quarta-feira, abril 30, 2008

Até amanhã e boa sorte.

Combustíveis mais caros.

"É uma especulação pura, porque mesmo que o barril de petróleo suba em dólares, os euros mantém-se os mesmos. Não há justificação nenhuma", referiu o presidente da ANAREC, Augusto Cymbron, desafiando as refinarias a mostrar as facturas do que pagam por cada barril que compram. "Só assim é que as pessoas verão de facto o que se está a fazer", concluiu Augusto Cymbron, dizendo ainda que o Governo fecha os olhos a estas subidas porque representam mais receita, através do IVA, para os seus cofres (mais aqui)."

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Ensino em Portugal.

"Chumbar de ano não traz benefícios aos alunos. O alerta é feito pela Ministra da Educação, que chama a atenção para os elevados custos que cada retenção significa para o país (mais aqui)".

Há uma solução que a ministra ainda não pensou. E até é simples. Se os alunos completarem o ensino em casa sai ainda mais barato ao Estado. E ainda se poupava dinheiro com a futura “inexistência” de ministro da educação por manifesta falta de necessidade…

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Confiança dos consumidores sobe caindo.

1/ "A confiança dos consumidores na Zona Euro caiu, este mês, para o nível mais baixo desde 2005. Na origem da queda estão a subida consecutiva dos preços do petróleo e dos bens alimentares, a valorização do euro face ao dólar e as expectativas de crescimento económico (mais aqui)".

2/ "Em Abril, o indicador de confiança dos Consumidores aumentou, informou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). Esta tendência interrompe o sentido descendente iniciado em Novembro de 2006, após ter registado o mínimo desde Junho de 2003. O indicador de confiança dos recuperou devido às expectativas sobre a evolução da situação económica do País e financeira das famílias e sobre a evolução do desemprego, tendo a primeira destas componentes apresentado o «contributo positivo mais expressivo (mais aqui)».

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Portugueses estão a comprar menos pão e leite

"A subida do preço de produtos alimentares já está a ter efeitos no consumo. Os portugueses estão a comprar menos pão e leite, dois bens de primeira necessidade que registaram fortes aumentos de preço no último ano (mais aqui)".

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Beyond The Pale

Jornal espanhol cita polícias de ficção como sendo verdadeiros

"Amaral, Tavares, Meireles": os três nomes de polícias que o jornalista Aníbal Malvar, 43 anos, no El Mundo há 13, cita no texto de duas páginas como fazendo parte do "grupo da Polícia Judiciária de Portimão" confundem quem seguiu o caso: é que, se toda a gente sabe quem é Gonçalo Amaral, ninguém ouviu falar de João Tavares e de Francisco Meireles. Editores pedem aos jornalistas no terreno que tentem identificar estes dois agentes, com aparentemente tanto para dizer sobre o caso que sábado faz um ano. O mistério depressa se desfaz: Tavares e Meireles só existem como personagens do livro A Estrela de Maddie, que o ex-inspector da Polícia Judiciária Paulo Pereira Cristóvão publicou em Março. Malvar, por acaso, até menciona o livro e o seu autor, descrevendo a "teoria" que lhe subjaz - e que coincide com a que, frisa, é defendida pelo "grupo" de Gonçalo Amaral: a criança morreu e o seu corpo foi feito desaparecer pelos pais, eventualmente com ajuda dos amigos. Mas o jornalista espanhol esquece-se de referir o pequeno pormenor de estar a citar falas retiradas de um livro, falas de personagens de ficcão.

O autor da obra, que afirma nunca ter falado com o jornalista espanhol até ontem, quando este lhe ligou "perguntando se o que estava no livro é tudo factual ou se é um livro de ficção", diz ter ficado "completamente espantado ao ver, num artigo de um jornal credível, apresentados como polícias reais, como se de pessoas reais se tratasse", personagens que criou, "e ler citadas frases delas, como se o jornalista as tivesse ouvido ou alguém lhas tivesse contado." Achou "vergonhoso", mas, assume, "a dado momento do diálogo com o jornalista passei do espanto à pena. Porque fiquei com a ideia de que não havia maldade, só vontade de fazer um brilharete
(mais aqui)".

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Manuela Ferreira Leite

"Para Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite tem de estar precavida: não basta ganhar o partido, é preciso ganhar o País. Este aviso de Marcelo devia ter sido dado ao próprio Marcelo quando tomou conta do PSD.

A razão é simples: tanto em Marcelo como em Manuela Ferreira Leite, o problema não é o da relação com o País mas, antes, o da vida difícil no próprio partido. Tanto um como o outro valem mais do que o PSD – coisa que não acontece com eventuais líderes (como Passos Coelho) ou epifenómenos de época (como Menezes, Jardim ou Santana).

O problema de Manuela Ferreira Leite, justamente, não é o de se atrever a lutar pelo País, mas o de não conseguir chegar a esse combate depois de lutar com gente que não teria qualquer tipo de projecção pública se não fosse o carreirismo e o caciquismo dentro dos partidos. No restante, a candidatura de Manuela Ferreira Leite é uma das últimas hipóteses de credibilizar o PSD depois destes assaltos que o descaracterizaram
."

Francisco José Viegas

O serviço do Estado

"Há que investir numa nova atitude de um Estado que só existe para servir o cidadão e a comunidade [pois daí] decorre a sua legitimidade.

Sucessivos governos têm agendado a questão da reforma do Estado e procurado – com elevado insucesso, diga-se – transformar aquele gigante em algo de sensato e funcional. Sendo uma batalha ciclópica, nunca vencida, a renovação da missão do Estado deve ocupar lugar cimeiro em qualquer proposta política. Mas que princípios devem orientar essa missão?

Desde logo, é fundamental ter claro que a reforma do Estado não tem a ver com a simples reorganização dos seus serviços. Essa é a primeira tentação. Mas não leva longe. Na sua essência, esta reforma é, acima de tudo, cultural e de mentalidades. Sem começar por aí, toda a energia se dissipa sem resultado. Há que investir numa nova atitude de um Estado que só existe para servir o cidadão e a comunidade. A sua legitimidade decorre directamente dessa natureza. É fundamental recuperar a centralidade do conceito de ‘serviço’ na acção do Estado.

A verdadeira reforma passa pois por transformar cada agente do Estado num verdadeiro servidor da causa pública e dos seus concidadãos. Por isso, na sua interface com o cidadão, o Estado e os seus agentes devem organizar-se em função das necessidades da comunidade e das pessoas. De uma forma clara, há que assumir, por exemplo, que o Sistema Nacional de Saúde só existe para servir doentes ou as escolas para formarem estudantes ou as repartições públicas para resolverem problemas de todos nós. Esta cultura de centragem do Estado no cidadão é um enorme desafio.

Um dos mecanismos mais úteis para esse desígnio passa pela permanente avaliação da qualidade dos serviços públicos, na óptica do cidadão-cliente. Para a concretização desse objectivo, deveria ser obrigatório após cada atendimento o cidadão deixar a sua avaliação e esta ter consequências. Uma utilização muito mais regular dos livros amarelos, das caixas de sugestões e dos estudos qualitativos sobre a opinião dos utentes poderia ser instrumentos que corporizassem esse objectivo.

Também seria um grande avanço cada serviço público ter um provedor do utente, permanentemente disponível para ouvir as críticas e agir em conformidade, na transformação dos procedimentos desse serviço em função de um melhor atendimento e de uma mais eficaz resolução de problemas. Esse investimento, já realizado em algumas instituições, representaria um ganho significativo não só na qualidade do serviço como no combate ao desperdício de recursos – como a perda de tempo – tornando mais eficiente todo o sistema.

Uma outra medida convergente passaria pela inclusão obrigatória, no plano de actividades e no orçamento de cada serviço público, de uma linha de acção e respectivos meios financeiros, para melhoria da qualidade dos serviços prestados. A medida da relevância de uma prioridade vê-se, normalmente, nos meios que lhe são atribuídos. É para este objectivo que devem, em primeiro lugar, ser direccionados os recursos existentes
."

Rui Marques

Absurdo.

"Parece que, em Moscavide, aconteceu o absurdo: um homem de 20 anos dirige-se à esquadra da polícia para se queixar de uma agressão de que fora vítima. Uma pessoa espera sentir-se a salvo dentro de uma esquadra.

Não foi o caso – os agressores entraram no local e completaram o serviço com mais pancada à discrição. A ser verdade que isto aconteceu às portas de Lisboa, trata-se de uma bela encenação que merece uma explicação do ministro da Administração. Escrevo "a ser verdade" porque não me parece crível que dentro da esquadra estivesse apenas um agente, um solitário agente da polícia, incapaz de repelir o assalto de um bando de energúmenos.

O comando da PSP de Lisboa explica que havia muitas pessoas na rua e que as temperaturas estavam elevadas – de modo que ficou apenas um agente na esquadra. É uma explicação confortável e aceitável. Quando chegar o Verão e houver ainda mais gente nas ruas de Moscavide, a esquadra vai ser entregue a um grupo de baile. Está na cara
."

Francisco José Viegas

JÁ LHES MURCHARAM UMA FESTA, PÁ

"A cada ano, a "herança" do 25 de Abril é reivindicada pelos maiores derrotados do processo revolucionário, que festejam uma "revolução" por consumar. Desculpem a alusão desportiva: é um pouco como se a vitória no campeonato fosse comemorada pelas equipas que o perderam. No caso, as forças comunistas perderam exactamente o quê? É facto que a atarantada democracia em curso não constitui um modelo admirável de riqueza, justiça e liberdade. Mas ganha na comparação com os sonhos dos "herdeiros" de "Abril", à época empenhados em transformar Portugal numa filial de Moscovo ou Pequim.

Atraiçoados pela realidade, não conseguiram, e por isso consolam-se há décadas com a nostalgia do que, durante uns meses, acreditaram estar ao seu alcance. Os cravos, as cantigas e certo entulho constitucional são a compensação possível pelo falhanço dos "valores" de "Abril", felizmente falecidos. Se a "herança" é essa, não tenciono intrometer- -me nas partilhas. Com mais ou menos jeito, o 25 de Abril encerrou uma ditadura obtusa, pormenor que agradeço. Os devotos de "Abril" queriam enfiar-nos numa ditadura pior, benesse que dispenso. Sob vários pontos de vista, "Abril" é mesmo deles, e impedi-los de brincar aos totalitarismos hipotéticos seria cruel. Bastou interromper-lhes os totalitarismos reais
."

Alberto Gonçalves

terça-feira, abril 29, 2008

Até amanhã e boa sorte!!!

