sistema", a aversão à globalização, ao capitalismo e ao mercado livre, a retórica proteccionista, o recurso ao medo e ao conflito social, o anti-semitismo, a repulsa tradicional face aos EUA e, aqui e ali, as tácticas de insurgência através da "rua". Os skinheads britânicos elegeram um eurodeputado? Penteados à parte, os skinheads indígenas elegeram cinco.

5. Embora embarace um país que se desejaria civilizado, o crescimento caseiro da extrema-esquerda que se viu arrasada na Europa, não é o principal resultado da noite de domingo. A direita, isto é, o PSD e o CDS, cresceu o mesmo que o Bloco e o PCP. É evidente que se somarmos a percentagem do PS à da extrema-esquerda, a esquerda ainda é maioritária no país. Mas essa vantagem caiu imenso quando comparada com as "europeias" de 2004 (e com as "legislativas" de 2005). Também em Portugal, então, o avanço (e a vitória nominal) do conservadorismo possível foi a grande marca destas eleições. De resto à imagem da União, onde os filiados no PPE ou as forças similares venceram em quase toda a parte. É, sem dúvida, uma resposta interessante ao estertor do capitalismo, que tantos anunciaram sem se rir. Afinal, o cadáver, ou pelo menos o moribundo, é outro.

6. A emoção que 8,37% dos votos emprestaram ao Largo do Caldas mostrou um CDS nitidamente comovido, e eventualmente surpreendido, com a notícia da respectiva sobrevivência. É claro que o resultado permite a Paulo Portas sonhar com uma coligação governamental, seja com o PSD, seja com o PS. Em simultâneo, demonstra que fora dos sonhos e da vacuidade programática que vem de longe, a ambição do partido limita-se a vencer as sondagens. E essas qualquer um vence.

7. Mal se conheceram os resultados, os especialistas em sondagens vieram explicar as razões de as sondagens em eleições "europeias" serem tradicionalmente falíveis. Era um nadinha tarde. Teria sido útil anexar as explicações às sondagens aquando da divulgação destas. Bastava acrescentar à ficha técnica: "Graças ao seu carácter peculiar, os actos eleitorais para o Parlamento Europeu estão propensos a desvios insusceptíveis de controlo estatístico. Por isso, onde o nosso inquérito sugere uma vitória do PS com 38%, é favor presumir que o PS talvez não passe dos 26%. Mas o ideal é não nos ligar nenhuma."

A alternativa, aliás já sugerida pelo CDS, seria não realizar qualquer estudo de opinião, ou, melhor ainda, levar a coisa na brincadeira e parodiar o conceito como fez a SIC, que celebrou o fim da credibilidade das sondagens com a apresentação, em plena noite eleitoral, de uma nova sondagem, agora a propósito das "legislativas" e a cargo da empresa do imparcial socialista Rui Oliveira e Costa. Mais uma vez, o PS ganhou. Muito nos rimos.

8. Última hora: consta que a derrota socialista não se deve apenas a Vital Moreira. Num dos inúmeros blogues patrocinados, no mínimo espiritualmente, pelo eng. Sócrates, culpa-se os abstencionistas, aí rotulados de parasitas, anti-sociais e, em termos gerais, criminosos. Os insultos não me servem. Após longos anos dedicados ao abstencionismo, desta vez deixei-me invadir pelo civismo e votei. A fúria apatetada que, talvez sem querer, o primeiro-ministro inspira a alguns dos seus apoiantes pesou na decisão.
"

Alberto Gonçalves

O dinheiro e o talento

"O que Cristiano Ronaldo tem, Portugal não tem. Dinheiro, é claro. Como tem talento, Ronaldo pode esbanjar dinheiro em champanhe com Paris Hilton. Como não o tem, Portugal deveria ser um pouco mais Tio Patinhas e menos Cristiano Ronaldo.

A começar pelo Parlamento. O veto presidencial à nova lei do financiamento dos partidos é o reflexo dessa atitude de aristocrata pobre. Com défice de talento, esbanja dinheiro inexistente.

