sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Até amanhã e boa sorte!!!


Curiosidades

"O Conselho Superior da Ordem dos Advogados instaurou processos disciplinares ao actual bastonário, Marinho Pinto, e também ao ex-bastonário José Miguel Júdice, por causa de declarações à comunicação social (mais aqui)".

O direito à informação acima de tudo.

"O Príncipe Harry vai ser retirado do Afeganistão, onde está a combater há dez semanas, depois da violação do embargo sobre o seu destacamento por um «site» norte-americano, anunciou o Ministério da Defesa britânico. A casa real tinha um acordo com os media britânicos e internacionais prevendo um embargo da informação até que Harry terminasse a missão no Afeganistão, de quatro meses, com o objectivo de proteger a sua segurança e a dos seus camaradas.

Como contrapartida, vários jornalistas puderam deslocar-se ao Afeganistão e ver o príncipe em acção. Apesar do acordo, o «site» norte-americano Drudge Report divulgou a informação, obrigando o Ministério de Defesa britânico a confirmar a notícia
"

No país das entrevistas

"Sócrates vive no Portugal dos números e toma o Governo pelo país. Menezes vive no Portugal diário e toma o PSD pelo país.

Que balanço pode ser feito das entrevistas de José Sócrates e Luís Filipe Menezes? Certamente que Portugal é um país que se divide e subdivide em muitas e convenientes realidades. Para Sócrates, o país avança rumo a uma Europa moderna. Para Menezes, Portugal vegeta nos últimos lugares do ‘ranking’ europeu. Neste país a preto e branco, a realidade escapa aos discursos políticos e anuncia-se a “crise social”. Nada de excepcional. Em primeiro lugar, Portugal vive em estado de crise permanente. Em segundo lugar, nunca uma crise perturbou o conforto da política nacional. Ao contrário do relatório da Sedes, não existe uma “degradação da confiança” no “sistema político”, simplesmente porque nunca existiu qualquer confiança no “sistema político”. Neste particular, Portugal permanece um país previsível.

Mas a ideia de um Portugal vermelho e verde merece a pouca atenção de um comentário. Em qualquer circunstância, existe sempre o “nosso país” e o “Portugal dos outros”. Desta forma, o discurso político garante a coerência e o apoio dos “nossos”, ao mesmo tempo que exclui e menoriza a crítica dos “outros”.

Vejamos o caso do primeiro-ministro. Existe o país do ‘deficit’ controlado, das reformas, do sucesso na Europa, das políticas do Governo e dos jardins de São Bento. Depois há o país dos incompetentes, do interior atrasado, dos ressentimentos e dos interesses instalados. A missão de Sócrates confunde-se com a salvação nacional.

Quanto a Luís Filipe Menezes, existe o “seu” PSD, os grupos de trabalho, o povo bom e anónimo, a certeza de uma vitória e o progresso de Gaia. Depois há o País do comentário de esquerda, das conspirações nos jornais e das elites intocáveis. A missão de Menezes pressupõe a salvação nacional.

Sendo este o estado da nação, eis a descrição rigorosa da vida política em Portugal – Sócrates pretende salvar o país das mãos de Menezes; Menezes promete salvar o país da supremacia de Sócrates.

Na multiplicação dos rostos com que Portugal nos fixa, uma certeza surge incontestável. José Sócrates vive no Portugal dos números e toma o Governo pelo país. Luís Filipe Menezes vive no Portugal diário e toma o Partido pelo país. Mas entre Sócrates e Menezes, entre um Governo e outro Partido, existe um Portugal desconhecido que vive na triste condição de um presente que promete ser igual ao passado que promete ser igual ao futuro
."

Carlos Marques de Almeida

Wicked Game

Chutando para canto.

"Arrasador. Este é o adjectivo que pode qualificar o discurso de Luís Filipe Vieira na gala do 104.º aniversário do Benfica, comemorado ontem no Casino Estoril. O líder dos encarnados dedicou grande parte da sua intervenção de 20 minutos ao "Apito Dourado", processo de alegada corrupção desportiva (mais aqui)."

O que a malta queria mesmo era títulos desportivos, não comentários a um processo judicial. Enfim, o habitual quando não há mais nada para falar.

Dois países

"Quem vai ouvindo as intervenções do primeiro-ministro e dos membros do Governo, que todos os dias protagonizam boa parte das notícias que nos chegam, só pode concluir uma de duas coisas ou aquelas ilustres figuras vivem num país diferente, ou há um divórcio irreparável entre o Portugal real e os seus governantes.

De facto, à visão optimista de Sócrates, traduzida num constante proclamar do sucesso das políticas levadas a cabo pelos diferentes ministros, a cujo Conselho preside, opõem-se as, cada vez maiores, dificuldades vividas no dia-a-dia pela maioria dos cidadãos. E é essa experiência do quotidiano que configura o verdadeiro país, confirmado por relatórios internacionais e reflexões internas.

Um país atravessado por desigualdades gritantes, refém da pobreza que assola uns e ameaça outros, sem que os governantes façam o que lhe compete para a combater, pelo menos nos grupos mais atingidos, como é o caso dos idosos, das mulheres e das crianças. A situação é tão evidente que a própria Comissão Europeia exorta Portugal a implementar medidas intensivas de apoio financeiro às famílias em risco de empobrecimento, ajudando ao mesmo tempo os que estão sem trabalho a procurar e encontrar emprego.

Este país sofrido é igualmente um país de paradoxos. No próprio dia em que ouvíamos dizer que, em Portugal, uma em cada cinco crianças está em risco de pobreza, a Caixa Geral de Depósitos, o banco do Estado, anunciava os maiores lucros da sua história, aproveitando para fazer saber que, face à crise internacional e para obter resultados semelhantes no próximo exercício, será forçada a aumentar o preço do dinheiro. É, por certo, o meu desconhecimento da ciência económica que faz com que isto me pareça paradoxal, surrealista, quase incompreensível.

De resto, a banca portuguesa configura crescentemente uma situação socialmente escandalosa, mesmo que tudo se passe estritamente dentro da lei. Ele são os lucros astronómicos obtidos, os salários, compensações e reformas quase obscenas dos seus gestores e quadros, a capacidade unilateral de obrigar os clientes comuns a pagarem por tudo e mais alguma coisa. Ainda agora circula na Internet uma petição, já com quase 210 mil assinaturas, contra o propósito anunciado dos bancos passarem a cobrar 1,5 euros por cada levantamento Multibanco.

Mas a vergonhosa distribuição da riqueza em Portugal ultrapassa o universo da banca. A tal ponto que, segundo o Eurostat, somos o segundo país, entre os 27 da União Europeia, com maior nível de desigualdade na distribuição do rendimento; pior só a Letónia. A isto se junta a ineficácia do sistema educativo; a injustiça de uma Justiça que não é igual para todos; a fraca protecção social; a desumanidade no acesso aos cuidados de saúde, a um nível mais especializado só ao alcance daqueles que possuem rendimentos elevados e vivem nos grandes centros urbanos; as diferentes formas de exclusão.

A recente tomada de posição da SEDES que constata "um mal-estar difuso, que alastra e mina a confiança" na sociedade portuguesa é mais uma machadada no país de Sócrates e seus pares. Mas é, sobretudo e tristemente, uma reflexão justa e fundada sobre o país que realmente somos. E este é um Portugal que não pode ser deixado à "cegueira" de governantes, ou à incapacidade evidenciada pelo maior partido da Oposição para ser alternativa. Só um exercício responsável de cidadania nos poderá salvar. E esse implica-nos a todos
."

Mário Contumélias

O campeão do minimalismo político

"É sabido que não sou fã do estilo do primeiro-ministro, da forma mecânica e plastificada como se exprime, do registo minimalista que utiliza na exposição dos problemas, do seu imediatismo de perspectiva a que – como escreveram esta semana alguns comentadores – falta alma e visão de futuro. Para Sócrates, o mundo é a preto e branco, dois e dois são quatro e a complexidade das questões um capricho de políticos e intelectuais frustrados que insistem em complicar o que é simples e linear. Será difícil, aliás, encontrar um chefe de Governo, pelo menos na Europa, cujo discurso seja de uma linearidade tão seca e desprovida de pathos ou cujos clichés de oratória e o obsessivo fetiche pelos números se repitam de modo tão meticulosamente planeado.

Se Guterres era uma picareta falante, Sócrates parece um robô programado para imitar os humanos. Por isso, pedir-lhe uma ponta de emoção ou o reconhecimento das dificuldades nacionais e dos erros cometidos pelo Governo – como pretendia Lobo Xavier na última Quadratura do Círculo – traduz um equívoco básico de compreensão da personagem. Não se pode pedir a ninguém que violente a sua natureza e seja aquilo que decididamente não é. Ora, Sócrates sempre foi o que, mais uma vez, mostrou ser.

A questão é que Sócrates se mostra muitíssimo eficaz no registo de comunicação que lhe é próprio, seja nos debates parlamentares, seja nas entrevistas à televisão, tal como voltou a acontecer esta semana na entrevista à SIC. Evidentemente, pode dizer-se que, neste caso, as regras do jogo negociadas para a entrevista e o tom macio utilizado pelos entrevistadores contribuíram para o sucesso da prestação do primeiro-ministro. Mas isso está muito longe de explicar tudo.

As regras eram, decerto, manifestamente constrangedoras e os entrevistadores pareceram claramente inibidos por elas, o que, mesmo assim, não impediu Sócrates de, por várias vezes, recorrer a um velhíssimo truque seu que é lamentar as interrupções dos jornalistas e pedir que lhe deixem terminar o raciocínio. Pode também discutir-se se essas regras deveriam ter sido aceites ou se não será compreensível a complacência da SIC para poder ter o privilégio – e as audiências – de uma entrevista supostamente histórica. A verdade, porém, é que não há memória, nos últimos três anos, de um debate parlamentar ou de uma entrevista em que o primeiro-ministro tenha dado a imagem de sair mal de cena. Mesmo nos seus momentos mais vacilantes, Sócrates parece sempre comprovar a eficácia do seu minimalismo político e do seu discurso pós-ideológico (como agora está na moda dizer-se).

Por que é que isto acontece? Ao contrário do que o próprio Sócrates teria tendência para diagnosticar, os motivos não serão simples e lineares. Mas talvez se possa encontrar uma razão principal no esgotamento da velha retórica política das oposições e, também, dos quadros clássicos das entrevistas televisivas (quer sejam de tom mais simpático e condescendente, quer pretendam assumir uma tónica mais agressiva, em que o entrevistador procura erradamente medir forças com o entrevistado e disputar-lhe o protagonismo, o que acaba invariavelmente por beneficiar o segundo aos olhos do público).