Preço dos combustíveis deverá subir hoje à meia-noite

"É absolutamente escandaloso. Esta é a décima sétima alteração desde o início do ano, com apenas três no sentido da baixa e as restantes a representarem aumentos. "É uma especulação pura, porque mesmo que o barril de petróleo suba em dólares, os euros mantém-se os mesmos. Não há justificação nenhuma (mais aqui)"

Augusto Cymbron, Presidente da ANAREC
Estranha-se o silêncio dos políticos em relação a esta matéria. Será porque a Galp recebe ex-ministros (mais aqui, aqui e aqui)”? E curiosamente o Governo não toca em regalias de administradores da Galp (mais aqui)”

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Desaconselhável.

"Não é prática aconselhável haver uma esquadra da PSP em que esteja apenas um agente da polícia. As esquadras, em termos simbólicos e efectivos, devem ser locais onde tem de imperar a segurança (mais aqui)"

Rui Pereira, ministro da Administração Interna
Felizmente o país dispõe de um ministro capaz de dar bons conselhos. Além do último grito em legislação penal que, segundo parece, está a ser um sucesso…

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Pobreza está 11%acima da média

"Portugal apresenta valores de desigualdade social que estão 11% acima da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Segundo a oitava folha de dados da Associação para o Planeamento Familiar (APF), o nosso país regista níveis de desigualdade de 35,6 % , sendo a média da OCDE 25,2% (mais aqui)."

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Inacreditável mas verdadeiro…

"Associações sindicais de polícias exigem mais efectivos, sistemas de videovigilância e segurança dentro das esquadras da PSP. Queixam-se que o número de agentes "é insuficiente para as necessidades e em quase todas as esquadras só fica um elemento, enquanto outros dois estão a fazer ronda no carro-patrulha". Estas reivindicações surgem após um grupo de indivíduos ter entrado na esquadra da PSP de Moscavide, em Loures, no domingo, e agredido outro que ali se encontrava. Paulo Macedo, dirigente do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP), denuncia ao DN que "isto acontece em todo o País, devido à grande falta de efectivos na PSP". Na sua opinião, "é a prova que não é uma esquadra eficaz, só com um elemento lá dentro e dois a circular no carro-patrulha. Até esse agente fica sem segurança". Alerta que, "se assaltarem uma esquadra, podem roubar armas e munições que ali se encontram

Casos sucedem-se. Também anteontem, um jovem de 18 anos foi detido em Beja por alegadas agressões físicas a dois agentes à porta da esquadra. Paulo Rodrigues afirma que o indivíduo começou por "agredir a pontapé um subchefe que estava à porta da esquadra". O polícia ficou com o maxilar partido e um outro agente, que o ia socorrer, acabou também por ser agredido a soco pelo mesmo indivíduo, mas conseguiu-o controlar e deter. "Alertámos em devido tempo o Governo para o que se está a passar, mas ninguém nos deu ouvidos", acrescenta Paulo Rodrigues, considerando que com o mais recente episódio, em Moscavide, "a imagem da PSP ficou ferida", aumentando também o sentimento de insegurança da população (mais aqui)".

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SAIU DA SOMBRA E QUEIMOU-SE

"Cunha Vaz tem uma agência de comunicação. As agências de comunicação deviam chamar-se agências de convicção, servem para convencer os clientes que convencem o mundo. Por profissão, Cunha Vaz é convincente. Com Vicente, com Menezes, com quem pagar: por exemplo, quando da liderança do BCP, Cunha Vaz estava com Santos Ferreira e com Luís Filipe Menezes que acusava Santos Ferreira de ser um pau- -mandado do Governo. Com profissão de sombra, Cunha Vaz deu, ontem, uma entrevista de quatro páginas ao Público. Para dizer, por exemplo, sobre um assunto qualquer, que o seu cliente Menezes mentiu. Enfim, não foi bem assim. Cunha Vaz disse que ele "deixou cair [uma mentira]..." O entrevistador insistiu: "Menezes não disse a verdade?" Ao que Cunha Vaz respondeu: "Não. Colocaram-lhe a pergunta e ele quis ser simpático." Essa é outra função das agências de comunicação: saber valorar a imagem o cliente. Este não pode passar por mentiroso. Já tonto, pode."

Ferreira Fernandes

More Than Words

A flexigurança à portuguesa

"As alterações na legislação laboral são parte da solução dos problemas que enfrentamos, mas apenas uma ínfima parte.

A discussão sobre a revisão do código do trabalho teve, desde já, uma grande diferença por relação à que ocorreu aquando do governo Durão/Portas: uma conflitualidade política muito inferior. São boas notícias e não é difícil perceber as razões para que assim seja.

Há cinco anos, as alterações do direito do trabalho foram apresentadas como a solução para todos os problemas de competitividade da economia portuguesa. Enquanto o Governo se envolvia numa cruzada que visava enfraquecer o papel dos sindicatos na contratação colectiva, estes viam nas alterações à legislação laboral o mais sério ataque aos direitos dos trabalhadores. Ambas as partes, politizaram a discussão, entrincheirando-se em posições que impossibilitaram a negociação.

A proposta agora apresentada pelo Governo tem, deste ponto de vista, um conjunto de vantagens. Antes de mais, o executivo não aproveitou a revisão da legislação laboral para encetar uma cruzada ideológica, de forte carga simbólica. Pelo contrário, a proposta é uma base para discussão, que procura criar condições efectivas para um consenso. Depois em momento algum o Governo indiciou que esta era a mãe de todas as reformas. As alterações na legislação laboral são parte da solução dos problemas que enfrentamos, mas apenas uma ínfima parte.

O tema “precariedade” é um bom exemplo da terceira via em que assenta a proposta do Governo.

Uma das singularidades do mercado de trabalho português é a existência de elevados níveis de vínculos precários. Entre nós, cerca de 20% do emprego é precário, um valor 6 pontos percentuais superior à média europeia. De acordo com o inquérito ao emprego do INE, em 2007, havia cerca de 3 milhões de contratos sem termo para cerca de 700 mil com termo. A estes há que somar outra das especificidades nacionais, o número muito significativo de independentes, cerca de 1,2 milhões (uma grande parte são agricultores idosos). Entre estes independentes esconde-se o que não é uma situação de precariedade, mas, sim, de ilegalidade – os falsos recibos verdes.

O emprego precário tem sido o escape das empresas (e convém não esquecer, do Estado) para criar emprego num contexto de fragilidade do tecido económico português. Perante um cenário de rigidez formal da lei, as empresas operam nas margens da ilegalidade, aproveitando a baixa eficácia da regulação laboral.

Perante este cenário, o discurso político tende a alternar entre dois extremos: de um lado, aqueles que afirmam que a solução para a precariedade é a flexibilização do mercado de trabalho, designadamente desprotegendo aqueles que têm vínculos certos e sem termo. Do outro, os que afirmam que é preciso combater a precariedade, rigidificando a lei e fiscalizando as ilegalidades (ou seja, nomeadamente proibindo os abusos nos recibos verdes).

Nenhuma destas soluções é viável. A primeira porque esquece, por um lado, que o direito do trabalho assenta numa assimetria de posição entre empregadores e empregado, em que a lei é o garante de alguma equidade, e por outro, que a liberalização do mercado de trabalho em Portugal fragilizaria ainda mais o tecido social português. A segunda porque esquece que um incremento da rigidez seria necessariamente acompanhado de maior flexibilidade de facto e, tendo em conta a extrema debilidade do nosso tecido económico, transformaria o grosso dos precários em desempregados.

A solução que o Governo apresentou é uma terceira via criativa para um dilema fundamental da regulação do mercado de trabalho português. Com o fim da taxa social única, as empresas passam a descontar menos para os contratos sem termo e mais para os contratos a termo. Simultaneamente, dão-se passos fundamentais para que os independentes passem a ter algum tipo de protecção social comparticipada pelo empregador (através do pagamento de 5 pontos percentuais da taxa contributiva).

Desse ponto de vista, trata-se da versão portuguesa do princípio da flexigurança. Troca-se maior flexibilidade (em última análise, através do reconhecimento de soluções de grande precariedade) por alguma segurança em sede de protecção social.

Há, contudo, pontos críticos que estão ainda por esclarecer. Desde logo o fim da taxa social única. A proposta do Governo é omissa quanto ao impacto para a receita da segurança social destas alterações. Depois, apesar das medidas que visam o reforço da presunção da existência de um contrato para os independentes, sobre estes continua a pairar a cobertura pelo direito civil
."

Pedro Adão e Silva

A riqueza dos outros

1/ "Mas o importante é que a comissão revê em baixa o crescimento de todos os países e dá uma boa notícia a Portugal afirmando que nós, em 2008, vamos convergir com a Europa e em 2009 vamos crescer mais do que a Europa», salienta ainda o primeiro-ministro (mais aqui)".

2/ "Portugal vai ser ultrapassado pela Estónia e pela Eslováquia no próximo ano em riqueza produzida por habitante. É uma história triste que, desde 2005 – quando fomos ultrapassados pela Grécia – se tornou demasiado repetitiva para surpreender.

Isto foi em tempos recentes, em que o défice já tomara o primeiro plano como palavra de ordem. E é melhor nem pensar nos idos de finais de 80 em que, absolutamente no nosso campeonato, estavam tanto os irlandeses como os espanhóis. De resto, ainda nos não tão longínquos anos 90, Portugal inchava de orgulho em quase todas as comparações com Espanha. Cà, sublinhavam-se as taxas de crescimento da economia e a convergência inédita com os vizinhos mais ricos da Europa desenvolvida. Portugal estava na moda, um caso de sucesso a todos os níveis, um dos mais brilhantes alunos nas lições de Bruxelas. Espanha agonizava com taxas de desemprego de 20%. O brilhante sorriso de superioridade que exibiamos na altura ofuscava a leitura mais séria da realidade: Portugal olhava para o manancial de subsídios mais preocupado com a execução das verbas do que com a sua valorização. O objectivo era gastar, mais do que aproveitar. Em Espanha, a dor dos desempregados mostrava uma economia em profunda mudança e modernização.

Os países que um a um nos vão hoje ultrapassando atravessaram igualmente mudanças dolorosas. Desmantelaram os regimes económicos centralizados em que viveram durante décadas. Avançaram de peito feito para reformas radicais de mercado. Revolucionaram os sistemas fiscais. Abriram-se sem preconceitos.