Se fosse um banco, o Parlamento era como o BPP. Mas a falta de talento parlamentar, visível nas leis incongruentes que tem aprovado, é apenas ultrapassada pela sua desnutrição intelectual. Incapaz de conseguir um consenso para eleger um Provedor de Justiça, o Parlamento conseguiu um rápido consenso para alimentar as finanças dos partidos que o compõem. Legisla melhor sobre os seus interesses do que sobre o País. Agora, face ao veto do PR, os partidos já anunciaram que vão analisar novamente o que aprovaram. Sabe-se que o arrependimento é a melhor forma de anestesiar a asneira. Mas estes ziguezagues do Parlamento ilustram apenas a falta de talento existente no local. Devido ao talento, Cristiano Ronaldo pode ser egocêntrico e ter um salário que coloca em causa todas as lógicas morais ou imorais sobre a remuneração do trabalho. Por causa da falta de talento, é impossível justificar-se uma lei parlamentar onde se premeiam sucessivos erros legislativos e incapacidade de decisão. Na democracia portuguesa é o valor do seu Parlamento que pode começar a ser discutido
."

Fernando Sobral

O BPP, Louçã e os riscos sistémicos

"Depois de o Governo ter deixado cair os clientes de retorno absoluto do BPP, José Sócrates foi confrontado com o tratamento diferente dado aos clientes do BPN. O primeiro-ministro justificou-se falando no "risco sistémico" do BPN na altura da nacionalização.

Foi uma saída hábil. Porque uma coisa é o risco sistémico, outra o tratamento diferenciado dos clientes. É verdade que ao intervir no BPN o Governo travou uma corrida aos bancos. Dizer que no BPP não fez o mesmo por não haver esse risco (de contágio), é falsear o problema. Porque ninguém pedia que segurasse o BPP, como fez com o BPN: pedia-se apenas que segurasse os depósitos... e equiparados.

Sócrates diz que no BPP o Governo garantiu os depósitos, tal como no BPN. É verdade. Só que no BPN foi mais longe: garantiu também aplicações de 550 milhões de euros, semelhantes às de retorno absoluto do BPP (ambas estavam fora do balanço, como disse o presidente da CMVM no Parlamento).

É este pormenor que confirma que o BPP passou de problema técnico a problema político. Com a tareia que levou nas eleições (não foi por acaso que o BPP ficou para depois das europeias), Sócrates tinha receio de acabar presa fácil da demagogia do dr. Louçã (estilo "o Governo está a ajudar os malandros da banca com dinheiro dos impostos") se o Governo desse uma garantia ao fundo que vai gerir os produtos de retorno absoluto.

Não há dúvida: Louçã, mesmo sem estar no Governo, é o político mais influente de Portugal...
"

Camilo Lourenço

Respirar melhor.

"JOSÉ Sócrates recebeu, na noite eleitoral de domingo, um duche frio de insucesso partidário e um banho gelado de alternância democrática (evento político que pensava ter afastado do seu horizonte por muitos e bons anos). Não foram só as sondagens enviesadas a favor do voto socialista que iludiram o líder do PS. Sócrates sabia, de antemão, que as europeias eram as eleições mais convidativas para o voto de protesto de muitos eleitores descontentes. Mas continuava iludido quanto à sua imagem junto dos portugueses, convencido de que estes o viam num pedestal sem concorrentes à altura – e de que bastava a sua intervenção mediática na campanha, coadjuvada pela máquina endinheirada do PS, para controlar quaisquer danos eleitorais preocupantes. Viu-se o resultado: uma queda histórica do PS de 44,5% para 26,6% e a vitória do PSD com cinco pontos de vantagem. Como concluiu, certeiramente, João Cravinho: «O efeito Sócrates, só por si, já não chega».