Além disso, apesar da clamorosa impopularidade de muitas medidas governamentais, Sócrates capitalizou o cansaço e o desencanto do país em relação aos governos que o antecederam, vacinando a maioria dos portugueses contra os riscos de um regresso ao passado. Entre uma direita que se mostrou incapaz de reformar e uma esquerda de protesto que evidencia não ter vocação para governar, Sócrates desfruta da situação de ser, pelo menos nos próximos anos, a única alternativa a si mesmo.

Melhor ou pior, criou a convicção da inevitabilidade das reformas em nome da sustentabilidade da economia e do sistema de segurança social. E mesmo que os números que constantemente evoca sejam falaciosos e contraditórios com a realidade (como sucede em relação ao desemprego), ele sabe manejá-los melhor do que a maioria dos opositores ou, pelo menos, vende com marketing mais refinado o seu produto propagandístico.

Naturalmente, o Governo acusa o desgaste de três anos de políticas que, com frequência, misturaram o ataque a privilégios corporativos com o desprezo pelos direitos sociais, o agravamento das desigualdades ou a própria demissão das suas responsabilidades (de que foi exemplo a recente declaração do ministro do Ambiente sobre as cheias). Em todo o caso, o que as sondagens mostram é que, embora em queda e arriscando-se a perder a maioria absoluta, o PS parte para as próximas eleições com uma taxa de aprovação desconcertante e claramente contraditória com o mal-estar social vigente em tantos sectores da vida do país. Aliás, embora recusando-se sempre a dar o braço a torcer – como é o seu estilo – Sócrates deu o sinal de que a onda de descontentamento que se fez sentir de forma mais gritante na área da Saúde exigia uma cirurgia de urgência.

Quer tudo isto dizer que o minimalismo de Sócrates tem um amanhã radioso à sua frente? De modo nenhum. Significa apenas que, perante o persistente vazio político e a falta de alternativas (e alternâncias) credíveis, a vida portuguesa tem o seu horizonte bloqueado até à implosão desse minimalismo. Ou seja, quando for manifestamente evidente que ele já não cumpre os serviços mínimos a que se propôs, quando já não for possível disfarçar o indisfarçável, quando a crise internacional ameaçar reduzir a uma miragem os números mágicos do crescimento económico. O futuro do país exige outra ambição, outro fôlego, outra inspiração – e outros protagonistas. A questão (nada simples, nada linear) é saber onde se encontram e em que condições poderão despontar
."

Vicente Jorge Silva

Oportunidades e talentos

"Não faz qualquer sentido tentar transformar indivíduos “duros de ouvido” em músicos profissionais.

O conceito de igualdade de oportunidades está no centro dos infindáveis debates portugueses em torno da educação. E por boas razões. O acesso à educação por parte de todos, ricos e pobres, é a via mais importante para criar mais oportunidades para mais indivíduos. A esquerda fez desta ideia um ponto de honra e por isso liderou a grande expansão do ensino público desde o 25 de Abril de 1974.

A direita foi levada por arrastamento, mas sempre na defensiva. Ela desconfia do discurso da igualdade de oportunidades na educação porque vê nele uma justificação para o abaixamento da qualidade do ensino. Segundo a direita, a criação de igualdade de oportunidades para todos, independentemente da sua origem social e das diferenças motivacionais que o status social induz, leva a um nivelamento por baixo.

(É também por essa razão que as classes com maior capital social retiram os seus filhos do ensino público, sobretudo no básico. No superior é exactamente ao contrário, mas precisamente pelas mesmas razões: os pais preferem pôr os filhos no público porque têm a percepção – geralmente correcta – de que este é mais exigente do que o privado. No superior, são os filhos das classes com menor capital social que enchem as instituições privadas.)

Ora, se a intuição básica da esquerda, favorável ao uso do sistema educativo para gerar maior igualdade de oportunidades, é a mais correcta, a direita tem certamente razão quanto ao efeito que isso produziu no abaixamento dos padrões educativos, tanto ao nível cognitivo como comportamental. Do meu ponto de vista, o decréscimo desses padrões não tem a ver com a igualdade de oportunidades em si mesma, mas antes com o modo incorrecto como a esquerda interpretou essa ideia.

O problema da esquerda consistiu em olhar linearmente para a igualdade de oportunidades, pensando que bastaria garantir o acesso de todos os indivíduos para que todos ficassem em posição similar. Com o seu característico optimismo em relação à natureza humana, a esquerda pensava que, uma vez no sistema, todos poderiam, “grosso modo”, obter resultados semelhantes.

Esta convicção da esquerda é, infelizmente, falsa. Os indivíduos são desigualmente dotados. Há enormes disparidades no talento para a matemática ou para o desenvolvimento das competências linguísticas, tal como há disparidade nos talentos para o desporto ou para a música. Nenhum sistema educativo consegue transformar alguém desprovido de “ouvido” num músico dotado, por exemplo.

Se partirmos desta constatação, teremos de convir que o sistema educativo não pode, consistentemente, dar as mesmas oportunidades a todos, mas apenas dar as mesmas oportunidades a todos os que são igualmente dotados. Para continuar com o mesmo exemplo, não faz qualquer sentido tentar transformar indivíduos “duros de ouvido” em músicos profissionais.

Numa sociedade mais justa – que a esquerda diz querer, embora muitas vezes pareça não saber como lá chegar – o equilíbrio social entre os mais e os menos talentosos não se faz através da criação de oportunidades iguais para todos no sistema educativo, mas antes através da distribuição dos rendimentos. Os indivíduos cujos talentos naturais são pior remunerados pelo mercado ficarão necessariamente por baixo na repartição dos rendimentos, antes de qualquer intervenção estatal. Cabe à função distributiva do Estado corrigir o diferencial de rendimentos entre os menos e os mais dotados. Numa sociedade solidária, como nós achamos que a nossa deve ser, o homem do lixo ou a empregada de mesa devem ser especialmente beneficiados (pela via fiscal, mediante a fixação de um salário mínimo elevado, etc.).

Portanto, a rectificação das diferenças de dotes naturais entre os indivíduos deve ser operada pelas instituições que permitem a distribuição do rendimento e não pela acção do sistema educativo. Quando este procura criar igualdade de oportunidades para todos, e não apenas para todos os que são igualmente dotados, as coisas começam a correr mal. Por isso, um sistema educativo que interprete correctamente o ideal da igualdade de oportunidades não pode hesitar em avaliar e hierarquizar os estudantes, assim como aqueles que avaliam os estudantes
."

João Cardoso Rosas

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Manda quem pode...

Recapitalização e afastamentos
O presidente do conselho de administração (CEO) do banco suiço UBS, Marcel Ospel, poderá ser demitido, em Abril próximo, por pressão dos accionistas, descontentes com a sua gestão.
A maioria classifica-a como ”ruinosa” devido à excessiva exposição aos «subprime» americanos (créditos hipotecários de alto risco).
Uma vasta maioria de investidores do UBS (87.18%) foi ontem obrigada a aprovar uma injecção de fundos estrangeiros, para recapitalização do banco, no montante de 13 mil milhões/bilhões (mm/bi) de CHF/francos suíços (8 mm/bi de EUR/euros).
O fundo soberano de Singapura GIC investiu 11 mm/bi CHF ( EUR 6,85 mm/bi) passando a ser o maior investidor privado da instituição, com o controlo de 9% do capital.
Um investidor não identificado do Médio Oriente pagou os restantes CHF 2 mm/bi (UER 1,24 mm/bi).
A controversa operação de emergência destinou-se a salvar a estabilidade financeira da instituição que, em 2007, registou os primeiros prejuízos líquidos nos seus dez anos de existência (CHF 4,4 mm/bi; EUR 2,7 mm/bi).
Os resultados foram influenciados por pesadas perdas (EUR 12,1 mm/bi) provocadas pelo colapso hipotecário nos EUA e pela crise financeira global que se lhe seguiu.
Em 2006, o banco registara lucros de CHF 12,3 mm/bi (EUR 8,13 mm/bi).
“Eu penso que o melhor é a destituição de todo o conselho de administração e a anulação das respectivas reformas”, disse um dos visivelmente irritados 6 500 accionistas, presentes na Assembleia Geral (AG) extraordinária, reunida em Basileia, Suiça.
“Se vocês tivessem ouvido os repetidos alertas, tudo isto não teria acontecido” acrescentou.
A UBS já reduzira de três para um ano a duração do contrato de Ospel.
Hermes, o super fundo de investimento britânico, através dos seus representantes na AG de ontem, apelou ao presidente do conselho de administração do banco para que se demita. Ospel, que apesar das violentas críticas rejeitou demitir-se, poderá ser destituído na AG ordinária, marcada para o próximo dia 23 de Abril.
(pvc/agências)

Instrumento regulador posto em causa

A turbulência e volatilidade do mercado financeiro global provocadas pelo colapso do mercado hipotecário de alto risco - subprime - nos EUA começa a provocar reacções que pôem em causa as políticas macroeconómicas, a estabilidade e regulação do sistema financeiro, designadamente o novo «Basileia II».
Este instrumento regulatório, foi aprovado pelos bancos centrais associados ao Banco Internacional de Pagamentos (BIS, em inglês), em 2005.
Basileia II reformou o quadro anterior (Basileia I/1988) que regulava a adequação dos fundos de capitalização dos bancos.
Ao longo dos anos, foi revelando vários tipos de vulnerabilidades.
A reformulação feita há três anos caracterizou-se pela entrada em vigor de um quadro normativo com novos intrumentos de calibração dos riscos de crédito e de fixação do respectivo preço e qualidade.
Os gigantescos prejuízos recentemente sofridos pelas instituições financeiras, que dispararam um agressivo processo de recapitalização, pulverizaram os modelos de avaliação dos riscos de crédito usados pelo sistema bancário global.
Citada pelo Financial Times, Sheila Bair, presidente da seguradora das reservas depositadas no banco emissor dos Estados Unidos (Reserva Federal/Fed) - Federal Deposit Insurance Corporation - reconheceu existirem “importantes pontos fracos” que, na presente crise, fizeram disparar os sinais de alarme e aconselham a adopção de novas medidas preventivas. (pvc)

http://www.lawrei.eu/mranewsletter/

Pensemos como Sócrates diz que pensa.
Pensemos como o soberano governador do banco do sítio diz que pensa.
Pensemos como dizem que pensam uma série de gente, políticos, especialistas em finanças e economia, especialmente os que tiveram responsabilidades na gestão do sítio há 30 e tal anos.
Posto este pequeno problema, não será difícil concluir o óbvio. Como a gestão se vê pelos resultados, tinham ordens para obedecer apenas.
Porque manda quem pode e o poder não está nas mãos de quem tem governado o sítio.
O soldado habitual não pensa obedece.
O cachorro treinado segundo as leis de Pavlov obedece aos vários estímulos e condiciona-se.
Os fulaninhos de que falo, fazem como os cachorros, os que descarrilam são abatidos ao efectivo.
São assim as leis da sociedade em que vivemos e por mais que se pense, não é possível regenerar por dentro um tecido morto roído pelos vermes, porque os vermes não se regeneram, alimentam-se do que existe, até passarem para outro organismo com tecidos novos.
Ou se destroem ou enquistam à espera de nova oportunidade, chamando-se a isto em linguagem de vigarice política: travessia do deserto ou despotismo quando presos ou afastados.