Portugal, mais de vinte anos depois da entrada no clube europeu, continua a tapar com pensos rápidos as erupções cutâneas que lhe vão rasgando a pele, sintomas de um organismo em lenta e dolorosa decomposição. Sem imaginação para uma terapia de choque que cure a doença.

Por isso, mais do que a descida, degrau a degrau, para o fundo das escadas da pobreza, o que verdadeiramente dói é a preocupação dos responsáveis políticos em tentarem ver raios de sol inexistentes num céu onde só existem nuvens carregadas.

Hoje precisamos de vasculhar as tabelas do Eurostat em busca de países que não envergonhem o nosso PIB por habitante – de 66% da média Europeia. Mas já não sorrimos quando em pior posição que nós apenas encontramos países como a Bulgária ou a Roménia. A Grécia vai quase nos 90%, a Espanha nos 93%. Os irlandeses, esses produzem hoje 30% mais riqueza que o europeu médio, fazendo subir a fasquia e sendo, assim, um dos principais responsáveis pelo nosso empobrecimento relativo.

Sem poder esperar grandes rasgos dos seus estadistas nem inspiração do seu sector privado na quimera da convergência com a Europa, resta a Portugal pouco mais do que esperar que parceiros mais pobres do que nós façam baixar a riqueza média dos outros
."

Pedro Marques Pereira

SENSIBILIDADE E SENSO NENHUM

"Muitas das pessoas que remoem o facto de só agora os EUA poderem eleger uma mulher (ou um negro) para a presidência da nação não repararam que, por cá, só agora surgiu a possibilidade de se eleger uma mulher para a presidência de um partido (o negro terá de esperar).

Trata-se, curiosamente ou não, das mesmas pessoas que babam abundante retórica sobre o "modo feminino" de fazer política. Durante anos, espíritos comoventes explicaram-nos que semelhante modo existe. Ou seja, que as mulheres detêm uma "sensibilidade" própria, uma "ética" peculiar, uma "delicadeza" e uma vocação para a concórdia que as tornam superiormente habilitadas para gerir a coisa pública. E que apenas a intolerância das sociedades "machistas" obsta a que alcancem o topo do poder e realizem a felicidade universal.

Neste contexto, a mera candidatura de Manuela Ferreira Leite à liderança do PSD deveria ter sido recebida com aplausos generalizados, além daquele sentimento libertador que sucede sempre que nos abeiramos da modernidade mais um pedacinho. E não foi. Porquê? Simples. Porque uma política realmente feminina não exige apenas uma senhora que a pratique, mas uma senhora que a pratique enquanto recorda constantemente a sua condição de criatura delicada, peculiar, meiga, apaziguadora, etc. Mulher que mande e não recorra à lengalenga da "sensibilidade" não entra na epopeia da emancipação. Não passa - e a expressão deve ser pronunciada com repugnância - de um "homem de saias".

Thatcher, para citar o exemplo clássico, era um "homem de saias". Condoleezza Rice, idem. Ferreira Leite, ibidem. Mulheres completas são, ou foram, a sra. Royal, a ministra espanhola que desfila ante a tropa enquanto dá à luz e, em Portugal, esse zénite da feminilidade chamado Pintasilgo. Para merecer os louvores da praxe, afinal, uma mulher na política tem de ser de esquerda. Na verdade, se calhar nem precisa de ser mulher
."

Alberto Gonçalves

segunda-feira, abril 28, 2008

Olivença - Ponte da Ajuda


A doze quilómetros de Olivença ainda de podem contemplar as ruínas da Ponte da Ajuda, construída em inícios do século XVI, e destruída várias vezes. A Ponte da Ajuda é uma ponte fortificada, com um torreão a meio, que ligava Elvas a Olivença. É constituída por dezanove arcos ao longo de 380 metros de comprimento. Em 1709, durante a Guerra da Sucessão Espanhola (século XVIII), foi dinamitada pelo exército Castelhano, ficando assim interrompida a única ligação entre Olivença e Elvas. A partir desta altura, chegar a Olivença só foi possível passando por território Espanhol. Tal facto foi um prenúncio da ocupação de Olivença por Espanha no século XIX.


(continua)

Até amanhã e boa sorte!!!




E a criminalidade continua a diminuir...

"Um grupo de homens invadiu domingo uma esquadra da PSP, em Lisboa, e agrediu um indivíduo que ali se deslocara precisamente para apresentar queixa deles. A agressão ocorreu perante o olhar do único elemento da PSP presente nas instalações (mais aqui). A comissária Ana Nery, a oficial que esteve domingo ao serviço do Comando Metropolitano de Lisboa, explicou que «a área da esquadra de Moscavide não é crítica» e que o facto de haver muitas pessoas na rua levou a que os agentes, cujo número não precisou, tivessem sido destacados para patrulhamentos no exterior (mais aqui)".

Moscavide: «Eu tenho medo de sair à noite». Os comerciantes e moradores de Moscavide dizem que os assaltos são frequentes a estabelecimentos comerciais e atribuem a culpa à falta de patrulhamento na zona (mais aqui)".
Agora imagine-se que a área de Moscavide era crítica. Estavam os polícias todos dentro da esquadra. Já agora, esperamos que o próximo verão não seja muito quente. Caso contrário é melhor fechar a esquadra de Moscavide por falta de polícias. Quanto aos moradores, é só esperarem pelos dias quentes para saírem à rua….

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Bons "conselhos".

"A circulação com as portas trancadas e janelas fechadas e o uso da chave do carro separada das restantes são alguns dos conselhos que vão ser dirigidos aos automobilistas para evitar o roubo de viaturas designado por carjacking (mais aqui)."
Brevemente será decretado o recolher obrigatório...

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Ninguém pára o Benfica...

"Rui Costa, jogador do Benfica, assegura que nada teve a ver com as aquisições de Jorge Ribeiro (Boavista) e de Ruben Amorim (Belenenses), apesar de passar a director desportivo na nova época, e não quer que o clube retire a sua camisola (mais aqui)".
Parece que, para variar, o Benfica está a preparar bem a nova época…

Mein Herz Brennt

Coincidências…

1/ " Artigo do jornal espanhol ridiculariza inspectores da PJ portuguesa. É um artigo duríssimo para a polícia portuguesa em geral e para Gonçalo Amaral em particular, o que veio publicado no jornal espanhol El Mundo, no Domingo. A Gonçalo Amaral, o polícia que foi afastado do caso depois de uma notícia em que proferia acusações contra a polícia inglesa, é atribuída esta frase sobre Kate McCann: "Tu não viste a mãe [de Madeleine]. Não conheces a mãe. É fria. É astuta. É uma actriz (mais aqui)".

2/ "Seria mais um assalto a uma residência, como tantos outros, não fosse a vítima vizinha de Gonçalo Amaral, o ex-coordenador da Polícia Judiciária (PJ) que investigou o caso Madeleine McCann, a menina inglesa que no próximo sábado faz um ano que desapareceu na Praia da Luz, no Algarve. Ao que o CM apurou, só foram roubados documentos, apesar da habitação, localizada nos arredores de Faro, numa zona do Interior, estar recheada de valores. Um aspecto estranhoparaoproprietárioda casa, mas nada surpreendente para o inspector da PJ, que suspeita de que o alvo era a sua habitação e que os criminosos tinham uma missão específica para cumprir (mais aqui)".

Curiosamente tudo acontece numa altura em que Gonçalo Amaral está a escrever um livro com dados explosivos sobre o que aconteceu na noite de 3 de Maio, no Ocean Club…

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Aluno exemplar.

"Poucos alunos de cursos relacionados com a hotelaria poderão orgulhar-se de terem sido escolhidos para estagiar num hotel com a dimensão e o prestígio do Sheraton Porto. Não foi a sorte, mas a habilidade que fez com que José Pedro Domingues, 17 anos, fosse o eleito para tal tarefa. Duas agressões a duas professoras de Inglês constam do seu passado escolar. "Porque é que só agredi professoras de Inglês? Porque não gostava da disciplina. Até mandei as duas profes p'ró chão, a uma até lhe atirei com o livro à cabeça!". José Pedro confessa que a escola onde andava - situada num bairro social de Gaia - não lhe dizia nada, não se sentia lá bem, e por isso chegou a ser suspenso da escola umas cinco vezes. A história nada teria de muito relevante, não fosse o José Pedro - aluno do curso de Educação e Formação de Cozinha da Escola Básica 2/3 Nicolau Nazoni, no Portou - um ex-aluno "difícil" e em risco de abandono escolar, conquistado para o sistema de ensino graças a uma formação alternativa ao currículo geral (mais aqui)".
Evidentemente que o diploma de melhor aluno vai servir para despenalizar futuras agressões que este herói venha a praticar….

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E o desemprego continua a diminuir...

"Em apenas cinco anos, pelo menos 14 fábricas têxteis fecharam as portas no concelho de Santo Tirso. Segundo dados do sector têxtil da concelhia do PCP, mais de 4400 operários ficaram sem trabalho desde 2003. Ou seja, por ano, cerca de mil conheceram as agruras do desemprego só nesta indústria (mais aqui)".

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A ilusão de um País de ricos

"É o recurso aos bancos que permite criar a ilusão de que Portugal é um País rico.

Em cada mês que passa o volume do crédito malparado aumenta. Oficialmente os números ainda não provocam pânico junto das instituições bancárias e representam apenas 1,8 por cento dos créditos concedidos. Mas se em vez de percentagens analisarmos os euros envolvidos, a dimensão é preocupante. 2,39 mil milhões de euros é o montante de empréstimos em incumprimento junto da Banca portuguesa. Mais de metade (1,31 mil milhões de euros) é do crédito à habitação. Não se compara com os números da crise do subprime nos EUA, mas com estes números verifica-se que já há milhares de famílias portuguesas que não conseguem honrar os seus compromissos com a Banca e arriscam-se a ver a sua casa penhorada para pagar as dívidas.

Uma vez que em troca dos empréstimos à compra da habitação os bancos ficam com a hipoteca da propriedade, os cidadãos costumam fazer os possíveis e os impossíveis para pagar, evitando o risco de perder a casa. Quando tantos não pagam é porque há um problema grave. A subida abrupta dos juros nos últimos dois anos agravou substancialmente a factura mensal a pagar pelas famílias. Os salários praticamente estagnaram e houve ainda gente com empréstimos que perdeu o emprego. E isto explica parte deste recente fenómeno.

