O pai do plano de salvação financeira, oficialmente estimado em USD 700 mil milhões/bilhões (mm/bi), Henry Merritt Paulson Jr, 62 anos de idade, é o actual secretário do Tesouro dos Estados Unidos – equivalente a ministro das Finanças na Europa – e membro do Conselho de Governadores do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Tomou posse do cargo na segunda administração Bush/ Cheney, no dia 10 de Julho de 2006. Segundo a revista
Forbes, foi CEO do banco de investimento Goldman Sachs, durante 8 anos e integrou os quadros da instituição durante 15.
Como banqueiro distinguiu-se como especialista em derivativos de crédito, tendo sido o
12.º executivo bancário mais bem pago do segmento, em 2006.
Antes de tomar posse do actual cargo governamental, nos primeiros seis meses de 2006, recebeu da Goldman Sachs, em salários e prémios de gestão, USD 16,4 milhões. Em 2005, o cargo rendeu-lhe USD 37 milhões.
Ainda segundo a Forbes, em Dezembro de 2006, Henry Paulson, detinha 0,92% do capital da Goldman Sachs. Ao câmbio da altura, em acções do banco, o secretário das Finanças possuía activos no valor de USD 632,4 milhões.
No último ano, a crise sistémica reduziu aquele património em 40%. Durante o mandato de Paulson, os bancos de investimento de Wall Street sofreram embates decisivos.
O Bear Stearns foi comprado, em Março, pelo JPMorgan Chase.
Em Agosto, o Lehman Brothers declarou falência e o rival Merril Lynch foi absorvido pelo Bank of America.
No domingo passado, os dois últimos sobreviventes – Goldman Sachs e Morgan Stanley – foram autorizados a mudar de estatuto – bancos de retalho – para terem acesso a novas facilidades de crédito e a captação de depósitos.
Os casos Fannie Mae, Freddie Mac e AIG/American International Group (AIG) envolveram créditos e garantias estatais no valor de milhões de biliões/trilhões de dólares.
O Plano Paulson, em fase de apreciação pelo Congresso, implicará a mobilização de, pelo menos, USD 700 mm/bi.
“Mr. Risk”, foi elogiado pela Business Week (BW), em 2006, como alguém que sabe criar e gerir dividas e riscos.
“No último Relatório e Contas, Paulson – escreveu a BW – releva a vontade do Goldman de assumir riscos com os clientes: ‘Os bancos de investimento devem investir mais capitais próprios quando executam transacções’.
O assunto tornou-se uma obsessão no Goldman. Como descobrir riscos lucrativos, como os controlar e monitorar, bem como evitar catastróficos passos em falso que podem arrasar companhias inteiras.
Isso significa contrair mais dívida: USD 100 mm/bi em dívida de longo prazo, durante 2005, comparativamente com USD 20 mm/bi, em 1999. Isso significa apostar em grande em todo o género de derivativos exóticos e outros títulos. E implica segurar quase USD 50 mm/bi no mealheiro, cash suficiente e títulos com liquidez para aguentar a firma em situações de crise financeira.(…)
A nomeação de Paulson, o Sr. Risco, como secretário das Finanças é tão irónica quanto apropriada.(…)
Claramente, Paulson não tem medo das dívidas nem de assumir riscos. Isso pode torná-lo na pessoa ideal para agarrar a situação económica e fiscal [do país], que é mais parecida com a do Goldman do que a maior parte dos economistas admitirão.”
Dois anos depois, Paulson emitiu uma
nota na qual solicita ao Congresso “autoridade para comprar activos críticos de instituições financeiras tendo em vista promover a estabilidade do mercado e ajudar a proteger as famílias americanas e a economia dos Estados Unidos.”
No domingo, no programa
Meet The Press da NBC, Paulson apresentou as suas razões.
As
vozes críticas não se fizeram esperar. “Com Paulson actualmente a tentar conseguir obter poderes ilimitados para administrar a maior operação de salvamento da indústria financeira na história dos EUA, muitos também se interrogam se Paulson não entrou numa dinâmica com enormes conflitos de interesses.” MRA Dep. Data Mining