28 de Fevereiro de 1904.

"Cento e quatro anos passaram desde que um grupo de 24 jovens fundaram lá para os lados de Belém o Sport Lisboa, o embrião do actual Sport Lisboa e Benfica, designação que seria adoptada em 13 de Agosto de 1908, após a absorção do Sport Clube de Benfica. Nada fazia então prever que das sementes do modesto clube de bairro haveria de surgir o maior emblema desportivo nacional e uma das principais bandeiras de Portugal além fronteiras.

Foram cento e quatro anos de crescimento até se tornar no gigante do futebol português que é hoje."

Parabéns Benfica

SAUDADES DA ASAE

"O Greenpeace inaugurou um "escritório virtual" em Portugal, ao que consta em resposta a uma petição com 7 mil assinaturas. Espantosamente, alguma imprensa relata a novidade como se a novidade fosse uma benção, incluindo o pormenor de já andarem "voluntários" nacionais do Greenpeace a "recolher dados sobre o peixe" nos supermercados. Os "ambientalistas" suspeitam que os portugueses consomem peixe em excesso e querem "conhecer a rota dos produtos no mar" antes de "entrar em acção". Imagina-se o tipo de acção. Não se imagina que, ainda recentemente, nos queixássemos da ASAE.

Apesar de tudo, e o "tudo" não é pouco, a ASAE é uma instituição tutelada por um Governo eleito e aplica a lei. O Greenpeace é uma seita sem qualquer representatividade democrática, cujas acções veiculam apenas as opiniões dos seus membros. E o respeito destes pela lei é, para ser moderado, escasso. Para ser rigoroso, o respeito é nulo. Os métodos da seita implicam justamente a destruição, a sabotagem, o bloqueio e a genérica violação da ordem, uma estratégia "irreverente" que lhe trouxe a simpatia de ociosos e as inevitáveis graças dos "média".

Portugal, de resto, já foi apresentado ao estilo. Há sete ou oito anos, a rapaziada da organização invadiu o porto de Leixões e, com a divertida complacência do ministério do Ambiente, impediu uma descarga de uns troncos tropicais e proibidos. Uns dias depois, apurou-se que os troncos não eram proibidos. O empresário em causa ficou com a despesa, os "activistas" da causa com a glória de mais um "protesto" bem sucedido. Em 2005, através do cerco a uma fábrica do ramo, a história da madeira repetiu-se. A impunidade da rapaziada, idem.

Felizmente, agora sabe-se que por cá a rapaziada mobiliza no máximo 7 mil visionários, incumbidos por si mesmos do direito de prejudicar a vida dos outros. Seria adequado que, ao próximo ameaço de baderna, alguns dos outros se juntassem para prejudicar um bocadinho a vida dos visionários, se possível com o recurso aos troncos, proibidos ou não
."

Alberto Gonçalves

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Relembrar o que nos querem fazer esquecer

“O pior está para vir.”
Foi com esta lúgubre frase que o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, anunciou a noite passada o lançamento de um plano de emergência para que o reajuste das taxas de juro «subprime», contratadas entre as instituições de crédito e os clientes, seja adiado por mais 30 dias.
O objectivo é dar um balão de oxigénio aos devedores em incumprimento, a fim de arranjarem dinheiro suficiente para pagarem as prestações atrasadas.
A inédita medida, baptizada de “Project Lifeline”, dirige-se aos detentores de hipotecas com mais de 90 dias de atraso, tentando evitar que as respectivas casas sejam penhoradas.
Bank of America, JP Morgan Chase, Citigroup, Countrywide, Washington Mutual eWells Fargo são os bancos envolvidos, segundo um artigo publicado pelo Financial Times.
Na semana passada, um relatório publicado por um grupo de procuradores gerais federais revelou que 2/3 dos devedores, desde Outubro, não obtiveram quaisquer facilidades do sistema bancário. Robert Steel, subsecretário das finanças internas, numa audição perante uma comissão do Senado confessou que os apoios especiais recentemente aprovados pelo governo - Programa “Hope Now” - se revelaram, até ao momento, “inadequados”.
Contudo, os gestores do plano publicaram dados na semana passada segundo os quais 68% dos “maus pagadores” beneficiaram de ajudas no segundo semestre de 2007.
O Projecto Lifeline abrange igualmente os tomadores de créditos hipotecários de menor risco - empréstimos “alt-A“. O mercado e os analistas interpretam o facto como revelador do receio dos governantes de que a crise de crédito atinja também os devedores com históricos bancários de melhor qualidade.
Christopher Dodd, presidente da comissão senatorial que fiscaliza o sistema bancário, afirmou que o bem-intencionado plano “não conseguirá impedir a onda de milhões de penhoras com que nos iremos deparar nos próximos meses.”
Por seu turno, John Taylor, presidente de uma organização não lucrativa envolvida na solução da crise hipotecária americana - National Community Re-investment Coalition - deitou mais algumas achas na fogueira ao revelar que os problemas do sector não foram causados pelos seis bancos envolvidos no projecto Lifeline.
“Eles irão precisar da autorização dos accionistas para modificarem os contratos hipotecários. Até agora, já vimos que as probabilidades de tal acontecer são mínimas.” (pvc)

“Os mercados são moldados por expectativas humanas, os seus comportamentos não são passivos de previsão racional. As forças que movimentam os mercados não são processos mecânicos de causa e efeito. São aquilo que George Soros designou por “reflexões interactivas”. Dado que os mercados são constituídos por interacções entre crenças altamente inflamáveis, não são capazes de se autoregular.
De acordo com a teoria económica corrente, podemos compreender a economia como compreendemos um maquinismo; mas as sociedades humanas estão em permanente flutuação e mudanças. As instituições sociais são formadas de convicções humanas; um rectângulo de papel serve de dinheiro apenas enquanto acreditamos que é dinheiro; de outro modo, é apenas uma curiosidade. As teorias que procuram mecanizar os mercados deixam de lado o facto mais importante: eles são ficções construídas pela imaginação e pelas expectativas humanas.
Em particular nos mercados financeiros, as nossas expectativas sobre o futuro entrechocam-se. Os mercados financeiros não tendem para o equilíbrio. O excesso é o seu estado normal. Esta volatilidade no âmago das instituições financeiras liberalizadas dá origem a uma economia mundial organizada como um sistema de mercados livres essencialmente instáveis.
Os que crêem que os mercados livres nos permitem formular expectativas racionais sobre o futuro vêem a longa expansão económica americana desde o início dos anos 80 até ao presente como prova de que os ciclos económicos são uma das bárbaras relíquias da história.
Estão confiantes em que as economias que se submetem às exigências do consenso de Washington não precisam recear as súbitas contracções e longas depressões que as sacudiram no passado.
Allan Greenspan, presidente do Banco Central Americano ( Federal Reserv Bank ), credibilizou o conceito de que os ciclos económicos estão obsoletos.
Até 1989 Greenspan acreditou que os mercados livres se enraizavam na natureza humana e que apenas a tirania poderia evitar que o resto da natureza humana os abraçasse.
É louvável que Greenspan, numa conferência no Centro Woodrow Wilson em Junho de 1997, tenha confessado que após 1989 descobriu que « muito do que tomámos por verdadeiro no nosso sistema de mercado livre não se devia à natureza, mas à cultura.
O desmantelamento da função de planificação central não estabelece automaticamente, como alguns supunham, o capitalismo de mercado».
Greenspan reconheceu a importância das normas culturais na sustentação dos mercados livres. Mas que cataclismo no mercado será preciso para convencer Greenspan de que uma «nova era» de crescimento estável é apenas um mito?
O laissez-faire global pode sucumbir no meio de uma crise ingerível dos mercados bolsistas e das instituições financeiras.
A enorme e praticamente obscura economia virtual dos derivados financeiros aumenta os riscos de uma ruptura sistémica.
Como reagiria a sociedade americana desunida a um colapso bolsista como o que ocorreu no Japão no início dos anos 80?
Hoje, uma ruptura dessa dimensão desencadearia convulsões económicas e sociais de grande escala nos Estados Unidos.
Independentemente de outros presságios de um tal evento, podemos ter a certeza de que mais ninguém falaria da utopia do governo minimalista.
O regime internacional dos mercados livres não poderia sobreviver a uma convulsão económica no seu epicentro.”

John Gray in “False Down”

Post scriptum:
Viram a notícia sobre o envolvimento de fundos da CGD no lodo do subprime?
O que estará ainda por se descobrir?
Como se irão comportar as autoridades reguladoras?
Um país onde a autoridade do estado desaparece, deixa de ser viável como tal, Hobbes esclarece porquê.

Democracia, comunicação social e justiça.

Só há democracia quando os tribunais são transparentes e rápidos, o jornalismo é livre, independente e responsável, e o povo tem o direito constitucionalmente garantido de ser informado.

Infelizmente muitos jornalistas não percebem nada das leis e do funcionamento processual, não respeitam o segredo de justiça e a privacidade dos arguidos, invocam o seu sigilo profissional consagrado na lei para desculparem-se dos seus erros e têm por objectivo, na melhor das hipóteses, o aumento de “share”.

Ora, por mais que seja invocado o direito à informação, este não é compatível com a “notícia por encomenda”. Até porque a falsa notícia alimenta a descredibilização dos media que, diga-se de passagem, é cada vez maior.

Assim, os jornalistas têm de ser preparados para compreender e lidar com a máquina da justiça, quer através de cursos, quer através da criação de gabinetes de apoio nos tribunais. O mesmo se passa com os profissionais do direito. Também eles devem ser preparados para relacionar-se com os media e o seu funcionamento.

Acresce que, para terminar com a impunidade que fomenta a publicação de falsa informação, deve a lei de imprensa ser alterada, obrigando o jornalista a respeitar o segredo de justiça, a revelar as suas fontes e a sofrer duras punições.

27 de Fevereiro de 1933.


Reichstag em Chamas. O fogo começou as 21:14h no dia 27 de Fevereiro de 1933. Acredita-se que o incêndio tenha começado em vários lugares. Quando a policia e os bombeiros chegaram no local houve uma grande explosão na Câmara dos Deputados. A policia encontrou Marinus van der Lubbe, quase nu, atrás do prédio. Adolf Hitler e Hermann Göring chegaram logo em seguida e quando eles encontraram Lubbe, um conhecido agitador comunista, Göring imediatamente declarou que o incêndio foi causado pelos comunistas. Então os lideres do partido foram presos. Hitler se beneficiou da situação, declarou estado de emergência e encorajou o então presidente Paul Von Hindenburg a assinar o Decreto da Queima do Reichstag (de:Reichstagsbrandverordnung) que suspendia a maioria dos Direitos Humanos garantidos pela constituição de 1919 da República Weimar.