RISCO NO CONSUMO

A percentagem do crédito mal parado para o consumo e outros fins é substancialmente mais elevada e por isso as taxas de juro também pagam um prémio de risco. Dos 13,9 mil milhões de euros para o consumo, 569 milhões estão em incumprimento, enquanto dos 12,9 mil milhões para outros fins, 505 milhões são de cobrança duvidosa. Os números também retratam uma realidade portuguesa que é nova em termos sociológicos. Só na década de 90, especialmente a partir da segunda metade, quando a convergência para o euro baixou as taxas de juro, é que o endividamento português disparou. E mesmo com a anemia macroeconómica, os portugueses continuaram a comprar casa, carro, a ir de férias, a comprar plasmas, tudo a crédito. É o recurso aos bancos que permite criar a ilusão de que Portugal é um País rico. O problema é que os portugueses já consomem ao nível dos ricos, mas os padrões produtivos ainda não acompanham esta ilusão.
"

Armando Esteves Pereira

Assalto à S. Caetano

"O que faz correr esta gente é apenas a conquista de lugares políticos nas muitas eleições de 2009. Bem hajam. Uma boa guerra.

A situação no PSD continua cada vez mais divertida e sem dúvida nenhuma que o homem mais lúcido neste momento se chama Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira, que normalmente costuma deixar com imensa azia e indignação quanto baste o conjunto da classe política do sítio sempre que atira do Funchal umas tantas provocações que agitam as águas deste pântano cheio de nenúfares.

Assiste-se a um momento ímpar e espantoso a que não escapam os inúmeros analistas, politólogos e comentadores políticos. Mal se confirmou a partida de Luís Filipe Menezes para Vila Nova de Gaia, surgiram das pedras inúmeros candidatos. Pedro Passos Coelho, Patinha Antão, Neto da Silva, Manuela Ferreira Leite e Pedro Santana Lopes. Quatro senhores e uma senhora que, de imediato, provocaram imensas análises e, pasme-se, apoios de um lado e do outro, e até prognósticos de quem poderia vencer as eleições directas de 31 de Maio. E a situação tornou-se ainda mais surrealista quando alguns candidatos foram confrontados com a hipótese de desistirem das suas candidaturas a favor de fulano ou de sicrana. Extraordinário.

Tudo isto acontece sem que se conheça uma linha, uma ideia, um projecto, um programa, um pensamento dos cinco candidatos sobre economia, educação, segurança social, desemprego, finanças públicas, impostos ou outra matéria qualquer. Nada. É evidente que Santana Lopes é um personagem conhecido. É evidente que Manuela Ferreira Leite andou pelos Governos de Cavaco Silva e Durão Barroso. É evidente que Pedro Passos Coelho andou pela juventude laranja e por algumas direcções sociais-democratas. É evidente que Neto da Silva negociou a vinda da Autoeuropa para Portugal e é um empresário de sucesso. É evidente que Patinha Antão apareceu no cavaquismo e tem andado pelo Parlamento desde então.

Tudo isto é evidente neste sítio cada vez mais triste, deprimido, iletrado e, obviamente, cada vez mais mal frequentado. Mas Alberto João Jardim tem razão. Está tudo louco. O que faz correr neste momento mendistas, barrosistas, cavaquistas, menezistas e santanistas não é o sítio, os seus cidadãos, os seus problemas e as suas angústias, presentes e futuras. O que faz correr esta gente é apenas a conquista de lugares políticos nas muitas eleições de 2009. Conquista de eurodeputados, de presidentes de Câmara, de deputados na Assembleia da República. Esta gente não corre para assaltar São Bento e o poder de José Sócrates. Esta gente prepara o assalto interno ao PSD porque 2009 já era. Bem hajam. E uma boa guerra
."

António Ribeiro Ferreira

AS CASAS DO ARTISTA

"Que se saiba, os benfiquistas teimam em assistir aos jogos e em pedir a demissão do presidente. Não admira que andem amargurados. O ideal seria esquecerem de vez os jogos e darem ao presidente um mandato vitalício. É verdade que não percebo de bola, mas os futebolistas do Benfica percebem ainda menos, e a prova são as sucessivas humilhações nos estádios. Já o desempenho do presidente fora deles entusiasma até um leigo. Infelizmente, não beneficia de transmissão televisiva.

Eu, por exemplo, precisei do filme amador cedido por um amigo para contemplar a visita de Luís Filipe Vieira a uma Casa do Benfica na província, evento que, dizem-me, se repete regularmente. Num certo sentido, cada evento desses é irrepetível: não há mais nada assim.

A coisa começa com a chegada do sr. Vieira, de um moço com uma águia e de um pequeno séquito de fiéis a uma localidade indistinta, onde são aguardados por um séquito maior. Em seguida, o cortejo desfila pelas ruas do povoado até à autarquia, que organiza uma sessão solene e concede ao sr. Vieira subidas homenagens. O sr. Vieira faz um discurso. Depois, o bando regressa à rua e, em algazarra, aponta a marcha no sentido da Casa do Benfica local. Na Casa, descerra-se uma placa e o sr. Vieira faz um discurso. De novo na rua, o cortejo dirige- -se a um restaurante, cenário de elaborado ritual: os fiéis entram primeiro, de modo a receberem o sr. Vieira aos gritos de "Glorioso SLB, glorioso SLB". Mal a sala se enche, o sr. Vieira penetra-a e faz um discurso. Ao lado, uma banca vende bugigangas do clube. No fim do repasto, o sr. Vieira dispõe-se a autografar as bugigangas e, com sorte, faz um discurso.

Não sei como classificar isto. Sei que não me deslumbrava tanto desde que ouvi Pinto da Costa recitar José Régio. Ou José Régio recitar Pinto da Costa. Importa é que o sr. Vieira possui em excesso aquilo que falta à equipa de futebol: a capacidade de empolgar as massas. Logo que os adeptos atentem no que realmente conta, o Benfica continua a ser um espectáculo. O palco e os artistas é que mudaram
."

Alberto Gonçalves

domingo, abril 27, 2008

O PÃO, O BIOCOMBUSTÍVEL DAS REVOLTAS

"Maria Antonieta nunca disse: "O povo não tem pão? Que coma brioches!" Em Confissões, livro escrito em 1766, Jean-Jacques Rousseau atribui a frase a uma "grande princesa" e nessa data Maria Antonieta tinha 10 anos e vivia em Viena. Mas interessa-me a frase porque prova que o estômago vazio é que dá horas às revoluções, não a falta de liberdade. O povo de Paris foi cercar o palácio de Trianon, protestando pelo preço do pão, primeiro, e só mais tarde é que decidiu libertar os presos da Bastilha.

Lembro-o pelas revoltas que vão por todo o mundo, do México à Malásia, por causa da escassez de comida. Segundo o Banco Mundial, o preço dos bens alimentares subiu 83% nos últimos três anos. Para explicar o drama global, nada como a língua global: em inglês, esfomeado (hungry) e revoltado (angry) são palavras próximas na escrita e pronunciam-se de forma ainda mais parecida. Entre o engolir em seco e as barricadas vai um intervalo mais curto que uma digestão saudável.

E tudo porque o petróleo sobe a 120 dólares o barril. Subindo, incentiva a compra de biocombustíveis (sem precisar da Rainha Isabel de Inglaterra dizendo: "O povo não faz o pleno com gasóleo? Que encha com etanol!"). Logo, sobe o preço do milho e do açúcar. Não se podendo comprar tanto milho, compra-se mais arroz. O preço do arroz dispara por causa do barril de petróleo, apesar de os seus sacos de bagos não servirem para mover bielas de um motor.

Ciclo infernal. A economia é uma ciência. A ciência é uma coisa de laboratórios. Nos laboratórios há vasos comunicantes. Os vãos comunicantes explicam que nada se perde, tudo se transforma, o que esvazia daqui, enche ali. Quando uma borboleta bate as asas numa refinaria do Iémen, há uma tempestade nos arrozais da Índia. E tudo à volta do essencial, o pão.

D' Os Miseráveis, de Hugo, a Um Dia na Vida de Ivan Denissovitch, de Soljenitsin, tudo anda à volta de um pão. Quando John Ford quer contar um sonho, um símbolo de fartura, a Califórnia, pára numa cena de As Vinhas da Ira. Durante a Grande Depressão, a família de Tom Joad percorre a estrada 66 numa fuga bíblica. Numa estação de serviço (olhem, já lá está o petróleo), os Joad não podem comprar sanduíches e imploram para levar pão seco (olha, o pão). O sonho simbólico não vale nada comparado com aquela premência (e preeminência também) enfarinhada.

Que não se brinque com ele, o pão. Habituados que estamos que os conflitos venham de fundamentalistas saciados (com reivindicações de Club Méditerranée, com paraísos e virgens), era bom que descêssemos à terra. O pão é o biocombustível das revoltas a sério. Esse, sim, é um problema que não tem outra solução senão resolvê-lo
."

Ferreira Fernandes

Jovem suspeito de homicídio tem historial de violência e tráfico

"O jovem de 18 anos suspeito dos disparos que causaram a morte a um homem e ferimentos noutro, anteontem, no Bairro Dr. Nuno Pinheiro Torres, no Porto, é referenciado como um dos principais traficantes de droga da zona e já terá protagonizado vários desacatos com arma de fogo. Ontem, continuava a ser procurado pelas autoridades, enquanto a PSP se mantinha em permanência no problemático bairro, de forma a "serenar" os ânimos. Fonte policial acrescentou que o jovem já tinha sido detido em operações contra o tráfico de droga e foi alvo de denúncias por efectuar disparos de caçadeira na sequência de desentendimentos com moradores. Na semana passada, foi detido pela PSP por posse de droga e condução ilegal. Presente a tribunal, saiu em liberdade (mais aqui)".
Enquanto o politicamente correcto andar a brincar aos direitos, o novo Texas Europeu vai sentindo na pele esses banhos de democracia experimental. Quem sabe se não está aqui uma boa maneira de promover o turismo no novo Texas, perdão, Portugal.

sábado, abril 26, 2008

Breaking the Law

O ano da batata

"As reservas cerealíferas estão num mínimo histórico e só medidas estruturais capazes de aumentar a oferta resolvem o desequilíbrio.

A ONU declarou 2008 como o ano internacional da batata. Não lhe invejo a sorte – à batata: no Egipto, no Haiti, no Senegal ou no Bangladesh rebentaram motins populares contra o aumento dos preços dos bens alimentares e espera-se que o tubérculo seja a solução para a crise de fome mundial que se avoluma no horizonte.