UM PRIMEIRO-ministro cheio de si próprio e da sua maioria não remodelou um Governo cansado e gasto porque não compreendeu a amplitude do desgaste político e eleitoral provocado por ministros já fora de prazo. Não percebeu o efeito corrosivo dos descabidos dislates do Jamais! ou da papa Maizena, da frieza impositiva na política da Educação, da linha de orientação revanchista da dupla Alberto Costa/Ricardo Rodrigues contra as magistraturas na área da Justiça ou da incorrigível sobranceria que transpira em cada intervenção do omnipresente ministro Santos Silva. Como explicou, sucintamente, Manuel Alegre, o resultado das europeias, para o PS, «foi um voto de castigo, uma punição de políticas da governação e de um certo estilo». Agora, a três meses e meio das legislativas, é tarde para o primeiro-ministro remodelar, para mudar as caras, dar outra frescura e nova energia política ao Governo. Demasiado tarde.

SÓCRATES instigou a política do ‘quero, posso e mando’ numa maioria absoluta já com os piores tiques que esta potencia: autoritarismo, auto-suficiência, prepotência. Uma maioria partidária que não resistiu à tentação controleira sobre a informação e a comunicação social, que fomentou e cultivou a dependência (quando não a submissão) dos agentes económicos e do sector financeiro ao poder socialista.

O país e a democracia respiram melhor desde a noite de domingo
."

JAL

segunda-feira, junho 15, 2009

C.C. Dolce Vita

"Um funcionário da empresa de segurança Charon – Prestação de Serviços de Segurança e Vigilância, S.A. foi brutalmente agredido, ontem a meio da tarde, no Centro Comercial Dolte Vita, na Amadora, quando prestava serviço (mais aqui)"
Criar um enorme Centro Comercial ao lado de uma das maiores reservas nacionais da raça protegida do politicamente correcto só podia dar nisto… Apesar de ter uma esquadra da polícia própria…

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Ninguém pára o Benfica.

"Em relação ao tema eleitoral, não me comprometo com ninguém. Não o farei aqui, antes de falar com a minha mulher e meus filhos. Tenho vontade em continuar o projecto do Benfica, mas não o digo hoje abertamente. Acho que já toda a gente compreendeu a minha decisão. Já o disse por meias-palavras. Até breve (mais aqui)"

Luís Filipe Vieira
“Obrigou”os Órgãos Sociais a caírem e ainda “anda” a pensar se candidata ou não? Este homem é um benemérito. Graças a ele o FCP nos próximos 10 anos vai ganhar 8 campeonatos. No mínimo…

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Texas

"Cascais: Morreu ao fugir de gang (mais aqui)"
Que não haja dúvidas que este Portugal politicamente correcto não é o nosso…

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domingo, junho 14, 2009

14 de Junho de 1928.


Nasce Che Guevara. Ernesto Rafael Guevara de la Serna, conhecido por Che Guevara ou El Che (Rosário, Argentina, em 14 de Junho de 1928 - La Higuera, Bolivia, 9 de Outubro de 1967), guerrilheiro revolucionário e homem político.Nascido em Rosário, vai depois viver em Córdoba,se transferindo-se mais tarde para Buenos Aires onde desenvolve estudos de Medicina. Em 1952, com o seu amigo Alberto Granado, bioquímico, Guevara realiza um sonho: atravessa a América do Sul numa velha moto Norton 500cc conhecida pelo nome de La Poderosa. Nessa viagem, Guevara começa a ver a América do Sul como uma única entidade económica e cultural que precisa se unir-se. Ele vê a miséria e a impotência das massas e conclui que a única maneira de acabar com as desigualdades sociais é a revolução. De volta à Argentina, ele acaba os estudos de Medicina em 1953 e passa a se dedicar à política.