Os lideres nazistas precisavam provar que o fogo foi causado pela Sociedade Internacional Comunista. De acordo com a policia Lubbe confessou que ele teria colocado o fogo em protesto ao crescente poder dos nazistas. Com os lideres comunistas presos e por deputados comunistas impedidos de tomar seu assentos no Reichstag, Hitler teve 44% dos votos nas eleições. Além disso, foram dados a ele dois terços de maioridade o que lhe possibilitou por lei decretar e suspender muitas liberdades civis. Seria impossível para Van der Lubbe colocar fogo em todos os vários lugares do Reichstag, no entanto ele foi condenado a morte e degolado em 1934.

Até amanhã e boa sorte!!!

Relembrando.

"Portugal ficou mais perigoso em apenas sete anos. O número de crimes registados pelas autoridades aumentou 10,2% entre 2000 e 2006, de acordo com os Indicadores Sociais do Instituto Nacional de Estatística (INE) (mais aqui)".

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Teoria e prática

"Admira que a economia britânica tenha tido o desempenho que teve nos últimos 15 anos. À luz da teoria económica isto é impossível.

Axel Leijohnufvud, economista sueco, fez em tempos um comentário deveras inteligente sobre a meta de inflação: funciona melhor na prática do que na teoria. Partilho da mesma opinião no que respeita à economia do Reino Unido. E sabendo nós o que sabemos – sobre o fraco crescimento da produtividade e a erosão da sua excelência científica e tecnológica –, admira que a economia britânica tenha tido o desempenho que teve nos últimos 15 anos. À luz da teoria económica isto é impossível.

Espero que o milagre económico britânico seja desmontado nos próximos anos e que a verdade venha ao de cima, isto é, que se esclareça que tudo não passou de um longo passeio de carro a alta velocidade “à boleia” de uma bolha de preços dos activos também ela demasiado longa. A economia do Reino Unido está prestes a sofrer uma desaceleração tão grave quanto a dos EUA ou ainda pior, visto o seu mercado imobiliário estar mais inflacionado e o sector financeiro ter grande peso no PIB. Segundo os meus cálculos, os preços do imobiliário residencial no Reino Unido situam-se 30% acima da tendência em termos reais. Não tendo a tendência mudado nos últimos anos, isto significa que os preços ajustados à inflação podem vir a cair até 40% face aos máximos registados.

Claro que a tendência pode ter mudado. É possível que o Reino Unido tenha atraído um tal número de investidores estrangeiros que a linha de tendência se desviou do padrão habitual. Mas os investidores estrangeiros podem desaparecer tão depressa como apareceram, uma vez que a sua presença constitui um reflexo da boa saúde do sector financeiro. Pessoalmente, acredito que a linha de tendência, velha de 50 anos, se mantém aproximadamente certa. No entanto, isso não impede que o sector financeiro britânico esteja em apuros e que a crise do crédito se vá prolongar no tempo, visto “alastrar” de um subsector a outro.

Tal como sublinhei noutros artigos, as ‘swaps’ de incumprimento de crédito (CDS na sigla inglesa) colocam sérios riscos à estabilidade financeira. Ora, é bom lembrar que a City de Londres tem sido o “centro” do mercado europeu de CDS e que o excesso de regulação no sector bancário pode vir a ser uma das consequências imediatas da crise do crédito. Esta intrusão pode não só visar o tipo de produtos que oferecem como a distribuição dos lucros e os pacotes salariais. E quanto mais amplos forem os apoios financeiros do Estado ou as nacionalizações, maior será a vingança dos órgãos reguladores.

A área financeira esteve na moda nos últimos 15 anos, mas daqui em diante é provável que passe a ter fama de non grata e que volte a ser o que a teoria económica sempre disse que deveria ser: uma actividade necessária, que exige algumas aptidões técnicas e que, na ausência de bolhas, é relativamente desinteressante. As implicações macroeconómicas da desaceleração no sector financeiro são bastante graves. No Reino Unido, o sector financeiro é o que mais contribui para a balança de pagamentos. O declínio terá lugar num momento inoportuno, visto o país registar actualmente um défice na balança de transacções correntes de 5,7% face ao PIB. Reduzir este défice para níveis mais sustentáveis vai obrigar a uma forte quebra no consumo e a um aumento considerável das poupanças – especialmente porque a maior indústria exportadora do país se encontra em recessão. Poderá o Banco de Inglaterra pôr cobro a este pesadelo reduzindo as taxas de juro? Parece-me que a resposta é “não”, pois trata-se de uma desaceleração diferente das anteriores. Esta deveu-se ao rebentamento de uma bolha e não à subida das taxas de juro. Isto leva-me a crer que a forte dependência do Reino Unido dos serviços financeiros e do sector imobiliário, vista até muito recentemente como um dos seus pontos fortes, passe a ser vista no futuro como uma fraqueza estrutural.

Não deixa de ser curioso que nos tenham dito que as economias no século XXI iriam vingar através dos serviços. Como é sabido as modas estão sujeitas a mudanças drásticas, mas no que toca ao desfasamento entre teoria e prática, em muitas circunstâncias é a teoria que nos dá uma percepção mais clara sobre os acontecimentos
."

Wolfgang Munchau

Sim, nós podemos!

"Se o século XX foi o século dos governos e das empresas, o século XXI será o século da sociedade civil.

No início da década de 1980, Pierre Rosanvallon anunciava, em França, aquilo que os economistas já tinham começado a prever – a crise do Estado-Providência. Essa crise era, antes de mais, crise financeira do Estado, pois a transição demográfica associada ao aumento da esperança de vida e à acrescida extensão e generalização dos direitos sociais (por exemplo, subsídios de desemprego e doença e pensões de reforma), exigia uma proporção crescente de despesas públicas nas funções sociais e, com ela, a necessidade de níveis crescentes de impostos e de contribuições para a segurança social dificilmente sustentáveis.

Para além do anúncio da crise, Pierre Rosanvallon tornava claro que se devia evitar a falácia de se considerar que as alternativas eram apenas mais Estado ou mais mercado. O reforço do puro estatismo levaria garantidamente a uma insolvência a prazo; por seu lado, o caminho da privatização das funções passíveis de serem privatizáveis (saúde e pensões de reforma, por exemplo) poderia significar a regressão dos objectivos redistributivos e de justiça social subjacentes à própria noção de Estado-Providência. O caminho passaria então por um reforço da sociedade civil: por um renascimento das solidariedades pessoais, pela participação de cada cidadão e pela assumpção por parte do terceiro sector de algumas das funções Estado.

Nas sociedades europeias actuais, praticamente resolvido o problema da paz, assumem uma crescente importância a qualidade de vida e a coesão social. Porém, geralmente as administrações públicas estão mal preparadas, não por falta de interesse mas pela sua própria natureza, para a actividade de melhorar a qualidade de vida ou ajudar as pessoas em situação de exclusão social. E, no curto prazo, pouco será de esperar das empresas. Qual foi a variável que ficou de fora? A sociedade civil, claro.

Também para Anthony Giddens, o futuro da democracia depende do fomento de uma profunda cultura cívica. E nem os mercados nem uma pluralidade de grupos de interesse especiais podem produzir essa cultura. Aliás, “temos de deixar de pensar que a sociedade é composta apenas por dois sectores: o Estado e o mercado, ou o sector público e o sector privado. Entre estes dois encontra-se a área da sociedade civil, que inclui os cidadãos, a família e as instituições do terceiro sector.”

Se o século XX foi o século dos governos e das empresas, o século XXI será o século da sociedade civil. Sobretudo na “Europa dos cidadãos”, na Europa que se transformou de Comunidade Económica Europeia (CEE) em União Europeia (UE), para se redireccionar de uma realidade económica para uma realidade social.

Ontem, no jornal Público, Vital Moreira alertou para a necessidade da modernização do sistema político não consistir apenas na eliminação as suas disfunções, não devendo perder de vista a renovação da democracia e o incentivo a uma maior participação. É o mesmo apelo que dirige ao Estado no recente relatório da SEDES: “abrir urgentemente canais para escutar a sociedade civil e os cidadãos em geral.”

Há uns anos, Geoff Mulgan, um dos autores da “terceira via” e na altura ‘head of strategy’ de Blair, deixou a política para liderar a Young Foundation. Geoff percebeu (a tempo) que o Estado social depende mais da sua actuação ao nível das respostas às necessidades sociais do que das suas estratégias. Para ele, há uma revolução por fazer ao nível da educação, da saúde, do ambiente, da justiça, da qualidade de vida, que depende de uma sociedade civil dinâmica e participativa. Sem cidadãos verdadeiramente disponíveis, fica comprometida a hipótese de um Estado social, de uma sociedade de igualdade de oportunidades, bem-estar e coesão social.

No próximo dia 30 de Maio, a Gulbenkian acolhe o “nextrev – congresso internacional de inovação social” (www.nextrev-lisbon.org). O papel das comunidades e da participação cívica e democrática será uma das áreas em debate. Esta é uma resposta da ONG em que trabalho ao “difuso mal-estar” da sociedade portuguesa
. "

João Wengorovius Meneses

Alabama Song

Ser GNR no Oásis.

"Dois militares da GNR foram agredidos por civis no espaço de três dias na região do Vale do Sousa. Ambos tiveram de receber tratamento hospitalar, mas só numa das situações o agressor foi detido. As agressões aconteceram quando os guardas foram chamados a intervir num acidente de viação e num desacato. O comandante interino do Destacamento da GNR de Penafiel, Pedro Teixeira, mostra-se preocupado com os ataques aos seus homens, mas defende que estas foram situações isoladas (mais aqui)."
Há situações isoladas que merecem preocupação. Agora imaginem que eram situações frequentes…

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Oh professor...

"Paulo Trigo Pereira, coordenador do grupo que elaborou a nova Lei das Finanças Locais, rejeitou a sugestão de Marcelo Rebelo de Sousa para contornar o chumbo do empréstimo à Câmara de Lisboa pelo Tribunal de Contas, recorrendo ao artigo 128. A posição foi defendida pelo especialista em Finanças Públicas, Paulino Brilhante Santos. Mas “neste caso não se aplica”, alertou Paulo Trigo Pereira. Este mecanismo serve, essencialmente, para “resolver problemas de tesouraria e só se aplica a câmaras que estão abaixo do limite de endividamento” (mais aqui)."

Novas da CRIL

"O Movimento de Cidadãos "Pelo Estado de Direito e Pela Democracia" entregou ontem, na presiência da República, um manifesto a pedir a Cavaco Silva uma tomada urgente de posição sobre o actual projecto de conclusão da CRIL, que ligará a Buraca à Pontinha (cerca de 4,5 quilómetros) (mais aqui)."