De acordo com os dados e previsões do Banco Mundial, no final deste ano e por comparação com 2004, os preços do trigo e do arroz terão duplicado; açúcar, soja e o milho serão entre 56% e 79% mais caros. O impacto do aumento do custo dos bens alimentares é brutalmente regressivo, atingindo sobretudo os mais pobres, cuja despesa em bens alimentares representa uma proporção maior da despesa total. No Bangladesh, para comprar um pacote de 2kg de arroz já é necessário gastar o equivalente a metade do rendimento diário de uma família pobre. O presidente do Banco Mundial avisa que um aumento médio do custo dos bens alimentares de 20% poderá empurrar cerca de 100 milhões de pessoas para baixo da linha de pobreza absoluta de 1 dólar americano/dia.

Uma causa próxima da subida dos preços dos bens alimentares é o aumento dos preços dos combustíveis, que teve dois efeitos agravantes da crise de escassez. Por um lado aumentou os custos da produção agrícola; por outro criou as condições para uma irresponsável euforia política de subsídios ao biofuel, que motivou um desvio significativo de solos agrícolas para a produção de energia. Como era de esperar, ninguém admite o erro crasso, quanto mais propor a extinção dos subsídios agrícolas ao biofuel.

Mas a tendência de subida dos preços dos bens alimentares antecedeu em muito a euforia do biofuel e é sobretudo o resultado do forte crescimento da procura com origem nas economias emergentes. As reservas cerealíferas mundiais estão num mínimo histórico e só medidas estruturais capazes de aumentar a oferta poderão resolver o desequilíbrio. Para isso é imperativo terminar com o condicionamento político dos mercados agrícolas, a enorme rede de subsídios, proibições, quotas burocráticas e proteccionismo que na UE e nos EUA sustenta os rendimentos artificialmente elevados dos agricultores e desincentiva a produção agrícola que poderia satisfazer o dramático excesso de procura global.

Também não há boas notícias em termos da evolução previsível do preço do petróleo, que permanecerá a níveis extremamente elevados. A procura continuará a crescer, dos actuais 87 milhões de barris/dia para cerca de 99 milhões de barris/dia em 2015. Seria de esperar que a oferta aumentasse, reagindo ao estímulo gerado pelos preços elevados. Mas isso é pouco provável. A produção de países como o México e a Rússia está em declínio, em grande parte por causa da obsolescência tecnológica resultante da nacionalização dos recursos, que expropriou e desencorajou o investimento das petrolíferas internacionais em novas tecnologias. A Arábia Saudita pretende estabilizar a produção em torno do patamar dos 12,5 milhões de barris/dia nos próximos anos. A generalidade dos países da OPEP seguirão esta orientação.

Embora pareça paradoxal, aumentar a produção de petróleo nas circunstâncias actuais seria irracional. O petróleo é um recurso esgotável e isso significa que a opção de não extracção pode ser um investimento rentável, desde que o preço futuro esperado seja superior ao preço corrente. Para os países produtores e exportadores de petróleo onde a indústria petrolífera é estatal há basicamente duas opções: investir parte das receitas de exportação em aplicações de capital, ou “investir” na não extracção, diferindo as receitas para o futuro. Estes países têm feito as duas coisas: em 2006 os “petrodólares” passaram a ser a principal origem de fluxos globais de capital, ultrapassando os países asiáticos pela primeira vez desde os anos 70. Mas algumas das possíveis aplicações destes fundos estão-lhes vedadas: os EUA já deixaram claro que não permitirão que as principais corporações americanas sejam adquiridas por fundos soberanos asiáticos ou de países exportadores de petróleo. Limitada a aplicação em activos, o investimento através do diferimento da extracção torna-se uma opção racional.

Entretanto, para 100 milhões de seres humanos o futuro é uma promessa de fome. Com uma localização difusa, não produzem facilmente as imagens de miséria indefesa e cheia de moscas, ao gosto da piedade pós-religiosa. Ao contrário dos tibetanos, também não se encaixam facilmente na categoria cénica do “oprimido histórico” cuja defesa confere uma falsa sensação de pureza moral. Resta-lhes esperar pelo que vier. Não têm pão? Comam batatas, o brioche do séc. XXI
."

Fernando Gabriel

A revolta silenciosa dos jovens cidadãos

"Cavaco acertou na mouche ao dedicar ao alheamento dos jovens portugueses da coisa política o seu discurso comemorativo de mais um aniversário do 25 de Abril.

A Revolução dos Cravos tinha como ponto nuclear do seu programa a instauração da democracia em Portugal - ou seja dar aos cidadãos a última palavra na decisão sobre o destino.

Neste sentido, não deixa de ser a um tempo irónico e preocupante que, 34 anos depois, os filhos do 25 de Abril não se revejam no sistema político que os seus pais ajudaram a construir.

O estudo encomendado à Universidade Católica pela Presidência da República confirma o que já se suspeitava: os jovens dos 15 aos 29 anos são a camada etária mais insatisfeita com a qualidade da nossa democracia.

Nunca desde o 25 de Abril os partidos políticos estiveram tão distantes dos cidadãos. A esta fria distância não é estranho o facto de a primeira geração de políticos profissionais ter chegado ao poder nos principais partidos. Os dois primeiros-ministros mais recentes, Santana Lopes e José Sócrates, formaram-se na escola das Jotas.

São cada vez mais os eleitores que olham para os partidos centrais do nosso sistema político como meras máquinas de conquista do poder desprovidas de uma pinga sequer de paixão e ideologia.

Os partidos devem, por isso, reflectir seriamente neste aviso do PR, que com a sua palavra deu um peso institucional suplementar a uma revolta silenciosa dos eleitores que se exprimia através de crescentes taxas de abstenção
."

Editorial do DN

Polícia não foi em violência

"Pouco mais de 200 pessoas, na grande maioria jovens anarquistas, manifestaram-se ontem em Lisboa contra a violência policial. A acção teve um resultado inverso ao pretendido, já que os elementos da PSP e da Polícia Municipal tiveram um comportamento exemplar ao controlarem sem problemas uma manifestação que nem sequer estava autorizada pelo Governo Civil. Apesar de ser uma manifestação pacífica, alguns dos presentes estavam preparados para confrontos com a polícia (mais aqui)"
Deve ter sido frustrante para esse pessoal anarquista.

O efeito Berardo

"Que quer Joe Berardo do Benfica? É bom que o empresário clarifique a sua posição, porque uns dias são de críticas, outros de elogios, outros de tentativas de consensos. Que quer, afinal, Berardo?

Não parece que queira ser presidente, porque já disse mais do que uma vez da sua intenção (“desinteressada”) de “ajudar o Benfica”.

Se é protagonismo à custa do futebol e do clube, já o teve em demasia e, depois de o ter, já não precisa dele para alavancar outros negócios. Ou será que o hábito faz o monge?!

O Benfica necessita, de facto, de ajuda. Longe vão os tempos dos mecenas e da peregrina ideia de que havia, em Portugal, pelo “ismo” do amor em chamas, pessoas interessadas em oferecer parte das suas fortunas ao clube do coração.

Muitos foram comidos por lorpas porque, se o futebol não deu dinheiro a ganhar directamente a muitos dirigentes desportivos, a exposição mediática, a ideia de poder, a representação popular de grandes instituições com milhões de adeptos, permitiram – e ainda permitem –, pelo menos, benefícios indirectos.

Não há almoços grátis e, no futebol, por muita paixão que se ponha na fornalha do clubismo mais exacerbado, desviando as atenções do essencial, também não os há.

Se, como parece óbvio, Berardo não quer oferecer um generoso donativo ao Benfica e se não parece estar iminente mais nenhuma “Operação Coração”, seria importante o comendador definir as condições em que aparece disponível para “ajudar o Benfica”.

Dêem-lhe, no fundo, o nome que quiserem, na linguagem do “economês”, mas parece-me redutor que a ideia seja abrir uma “caixa de esmolas” – como as que existem nas igrejas – para, voluntariamente, os benfiquistas fazerem o depósito dos seus donativos. É uma técnica demasiado simples, ao alcance de qualquer “Manel das Iscas”.

Bem sei que, das bases mais telúricas a uma certa elite, a imprensa descobriu a série de plumitivos que dizem a sua graça. Berardo é bom para ouvir e, certamente, deve ser uma boa companhia para almoçar.

É tempo de passar das palavras e dos almoços aos actos
."

Rui Santos

sexta-feira, abril 25, 2008

Revolution



You say you want a revolution
Well, you know
We all want to change the world
You tell me that it's evolution
Well, you know
We all want to change the world
But when you talk about destruction
Don't you know that you can count me out
Don't you know it's gonna be all right
all right, all right

You say you got a real solution
Well, you know
We'd all love to see the plan
You ask me for a contribution
Well, you know
We're doing what we can
But when you want money
for people with minds that hate
All I can tell is brother you have to wait
Don't you know it's gonna be all right
all right, all right
Ah

ah, ah, ah, ah, ah...

You say you'll change the constitution
Well, you know
We all want to change your head
You tell me it's the institution
Well, you know
You better free you mind instead
But if you go carrying pictures of chairman Mao
You ain't going to make it with anyone anyhow
Don't you know it's gonna be all right
all right, all right
all right, all right, all right
all right, all right, all right

Fragilidades

"O regresso de Jorge Ribeiro ao Benfica vinha sendo anunciado na imprensa da especialidade, ao mesmo tempo que iam sendo lançados ao vento inúmeros nomes de treinadores para o clube da águia.

Quer dizer: o processo de contratação do treinador ainda não tinha a mais pequena garantia de sucesso e o plantel começava a ser construído.

Foram oito épocas em que “o irmão de Maniche” não conseguiu grande destaque, a não ser quando se tornou óbvio que a falta de um esquerdino na Selecção Nacional obrigava a uma prospecção a um nível mediano em termos de qualidade.

Este regresso anunciado à Luz prova que o Benfica, a viver um momento em que necessitaria de maior recato, não consegue estagnar a “hemorragia de notícias”, nem quando a situação conjuntural o aconselharia. Mais: dá a sensação que este Benfica não sobrevive sem uma “certa imprensa” como essa “certa imprensa” não sobrevive sem o Benfica.

Não tenhamos a mais pequena dúvida: o processo de contratação de Jorge Ribeiro e o facto de se ter revelado, agora, que o jogador se ligou contratualmente aos encarnados na semana a seguir ao jogo do Bessa, no qual falhou uma grande penalidade, vão marcar o jogador para o resto da sua carreira.