Depois de uma segunda viagem pela América do Sul em 1953, passando pela Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica e El Salvador, decide permanecer na Guatemala, onde apóia o movimento contra a opressão da ditadura militar recém estabelecida pelos Estados Unidos naquele país. Perseguido pela ditadura que combatia, acaba fugindo para o México com a ajuda de um embaixador argentino. Em 1954, no México através de Ñico Lopez, um amigo das lutas na Guatemala, ele conhece Raul Castro que logo o apresentaria a seu irmão mais velho, Fidel Castro. Este último organizou e lidera o movimento guerrilheiro 26 de Julho, ou M26, em referência a Jose Martí e que tem por objetivo tomar o poder em Cuba. Guevara faz parte dos 82 homens que partem para Cuba em 1956 com Fidel Castro e dos quais só 12 sobreviveriam. É durante esse ataque que Che, o médico do grupo, larga a maleta médica por uma caixa de munição de um companheiro abatido, um momento que tempos depois ele iria definir como o marco divisor na sua transição de doutor a combatente.

Em seguida eles se instalam nas montanhas da Sierra Maestra de onde iniciam a guerrilha contra o ditador cubano Fulgêncio Batista, que era apoiado pelos Estados Unidos. Os rebeldes lentamente se fortalecem, aumentando seu armamento e angariando apoio e o recrutamento de muitos camponeses, intelectuais e trabalhadores urbanos. Guevara mostra grande coragem, talento em combate, e crueldade com os inimigos e logo se torna um dos homens de confiança de Fidel Castro. Guevara toma a responsabilidade pela execução de informantes, insubordinados, desertores e espiões dentro do exército revolucionário. Ele pessoalmente executa Eutimio Guerra, suspeito de ser informante de Batista, com um único disparo de sua pistola calibre 7.65 mm.

Após a vitoria dos revolucionários em 1959, Batista exila-se em São Domingos e instaura-se um regime comunista em Cuba, comandado por Fidel Castro. Guevara, então braço direito de Fidel, torna-se um dos principais dirigentes do novo estado cubano: Embaixador, Presidente do Banco Nacional, Ministro da Indústria. Mas rapidamente, apesar de marxista-leninista convicto, ele opõe-se à URSS, então principal força de apoio ao regime cubano e é progressivamente deixado de lado por Fidel Castro. Che esteve oficialmente no Brasil em abril de 1961, quando foi condecorado pelo então Presidente Jânio Quadros com a Ordem do Cruzeiro do Sul.

Em 1965, Guevara deixa Cuba para propagar os ideais da revolução cubana pelo mundo com ajuda de voluntários de vários países latino americanos. Ele parte primeiramente para o Congo, na África (onde encontra-se com Kabila mas em quem ele não tem confiança). Após o fracasso dos combates no Congo, parte para a Bolívia, onde tenta estabelecer uma base guerrilheira para lutar pela unificação dos países da América Latina. Mas enfrenta dificuldades com o terreno desconhecido e em conquistar a confiança dos camponeses. É finalmente cercado e capturado em 8 de outubro de 1967 e executado no dia seguinte por soldados bolivianos na aldeia de La Higuera, possivelmente sob as ordens de agentes da CIA, agência de inteligência americana. Os boatos que cercaram a execução de Che Guevara levantaram dúvidas sobre a identidade real do guerrilheiro, que utilizava documentos uruguaios falsos. A confusão estabelecida em torno do caso culminou no desaparecimento do seu corpo, que só foi encontrado trinta anos depois.

A imagem do Che é nítica em toda a América Latina. Na localidade onde foi assassinado em 1967 ergue-se atualmente uma estátua em sua homenagem. Passou a ser conhecido na região como "San Ernesto de La Higuera" e é cultuado como santo pela população local. Em 1997 seus restos mortais foram encontrados por pesquisadores numa vala comum, junto a outras ossadas, na cidade de Vallegrande, a cerca de 50 Km de onde ocorreu a sua execução. Sua ossada estava sem as mãos, que segundo consta em relatos não oficiais, teriam sido amputadas para o reconhecimento de sua identidade logo após a sua morte. Seus restos mortais foram transferidos para Cuba, onde em 17 de outubro deste mesmo ano são enterrados com honrarias de Estado na presença de membros da sua família e do líder cubano e antigo companheiro de revolução Fidel Castro.

O actual regime cubano ainda se vale da imagem de Che Guevara para manter uma imagem positiva junto à sociedade.

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