Curiosidades.

"As deslocações ao estrangeiro dos 12 deputados mais viajados, em serviço pela Assembleia da República, implicaram, em 2007, uma despesa de quase 351 mil euros, montante que representa 11 por cento de um total de 3,1 milhões de euros orçamentados para viagens e estadas no ano passado (mais aqui)."

DESCONTROLO ALFANDEGÁRIO

"É urgente maior cautela nas alfândegas. Quase tudo o que Portugal importa chega deteriorado. O carnaval de Torres Vedras e de Ovar não é bem o carnaval do Rio, mas uns tractores com bonecos, umas moças cheiinhas de frio e uns cavalheiros travestidos. As nossas séries televisivas não são bem a "Anatomia de Grey", mas, nos melhores momentos, o actor Miguel Guilherme perdido em sentimentalismo, a fingir de pequeno funcionário oprimido pelo Estado Novo. O "Sim, nós podemos" de José Sócrates não é bem o "Yes, we can" de Barack Obama, mas a "ideia" atroz de um assessor que devia ser posto na rua.

É sina: as coisas entram em Portugal e ganham logo um inconfundível aroma boliviano ou paraguaio. Veja-se, também, a corrupção. Em países civilizados, as grandes combinações ilícitas envolvem lóbis poderosíssimos, resíduos nucleares, malas com milhões e iates repletos de beldades dispendiosas, sob a vigilância pericial do FBI ao largo de Barbados.

Por cá, um inspector da Judiciária que depôs no julgamento do célebre "Apito Dourado" descreveu o cenário de uma negociata que testemunhou incógnito: um restaurante em Gondomar ("caro", disse o inspector). As personagens da negociata: árbitros, dirigentes do Gondomar FC e uma lampreia ("uma jantarada", assegurou o inspector). O montante envolvido na negociata: a lampreia ("só comi as entradas", jurou o inspector). A negociata: a vitória do Gondomar FC num jogo com o Vizela ou lá o que é ("um acontecimento sem paralelo", suponho que terá pensado o inspector).

O pior, ao contrário do que se diz por aí, não é a pobreza envergonhada. É a miséria exposta.
"

Alberto Gonçalves

terça-feira, fevereiro 26, 2008

26 de fevereiro de 1802

Nasce Victor Hugo em Besançon. Filho de Joseph Hugo e de Sophie Trébuchet, nasceu em Besançon, no Doubs, mas passou a infância em Paris. Estadias em Nápoles e na Espanha acabaram por influenciar profundamente sua obra. Funda com os seus irmãos em 1819 uma revista, o Conservateur littéraire (Conservador literário), que já chama a atenção para o seu talento. No mesmo ano, ganha o concurso da Académie des Jeux Floraux.

O seu primeiro recolhimento de poemas, Odes, é publicado em 1822: tem então vinte anos. Mas é com Cromwell, publicado em 1827, que alcançará o sucesso. No prefácio deste drama, opõe-se às convenções clássicas, em especial à unidade de tempo e à unidade de lugar.

Tem, até uma idade avançada, diversas amantes, sendo a mais famosa Juliette Drouet, atriz sem talento que lhe dedica a sua vida, e a quem ele escreve numerosos poemas. Ambos passavam juntos o aniversário do seu encontro e preenchiam, nesta ocasião, ano após ano, um caderno comum que nomeavam o Livro do aniversário.

Criado por sua mãe no espírito da monarquia, acaba por se convencer, pouco a pouco, do interesse da democracia ("Cresci", escreve num poema onde se justifica). A sua idéia é que "onde o conhecimento está apenas num homem, a monarquia se impõe." Onde está num grupo de homens, deve fazer lugar à aristocracia. E quando todos têm acesso às luzes do saber, então vem o tempo da democracia". Tendo se tornado favorável a uma democracia liberal e humanitária, é eleito deputado da Segunda República em 1848, e apóia a candidatura do "príncipe Louis-Napoléon", mas se exila após o golpe de Estado de 2 de Dezembro de 1851, que ele condena vigorosamente por razões morais (Histoire d'un crime).

Durante o Segundo Império, em oposição a Napoléon III, vive em exílio em Jersey, Guernsey e Bruxelas. É um dos únicos proscritos a recusar a anistia decidida algum tempo depois: « Et s'il n'en reste qu'un, je serai celui-là » ("e se sobra apenas um, serei eu"). A morte da sua filha, Leopoldina, deixou-o a tal ponto desamparado que se deixa tentar, na sua lembrança, por experiências espíritas relatadas numa obra diferente nomeada Les tables tournantes de Jersey.
De acordo com seu último desejo, seu corpo é depositado em um caixão humilde que é enterrado no Panthéon. Tendo ficado vários dias exposto sob o Arco do Triunfo, estima-se que 1 milhão de pessoas vieram lhe prestar uma última homenagem.

Wikipedia

Até amanhã e boa sorte!!!

Cliente morto em assalto




"António David Patriarca estava ao balcão do café O Brasileiro em Camarate, Loures, quando quatro rapazes, todos encapuzados e armados, entraram e gritaram: “Isto é um assalto! Quero os telemóveis. Deitem-se no chão”. Apercebendo-se de que, no meio da confusão, um cliente do café conseguiu escapar – fechando-se na casa de banho –, António tentou seguir-lhe o exemplo e fugir pelos fundos, mas foi apanhado e abatido por um dos assaltantes com um tiro na cabeça. O crime aconteceu ao início da noite de sexta-feira (mais aqui)."




Só num país com a criminalidade a diminuir um cliente é assassinado durante um assalto. E o saldo não é pior porque há muita sorte …

Talvez...

"Talvez tudo fosse diferente se os políticos tivessem de responder, com os seus bens, pelas dívidas de que são responsáveis (mais aqui)"

António Barreto

Conversa em família

"Marcello Caetano, quando presidente do Conselho, tinha direito a tempo de antena para as suas Conversas em Família. Serões televisivos (e radiofónicos) que aproveitava para explicar ao povo as políticas do seu Governo, desde as opções mais comezinhas às questões de Estado. Mas também para desfazer equívocos do que considerava desinformação ou boataria (sobretudo, óbvio, do que chegava pela não censurada imprensa estrangeira).

O convite partiu do então homem forte da RTP, Ramiro Valadão, e Marcello Caetano, com dotes de comunicador associados à sua inquestionável mestria enquanto professor catedrático de Direito, não se fez rogado. «Nem sempre as circunstâncias proporcionam ao chefe do Governo oportunidade para, num discurso, esclarecer o seu pensamento ou elucidar o público sobre problemas correntes ou objectivos a atingir. Mas os actuais meios de comunicação permitem conversar directamente com as pessoas, sem formalismos, sem solenidades, sempre que seja julgado oportuno ou necessário», Marcello Caetano dixit, no primeiro dos seus programas.

José Sócrates, por ocasião da passagem do terceiro aniversário sobre as eleições que lhe concederam, e ao PS, a primeira maioria absoluta, seguiu a ‘lição’ de Caetano. Desta vez, ao contrário do ano passado (na altura, a RTP foi a eleita), escolheu a SIC.

O modelo foi o de uma entrevista, mas o resultado foi, objectivamente, o de uma ‘conversa em família’.

Não chegou a uma hora, mas foi o suficiente para o primeiro-ministro e secretário-geral do PS explanar tudo o que queria sobre os temas mais polémicos do seu Governo.
A conversa de Sócrates foi serena e familiar. Mas nem por isso pode concluir-se como convincente. Como Caetano.

Quando a realidade é o que é – exemplo máximo, o do desemprego – bem podem as estatísticas permitir todas as leituras e explicações que ela não muda. Como reagirá quem, desempregado, ouve o primeiro-ministro, com voz cândida, propalar aos sete ventos que já criou não sei quantos milhares de empregos e que vai cumprir a promessa de criar mais outros tantos até ao final da legislatura?

Na sua última ‘conversa’, em 28 de Março de 1974, Marcello Caetano dizia: «Olhando para o trabalho realizado nos cinco anos e meio de Governo, fazendo exame de consciência sobre as intenções que me têm norteado e os actos que tenha cometido, fica-me a tranquilidade de ter sempre procurado cumprir rectamente o meu dever para com o país, que o mesmo é dizer, para com o povo português». Um mês depois, estava no exílio.

A propaganda vale o que vale. Só convence quem quer ou se deixa ser convencido
."

Publicado por MRamires

Dream on

E a criminalidade continua a diminuir...

"Homem espreitou assalto e foi alvejado. "Os ferimentos foram à superfície, no pescoço e no peito, mesmo do lado do coração, mas a bala passou de raspão porque fez ricochete na parede", afirmou ao DN a cunhada da vítima que, com medo de represálias, não se quis identificar. Os assaltos na zona são frequentes e o medo impera na vizinhança. A proprietária do café, instalado na urbanização, perdeu o marido, abatido a tiro durante um assalto (mais aqui)."

ELE HÁ HISTÓRIAS FANTÁSTICAS

"José Esteves é um bombista assumido. Há dois anos, numa entrevista, disse que foi ele quem fez a bomba incendiária que atirou abaixo o Cessna e matou Sá Carneiro. Português típico, o Esteves - bazófias. Mas tão típico, tão típico, que, confissão feita, recuou nas consequências: ele fizera a bomba mas entregou-a, sem saber qual o destino. Em todo o caso, bombista e experimentado. Um dia, estava o Esteves preso em Caxias - também por essas coisas explosivas - e o director da cadeia mandou chamá-lo. Testou-o: com que então, era um entendido... Esteves disse que sim. Pediu isto e aquilo, assim como quem faz a sopa de pedra, e o tampo do director foi pelos ares. Bombista, pois. E por que o trago aqui, hoje? Porque, anteontem, José Esteves estava com uma bilha de gás aos pés e acendeu um cigarro. Foi para o hospital. Repito, o nosso maior bombista fumava com a bica do camping gás aberta! São estas coisas, mais do que diz a Sedes, que me fazem pensar que não vamos lá. "

Ferreira Fernandes

Para memória futura.

"A Caixa Geral de Depósitos reconheceu nas contas do ano passado um prejuízo de 89 milhões de euros decorrente da exposição ao crédito de alto risco (subprime). Esta perda, que representa cerca de 0,3% da carteira de investimentos, foi compensada por outros ganhos e não impediu o banco público de apresentar ontem lucros recordes de 856,3 milhões de euros, mais 16,7% que em 2006... Ontem, o presidente da Caixa, Faria de Oliveira, deixou alertas para a situação grave que se vive nos mercados financeiros e para uma crise complexa e sem fim marcado que obrigará os bancos a adaptarem a sua estratégia comercial que terá de ser ajustada ao agravamento dos custos de financiamento e de crédito no mercado internacional, o que se traduz no aumento dos spreads, agravando os juros pagos pelos clientes (mais aqui)."

O nosso jornalismo.