Acresce que, para além destas duvidosas convivências, e não obstante o bom princípio de se optar pela contratação de jogadores portugueses em vez de insistir na compra de todo o tipo de “soluções de ocasião” no “bairro de lata” sul-americano, não é bom sinal confrontar o novo treinador com jogadores recém-contratados, o que significa o Benfica estar a perder a excelente oportunidade de reconstruir o “edifício do futebol” com cabeça, tronco e membros.

Significa, também, que o Benfica ainda não achou a solução para o comando técnico e isso encerra o perigo de a opção poder recair numa figura de segunda linha, pronto a aceitar o prato que lhe for servido, cujo mecanismo representa uma das razões por que o Benfica não consegue desenhar uma linha de estabilidade. O treinador não pode ser, já à partida, o elo mais fraco
."

Rui Santos

A nossa Alitalia

"Itália é um país fantástico.

Quase 36 milhões de turistas estrangeiros visitam todos os anos as suas magníficas cidades, como Roma, Florença e Veneza; ou optam por fazer esqui nos Alpes à volta de Turim e Milão – as estâncias são francamente boas. Em alternativa podem ainda viajar para a praia e banhar-se nas águas quentes da Sardenha ou da Sicília. Tudo somado, Itália tem todas as condições para orgulhar-se de ter feito crescer uma grande companhia aérea internacional: além de ser o quinto país do mundo com mais turismo, os 60 milhões de italianos também garantem massa crítica suficiente para impulsionar o negócio de qualquer empresa de aviação. Verdade? Mentira. Não são apenas os narizes negros dos aviões da Alitalia que parecem desactualizados, é a própria companhia que ainda vive os anos de chumbo do intervencionismo político e da chantagem dos sindicatos. O resultado é absurdo: 364 milhões de euros de prejuízos em 2007, a ruína e o espelho de um país cujo PIB já foi ultrapassado pela Espanha e que, em breve, será pela Grécia.

Pensemos então um pouco. Intervenção política constante, sindicatos vingativos, gestão frágil... não nos lembra mesmo nada? Pois é: a TAP de há apenas uns anos. Não vale a pena recuar muito, basta voar até aos anos 90 para lembrar as greves sucessivas e a espiral de perdas. O que é hoje a Alitalia já foi a TAP ainda há pouco tempo: lutas partidárias, sindicatos amotinados, opiniões radicais, uma gestão incapaz de gerir e, nalguns casos, sem competência técnica para o fazer. A Alitália, portanto. Felizmente, nos últimos oito anos muita coisa mudou. Houve greves, voos anulados, serviços medíocres, mas também resultados positivos, lucros, uma nova frota de aviões, novas rotas e, acima de tudo, a certeza de que a companhia aérea – quatro vezes mais pequena do que a Iberia – soube encontrar o seu espaço num mercado altamente competitivo. A compra da PGA foi o resultado deste salto qualitativo.

Qual foi o truque? O óbvio: uma gestão competente que se soube blindar – e a quem foi permitido blindar-se – das influências dos comissários partidários. Ainda houve uma pequena recaída, quando Cardoso e Cunha quis subverter a ‘governance’ da empresa e torpedear as decisões de Fernando Pinto, administrador-delegado. Esses tempos de contra-revolução já passaram e permitiram à TAP apresentar 32,8 milhões de lucros em 2007 – convém lembrar que, nas décadas de 70 e 80, somaram-se os prejuízos. Claro, o êxito da TAP provocou perplexidade e inveja. Contas maquilhadas e excesso de dependência das rotas brasileiras são os ataques mais comuns. Como é óbvio, há críticas justas a fazer. É mau que o relatório e contas demore tanto tempo a ser tornado público. Ou que, sendo uma companhia pública, a TAP não seja sujeita às mesmas regras de transparência de uma cotada – embora esse seja um problema de todas as empresas públicas. Ou que, finalmente, os lucros continuem baixos tendo em conta o volume de negócios de dois mil milhões de euros. Dito isto, sobra o essencial: a TAP, hoje, acrescenta valor ao país, não retira
.

André Macedo

Sem futuro

"Depois das três derrotas encaixadas pelo Benfica, duas das quais perturbantes pela forma como foram protagonizadas (Académica e Sporting), Luís Filipe Vieira vem desvalorizar a luta pelo 2.º lugar na Liga e o acesso directo à Champions, com o argumento de que é preciso preparar o futuro.

Vieira está perdido e agarrado ao poder. Recusa-se a reconhecer as suas responsabilidades e continua a procurar espaço para prosseguir a sua “fuga para a frente”.

Ao desresponsabilizar os jogadores e a equipa técnica para o resto da temporada, o presidente dos encarnados comete um erro crasso. A voz da exigência que se ouve para todas as questões do futebol português cala-se quando estão em causa os problemas e as necessidades do Benfica. Este é um ponto importante: a cultura de desresponsabilização interna é uma chaga que consome a matriz do futebol dos encarnados.

Não interessa ao presidente determinar as causas que levaram o Benfica a uma situação de latente insustentabilidade. Não interessa contabilizar o número de jogadores que foram mal contratados nos últimos anos; não interessa questionar o tipo de treinadores que foram achados para resolver, artificialmente, problemas estruturantes; não interessa apurar o resultado do “investimento” realizado em torno das funções desempenhadas por António Carraça; não interessa concluir a razão pela qual Camacho se fartou do Benfica; não interessa sequer discutir o motivo – indiscutivelmente fracturante – por que Rui Costa, ainda a jogar, foi lançado para as funções de director desportivo, criando-se, com essa decisão, um ambiente de todo indesejável na cabina do Benfica; não interessa tentar perceber as razões que levaram Vieira a dar a mão a “importantes colaboradores” e depois abandoná-los, como se fossem peçonha. Nada disto interessa.

Interessa apenas voltar a criar a ideia de que… para o ano é que é. Com um futebol português entretanto saneado e higienizado. Com (todos) os adversários atrás das grades.

Vieira vai insistir no erro e o Benfica vai continuar a pagar a factura. Até quando?

Entretanto, o Sporting continua a dormi
r."

Rui Santos

Ninguém pára o Benfica.

"[Luís Filipe Vieira] mostrou-me as alterações substanciais que quer levar a cabo. Vamos analisar o assunto sobre um fundo, unir os benfiquistas. O que interessa é o futuro, constituir uma equipa que vai ser forte. Vamos recrutar pessoas para fortalecer o nosso Benfica. Penso que tem tudo para correr bem".

"Quando estava a dar a entrevista, recebi um telefonema de uma pessoa com quem estava chateado. O que disse não foi para o Rui Costa. Tenho grande admiração, como benfiquista e como português, pelo Rui Costa. Espero que em breve possa ter uma reunião com ele para esclarecer isso. Foi uma coincidência, mas, naquela altura, mesmo que explicasse ninguém iria perceber
"

Joe Berardo

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Santana Lopes atalhou travessia do deserto

"Pedro Santana Lopes ambiciona regressar à liderança do PSD. E no partido há quem o veja como um possível sucessor de Luís Filipe Menezes, e até capaz de derrotar José Sócrates nas legislativas de 2009. O problema é que se o PSD optar pelo ex-primeiro-ministro Santana vai apostar num líder que o País já rejeitou - de uma forma clara e só há três anos.

Nas eleições de 2005, o PSD obteve um dos seus piores resultados de sempre. Chamados às urnas para julgar o efémero Governo de Santana (que sucedeu a um Durão Barroso tentado pela presidência da Comissão Europeia), os portugueses foram explícitos: o PS venceu com o seu melhor resultado de sempre e pela primeira vez um primeiro-ministro socialista teve mesmo a oportunidade de governar com uma maioria absoluta.

Na hora da derrota, Santana Lopes disse que ia "andar por ai". Mas não se ficou por aí e regressou rapidamente. Primeiro para líder parlamentar do PSD de Menezes, agora como candidato a presidente do partido.

Foi uma travessia do deserto exageradamente curta.

Mesmo que triunfe e consiga ir a votos contra Sócrates soará sempre a uma tentativa de desforra. Demasiado arriscada. Para ele, para o PSD e, sobretudo, para o País
."

Editorial do DN

quinta-feira, abril 24, 2008

22 horas e 55 minutos de 24 de Abril de 1974.

E depois do Adeus.

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós

Paulo de Carvalho

Música: José Calvário
Letra: José Niza

Até amanhã e boa sorte!!!



Só a cigarra

"Um dia uma cigarra cantarolava no caminho quando encontrou uma formiga que trabalhava muito atarefada. Perante o espanto da outra, a formiga explicou que o Inverno se aproximava e era preciso recolher comida. A cigarra riu-se e continuou o seu caminho a cantar.

Tal como a formiga dissera, daí a umas semanas começou o vento e a chuva. Mas essa foi a sua única previsão que acertou, porque era boa meteorologista mas não percebia nada de política. Como tinham subido os impostos, o Estado levou a maior parte da comida armazenada. Isso, aliás, foi tudo o que se aproveitou porque logo a seguir houve uma inspecção ao armazém da formiga. Como as condições de etiquetagem não eram as adequadas, foi tudo queimado pelos fiscais em defesa dos consumidores.

Entretanto a cigarra, que estivera o ano inteiro de barriga cheia com um subsídio a fundo perdido do Programa de Apoio às Artes do Ministério da Cultura, como pertencia ao partido do Governo conseguiu um lugar de directora-geral da Secretaria de Estado da Agricultura, com o pelouro dos apoios à lavoura.

Um dia a cigarra cantarolava no gabinete quando entrou a formiga que chorava muito pesarosa. Perante o espanto da outra, a formiga explicou que o Inverno chegara e, como não tinha comida para dar aos filhos, vinha pedir uma ajuda ao Governo. A cigarra, que tinha bom coração, deu à amiga um empréstimo bonificado. Assim a formiga voltou para casa muito contente com uma pequena parte daquela comida que ela mesma tinha apanhado.

Moral da história: deve-se trabalhar, mas sem apoio do Governo não dá nada
."

João César das Neves

Armas nas escolas.

"Um aluno de sete anos de uma escola básica do Montijo levou uma arma, carregada, para a sala de aula. A pistola foi encontrada pela professora que alertou a polícia (mais aqui)"
Mais um caso pontual em que o filho, tal como disse a Ministra, leva para a escola a arma do pai que é caçador. Aparentemente parece que o país está cheio de caçadores…

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Venda de arroz racionada nos EUA

"Algumas das principais cadeias de hipermercados dos EUA estão a racionar a venda de arroz, perante o receio de futuras restrições no abastecimento internacional deste cereal e uma consequente subida dos preços. Esta é uma medida considerada como «insólita» nos EUA, onde nem sequer durante a II Guerra Mundial existiram restrições à venda de alimentos (mais aqui)."

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PSD

"Enquanto o País segue em frente, o PSD dilui-se numa pequena série de bluffs para nos alegrar a semana. Neto da Silva e Patinha Antão? Conhece-os? Alberto João Jardim, conhece-o? Uns por não serem conhecidos, outros por o serem de mais, não dão para candidatos a não ser neste ‘teatro cómico’ em que se transformou o partido.

Ontem, os chefes do PSD do Porto e de Lisboa puseram A.J. Jardim na lista de hipóteses para a chefia do partido, lançando o isco às bases. Não vale a pena lembrar que arrebatar votos na Camacha ou em Porto Moniz não é a mesma coisa que ir buscá-los a Almada ou a Ermesinde. Começa a ser preocupante o suicídio desta gente, que se prepara para – se pudesse – destruir o PSD e transformá-lo num saco de gatos ou numa ninharia irrelevante, preparada para um cowboy vir tomá-la ao cair do pano. Infelizmente, o bom senso não se mete nos neurónios destes cavalheiros. Às vezes é preciso descer aos infernos para regressar renovado; mas descer até este ponto?
"

Franscisco José Viegas

Olivença


Em 1306 o rei D. Dinis (1279-1325) determinou a ampliação das primitivas defesas dos Templários em Olivença, dotando a povoação com uma cerca de planta quadrangular, amparada por catorze torres. O seu filho e sucessor, D. Afonso IV (1325-1357), complementaram essas obras, erigindo em seu interior a alcáçova, concluída em 1335.

No último terço do século XIV, no contexto das chamadas Guerras fernandinas, Olivença foi dotada de uma nova cerca envolvente, de planta aproximadamente oval, rasgada por cinco portas. A memória dessa cerca, posteriormente demolida integralmente, sobrevive em nossos dias no traçado urbanístico de suas ruas.

Aproximadamente um século mais tarde, o rei D. João II (1481-1495) fez erguer, no recinto da alcáçova, a Torre de Menagem mais elevada da fronteira portuguesa à época, dotando o conjunto de um fosso inundável, visando dificultar os trabalhos de sapa em caso de assédio (1488). Os trinta e cinco metros de altura desta torre eram acedidos por dezassete rampas, que permitiam o acesso de peças de artilharia. Do seu alto descortinava-se a cidade de Badajoz.

Uma nova etapa de obras defensivas teve lugar sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), quando a antiga cerca fernandina foi demolida por Afonso Mendes de Oliveira com o aproveitamento de seu material para a construção de uma nova muralha. Data do reinado deste soberano outra monumental obra de arquitectura militar, essencial à defesa de Olivença: a chamada Ponte da Ajuda. Esta ponte fortificada destinava-se a assegurar a operação das forças portuguesas na margem esquerda do rio Guadiana, em apoio a Olivença. Com trezentos e oitenta metros de comprimento por cinco metros e meio de largura, apoiava-se em dezanove arcos, defendida por uma sólida torre em seu centro, torre esta dividida internamente em três pavimentos. Todo o reino contribuiu para a construção desta obra, com excepção dos habitantes de Olivença.

Na segunda metade do século XVIII Portugal estabeleceu uma nova orientação em sua estratégia militar na fronteira com a Espanha: de ofensiva passou a outra, estritamente defensiva. Esse novo modelo trouxe importantes consequências para Olivença, uma vez que todos os estrategistas estrangeiros que a visitaram a convite da Coroa Portuguesa - Charles R. Rainsford, Guilherme Luís Antoine Valleré, o Príncipe de Waldeck e o conde de Miremont - foram unânimes em recomendar o seu abandono, fundamentados em três razões:

  1. A copiosa artilharia, munições, homens e equipamentos necessários à manutenção, em prontidão de defesa, de uma praça-forte dotada de nove baluartes: a própria Badajoz tinha apenas oito.
  2. Os prejuízos decorrentes da interrupção do fluxo de suprimentos, em caso de explosão pelo inimigo, da Ponte da Ajuda.
A situação crítica em que se veria um exército que pretendesse auxiliar a defesa da praça, caso a sua única linha de retirada fosse cortada pela corrente do rio Guadiana

Wake up

Inadaptação genérica.

"A nova proposta do Código do Trabalho tem muitas virtudes e está cheia de boas intenções. Contudo, há um te-ma que vai provocar muita polémica: a possibilidade de se despedir um trabalhador invocando como causa a sua inadaptação funcional. Há de facto o perigo de este conceito ser tão vago e genérico que pode abrir as portas para despedimentos selectivos sem justa causa.

Actualmente é possível despedir um trabalhador por inadaptação tecnológica depois de o funcionário ter tido formação profissional e apesar disso não se ter adaptado às novas condições tecnológicas que regem a actividade. Este é um princípio correcto, que não impede o desenvolvimento das empre-sas. Ao incluir um conceito tão vago quanto é o da inadaptação funcional, a lei abre a porta para que em qualquer caso tudo possa ser inadaptação funcional. Basta uma entidade patronal querer dispensar um trabalhador para – com alguma imaginação – arranjar argumentos que encaixem neste conceito. Com manobras de assédio laboral e a pressão psicológica exercida sobre os trabalhadores, é fácil que o comportamento do funcionário se coadune com a acusação de inadaptação. Tal como alertam vários especialistas ouvidos pelo Correio da Manhã, as principais vítimas podem ser os trabalhadores mais velhos, que custam mais dinheiro às empresas e que quase sempre são os primeiros alvos quando chega a hora de cortar nos custos
."

Armando Esteves Pereira

Rios Portugueses.

"Quase 40% dos rios portugueses têm má ou muito má qualidade (mais aqui)."

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Número de desempregados baixa.

"O número de desempregados inscritos nos centros de emprego continua a descer. João Proença, secretário-geral da UGT, afirmou ao DN que o desemprego pode estar num ponto de viragem, depois de muitos anos a subir. "É preciso ver se esta tendência é sustentada e se corresponde aos números do INE [Instituto Nacional de Estatística], que não têm descido (mais aqui)".
A propaganda deste Oásis vai de vento em popa. Os fiéis agradecem tão delicioso alimento espiritual.

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Governo deve travar endividamento das famílias.

"Todos os indicadores gritam a evidência de que nós, portugueses, estamos a viver muito acima das nossas possibilidades. Esta semana, o Banco de Portugal avisou que em Fevereiro o crédito malparado ao consumo cresceu 40%, quando comparado com idêntico mês do ano anterior. E a Deco calcula que há 100 mil famílias com a corda na garganta, em vias de deixar de poder continuar a cumprir as suas obrigações para com os bancos.

Entre 2003 e 2007, o crédito concedido às famílias aumentou 50%. E a festa ameaça continuar. De acordo com o Observador Cetelem, um dos mais reputados barómetros nesta área, apenas 13% dos portugueses pretendem poupar este ano, valor que é cerca de metade dos 25% que constituem a média comunitária. Estes sinais de alarme sobre o nível de endividamento dos portugueses deveriam obrigar o Governo a pôr um freio ao consumo e estimular a poupança.

Não é isso que o Governo está a fazer. Ao mexer no enquadramento e taxas dos certificados de aforro, tornando menos atractivo o produto favorito e tradicional de poupança das famílias, provocou uma corrida aos resgates. Em dois meses apenas foram desmobilizados certificados de aforro no valor de 500 milhões de euros, contra apenas 200 milhões de novos subscritos - registando-se assim neste período um saldo negativo de 300 milhões de euros.

Neste contexto. Sócrates tem de pôr o pé no travão ao endividamento das famílias e pôr uma cenoura à frente da poupança
. "

Editorial do DN

Jovem promessa.

"Jovem de 25 anos assaltou 16 ourivesariasCadastrado, 25 anos, sem profissão e sem residência fixa, atacava apenas durante a noite, sozinho e de uma maneira considerada pela polícia como sendo "muito profissional (mais aqui)".
E não há prémio para tão dotado artista?

Comentadores

Como dizia um comentador entendido na matéria: “O sinal mais sintomático da falência do PSD enquanto partido não é tanto a assustadora sucessão de líderes incompetentes, mas a absoluta incapacidade de encontrar uma alminha decente com vontade de tomar conta da casa. Os nomes correm pelos jornais como se estivéssemos numa daquelas reuniões de condóminos em que ninguém quer ficar com a responsabilidade de pagar a luz da escada ou a vistoria ao elevador (mais aqui)”, tirando Patinha Antão, Passos Coelho, Neto da Silva, Ferreira Leite e Santana Lopes, mais ninguém, aparentemente, quer pegar no PSD. Já o PS, que não estava em falência, teve vários candidatos: José Sócrates, José Sócrates e José Sócrates. O que vale é que amanhã já ninguém se lembra do comentário e assim todos somos grandes…

quarta-feira, abril 23, 2008

23 de Abril de 1971.


Os Rolling Stones editam Sticky Fingers. Primeiro disco da banda lançado pelo seu novo selo, Rolling Stones Records, e para muitos, o melhor disco lançado pela banda. Dedos Gosmentos é um mergulho no psique do poeta junkie. O álbum é um reflexo da vida submersa em entorpecentes que alguns de seus integrantes estavam vivendo. Títulos como Brown Sugar, Sister Morphine e Moonlight Mile são corretamente ou não associados a entorpecentes pelo grande público jovem da época. Brown Sugar se tornaria mais um, em uma série de grandes riffs do rock, que esta banda conseguiu compor.

Até amanhã e boa sorte!!!



Semântica.

"A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, defendeu esta quarta-feira que casos como o da agressão de uma aluna de 11 anos a uma professora de Matemática, ocorrido na passada segunda-feira na Escola Básica 2.º e 3.º Ciclos Padre Abílio Mendes, no Barreiro, são "dramáticos, mas isolados (mais aqui)".
O governo anda a melhoar a semântica. Passou-se de “casos pontuais e repetitivos” para “casos dramáticos mas isolados”.

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E a criminalidade continua a diminuir...

"Começou com um clássico "Mãos ao ar! Isto é um assalto", a que se seguiu um tiro para o ar. Dois encapuzados entraram, ontem, no Café Vinhas, em Carrazedo, Amares, para roubar a caixa registadora e, nem 15 minutos depois, fugiam, ambos em tronco nu, sovados pelo genro do dono. O caso não acabou mal, mas a Polícia Judiciária reitera o apelo não se deve reagir (mais aqui)".

Recibos verdes.