"A viatura fotografada em contramão na Via do Infante (A22) por um jornalista da agência noticiosa Lusa, na tarde de domingo, afinal tinha-se despistado. Esse o motivo pelo qual a Brigada de Trânsito da GNR não tinha conhecimento de qualquer situação de contramão na estrada (mais aqui)."

Desassossego inútil

"A realidade a que isto chegou não se muda com desassossegos. A realidade é tão negra que é preciso cortar o mal pela raiz. O sítio anda agitado e a discussão sobre o seu estado começa a dominar a pobre agenda política. Como é óbvio, ninguém se entende. A SEDES, uma organização antiga, nascida ainda no tempo da velha senhora, atirou umas fortes pedradas aos poderes instituídos e provocou, naturalmente, azia em muitos estômagos lusos.

Ao afirmar que “sente-se hoje na sociedade portuguesa um mal-estar difuso, que alastra e mina a confiança essencial à coesão social” pôs-se a jeito para levar uma enorme sova do senhor presidente do Conselho, José Sócrates, que descobriu a existência no sítio de profetas da desgraça e até acha que os indígenas começam a ficar fartos do pessimismo profissional.

Tentando pôr alguma água na fervura, o senhor Presidente da República, cooperador estratégico do Governo socialista, mandou os cidadãos trabalhar em vez de andarem angustiados com essa coisa da política e dos políticos. Enquanto Suas Excelências se entretêm nestes jogos florais, o povo vai fazendo pela vidinha e nos intervalos assiste a espectáculos verdadeiramente deprimentes protagonizados por quem supostamente os governa, no poder ou na oposição. Ficou a saber que o Tribunal Constitucional multou a Somague, uma das maiores empresas de construção civil do regime, em 600 mil euros por financiamento ilegal ao PSD. Ficou a saber que as obras públicas, encomendadas pelo Estado e executadas pelas empresas de construção civil do regime, custam, em média, mais de cem por cento do que o previsto sem que ninguém vá preso ou se tente saber para onde foi esse dinheiro pago a mais. Ficou a saber que o BCP, o maior banco privado do sítio, gastou 80 milhões no pagamento de reformas e rescisões a sete administradores que provocaram uma perda de valor do banco superior a 400 milhões de euros e tomou conhecimento de que ninguém vai preso ou é seriamente incomodado por tais factos.

A realidade neste sítio cada vez mais perigoso, cada vez mais pobre, cada vez mais hipócrita e obviamente cada vez mais mal frequentado ultrapassa em muitos aspectos e em muitas áreas qualquer boa obra de ficção. A realidade já não se altera com uma discussão entre profetas da desgraça, pessimistas profissionais, corruptos encartados, políticos deslumbrados e alucinados com o poder, jornalistas comprometidos com o poder e a oposição e varredores exímios na arte de atirar o lixo para debaixo dos tapetes.

A realidade já não se muda com desassossegos intelectuais mais ou menos brilhantes. A realidade a que isto chegou é tão negra que é preciso cortar definitivamente o mal pela raiz
."

António Ribeiro Ferreira

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Desagregação

Dos 78 milhões dos 500 milhõees de europeus que vivem em risco de pobreza, 19 milhões são crianças, ou seja 25%, refere um relatório da Comissão Europeia sobre política social divulgado hoje, em Bruxelas, noticiou o Diário Digital.

De acordo com o documento, divulgado em Bruxelas e que será adoptado pelos 27 no Conselho de Ministros da Segurança Social na sexta-feira, em Portugal “o risco de pobreza após as transferências sociais (20 por cento em 2004) e as desigualdades na distribuição dos rendimentos (rácio 8,2 em 2004) são das mais elevadas na UE”.
A população mais idosa, as mulheres e as crianças são as mais atingidas pela pobreza.
As despesas do Estado com protecção social representavam 24,9 por cento do PIB, abaixo da média da UE de 27,3 por cento.
Na análise à situação portuguesa, Bruxelas identifica “seis riscos multidimensionais e sistémicos que afectam fortemente a inclusão em Portugal”, sendo a primeira a “pobreza infantil e a pobreza dos idosos”.Outros riscos, que foram “substanciados com estatísticas e análises circunstanciadas”, são o insucesso escolar e abandono escolar precoce, os baixos níveis de qualificação, a participação diminuta em acções de aprendizagem ao longo da vida, a info-exclusão e ainda desigualdades e discriminação no acesso aos direitos das pessoas com deficiência e dos imigrantes.
Bruxelas recomenda a adopção de medidas de combate à pobreza como “a activação do Rendimento Social de Inserção”, os “Contratos de Desenvolvimento Social”, e o “Complemento Solidário para Idosos”, apesar de considerar que estas “não são suficientes para reduzir de forma significativa a pobreza”.
Já as metas definidas pelo Governo para corrigir as deficiências na escolaridade, entre as quais a iniciativa Novas Fronteiras, são consideradas pela Comissão Europeia como “ambiciosas” e “adequadas para actuar sobre o nível das qualificações estruturalmente baixo da população”, mas o relatório sustenta que “não se concentram nos grupos mais atingidos pela exclusão”.
É o estado do semantismo e da mentira e Bruxelas engole, porque afinal tem culpas no cartório.

Perante esta leitura dos números e perante a solução, ou soluções, fico de facto preocupado ou antes aturdido como se pode voltar a falar em soluções, sem ter pensado na raiz dos problemas.

A Comissão ou a Europa não estão interessados em resolver os problemas, porque sabem quais são as raízes deles e mais grave, sabem que as causas estão nas políticas sociais, nos sistemas económicos e no seguidismo das más soluções já tentadas em locais onde existiam boas políticas económicas até serem seguidas as imposições das organizações supranacionais, pelas novas direitas, pelas esquerdas modernas e pelos liberais democratas, (em nomes estes mordomos dos patrões do mundo são inventivos).

Se uma mulher vai ter com um médico e lhe diz, sentada ao lado do marido que está grávida e quer abortar, porque tem 39 anos e tem medo de uma gravidez de risco e o médico lhe responde que terá uma gravidez de algum risco, mas que não é esse o motivo do pedido de aborto, e os olhares, para baixo de um e para os olhos de outro, dizem o contrário, ficamos a saber que não podem ter esse filho porque os subsídios de maternidade, que cinicamente os indivíduos que governam estes sítios por essa Europa fora criaram, são miseráveis, como são os salários pagos pelas plutocracias reinantes.

Se alguém se der ao trabalho de verificar quanto o estado português, assim chamado semanticamente, paga a uma família que queira decidir ter um filho chegará á triste conclusão que o verdadeiro aborto é a lei e o apoio miserável, só comparável aos abortos das casas assinadas por uma coisa que se veste em fatos tipo Armani, mas que é um triste embuste humano, daqueles que aparecem nos chamados filmes negros.

O problema é que não temos um problema apenas em Portugal, temos em França, na Inglaterra, em Espanha, na Alemanha, em Itália e esse problema, foi o seguir à regra a política neoliberal e do Consenso de Washington, assim chamado pelo Senhor Williamson.
As sociedades impostas pelos secularistas evangélicos relativistas, provocaram a destruição da família, criaram as famílias monoparentais, os filhos deixados ao abandono ou ao cuidado de estranhos, também eles obrigados a deixar os seus ao cuidado de estranhos.

Por aqui, os Bancos chamam de prejuízos a lucros no pior dos casos de 25%.
Ninguém se escandaliza.
Estes senhores, que destruíram o tecido empresarial de um país e o tecido social do mesmo, continuam a ter a vida facilitada, por enquanto ainda não ameaçados pelos raptos dos filhos ou de familiares chegados, coisa que não estará longe, atendendo á forma como se tem legislado sobre política criminal.
Estes senhores, que importaram o Brasil para a Europa e aqui no sítio criaram o salário dos 500 Euros julgam que o crime fica sempre sem castigo, porque dominam os media e logo as mentes.

A globalização, segundo alguns, com razão, uma maravilha, trouxe a brasilização das sociedades na Europa e na América, com tudo incluído, como num pacote de viagens.

Estas são as causas da miséria, da falta de autosuficiência das famílias e a sua desagregação.

Os velhos marginalizados de hoje, na sua grande maioria já não são os velhos de ontem, são os velhos produzidos pelas sociedades ditas progressistas, vazios de histórias e imaginação, como as crianças, na sua grande maioria, estupidificadas e tornadas seres sem futuro, onde só se lhes aplaude a má educação e a agressividade, transmitida pelos pais, que não os aconchegam já ao deitar, pelos avós que já não lhes contam histórias porque estão em lares, ou vivem sós em pardieiros e que nos fins de semana, passam os dias em centros comerciais a bafejar com o hálito sujo as montras dos produtos que não podem comprar.

O retrato pode parecer cru, mas não estará distante da realidade.
O fosso criado pelos sucessivos governos, pagos pelos plutocratas, através de luvas e todo o tipo de corrupção faz pensar se vale a pena sustentar este tipo de regimes e se a prazo são sustentáveis.

Este é o maravilhoso mundo ocidental que defendemos, depois da queda dos regimes marxistas, que guiados pelo mesmo tipo de ilusões trazidas pelos iluministas e à custa de muitos holocaustos humanos que não apenas o dos judeus, o mais falado, julgando que os actos de vontade tudo podem, inclusivé mudar a natureza humana.

"Quando as divisões da guerra fria ainda existiam, os regimes comunistas eram vistos como pertencendo ao bloco de leste e à parte do corpo principal da civilização ocidental.
Assim eles eram tentativas para implementar uma quinta-essência ou um aprimorar do sonho ocidental. Longe de serem anti ocidentais, o comunismo era hiper ocidental.
O Estalinismo e o Maoismo não eram versões de despotismos orientais – como gerações de intelectuais ocidentais sustentavam.
Estes regimes eram o resultado da experiência utópica que levaram à realização dos ideais mais radicais do Iluminismo. A visão corrente do Islão como sendo anti ocidental é irreal. Em termos da mais simples imagem o mundo islâmico pertence à tradição ocidental do monoteísmo, e o radicalismo islâmico é de certa maneira um ramo do Leninismo e anarquismo – também elas ideologias do Ocidente. Como a União Soviética e a China Maoísta, os movimentos Islâmicos devem mais ao ocidente moderno, do que a nós ou a eles custa admitir.
“O Ocidente” é uma decrépita construção que muda de forma conforme as alterações geopolíticas e em termos culturais uma questão não resolvida." Excerto de texto de John Gray.

25 de Fevereiro de 1855

Nasce Cesário Verde. Filho do lavrador e comerciante José Anastácio Verde e de Maria da Piedade dos Santos Verde, Cesário matriculou-se no Curso Superior de Letras em 1873, frequentando por apenas alguns meses o curso de Letras. Ali conheceu Silva Pinto, grande amigo pelo resto da vida. Dividia-se entre a produção de poesias (publicadas em jornais) e as atividades de comerciante, herdadas do pai.