"O primeiro-ministro, José Sócrates, considerou hoje "uma injustiça gritante" a situação de muitos trabalhadores, maioritariamente jovens, a trabalharem em regime de recibos verdes e a pagarem toda a sua protecção social. "É preciso reduzir os recibos verdes e combater os falsos recibos verdes", disse José Sócrates, explicando que estes são os trabalhadores que estão dentro das empresas como trabalhadores independentes (mais aqui)".
Por acaso o Estado é um dos grandes empregadores de recibos verdes… Ou não?

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Trauma ou "Money talks"?

"O realizador de «O Segredo de Brokeback Mountain», Ang Lee, vai regressar ao género gay com um filme que gira à volta do mítico festival de Woodstock, noticia a agência Reuters (mais aqui). "

A cabala continua...

"Os juízes de instrução criminal nos vários processos contra Vale e Azevedo também terão sido enganados pelo ex-presidente do Benfica. Depois de interrogado nos casos Euroárea por falsificação de contratos e burlas qualificadas a Dantas da Cunha e aos donos de uma corticeira, Vale e Azevedo só ficou em liberdade a troco de 1,3 milhões de euros em cauções. Porém, as suas garantias de pagamento ao Estado, caso fugisse, terão sido dadas com declarações falsas de uma empresa francesa à qual nem sequer está ligado. O esquema só foi descoberto depois de prestadas e aceites todas as cauções em tribunal, através de uma denúncia criminal do Banco Comercial Português (mais aqui)".
É a tal justiça do “Santo Ofício” de que o bastonário Marinho Pinto tanto fala…

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Ken Lee

Vieiradas.



-A transferencia de Mantorras é superior à do Figo. Mantorras vale 18 milhões de contos. Mantorras é muito cobiçado na Europa, não sai por menos de 18 milhões de contos - Agosto de 2001

- Temos a coluna vertebral do futuro campeão europeu - 27/4/2002

- É possível termos meio milhão de sócios em 2003 - Outubro 2002

- Dentro de 3 anos o Benfica será o maior do mundo - 19-04-2003

- Nos próximos três anos resolveremos todos os problemas do Benfica. Não faço promessas aos sócios", idem

- O objectivo é termos 500 mil sócios daqui a três anos - Outubro 2003

- “Luís Filipe Vieira quer tornar Simão num símbolo do Benfica e está disposto a abrir um regime de excepção para segurar o capitão” – Record, 19/3/2007

"Na nossa casa, não embarcamos no clima de euforia, da dança de nomes de jogadores, da especulação permanente que visa servir interesses de terceiros. Mantivemos a estrutura e acrescentámos mais qualidade e soluções ao plantel sem comprometer o nosso equilíbrio financeiro. Estou convicto que temos condições para vencer todas as provas em que participamos, inserido na estratégia de internacionalização e globalização da marca Benfica",

"Se eu fosse o treinador só queria dormir, porque quando acordasse não sabia qual a equipa que ia pôr a jogar, com tanta qualidade».

«Tivemos um ciclo muitíssimo bom e vamos iniciar agora outro ciclo bom, que vai durar mais tempo que o anterior».

«O Benfica perdeu muito dinheiro na aquisição de alguns jogadores e depois ficou com a batata quente. Isso acabou. Basta olhar para o plantel do Benfica e para os jogadores emprestados. Vai ser difícil resolver alguns casos e aí vamos assumir o prejuízo, mas é a factura por termos dado autonomia a quem não devíamos ter dado.»

“O que define o carácter das pessoas é terem boa memória, serem gratas e humildes. Quando as pessoas deixam de ser gratas, deixam de ser humildes e têm memória curta o seu carácter está definido. Deviam ter orgulho e dizer obrigado. Pela forma como as pessoas são recebidas nesta casa, sejam Veigas ou Fernandos, quando saem deviam dizer só obrigado. Tiveram o privilégio de servir o Benfica e saíram com as contas em dia”
"O presidente do Benfica garantiu hoje que tem por objectivo maior consolidar o nome do clube como uma referência mundial em termos de credibilidade, desafio que considera ser mais importante que qualquer título alcançado dentro dos relvados. Falando no decorrer da inauguração da Casa do Benfica de Alhandra, Luís Filipe Vieira salientou, então, que «vai haver muito tempo para conquistar muita coisa», atirando curiosa afirmação: «Se calhar, até foi mau para o Benfica ter sido campeão recentemente, pois as pessoas teriam os pés mais bem assentes no chão "

"Temos três jogos importantíssimos pela frente e os nossos profissionais terão de ter capacidade de resposta. Mas não podemos fazer alarido com uma eventual não qualificação para a Liga dos Campeões. Ninguém morre se o Benfica não for à Liga dos Campeões», frisou, lembrando: «Há seis anos nem as pedras da calçada havia para passear, nada existia. Houve alguém que teve soluções para criar os activos que o Benfica tem hoje em dia

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Ninguém pára o projecto "Grande Benfica"

"Rui Águas está de volta ao cargo de director técnico, depois de nas últimas semanas ter colaborado de forma activa na orientação dos treinos da equipa do Benfica, ao lado de Chalana, indigitado técnico principal por Vieira após a saída de Camacho, e Shéu Han, adjunto. "Ser adjunto é um papel que nem todos sabem assumir, muito menos numa equipa grande", disse Álvaro Magalhães, antigo braço-direito de Camacho e Trapattoni na Luz, à Rádio Renascença, a propósito da "despromoção" de Rui Águas (mais aqui)".

Código Trabalho

"Código do Trabalho: PCP considera proposta do Governo um "salto atrás (mais aqui)"
A verdade é que quando Bagão alterou o Código caiu o Carmo e a Trindade. Como é o PS quase passa despercebido. Enfim…

Tibetanos vão ser "educados".

"A China lançou uma campanha para "educar" a população tibetana e "unificar" o pensamento das massas e autoridades, informou o jornal "Tibete Daily". Segundo o jornal, a campanha incluirá também programas de televisão e documentários, nos quais será mostrado o que Pequim considera uma mentira criada em torno do líder espiritual tibetano, o Dalai Lama (mais aqui)."
“Felizmente” a China é amiga do politicamente correcto senão este tipo de “educação” tinha muita matéria para ser discutida.

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Esmeralda é um jogo

"A juíza que adiou por noventa dias a entrega de Esmeralda ao pai biológico poderá não ter prestado um bom serviço à sanidade mental da menina mas prestou um grande serviço aos interesses comerciais dos órgãos de Comunicação.

Com a ‘entrega’ marcada para meados de Julho, um mês de praia, fraco em notícias, rejubilam as agendas dos jornais e das televisões. Tal como ocorreu, em confronto internacional, com o caso Maddie, também o exclusivamente nacional caso Esmeralda se ‘futebolizou’ num instantinho. Há quem torça pelos pais biológicos, mas parece serem mais os que se organizam em claques em favor dos pais afectivos.

Até os nomes das mães soam a bola: Aidida Porto e Adelina Lagarto. É futebol total. Nada é normal no nosso país
."

Leonor Pinhão

PEQUENAS ESPERANÇAS

"Na Europa, Gordon Brown recebe George Clooney para discutir (?) o Darfur. Na América, resmas de "celebridades" proclamam diariamente apoio a um dos candidatos das "presidenciais". Extraordinário. Cantores de rock, actores de cinema, apresentadores de talk-shows e desportistas podem ter compreensíveis dificuldades em se abotoar sozinhos, mas por algum motivo acham-se portadores de opiniões iluminadas sobre a guerra no Iraque e o sistema de saúde, a crise petrolífera e o "aquecimento global". Pior ainda: há quem os ouça com atenção. Regra geral, uns e outros estão enganados.

Até porque as opiniões não são das "estrelas". No vazio das suas cabecinhas, as criaturas promovidas por Hollywood e pela televisão limitam-se a reproduzir as ideias (digamos) mais dóceis e "consensuais" ao dispor. Não é por acaso que normalmente votam à esquerda. E não é por acaso que Barack Obama, que desistiu das subtilezas iniciais e se concentrou a difundir as virtudes da "esperança", da "mudança" e da brisa matinal, atrai particularmente o entusiasmo da seita. Agora, Bruce Springsteen juntou-se a Obama em nome do "destino colectivo" e do "espírito unido", critérios que também serviriam para explicar o apoio a um psicopata ou a um microondas.

Convém notar que a tendência não é nova, nem exclusivamente americana nem, talvez, terminal. Se há alguma coisa de infantil na importância que as vedetas se atribuem e na importância que lhes é atribuída, há igualmente sintomas de que a infantilidade da época é um bocadinho sobrestimada.

Não é novidade que as "celebridades" estão longe de influenciar a política. Pelo menos no sentido que desejariam: dentro ou fora dos EUA, George W. Bush não foi o primeiro a ganhar eleições sem a simpatia de quase nenhum artista ou "artista" (veja-se, por cá, Cavaco Silva). Novidade será uma sondagem da CBS, na qual cerca de metade dos americanos se declara avessa ao envolvimento nas campanhas de luminárias do espectáculo. E "avessa" não é força de expressão: o programa de Oprah Winfrey caiu vertiginosamente nas audiências depois que a senhora o utilizou para apoiar Obama.

Se calhar, como pensava De Gaulle, a política é um assunto demasiado sério para ser deixado ao cuidado dos políticos. Mas, pelos vistos, não é ridículo a ponto de ser entregue à sra. Oprah e ao sr. Springsteen. Um pouco de optimismo, por favor
."

Alberto Gonçalves

terça-feira, abril 22, 2008

O idiota útil


Por Michael Ramirez

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22 de Abril de 1913


O Pravda inicia a sua emissão legal em St. Petersburg.
Leon Trotski participa na revolução de 1905, chegando a presidente do primeiro conselho revolucionário, o soviete de São Petersburgo. Fracassada a revolução, o seu envolvimento numa greve geral em outubro e apoio à rebelião armada que dela decorreu levam à condenação ao exílio perpétuo, novamente na Sibéria. Mas em janeiro de 1907 consegue novamente escapar e regressar a Londres para participar no 5º congresso do PSDTR. Em outubro desse ano muda-se para Viena, onde edita o jornal Pravda até 23 de abril de 1912. Distribuído clandestinamente na Rússia, este jornal foi uma das publicação revolucionárias mais populares da época, tendo tido o seu nome apropriado pelos bolcheviques de Lenine, que criaram assim o futuro Pravda, jornal oficial do PCUS. Na sua "Pravda" "vienense", Trotski defendeu a união de todos as correntes social-democratas, o que originou na época vivas polémicas com Lenine.

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