Em 1877 lhe começou a dar sinais a tuberculose, doença que já lhe tirara o irmão e a irmã. Estas mortes servem de inspiração a um de seus principais poemas, Nós (1884).

Tenta curar-se da tuberculose, sem sucesso; vem a falecer no dia 19 de Julho de 1886. No ano seguinte Silva Pinto organiza O Livro de Cesário Verde (disponível ao público em 1901), compilação de sua poesia.

De poesia delicada, Cesário empregou técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade ao retratar a Cidade e o Campo, seus cenários prediletos. Evitou o lirismo tradicional, expressando da forma mais natural possível.

Gates of Babylon

Autoridade.


"Dois elementos da GNR de Penafiel foram agredidos ontem à tarde quando chegaram ao local de um acidente de viação, na freguesia de Irivo. A patrulha teve de abandonar o local. Ambos receberam tratamento médico no Hospital Padre Américo (mais aqui). "
Quem exerce a autoridade neste pretenso país democrático?

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E a criminalidade continua a diminuir...





"Em apenas quatro dias, três sul-americanos tencionavam dar o golpe da vida deles em Lisboa utilizando cartões de crédito falsificados e regressar a casa com a carteira recheada. E caso não tivessem sido detidos precisamente no dia em que tencionavam regressar ao Brasil, e o sistema de segurança dos terminais de multibanco não tivesse funcionado em algumas situações, teriam voltado para casa com 46 mil euros. Segundo explicou ao PortugalDiário fonte da PJ, os três homens, entre os 31 e os 35 anos, chegaram a Lisboa no sábado, foram detectados pela polícia na segunda-feira e detidos na terça-feira de manhã. Entre sábado e segunda efectuaram 596 movimentos com os cartões (mais aqui)."
Estando a criminalidade neste país tão drasticamente reduzida, é necessário recorrer a mão-de-obra estrangeira para manter os níveis estáveis. Neste caso com viagens relâmpagos. Talvez alguma promoção turística…

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OS MALUCOS DO RISO

"A piada óbvia sobre a renúncia de Fidel era perguntar porque é que um homem que cumpriu tão bem a sua função a abandona tão precocemente. Sem surpresas, o PCP antecipou-se e contou a piada primeiro. Sem surpresas, o PCP não vê onde está a graça. Os comunistas portugueses acham genuinamente que "o povo cubano e a revolução socialista devem muito a Fidel Castro", e que este "teve um gigantesco papel na liberdade" em Cuba, além de ter contribuído "para um mundo melhor".

Já Francisco Louçã optou por recordar que "não pode haver socialismo sem liberdade de opinião, sem liberdade sindical e sem pluralismo da política e da vida social". Como nunca, em lado nenhum, o socialismo a que o BE aspira se misturou com a liberdade de opinião, a liberdade sindical e etc., o humor do dr. Louçã é igualmente inadvertido, mas muito mais subtil.

Pelo mundo fora, a decisão de Fidel suscitou inúmeras anedotas soltas e inconscientes, desde o estilo Parque Mayer de Chávez ("é um gesto de desprendimento pessoal") ao estilo Niemeyer de Niemeyer ("Fidel continuará a colaborar com o povo cubano"). E desde a chalaça surrealista de Morales ("é uma lição de democracia") à jovial brejeirice de Lula ("Fidel é o único mito vivo da história da humanidade").

Apesar de tudo, os comentários mais divertidos não vieram de comediantes profissionais, mas de jornalistas, repórteres e anónimos na Internet. São, curiosamente, todos semelhantes. Todos referem os presos políticos, a pobreza de Cuba, a tragédia de um povo. E todos, ainda assim, lamentam que a revolução se "desvirtuasse", que o "romantismo" se desvanecesse, que a "resistência" perdesse apelo.

Na cabeça desta gente, houve um instante (um longo instante) em que Fidel e o seu bando se moveram pelas melhores intenções e alimentaram os maiores sonhos. Não importa que aquilo tenha sido uma barbárie desde o início: importa que, a partir de certo ponto, a barbárie tornou-se-lhes desconfortável. A "mudança" que criticam em Fidel é, afinal, a mudança deles próprios, forçados pelas conveniências a remeter a nostalgia "revolucionária" para um canto acanhado e a "t-shirt" do "Che" para debaixo da camisa. E isto, sob uma perspectiva perversa, é hilariante.

Os cubanos comuns discordam, claro, mas os cubanos comuns nunca foram os protagonistas da revolução que, em tempos, os quis salvar: foram as vítimas
."

Alberto Gonçalves

domingo, fevereiro 24, 2008

24 de Fevereiro de 303.


Galerius publica o édito que determina a perseguição dos cristãos no império romano.


Nas fontes históricas, Galerius é chamado de Maximianus e de Armentarius. Tornou-se caesar juntamente com Constantius I, em 293 d.C., para formar a nova tetrarquia; teve que abandonar sua esposa para se casar com Valeria, filha de Diocletianus. Em 296, Galerius e Diocletianus, juntos, não conseguiram expulsar o exército de Narses, rei da Pérsia; mas um contra-ataque realizado em 298 por Galerius, sozinho, foi bem sucedido. Diocletianus cauteloso, assumiu o controle das conversações de paz, e Galerius foi enviado para comandar a fronteira norte dos Bálcãs, terra natal de todos os tetrarcas. Thessalonica foi transformada em cidade imperial, com um arco que comemorava o triunfo do caesar na Pérsia. A vitória de Galerius, entretanto, prejudicou o equilíbrio de poder dentro da tetrarquia. Encorajado por sua mãe, Romula, ele persuadiu Diocletianus que seria de interesse público acabar com o cristianismo. Poucas dificuldades prejudicaram esse projeto: de fevereiro de 303 em diante, edifícios e livros foram destruídos, mas a pena de morte só começou a ser aplicada, de modo geral, no ano seguinte.

Em seguida, Galerius pressionou Diocletianus para que renunciasse, ato até então sem precedentes; em 1 de maio de 305, ele e Constantius I tornaram-se augustus, sucedendo solenemente a Diocletianus e Maximianus, e Maximinus Daia e Severus II, o tetrarca, foram nomeados caesares por indicação de Galerius. Na confusão das guerras que se seguiram, Galerius tentou conservar sua posição e defender os interesses de seus amigos; a certa altura, havia sete pretendentes imperiais, cada um apoiado por um exército. Enquanto isso, os cristãos continuavam a ser perseguidos por todo o Oriente. Foi, portanto, com perspectivas de vingança que souberam, em 310, que Galerius estava mortalmente doente; ele morreu na Páscoa de 311, depois de assinar um édito que garantia tolerância para com a Igreja. Este ato, entretanto, não conseguiu poupá-lo da difamação por parte de alguns escritores cristãos, como Eusebius ou Lanctantius, que o compararam, em tamanho e em ferocidade, a seus ursos de estimação.

Curiosidades.



E a criminalidade continua a diminuir...

"Camarate tem sido palco de assaltos muito violentos. “Ainda há dois meses balearam um rapaz quando assaltaram a casa de modas”, lembra ao CM uma moradora, enquanto outro lamenta que nem as crianças escapem: “Todos os dias são assaltadas” (mais aqui).

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UE: Portugal tem dos maiores níveis de pobreza nas crianças

"Portugal é um dos oito países da União Europeia (UE) onde se registam os níveis mais elevados de pobreza nas crianças, nomeadamente nas que vivem com adultos empregados, segundo um relatório da Comissão Europeia. Portugal está em penúltimo lugar e é apenas ultrapassado pela Polónia - ambos com mais de 20% de risco de exposição à pobreza - de uma tabela liderada pela Finlândia e Suécia, com sete por cento de risco (mais aqui)."

Xeque-mate ao PGR

"A nomeação do magistrado Almeida Pereira é um xeque-mate do Governo (ou de alguém pelo Governo ) ao procurador-geral da República e a Maria José Morgado. Almeida Pereira, homem dos círculos da actual direcção do FC Porto, protagonista activo do processo do DIAP/Porto contra Carolina Salgado, principal testemunha no ‘Apito Dourado’, figura altamente contestada em largos sectores da PJ pela forma como foi conduzido o caso do assassinato do inspector João Melo, é também um dos principais contestatários à nomeação da equipa especial dirigida pela magistrada Helena Fazenda.

De uma assentada o Governo consegue hostilizar o procurador-geral nos palcos onde hoje se joga, decisivamente, muito da credibilização da Justiça portuguesa: as investigações ao ‘Apito Dourado’ e aos negócios da noite em geral, sejam no eles no Porto ou em Lisboa.

Mais: o Governo transformou o director nacional da PJ numa figura de corpo presente ao instrumentalizar esta nomeação com o fim único de encostar Pinto Monteiro à parede. É muito mau e pressagia tempos ainda mais negros na Justiça portuguesa
."

Eduardo Dâmaso

Legitimidade.

"Sócrates acusa PSD de faltar à palavra. Perante centenas de socialistas e ilustres convidados, o líder do PS criticou “quem não sabe honrar os compromissos que livremente assumiu, os acordos que livremente celebrou e não hesita em faltar à palavra dada (mais aqui)".
Sócrates é, neste momento, o político com mais legitimidade para acusar alguém de faltar à palavra (mais aqui).”

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SÓCRATES AINDA MORA AQUI

"Na já lendária entrevista à Sic, o eng. Sócrates reclamou o mérito pela criação de 94 mil postos de trabalho, mas não pela perda de uns 100 mil. Exultou com o crescimento económico de 1,9%, mas não acha legítimo compará-lo com o crescimento superior dos restantes membros da UE. Confessou, comovido, que o aumento do IVA se realizou em benefício das contas públicas, mas em prejuízo da sua palavra. Proclamou, aliás, a ordem das contas públicas, mas já insinuou que a espatifará na resolução de "problemas sociais". Admitiu que nada daria mais gosto a um primeiro-ministro que baixar os impostos, mas não se dispõe a esse prazer terreno. Isto na economia e nas finanças.

Quanto à banca privada, o eng. Sócrates garantiu que o Governo não se envolveu na novela do BCP, mas alegrou-se por ter conseguido impedir que um dos administradores da Caixa se mudasse para lá. Na Educação, anunciou exigência, mas acrescentou que a exigência distinguirá as escolas do interior das do litoral. Na Saúde, elogiou os arremedos de reformas de Correia de Campos, mas deixou implícito que as reformas (e os arremedos) acabaram. Nas obras públicas, jurou que não houve recuo na localização do aeroporto, mas não explicou o tempo em que a Ota era indiscutível. No estilo, afirmou respeitar todas as opiniões, mas não as que se fundamentam em falsidades e, o que também é típico, alternou o tom pedagógico com intermitentes ameaços de irritação.

Em suma, a entrevista roçou o soporífero. As questões foram brandas, as respostas oscilaram entre o inevitável e o trôpego, em ambos os casos sem contraditório. No final, Ricardo Costa tentou salvar a noite com a pergunta de um milhão de dólares: será que o eng. Sócrates será candidato em 2009? A pergunta valia dez cêntimos (pelo insólito). A retórica do primeiro-ministro, um caldo razoavelmente memorizado de "clichés" e verdades parciais, valeu pouco mais.

Espantosamente, os comentadores em peso detectaram no homem uma frieza inexpugnável e, sobretudo, uma crua indiferença para com o Portugal profundo. Em dois dias, o refrão repetiu-se até à náusea: o eng. Sócrates paira num país virtual, o país do eng. Sócrates não é o nosso, o eng. Sócrates está distante do país autêntico. Etc. A sério? Eu vi apenas um político que se debate à superfície para não afundar, que compensa as carências pessoais com o discurso que lhe costuraram, que combate a relativa impotência com o desenrascanço. Um político que, coitado, faz pela vida. Se a isto juntarmos a pequena arrogância e outras duas ou três características próprias da raça, eu vi um português, exemplar e assaz terreno.

A propósito, quando dizemos que o eng. Sócrates não habita o país real, de que país falamos, do que lhe deu a maioria em 2005 ou do que, com vasta certeza, lhe dará a maioria em 2009?
"

Alberto Gonçalves

Rainbow in the dark

sábado, fevereiro 23, 2008

Acabou o Consenso de Washington?


Os presidentes do Brasil e da Argentina, Lula da Silva e Cristina Kircher anunciaram na sexta-feira, em Buenos Aires, a construção de uma empresa mista de enriquecimento de urânio e firmaram acordos nos sectores aeronáutico e militar, durante a visita oficial do presidente brasileiro a Buenos Aires.
A empresa compromete-se a enriquecer urânio, para fins pacíficos, e a desenvolver um reactor nuclear que satisfaça as necessidades energéticas dos dois países.
Os problemas de abastecimento do gás natural boliviano ao Brasil e à Argentina serão hoje (sábado) debatidos com o presidente boliviano Evo Morales.
Lula defendeu ontem uma maior integração regional das políticas energéticas, reconhecendo que todos os países sul-americanos enfrentam problemas nesta área.
Na cooperação aeronáutica os argentinos fornecerão peças para os modelos 170/190 da Embraer e os brasileiros contribuirão com transferência de tecnologia e know-how.
Em 2009, será iniciada a produção industrial conjunta do veículo militar “Gaucho”.
A produção e lançamento conjunto de um satélite para observação dos oceanos foram também debatidos.
A parceria estratégica Brasil-Argentina visa impulsionar “projectos emblemáticos” que estimulem a entrada de outros países do Cone Sul Americano no bloco político- económico regional Mercosul. (pvc/agências)
Claro que não acabou, ainda existem alguns, que o teimam em cumprir.
Estamos nesse grupo.
Economia em contraciclo e economistas que insistem em defender publicamente o que criticam em privado.
Afinal o patrão é que lhes paga o silêncio.
A questão da evolução do número de funcionários públicos não será mais económica para o estado, será melhor para servir as clientelas das empresas que negoceiam directamente com as tutelas, na área do outsourcing.
O estado minimalista é um dos objectivos dos neo liberais aqui levados pela mão do senhor Sócrates, que diz maravilhas do sítio e dele próprio, para plateias de convivas.
A protecção das empresas e os baixos salários vão levar à insustentabilidade da segurança social, porque já sendo insustentável, ainda se aguenta devido à carga fiscal intolerável.
Espanha agradece.
Assim, quem poderá consumir? Como se desenvolverá uma economia que entrou pela rua da Betesga?
Ford o industrial americano, odiado por muitos colegas industriais, aumentava os salários e melhorava as condições dos trabalhadores e dizia a quem o criticava, de forma ácida, que se o não fizesse quem compraria os carros que produzia?
Por aqui a carga fiscal anda a reboque dos calendários eleitorais e sempre no campo das promessas, porque afinal o défice é mentira, a inflação é mentira e o estado não existe.
Um estado inexistente manifesta-se pelos princípios de não cumprimento das regras de Hobbes:
Violência e crime sem castigo, morte violenta sem investigação e justiça mole, já para não dizer inexistente.
Polícias sem força e sem liderança hierarquica, substituida por políticos sem preparação e sem princípios, com um princípio: "Uma mão lava a outra", o problema é que ambas estão sujas.
Poder legislativo inexistente, leis publicadas e não regulamentadas e grande confusão como convém, para se poder passar na rede de bitola cada vez maior, digamos que já é um rombo.
Por fim, uma classe de gente que viveu os últimos 33 anos à conta dos favores do estado, das várias reformas, do tráfico de influências, do enriquecimento sem causa legal, do nepotismo, chegando ao cúmulo de alguém acusar outros de receberem pensões ou salários milionários, esquecendo o caso pessoal de várias reformas, antes do tempo exigido a todos os outros que as pagam trabalhando cada vez mais e cada vez com menos garantias de as receber.
Portanto espero que o Brasil e a Argentina façam as suas centrais nucleares e já agora a bomba...

O novo argumento para um filme de Oliver Stone

JFK/BO
Os serviços secretos dos EUA terão ordenado à polícia de Dallas, Texas, a suspensão dos controlos de segurança a milhares de participantes no comício de Barack Obama, o candidato negro do Partido Democrata às eleições primárias para a presidência americana, realizado na passada quarta-feira.

Segundo uma notícia do diário electrónico Star-Telegram, mais de uma hora antes de Obama subir ao palco para discursar perante os seus apoiantes, foram suspensas as revistas policiais e os controlos individuais para a detecção de armas cerca de 17 mil pessoas que encontravam na fila de entrada para o evento, realizado no complexo texano Reunion Arena.
Os detectores de metais foram desactivados.
A revista a malas e bolsas, bem como a sacos de computadores portáteis, foi igualmente suspensa.
Vários membros do corpo policial de Dallas, segundo o periódico, “acreditaram que se tratava de uma falha de segurança” e manifestaram a sua preocupação.
“Nos dias que correm, qualquer um fica preocupado” disse um dos polícias.
Todos, à excepção do chefe da operação, falaram aos repórteres preservando o anonimato, com o argumento de que a ordem fora dada por funcionários federais encarregados de garantir a segurança do evento.
O sub-chefe da polícia local, T.W. Lawrence, director do departamento de segurança interna - Homeland Security - e da divisão de operações especiais, disse que a “ordem, aparentemente vinda dos Serviços Secretos dos EUA, visou acelerar o fluxo de entrada das longas filas de simpatizantes de Obama antes do início do seu discurso.”

O Serviço Secreto não respondeu à tentativa do Star-Telegram para obter um comentário. (pvc)

Nãó é que tenha importância quem vai ganhar as eleições nos EUA, a política será sempre orientada pela plutocracia concentrada neste grande país, embora hoje já tenham que a repartir com gente com poder económico com uma cor de pele que não era costume entrar no Clube B.
Se não foi golpe publicitário, ou notícia sensacionalista poderá acontecer que Obama tenha um caminho semelhante ao dos Kennedy, ou King.
Pode ser também um aviso das baias que não poderá cruzar.
A ser verdade, e confirmando o que se sabe dos casos comandados do Pentágono,os assuntos tabu serão o Iraque e o Irão.
O General Ike, quando se despediu da presidência avisou os americanos para se acautelarem do poder exercido pelo complexo militar industrial controlado pelas grande fortunas norte-americanas.
Portanto, a ser verdade, entre o Paquistão e aquele sítio, em caso de eleições é tudo uma questão de mais ou menos ruído, mais ou menos engravatados, ou esfarrapados e descalços e bandeirinhas mais ou menos coloridas, no resto, vai ser apenas interessante saber até onde vai a democracia, já que o sistema de eleição é tão confuso, que há uns anos um presidente foi eleito com menos votos que o candidato que se lhe opunha.

23 de Fevereiro de 1945


Durante a batalha de Iwo Jima, um grupo de Marines alcança o Monte Surabachi e iça a bandeira americana. A fotografia ganhou o prémio Pulitzer.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

It's all about oil, - ex Presidente do Fed

O diário britânico The Guardian publicou ontem (21/02/2008) revelações sobre a manipulação a favor do Estado de Israel, em Setembro de 2002, pelo ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido (Foreign and Commonwealth Office /FCO).
O governo pressionou a eliminação das referências a Israel num documento sobre Armas de Destruição Maciça (ADM’s), alegadamente em poder do Iraque, para não afectar as relações anglo-israelitas.
Na altura o governo britânico era chefiado pelo trabalhista Tony Blair.
A palavra “Israel”, diz o jornal, foi manuscrita junto a uma nota do dossiê “agora desacreditado” no qual se declarava que “nenhum outro país [para além do Iraque] ridicularizou a autoridade das Nações Unidas, de forma tão ousada, na procura de ADM’s.”
A mesma atitude de ocultação dos factos relativos à “beligerância iraquiana” eliminou outros países referidos na lista, como os Estados Unidos (EUA), a Alemanha e o Japão.
O Guardian informa que a decisão de ocultar o papel do estado judaico no assunto foi tomada por um organismo – The Information Tribunal – que decide sobre as questões relacionadas com a Lei da Liberdade de Informação vigente nas ilhas britânicas.
O tribunal só analisou a questão após pressões do FCO para que o tribunal não publicasse o relatório na íntegra, exigido por várias ONG’s e movimentos contra o secretismo da informação governamental, desde 2005.
O documento de 32 páginas, classificado como secreto até esta semana, refere fontes dos serviços secretos segundo as quais o Iraque possuía arsenais de armas químicas e biológicas que poderia usar em qualquer altura, como acontecera durante a Guerra Irão-Iraque, nos anos 80. As emendas manuscritas nas margens, não fazem qualquer referência à alegada capacidade de Saddam Hussein para lançar ADM’s no espaço de 45 minutos, uma falsa acusação usada noutro relatório governamental para justificar a invasão militar anglo-americana, em Março de 2003.
O deputado do Partido Trabalhista, actualmente no poder, Richard Burden, na qualidade de presidente grupo parlamentar multipartidário britânico-palestiniano, reprovou o comportamento do governo acusando-o de parcialidade e de contribuir para a raiva e a violência na Palestina.
Burden enfatizou que a comunidade internacional “não deve ter medo” de reconhecer que “Israel tem desenvolvido ADM’s desde há vários anos.”
O parlamentar, citado pelo Guardian, acrescentou que se o governo inglês tem receio de “dizer a verdade” sobre as armas nucleares de Israel, tal atitude poderá contribuir para minimizar outras críticas contra Israel, tais como as relacionadas “com o que está a acontecer em Gaza [sob bloqueio judaico] e as violações do Direito Internacional que lhe estão subjacentes.” (pvc)

Até amanhã e boa sorte!!!


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